Durante a viagem de trem, Pièrre e Jean se levantaram, rindo baixinho, e foram até uma cabine vazia e começaram a transar com muita paixão. Pièrre colocou seu amante deitado sobre as costas na poltrona e o penetrava com força, olhando em seus olhos. Quando sentiu que ia gozar, ele se abaixou e o beijou ardentemente. Pièrre deitou sobre o peito de Jean e fechou os olhos sentindo o cheiro dele. Alguns segundos depois, um atendente do trem bateu à porta, pedindo-lhe que o seguisse. Ele se levantou com pressa, achando que estava nu, mas ficou surpreso ao ver que estava vestido com camisa social e calças brancas, uma gravata borboleta vermelha e um sapato preto muito bonito. “Senhor, preciso que venha comigo!”, dizia o atendente do lado de fora da cabine. Confuso, o sr. Montagne olhava em volta e para as roupas que usava. O atendente insistia, “Senhor, preciso venha comigo agora!”. “Já estou indo!”, Pièrre respondeu. Quando saiu e olhou para o atendente de frente, notou que era Anthony. “O que está acontecendo?” – perguntou. O homem, sem lhe responder, o conduziu para outro vagão. Chegando no corredor entre os vagões, Anthony lhe disse, apontando com o dedo para o outro vagão: “Eles o pegarão de novo! Você precisa fazer algo logo!” Pièrre levou um susto e começou a sentir falta de ar quando viu o corpo de Kieza ao chão, toda ensanguentada, e adiante, Jean Roche usando penas uma ceroula e com semblante caído, olhava triste pela janela do vagão. No corredor, uma névoa negra se formava, e Marcel apareceu, com muito ódio nos olhos. Pièrre então ouviu uma voz familiar atrás de si dizendo “Se vier comigo, poderá ajudá-lo.” Ao se virar, se deparou com Paul Cartier, vestido um terno preto e uma capa também preta; a gola era alta e vermelha cor de sangue na parte de dentro. O vampiro o olhava com um sorriso diabólico e ao mesmo tempo sedutor, e seus olhos vermelhos tinham um brilho sutil no centro. “Venha comigo antes que seja tarde” – Paul insistia, estendendo-lhe a mão esquerda. Pièrre então acordou em desespero.
- Calma, Pièrre! Era um pesadelo. Calma! Shhh.
- Jean, abra a janela para ele respirar. – Sugeriu Anthony.
Pièrre estava agitado, ainda sem conseguir respirar direito. Jean olhou em seus olhos e viu o pavor que ele sentia, então o abraçou com força até que ele foi se acalmando. Todos ficaram em silêncio por alguns segundos. Um atendente se aproximou por causa do barulho, mas Anthony o persuadiu de que estava tudo bem, mas que precisavam de algo para comer. Cinco minutos depois, o atendente voltou com o jantar e saiu.
Já recuperado, Pièrre contou a seus companheiros o sonho que teve, mas omitiu que Jean estava nele para não os preocupar. Após a refeição, Jean pegou no sono com a cabeça recostada no ombro de Pièrre. De frente para eles, Anthony os olhava com um olhar terno, admirado por estarem juntos, mas ao mesmo tempo, sentia que seu desejo por Pièrre estava ainda maior. Pièrre, mesmo de olhos fechados, sabia que estava sendo observado e desejado pelo amigo. Uma lágrima escorreu pelos olhos de Anthony. Sentindo sede, Anthony se levantou e discretamente andou pelo vagão a procura de alguém para morder.
Passando por uma cabine, Anthony olhou pela pequena janela de vidro na porta e viu uma mulher e seu marido, ambos dormindo. Ele os reconheceu de Paris. Silenciosamente, Anthony abriu a porta da cabine e entrou. O homem acordou assustado, mas Anthony olhou em seus olhos e o fez ficar quieto. A mulher acordou em seguida e viu Anthony sentado na poltrona da frente. Assustada, chamou o marido.
- Calma, senhora. Ele me deixou entrar, não é mesmo, Luigi?
Luigi estava imóvel, em transe.
- Quem é você?
- Prazer, sou Anthony Baudin. – Ele se apresentou, olhando nos olhos da moça.
Ao olhar nos olhos de Anthony, Madeleine via um brilho diferente e logo sua mente se obscureceu.
- O prazer é meu. Madeleine Rochebois. – Respondeu ela.
- Sra. Rochebois, vim aqui para tornar o restante da sua viagem mais agradável.
- Agradável? Muito interessante. Mas como?
Anthony se levantou e abrindo o botão da calça, tirou seu pau ainda mole. Depois se aproximou de Madeleine, e ela abriu a boca e começou a lamber o membro até deixa-lo rígido. Anthony tentou algo ousado. Tirou Luigi do transe, mas o deixou imóvel e sem voz. Confuso, ele entrou em desespero ao ver sua esposa chupando outro homem. Anthony então virou a mulher de costas e, levantando seu vestido, forçou o pau no cu dela. Quando entrou tudo, ele a fodeu com força, massageando seus seios. “Como é gostoso o cu da sua esposa, Luigi! É tão apertadinho e quente, que não vou durar muito tempo!”. Lágrimas escorriam pelo rosto de Luigi ao assistir sua mulher sendo fodida daquele jeito. Quando sentiu que ia gozar, Anthony tirou o pau e a fez chupá-lo e engolir todo seu esperma. Em seguida, ele levantou Luigi e mordeu seu pescoço, deixando-o no limite de um desmaio. Então, deu ordem à mulher para que se vestisse.
- É muito bom foder a mulher dos amigos, não é mesmo, Luigi!? – Disse ele aos ouvidos do homem enquanto tirava a última gota de esperma do pau ainda duro e passando os dedos na boca de Luigi.
Assim que foi liberto da paralisia, Luigi caiu ao chão, vomitando e cuspindo muito. Antony fez Madeleine cair em sono profundo, e antes de sair da cabine, disse ao homem:
- Esse vai ser o nosso segredinho, Luigi. Melhor ficar somente entre nós. Visitarei vocês qualquer dia desses.
Anos atrás, Luigi que já era casado, forçou uma namorada de Anthony a transar com ele, mesmo sabendo eles estavam juntos. Na época, Anthony não fez nada pois pensou que sua namorada o tinha traído. Porém, anos depois, ele soube da verdade. Ao retornar para sua cabine, Anthony sentiu um turbilhão de emoções que o fizeram chorar e sentir raiva, ao mesmo tempo em que se sentia estranhamente satisfeito e realizado.
Algo sobre os vampiros é que suas emoções negativas são elevadas ao extremo. Alguns se perdem nessas emoções, deixando-se dominar por elas, e Anthony descobriria isso na prática a partir desse momento.
O trem chegou na estação de Paris às 00:15 h. Fazia frio e uma névoa cobria várias partes da cidade, deixando-a com um ar de mistério. Pièrre, Jean e Anthony desceram do trem e foram andando sempre atentos ao seu redor. Anthony observou quando Luigi saiu com a esposa, ambos confusos, com medo e em silêncio.
- Para onde vamos, Pièrre?
- Pensei em irmos para minha casa.
- Não é boa ideia. Marcel pode ter colocado algum vampiro lá para vigiar, talvez a própria Nathalie esteja lá.
- Mas talvez podemos ir quando amanhecer.
- Vamos para a casa de Jean, então. – Sugeriu Anthony. – Provavelmente não nos procurarão lá, pelo menos não por enquanto.
Os outros dois concordaram. A casa não era grande, mas era confortável, e ficava longe do centro da cidade. Quando chegaram, tentaram planejar o que fazer para se livrarem de Marcel e seu exército. Enquanto conversavam, Pièrre se lembrou do antídoto que Kieza lhe deu.
- Anthony, já estava me esquecendo de algo. Kieza mandou isso para você.
- O que é?
- É uma espécie de antídoto para você deixar de ser vampiro. Basta tomar tudo enquanto estiver na forma vampírica.
- Verdade? Muito obrigado. – Anthony pegou o frasco, observando o líquido contra a luz de uma vela.
- Não vai tomar?
- Depois. Acho que vamos precisar das minhas habilidades nessa empreitada, não acha?
- Isso é verdade. – Jean concordou.
- Assim que isso tudo se resolver, eu tomarei.
- Tudo bem. Faz sentido. – Disse Pièrre.
Enfim, decidiram que Pièrre iria com Jean à sua mansão pela manhã, concluindo que, mesmo que Nathalie ou outro vampiro estivesse lá, estariam escondidos da luz do dia. Jean se levantou e foi até a cozinha preparar algo para ele e Pièrre comerem. Anthony observava Pièrre atentamente em silêncio.
- Que foi, Thony?
- Você tem certeza de que quer deixa-lo fora disso?
- Do que está falando?
- Você sabe.
Pièrre suspirou profundamente.
- Não sei... mas talvez seja o melhor a se fazer. Eu morreria se acontecesse algo com ele.
- Mas você sabe que isso o magoaria muito, não é mesmo?
- Sei. Porém, prefiro ele vivo e em segurança ainda que não queira me perdoar.
- E como saberá que ele ficará em segurança?
Nesse momento, Jean retornou da cozinha e parou à porta.
- Então, vai me deixar mais uma vez, sr. Montagne!?
- Jean! Não é isso... é que...
- Não precisa se explicar, eu ouvi a conversa. – A voz de Jean demonstrava sua decepção.
- Jean, por favor, me entenda. É perigoso demais e...
- Você está certo. É perigoso demais para mim, que não tenho habilidades sobre-humanas, como vocês dois. Onde eu estava com a cabeça em querer me arriscar para poder ficar perto de você, e não sentir novamente a dor de não saber se te veria novamente? Onde eu estava com a cabeça em pensar que poderia proteger, ou ao menos ajudar... ou talvez só acompanhar, o poderoso Pièrre Montagne e seu fiel escudeiro-vampiro Anthony Baudin!?
- Não fala assim, Roche! – Pièrre respondeu com pesar. – Eu só quero te proteger. Faço isso por amor...
- Não me venha com esse papo, Pièrre! Estou ... cansado... disso! – Jean disse pausadamente com voz trêmula de choro.
Em seguida, ele entrou para o quarto, fechando a porta, e chorou copiosamente sentado no chão. Anthony ficou em silêncio, apenas observando a cena. Pièrre, igualmente calado, não sabia o que dizer, afinal ele realmente não queria que Jean se arriscasse. Anthony sugeriu que ele mesmo fosse sozinho à mansão para buscar o que precisariam, e Pièrre voltaria lá durante o dia caso houvesse necessidade. Pièrre concordou e lhe entregou a adaga, e para poder tocá-la, ele usou uma luva, já que a arma era de prata. Quando Anthony saiu, ele bateu à porta do quarto e, mesmo Jean não a abrindo, contou-lhe chorando sobre a visão que teve durante a viagem de trem, esclarecendo assim a sua cautela em não querer que ele o acompanhasse. Também disse lhe daria dinheiro para que fosse para algum lugar longe e recomendou que não ficasse sozinho. Jean permaneceu calado sem abrir a porta.
Enquanto isso, Anthony observava à distância a mansão, tentando ver se havia alguém ali. Ele deu voltas ao redor da casa, passando silenciosamente pelo jardim da entrada e o jardim dos fundos, e não encontrou ninguém. Como instruído por Pièrre, entrou por uma abertura que dava para o porão que ficava aos fundos da casa, do lado de fora. Desceu as escadas, cheias de teias de aranha. Olhou por todo o porão, e não havia ninguém. Em seguida, subiu para o andar térreo da casa, saindo em uma porta perto da sala. Ele abria as portas vagarosamente para evitar que fizessem barulho. Anthony andou por todos os cômodos, parava e ficava atendo a algum barulho, mas tudo o que ouvia eram os grilos do lado de fora. Subiu para o andar dos quartos, vasculhando todos até chegar ao de Pièrre, onde notou o armário aberto e as roupas reviradas. Ele pegou algumas roupas e um chapéu. Em seguida, foi até a parede de frente à cama e removeu um quadro retratando uma paisagem de Paris; abriu uma espécie de cofre, onde estava a maleta de dinheiro e uma arma de fogo, um revólver ainda não usado que Pièrre guardava em caso de emergência. Ele pegou também a caixa de munição e saiu da casa.
Anthony retornou à casa de Jean e lhes deu a notícia de que não tinha visto ninguém na mansão, nem por fora nem por dentro, e entregou a Pièrre a arma e a maleta. Resolveram que deveriam sair dali assim que amanhecesse, o que aconteceria em breve. Antes de sair, Pièrre escreveu uma carta ao editor-chefe do jornal e pediu para que Anthony a deixasse no jornal:
“Caro Serge Lecompte,
Algumas coisas aconteceram fora do esperado durante a nossa investigação sobre a morte do meu pai em Saint-Denis. Anthony Baudin, Jean Roche e eu estamos bem, mas no momento não podemos revelar onde estamos, tanto para a nossa quanto para a segurança de todos do jornal. Por isso, apenas publique uma nota avisando que fizemos contato e que estamos bem. Avise também à polícia que fizemos contato e que, por isso, podem encerrar as buscas. Esclareceremos tudo quando pudermos voltar em segurança.
Cordialmente,
Pièrre Montagne”
Anthony levou a carta o mais rápido que pôde para o jornal e a deixou debaixo da porta. Em seguida, retornou para a casa de Jean. Às 5:00 h da manhã, um dos funcionários chegou no Le Parisien para trabalhar e encontrou a carta endereçada ao editor-chefe. Serge recebeu a carta e imediatamente a leu. Aproveitando que o sol ainda não tinha nascido, ele saiu rapidamente do jornal e foi até o casarão de Marcel. Chegando lá, Frédéric o impediu de entrar porque Marcel estava “atendendo” alguém em seu quarto.
- Do que se trata?
- É urgente! Tenho notícias de Pièrre Montagne.
- Ah é mesmo? Diga então. Marcel está ocupado no momento.
- Me deixe entrar, o sol vai nascer logo.
- Diga logo, ou te prendo aqui fora para que se queime ao sol.
- Recebi essa carta de Pièrre Montagne poucos minutos atrás.
- Pode deixar que eu entrego. Agora vá embora! – Disse Frédéric rispidamente, arrancando a carta da mão de Serge.
Marcel se preparava para entrar em seu caixão, após ter transado com um jovem, filho de um homem muito rico de Paris, e sugado seu sangue. O rapaz, bastante fraco, estava sendo levado por Louis para o andar de baixo, onde ficava o restaurante, e dali o rapaz voltaria para sua casa.
- Marcel! Tenho uma ótima notícia.
- Diga logo Frédéric.
- Serge Lecompte acabou de trazer isso – uma carta de Pièrre Montagne.
- O maldito Montagne fez contato?
- Ao que tudo indica, sim.
Marcel leu o conteúdo da carta e então a levou próximo ao seu nariz. O vampiro fechou os olhos e, como um animal selvagem, a farejou.
- Pièrre está por perto, e talvez esteja em Paris. O cheiro dele ainda está fresco. É hora de colocar o nosso plano em ação! Avise aos outros antes que eles adormeçam.
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Como o dia já amanhecia, Pièrre encontrou um caixote grande o suficiente para Anthony no sótão da casa de Jean, onde ele pode se proteger da luz do sol até o anoitecer. Pièrre vestiu um sobretudo e colocou um chapéu, peças que Anthony trouxe da mansão, com a intenção de se disfarçar. Na hora de saírem, às 09:00 h, ele bateu à porta do quarto novamente.
- Jean, abra por favor. Não torne as coisas mais difíceis do que são. Temos que ir agora.
Ele insistiu, e somente após dez minutos, Jean saiu do quarto. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, e estava vestido também com um sobretudo e um chapéu. Ambos saíram em silêncio.
Em um canto na estação, enquanto aguardavam a saída do trem, Pièrre tirou algo do bolso e o entregou a Jean.
- Roche, quero que fique com o relógio que era do meu pai, não só para te proteger, mas também como sinal de que voltarei. Eu te amo muito!
Jean pegou o relógio e depois abraçou Pièrre com força, sentindo o cheiro de seu cabelo. Pièrre segurou o rosto de Jean para beijá-lo.
- Alguém pode nos ver. – Disse ele, virando o rosto.
O apito do trem soou, indicando sua partida.
- Adeus. – Disse Jean, estendendo a mão.
- Até breve. – Respondeu Pièrre.
Do lado de fora, Pièrre olhava para o trem, mas vendo que Jean não colocava o rosto na janela, virou-se e foi embora da estação. Ele começou a chorar, sentindo um aperto no peito, temendo que aquela fosse uma última despedida. Assim que Pièrre se virou, Jean olhou pela janela, mas seu olhar não encontrou o dele. Imerso em ressentimento, Jean chorou muito olhando a paisagem enquanto o trem se movia e ganhava velocidade.
Fim do décimo terceiro capítulo.
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Obs.: Desculpem a demora em postar. Sempre que tenho um tempo livre para escrever, aparece algo para fazer, principalmente com meu namorado.
Mas por outro lado, tenho a chance de reler e melhorar o que escrevi.