O retorno do irmão mau do meu namorado
Os primeiros meses após meu regresso de Arcola, no Illinois, foram de uma inconformidade que eu nunca havia sentido antes. Tudo parecia estar fora do lugar, até o espaço tempo parecia estar dessincronizado. A princípio, eu achei que seria apenas uma questão de virar a página, esquecer tudo o que passei no Illinois, esquecer que o Danny que eu imaginava não era bem aquele homem íntegro que tanto amei e, esquecer aquele último olhar do Kevin, já preso, por entre as grades, e de suas palavras – Perdão Derek! Eu juro, nunca teria conseguido matar você! – pois, tanto naquele olhar quanto nas suas palavras parecia haver uma sinceridade genuína que me deixava com uma estranha sensação de culpa. Pensando de forma racional era ridículo eu sentir culpa por tê-lo denunciado após tudo que ele me fez, mas quando a lembrança daqueles dias passados na fazenda dos Glover me voltava à mente, algo irracional acontecia comigo e eu me remoía de remorsos por ter levado o Kevin à prisão. Eu acreditava piamente que toda essa história havia ficado para trás e, com nada mais me vinculando a esse passado, era só seguir em frente, sem jamais pensar em qualquer tipo de continuidade. Como eu estava enganado, sem nem mesmo fazer ideia de quantos vínculos deixei para trás ao regressar a Nova Iorque, eles voltariam a fazer parte da minha vida. Eu só podia estar muito confuso depois daquilo tudo, e estava mesmo, uma vez que minha vida tinha sofrido uma grande guinada, para me culpar por algo que precisava ser feito, e não tinha nada de ilegal. Sem mencionar que eu também andava bastante deprimido, pois apesar do que descobri sobre o Danny, eu o amei intensamente e sei que ele também me amou, à forma dele, mas me amou; e essa perda estava pesando como um fardo quase impossível de carregar por ter deixado um vazio enorme no meu peito.
Outrora eu sentia tesão com o meu trabalho na agência de publicidade ao lado do Danny, agora sentia tédio e todos os dias não via a hora do final do expediente que parecia cada vez mais demorado. Antes eu me sentia acolhido e seguro no nosso apartamento, que era um lar cheio de afeto, carinho e amor, mas que agora não passava de paredes que enclausuravam meu coração e minha alma.
Nem mesmo as minhas amizades pareciam as mesmas, uma vez que muitos eram amigos comuns meus e do Danny e ficaram sabendo da história toda, o que gerou um clima desconfortável. Para eles eu apenas contei quem era a verdadeira Riley, uma invejosa que sentia prazer em destruir relacionamentos amorosos. Espantosamente, para alguns, minha revelação não foi nenhuma surpresa, tinham sentido na pele a perfídia dela, e se abriram contando seus casos. De qualquer forma, ela foi execrada por todos e nunca mais ouvimos falar dela.
Raramente eu aceitava um convite para sairmos como costumávamos fazer antigamente, para um simples encontro num barzinho, ou numa balada, pois me faltava ânimo para aquelas conversas que o tempo havia desgastado. No entanto, após muita insistência, acabei topando me encontrar com um grupinho numa balada gay que há tempos não frequentava. Também ali não demorei a me sentir entediado, mesmo tendo sido abordado por três carinhas bem tesudos aos quais, talvez em outros tempos, eu teria dado alguma chance de rolar alguma coisa. Ainda era cedo, mas comecei a me despedir da galera, estava enfadado e só queria deitar a cabeça num travesseiro e dormir, quando fui abordado pelo Tyler. Fazia pelo menos quatro anos que perdi contato com ele, quando meu envolvimento com o Danny se tornou mais sério. Depois que meus pais me flagraram sendo fodido por ele nos tempos da faculdade, ficou um sentimento confuso entre nós, e acabamos nos distanciando. O Tyler estava na cidade visitando familiares, tinha se mudado para a Filadélfia cerca de um ano após a nossa formatura para trabalhar numa agência de publicidade de lá, e estava desenvolvendo uma carreira promissora.
- Oi! Não acredito! É você mesmo, Derek! De longe me pareceu uma miragem, achei que estava enxergando demais, e fiquei me perguntando se era mesmo você, temendo me aproximar e levar um fora. – disse ele, quando se aproximou e constatou que não tinha se enganado. – Cara, como você continua gostoso! – emendou sorrindo, ao mesmo tempo em que me abraçava com força.
- Também mal estou acreditando que seja você, Tyler! Há quanto tempo! Por onde anda, você sumiu de repente! – devolvi, retribuindo o abraço caloroso.
- Pois é! Foi o emprego na Filadélfia que me fez deixar Nova Iorque. Estou só de passagem visitando meus pais e familiares, tenho que voltar dentro de alguns dias. E você, o que anda fazendo? Soube que se casou e está trabalhando naquela agência onde estagiou durante a faculdade. Me apresente seu marido, estou curioso para saber quem foi o sortudo que fisgou o peixão mais rabudo e gostoso dos tempos de universidade. – disse ele
- É uma longa história! O Danny, meu marido, morreu num acidente de carro faz alguns meses, e ainda estou metabolizando a perda dele e tudo que a envolveu. – respondi
- Sinto muito! Depois do que rolou entre nós sempre torci pela sua felicidade! Nosso caso acabou de maneira abrupta e meio esquisita, mas você me proporcionou momentos de muito tesão, prazer e os melhores gozos que já senti. – admitiu
- É foi meio estranho o jeito em que tudo ficou entre nós depois de termos sido flagrados naquela noite na minha casa. Mas, me fale de você. Como está o trabalho, e os namorados, a nova cidade? – perguntei, para desviar o foco do passado mal resolvido.
- O trabalho está ótimo, não podia ser melhor! A agência para a qual trabalho é renomada e a equipe é bem criativa, rolando um entrosamento bem legal. A cidade também é fabulosa, estou curtindo muito, especialmente depois de ter adquirido minha própria casa em Passyunk Square um bairro charmoso não muito distante do meu trabalho. Quanto aos namorados, a coisa não anda boa para o meu lado; acho que você me deixou muito exigente. – confessou rindo e fazendo uma expressão ladina.
- Duvido que eu tenha alguma influência nesse quesito, ainda me recordo da quantidade de carinhas que suspiravam pelos corredores da universidade por você. Isso sem mencionar as garotas que somam pelo menos o triplo dos carinhas, todos querendo tirar uma casquinha do gostosão do Tyler. – retruquei, me lembrando do quanto o assediavam.
- Só que foi você quem me viciou num sexo de qualidade e cheio de carinho, que ninguém mais conseguiu suprir com a mesma intensidade e satisfação. – disse me encarando com o olhar cobiçoso.
- Está me passando uma cantada? Vejo que o velho Tyler continua o mesmo, não perde uma chance de levar alguém para cama. – devolvi rindo.
- E será que ainda tenho uma chance com você! – exclamou, palpando disfarçadamente uma das minhas nádegas que apertou acintosamente com a mesma voracidade que fazia nos tempos de faculdade.
- Tarado! – devolvi, sexy e permissivo, ao me recordar de como era gostoso o cacetão dele entrando e saindo do meu cuzinho quando ele me pegava.
- Podemos ir para um lugar mais tranquilo? Estou com tanta saudade de você! – o olhar dele brilhava e aquele rosto viril tinha um quê de carência que se coadunava muito com a minha. Cerca de três quartos de hora depois estávamos conversando animadamente no meu apartamento sem percebermos o tempo passar, e algo me dizia que ele ia terminar a madrugada enfiado na minha cama e no meu rabo.
Nunca pensei no Tyler como sendo o homem da minha vida, aquele homem com quem sonhava viver até o último dos meus dias, aquele homem com quem dividiria os momentos felizes e tristes pelos quais todos nós passamos ao longo de nossa existência. Não que ele não fosse um cara legal, ou não tivesse inúmeras qualidades, era mais uma questão de diferenças de perspectivas de vida. Desde a faculdade, quando começamos a nos relacionar sexualmente, eu sabia que nossa relação se limitaria ao sexo, àquela atração carnal; era, digamos assim, uma amizade bonita e sincera com benefícios. O tesão que o Tyler sentia pelo meu corpo, em particular pelos contornos sensuais e abundantes da minha bunda despertava nele os mais primitivos instintos sexuais de um macho, uma necessidade quase doentia de copular, de inseminar meu cuzinho apertado como se disso dependesse sua masculinidade. Eu também não era indiferente aos atrativos másculos e viris dele, pois ele é um homem sexy que sabe usar aquele imenso dote que carrega entre as pernas com uma maestria extasiante capaz de nos proporcionar prazeres inimagináveis que deixam marcas boas e profundas em nossos corpos. Era basicamente isso que nos unia.
Em nossa conversa daquela noite, o Tyler me acenou com a possibilidade de um emprego na Filadélfia, na agência para qual trabalhava, pois havia algum tempo que eles estavam à caça de talentos para as campanhas que desenvolviam para um número crescente de clientes.
- É quase certo que te contratem quando virem o seu portfólio! Minha indicação até será irrelevante, mas pode contar com ela. Se você está mesmo disposto a mudar de ares depois de tudo que aconteceu após a morte do Danny, venha comigo para a Pensilvânia, desbrave novos horizontes, tenho certeza que vai se dar bem e gostar do que vai encontrar por lá. – sugeriu. – Com o fim desse meu último relacionamento, seria bom ter você por perto! – emendou, com uma cara de safado que eu conhecia muito bem de outros tempos.
- Não me diga! E no que a minha proximidade poderia te ajudar, além de te atrapalhar para conseguir um novo parceiro ou parceira, uma vez que você gosta de jogar nos dois times? – eu sabia a resposta, mas o fato de ele ter ajeitado o cacetão uma meia dúzia de vezes na última hora, me fez sentir saudades daquela verga portentosa que estava deixando minhas preguinhas anais todas assanhadas.
- Tem certeza de que não sabe porque eu gostaria de ter você por perto? Você já foi mais sagaz nos tempos da faculdade, sabia muito bem reconhecer quando eu queria essa tua fendinha anal estreita e cheia de carinho para dar. – respondeu, como eu previa, expondo todo seu tesão.
- Você não toma jeito mesmo, Tyler! – exclamei rindo, antes de ele deixar a poltrona em que estava sentado e vir para o meu lado, me envolvendo em seus braços e colando sensualmente sua boca à minha, enquanto suas mãos ávidas matavam a saudade e o desejo de percorrer livremente meu corpo. A mudança da sala para o quarto se deu deixando pelo caminho nossas roupas espalhadas pelo chão.
Quando me sentei na beira da cama estava completamente nu, vulnerável ao olhar predador dele e meu rosto estava a centímetros do caralhão duro e molhado, e da cabeçorra que começava a sair pelo cós espalhando o aroma almiscarado de sua excitação pelo ar. Ele nada fez além de ficar postado diante de mim com as pernas musculosas e peludas ligeiramente afastadas, sabendo que eu me encarregaria de dar todos os cuidados e afagos que seu membro intrépido precisava. Eu baixei a cintura da cueca e a ereção pesada caiu para fora fazendo com que o pré-gozo espesso que escorria da uretra formasse um longo fio translúcido que ficou pendurado na glande parcialmente exposta. Com a língua de fora amparei o pré-gozo e fui levando a boca até a chapeleta estufada, fechando meus lábios ao redor dela e sugando aquele líquido saboroso do qual ainda me lembrava nitidamente. O Tyler soltou um gemido longo e gutural ao sentir meus lábios envolvendo sua glande sensível, e grunhiu meu nome entredentes como costumava fazer quando éramos universitários. Ele também parecia ainda se recordar muito bem daqueles tempos em que saciávamos nossos mais inconfessáveis desejos numa cumplicidade desregrada.
- Caralho, Derek! Você sabe onde isso aqui vai terminar se continuar chupando minha pica desse jeito, não sabe? – grunhiu, enfiando os dedos entre os meus cabelos para trazer minha boca para mais junto de sua virilha pentelhuda.
- E por que você acha que estou fazendo isso? Só para matar a saudade é que não é! – devolvi, encarando-o libidinoso e permissivo.
- Depois o safado sou eu! Me sinto um objeto sexual com esse seu olhar tarado! – devolveu, ciente de que eu o desejava tanto quanto ele a mim.
Fazia meses que eu não colocava uma rola na boca e a do Tyler sempre foi muito deliciosa para ser desperdiçada, o que me levou a chupá-la com todo desvelo e carinho até fazer o Tyler despejar todo seu gozo dentro dela, enquanto eu deglutia em êxtase cada um daqueles jatos mornos, abundantes e cremosos de sêmen que eclodiam do caralhão dele como a lava de um vulcão. Ele apenas grunhia envolto num tesão que não arrefecia, vendo-me engolir seu esperma com tamanha devoção.
Eu mal havia terminado de lamber a porra que estava ao redor do cacete dele quando ele se lançou sobre mim, voraz e sedento por mais prazer. Enquanto nos beijávamos afoitamente, ele foi se apossando do meu corpo, suas mãos vagavam sobre a minha pele incendiando-a com um desejo incontrolável. Nossas pernas se entrelaçavam e aquele roçar das coxas grossas e peludas dele entre as minhas me instigava a abri-las como a lhe indicar o caminho para o meu ânus piscante. Envolvi o tronco vigoroso e quente nos meus braços e, enquanto uma das mãos acariciava sua nuca junto a implantação dos cabelos, a outra deslizava sobre suas costas parando de vez em quando e cravando as unhas na pele dele quando um beijo mais intenso fazia a língua dele alcançar a minha garganta. O Tyler não demorou a me virar de bruços para se apoderar da minha bunda, cujas nádegas carnudas e volumosas se uniam num rego apertado e profundo onde ele sabia que ia encontrar aquele buraquinho rosado que tantas vezes aconchegou seu caralhão, envolvendo-o com sua maciez úmida e quente, e onde ele teve seus mais expressivos e prazerosos gozos. Com esse único objetivo em mente, ele apartou meus glúteos, expondo o reguinho alvo e liso no fundo do qual piscava freneticamente a rosquinha pregueada onde ele ia enfiar seu membro latejante. Metendo seu rosto barbado entre as minhas nádegas, ele começou a lamber meu ânus, extraindo gemidos lascivos e agonizantes dos meus lábios, enquanto eu me agarrava aos travesseiros. Os espasmos que se espalhavam pelo corpo ficavam cada vez mais fortes, meu desejo de ser penetrado pelo caralhão dele era sussurrado numa voz entremeada de suspiros de uma respiração descompassada. Como que para testar meus reflexos e medir a intensidade do meu desejo, ele enfiou um dedo no meu cuzinho, o ganido e suspensão da respiração foram imediatos, enquanto um rebolado involuntário procurava acomodar aquele dedo intruso e devasso nas minhas preguinhas acolhedoras.
- Ai Tyler! – foi tudo que consegui gemer ao sentir meus esfíncteres aprisionando aquele dedo que se movia lascivamente em círculos me deixando quase louco.
- Teu cuzinho parece contrariar a própria natureza, fica cada vez mais estreito e apertado ao ser fodido. Me conte seu segredo Derek, para ter um cu tão fechadinho assim. Tesão do caralho! Como você consegue ser tão gostoso? Fico doido toda vez que chego perto de você e sinto o perfume inconfundível da sua pele como que pedindo para ser enrabado. – gemeu ele, sem conseguir mais se controlar.
Duas rápidas pinceladas ao longo do meu reguinho posicionaram a cabeçorra na portinha ardejante do meu cu, e bastou que o Tyler a empurrasse com um movimento abrupto para ela entrar no meu cuzinho arrebentando as pregas anais que não conseguiram se distender o suficiente para deixá-la passar incólume. Homens ativos como o Tyler muitas vezes se esquecem que o cu é muito sensível e delicado mesmo quando se trata de outro homem nada franzino como eu, que ele não foi concebido para a cópula e tem uma elasticidade limitada, e enfiam seus membros cavalares dentro deles como os enfiariam numa vagina anatomicamente preparada para isso. E eu parecia ter um tropismo inato para me sentir atraído por homens cujos caralhos estavam além da média, tendendo para o gigantismo, enquanto meu cuzinho tramitava no sentido inverso, o que me fazia padecer na pica de um macho intrépido, ao passo que ele era brindado pela exiguidade da minha fendinha. Pela avidez com que meteu o cacetão no meu cuzinho deu para sentir o quão carente o Tyler estava, e precisei lembrá-lo que meu ânus não era uma vagina e que ele precisava ir devagar para não me arregaçar.
- É, para variar me esqueci, desculpe! Machucou? Você me deixa tão doido que nem consigo raciocinar quando entro no seu rabo, o instinto fala mais alto! – retrucou ele, após eu ganir e suplicar para não ser tão afoito.
- Céus como esse cacete é grosso, Tyler! Deixe eu tomar um fôlego! – exclamei, com metade da jeba atolada no meu cuzinho arreganhado.
Ele chupava e mordiscava a pele da minha nuca, gemia e me beijava vorazmente como se fosse me devorar por inteiro, só esperando o momento de poder continuar metendo a rola até o talo no meu cu que gingava sensual acompanhando meus gemidos lascivos que tanto o excitavam. Quando consegui certo relaxamento dos esfíncteres, empinei a bunda franqueando-a à sua tara indômita. As repetidas estocadas vigorosas dele me levaram a ganir e a sentir a dor se espalhando pelo meu baixo ventre que só foi sendo gradualmente arrefecida quando o prazer do vaivém cadenciado dele me fodendo suplantou o desconforto. Sempre me pareceu que aquela sensação de preenchimento, de plenitude que um cacetão enfiado no cu proporcionava valia todo o esforço para sublimar a dor e o esfolamento que uma pica calibrosa fazia. Talvez fosse esse o motivo dos homens com quem me relacionei e, após a primeira transa, continuarem me desejando mesmo depois do término dos relacionamentos. Eles pareciam nunca ter esquecido como os aconcheguei no meu cuzinho, quanto carinho encontraram naquela fenda macia e úmida que encapara suas vergas insaciáveis.
- Impossível esquecer como isso é maravilhoso, quanto prazer esse teu cuzinho é capaz de proporcionar, Derek! Por que foi mesmo que terminamos? Devo ser um otário por ter abdicado de tanto prazer. – ronronou ele, enquanto injetava todo seu gozo, simultâneo ao meu, nas profundezas do meu cuzinho.
- Não fomos feitos um para o outro, você bem sabe! Foi por isso que terminamos, e não vamos voltar a insistir naquilo que não tem como dar certo! – devolvi, embora fosse difícil expressar qualquer coisa racional com aquela pica pulsando dentro da minha carne.
- Tem certeza? Com você em meus braços e minha pica agasalhada no seu rabinho tesudo eu só consigo pensar no quanto te quero. – sussurrou, conduzido pela satisfação que o gozo libertador lhe provocara.
O Tyler voltou para a Filadélfia sem uma resposta definitiva de minha parte quanto ao convite que me fez para tentar um emprego na agência dele. Contudo, a oferta tentadora ficou na minha cabeça por alguns dias. O destino estava mesmo me direcionando para mudanças, pois algumas semanas depois, uma das imobiliárias para quem ofereci meu apartamento apontou um candidato à compra. Tratava-se de um casal novo, ambos estrangeiros que chegaram à cidade por meio da empresa multinacional onde o rapaz trabalhava. Ficaram fascinados com o imóvel e as comodidades que o bairro oferecia e fizeram uma proposta no valor exato que eu estava pedindo. Nos dias que ficaram tratando da burocracia, eu liguei para o Tyler para confirmar se a vaga de emprego na agência ainda estava de pé.
- Mais do que nunca! Já falei de você e estava mesmo para te ligar. Um membro da equipe nos deixou desfalcando ainda mais o staff de criação, estamos com todas as campanhas atrasadas e os clientes já estão impacientes. Quando você se muda para cá? – disse ele numa euforia que não conseguiu esconder.
- Devo fechar o negócio dentro de poucos dias! Você poderia começar a procurar um lugar para eu morar provisoriamente? Depois, estando aí, terei como procurar um lugar com mais calma.
- Você fica aqui comigo até conseguir comprar alguma coisa, não será difícil! Os valores dos imóveis aqui na cidade são bem mais vantajosos do que em Nova Iorque. Me avisa quando vier, vou te buscar no aeroporto!
- Morar com você? Será que é uma boa? Você tem sua vida estruturada, só vou te atrapalhar! – afirmei
- Estou sozinho, você não tem pena de mim? Desde que voltei de Nova Iorque meu cacete não me dá trégua, de tanto que penso em nossa noite juntos! – confessou o safado.
- E seu eu for morar aí com você serei eu a não ter trégua! Não vá criando expectativas, não estou disponível para as tuas taras reprimidas, senhor Tyler! – devolvi rindo, pois sabia que ele ia ficar correndo atrás de mim com suas repetidas ereções até conseguir se satisfazer no meu cuzinho. Ele, do outro lado, também ria na certeza de que teria meus favores sexuais bastando para isso usar de seu charme másculo.
Fiquei morando com o Tyler nos primeiros quatro meses após minha mudança para a Filadélfia. Tinha até me desacostumado a compartilhar um espaço com outra pessoa e, apesar do estilo bagunçado de vida do Tyler, foi prazeroso sentir algumas noites o corpo quente de um homem enrodilhado no meu. Esse foi o tempo que demorou para que a casa que adquiri na cidade pudesse passar por uma pequena reforma para melhor atender às minhas necessidades, transformando-se num espaço aconchegante bem ao meu gosto. Também foi providencial todo o apoio que o Tyler me deu participando ativamente na contratação da mão-de-obra e na indicação dos melhores lugares para a aquisição de tudo que foi necessário. Era por isso que eu o deixava tomar certas liberdades comigo quando se formavam aquelas insinuantes ereções no meio de suas pernas; o que confesso e admito, o fazia parecer ainda mais tesudo e gostoso.
Na agência, que me contratou depois de uma breve e apressada entrevista, mergulhei no trabalho já no dia seguinte após a contratação. A demanda reprimida dos últimos meses me levou a muitas vezes estender o expediente além do horário, mas isso me dava prazer e não me deixava pensar demais a respeito da minha vida amorosa que estava estagnada desde a morte do Danny.
Passaram-se cinco anos sem que eu desse conta dessa passagem. Apenas às vésperas do meu aniversário bateu um sentimento opressivo, algo sem uma origem definida, um quê de ter me deixado levar pelas circunstâncias e pelo tempo de uma forma muito passiva. Senti-me triste, tinha um grande oco no peito e tinha plena convicção que me faltava um amor com quem compartilhar os dias. Durante todos esses anos, não me envolvi seriamente com ninguém, não porque o quisesse, mas porque não encontrava aquela compatibilidade que procurava. Só não me tornei um abstêmio completo porque era constantemente assediado e, algumas vezes, cedi aos caprichos carnais sem grandes expectativas. Algumas vezes foi com um macho irresistível que trabalhava na agência, o Aaron, que me comia descaradamente com os olhos desde o primeiro dia quando cheguei à agência. O Aaron era casado, o que só descobri após a nossa primeira transa, ocorrida na sala de recreação do café numa noite em que fiquei até mais tarde para dar os últimos retoques numa campanha. Havia dias que meu cuzinho reclamava a ausência de uma pica entre suas preguinhas o que me deixava irrequieto e visualmente sensível a qualquer macho mais sedutor. O Aaron tinha esse tino de macho que sente no ar os sinais de um cuzinho carente, como se fosse um cio, e quando ele me encoxou sorrateiro naquela noite não encontrou nenhuma resistência de minha parte. Antes mesmo que eu atinasse com o que estava para acontecer, nossas bocas estavam grudadas uma na outra, os corpos ardendo de desejo, nossos paus duros feito uma rocha e minutos depois, com a minha calça e cueca emboladas nos tornozelos, ele socava seu membro rijo no meu cuzinho receptivo até o deixar encharcado com seu esperma formigante. A descoberta de que ele era casado só aconteceu dias depois, quando circunstancialmente mencionei o nome dele numa conversa com o Tyler. A trepada tinha sido boa por isso não cortei as asinhas assanhadas dele. Afinal, quem devia explicações para a esposa era ele e não eu; era a consciência dele que devia pesar não a minha. Mais uma vez, tinha encontrado um sujeito bom de foda, mas que não servia como parceiro de vida. Além do Aaron, conheci mais dois carinhas bem interessantes entre as amizades que fiz nas vezes em que saia para alguma balada com o pessoal da agência ou entre os amigos do Tyler. Ambos eram bons de cama, mas a coisa ficava apenas por aí. Como até então, eram amizades com privilégios sexuais que ajudavam resolver parcialmente minhas carências nesse campo.
- Você deveria se abrir mais para o amor, está muito exigente! – disse-me certo dia o Tyler, pouco depois que começou a sair regularmente com um carinha de dezenove anos que mexeu com a cabeça dele a ponto de ele não ter mais olhos para ninguém. – Vai se transformar num solteirão solitário se continuar descartando os candidatos! – emendou irônico.
- Quem sabe não é esse o meu destino? Ainda prefiro aceitá-lo do que me envolver com os caras que conheci. São bons na cama, não nego; porém, estão longe de serem parceiros com quem gostaria de compartilhar a vida. – devolvi sincero. – Não vou me relacionar com alguém só porque estou sozinho e carente, sabendo que essa relação não tem futuro e só vai me trazer dissabores mais adiante.
- Você anda chato demais! – exclamou em resposta
- Isso porque você está perdidamente apaixonado pelo seu garotão universitário e está enxergando a vida como se tudo fosse um céu azul desprovido de nuvens. – retruquei. Ele concordou com um sorriso maroto e apaixonado, o que o tornava de certa forma, hilário.
Estávamos prestes a entrar no inverno, escurecia mais cedo e chovia praticamente todos os dias o que parecia encurtá-los antecipadamente. Meu carro estava na revisão e eu tinha me demorado algumas horas a mais na agência perdendo uma carona. Desci do ônibus na esquina da minha rua, a Flagstaff road com a Darlington road e me pus a caminhar aquelas poucas centenas de metros até a minha casa, agarrado ao sobretudo que fechei para me proteger da chuva fria, pois nem me lembrei de pegar um guarda-chuva quando saí de casa naquela manhã. Passava das 20:00 horas, a fraca iluminação da rua, uma queixa constante dos moradores junto a concessionária de energia, tornava a caminhada lúgubre. Poucos passos após descer do ônibus, voltei a sentir aquela sensação de estar sendo seguido. Havia algumas semanas que eu tinha a impressão de estar sendo observado e seguido, mesmo quando ia ao trabalho de carro ou fazia compras num supermercado. A princípio, achei que era paranoia minha, pois houve uma noite em que sonhei com o Kevin e ele invadindo o meu quarto para me estrangular como tinha feito na minha primeira noite na fazenda dos Glover. Com o passar dos dias e sem que aquela sensação desaparecesse, comecei a desconfiar de todo homem que se aproximava de mim e não conseguia identificar logo de início.
- Você está trabalhando demais, não faz outra coisa na vida e vai acabar ficando maluco se continuar tão recluso e fechado para uma nova paixão! – foi o veredito do Tyler, quando lhe contei sobre o sonho e a sensação de estar sendo perseguido.
- Desde quando trabalhar nos faz ter pesadelos? É mais fácil eu me deparar com eles se me envolver com quem não tem nada a ver comigo! – respondi
- Esse tal Kevin não está na prisão? Então não precisa ter receio! – argumentou o Tyler.
- Eu não disse que era o Kevin que está me perseguindo, se é que realmente tem alguém me perseguindo. Eu disse que tenho a sensação de alguém estar me observando, foi só isso, e acompanhando meus passos. O pesadelo não tem ligação alguma com o que estou sentindo. – devolvi
- É o excesso de trabalho e a falta de uma pica no cu, nada além disso! – sentenciou, como se fosse um expert da psicologia humana.
- Não diga besteiras, Tyler! Esquece, vá trepar com seu meninão que dá mais certo!
Contudo, agora que apressei os passos em direção de casa, não só pela chuva estar engrossando, mas por que tinha realmente alguém caminhando atrás de mim, o desespero tomou conta da minha imaginação. Ele também usava um sobretudo, daqueles com um capuz que estava escondendo seu rosto, e vinha determinado atrás de mim, eu acelerava os passos e o sujeito fazia o mesmo, quando a calçada do outro lado da rua estava completamente vazia. Hesitei em acessar a entrada da minha casa que tinha a visão relativamente bloqueada por duas árvores frondosas, pois seria um lugar fácil de eu ser abordado sem que ninguém o percebesse. Talvez caminhar mais adiante e tentar encontrar alguém na esquina com a Pine road, mas quem se disporia a estar ali debaixo daquela chuva? De repente, o pavor se apossou de mim, não um pavor imaginário, um pavor tão real que quase podia ser palpado.
- Derek! – chamou a voz grossa do homem do rosto camuflado. Ele estava correndo para me alcançar, ia me agarrar em mais alguns metros, era preciso gritar por socorro, mas a voz não saia da minha garganta. – Derek! – repetiu ele, mais incisivo e impositivo, quando sua mão pesada caiu sobre o meu ombro e me deteve, à porta de casa. Então o grito sufocado saiu arranhando a minha garganta seca. – Pare Derek! Derek! O que deu em você? Sou eu o Kevin! Não se lembra mais de mim? – senti minhas pernas amolecerem e, se não tivesse me agarrado ao sobretudo dele, teria despencado no chão.
- Kevin? – balbuciei com a voz fraca e trêmula. Tinha chegado a hora da vingança, ele veio terminar o serviço que ficou inacabado em Arcola. Ele veio me matar, era só no que eu conseguia pensar naquele momento.
- Sim, Kevin! Kevin, irmão do Danny! – disse ele, jogando o capuz ligeiramente para trás e fazendo surgir seu rosto expressivo que, no entanto, parecia inofensivo.
Eu tinha me enganado inúmeras vezes ao julgar a expressão daquele rosto, tanto que o dono dele estava prestes a tirar minha vida enquanto eu achava que poderia haver um mínimo de entendimento entre nós. Eu não podia mais me deixar levar pelas aparências, aquele rosto, apesar de másculo, viril e lindo, era de um sujeito que não hesitava em tirar a vida de um gay. De súbito, fui tomado por um sentimento de preservação da minha vida a qualquer custo, e empurrei o sujeito com força empreendendo uma corrida desesperada em direção à Pine road, antes que ele resolvesse enfiar uma faca, me dar um tiro ou me estrangular.
O Kevin voltou a me alcançar e comecei a me debater, desferindo socos aleatórios tentando acertá-lo. Havia me esquecido da força daquele homem que, aparentemente, era ainda maior agora que seus braços continham os meus junto ao meu corpo.
- O que deu em você? Não vou te machucar! Só quero conversar com você! – Pare, Derek, ou vai acabar se machucando sozinho! – ordenou.
- Conheço seus truques, Kevin! Me deixe em paz! Eu sei que veio se vingar por eu ter te denunciado na delegacia. Você quer me matar! – as palavras escapavam sem controle da minha boca.
- Não, Derek! Eu não vim me vingar! Você tomou a atitude correta naquele dia. Se não o tivesse feito talvez eu tivesse mesmo tirado a tua vida num acesso de fúria, e me arrependeria pelo resto da minha vida. Não houve um só dia em que não pensei em você, Derek! Eu nunca te esqueci, nunca esqueci daquela noite em que te tive em meus braços e você foi tão carinhoso comigo como nunca ninguém foi. As lembranças daquela noite foram o que me manteve vivo e esperançoso na prisão. Foi você quem me manteve vivo todos esses anos. Por favor, me ouça! Vamos conversar, pode ser onde você quiser, eu juro que só quero conversar com você, Derek! Não quero te machucar! – como eu gostaria de acreditar naquelas palavras, mas não conseguia, o passado me dizia para não confiar naquele homem.
Mesmo com a visão enturvecida pela escuridão da noite, dos reflexos da chuva sob a luz dos postes, eu pude ver nos olhos do Kevin algo que só vi duas vezes neles. A primeira, no dia em que transamos depois de deixarmos a Riley na rodoviária e, a segunda, no dia em que fui me despedir dele após a sua prisão. Em ambas situações era como se aqueles olhares pertencessem a outro Kevin, um Kevin mais humano, um Kevin que vivia dentro do corpo daquele Kevin agressivo e que procurava desesperadamente sair dali de dentro para conseguir ser feliz.
Haverá certamente quem vá dizer que não passo de um completo imbecil, que devo ser algum tipo de psicopata, que não sou uma pessoa com seu juízo e lado racional perfeito por, repentinamente, dar mais uma vez crédito àquele homem e em especial àqueles olhos que me encarravam suplicantes.
- Dez minutos! Eu te concedo dez minutos para você me dizer o que quer comigo, dez minutos! Depois, quero que me deixe em paz. Combinado? – retruquei, ainda descrente de estar fazendo a coisa certa.
Levei-o para dentro de casa apesar de saber que isso me tornava mais vulnerável a qualquer ato que ele pudesse praticar contra a minha integridade. Mais uma vez, eram aqueles olhos e a expressão que transmitiam que me fez agir assim. Era uma característica minha me fiar no olhar das pessoas, eu conseguia encontrar muito mais respostas num simples olhar do que em todo um discurso, e isso me levava a conhecer as pessoas muito além daquilo que queriam demonstrar. Funcionou muito bem assim desde a minha adolescência, ao formar as amizades sólidas e sinceras que mantinha desde então. Funcionava com os clientes no ambiente de trabalho, quando analisava seus olhares ao propor as minhas ideias para uma campanha, que era integral e entusiasticamente aceita em 99,99% dos casos, e fazia de mim um dos publicitários que mais emplacavam suas ideias junto aos clientes. E, funcionava no campo sentimental onde, se não fosse a minha emotividade, eu teria me saído bem melhor na escolha dos meus parceiros; muito embora o Danny não tivesse se mostrado o homem íntegro que eu acreditava, não posso dizer que ele não me amou verdadeiramente, nem que não tivesse me cuidado e protegido, o que só consegui enxergar plenamente depois que passou o choque de ele ter feito sexo com outras pessoas enquanto estivemos juntos. Eu compreendi que aquele comportamento era fruto de toda uma criação conturbada, onde talvez tivesse faltado amor ou ele tivesse sido excessivo e doente imprimindo em sua personalidade conceitos que provavelmente apenas ele pudesse esclarecer. Não quero me arvorar como conhecedor do que se passa na cabeça das pessoas, nem de como justificar suas atitudes, mas uma certeza eu tinha, o Kevin tinha aquela personalidade dúbia por conta da mesma criação conflitante que o Danny. Ambos não eram criaturas más, eram sim, criaturas que careciam de amor e compreensão e, embora implorassem por isso, ninguém ao redor deles conseguia enxergar.
- Obrigado, Derek! Obrigado por me dar essa chance! – disse ele com uma voz emocionada.
Ouvi-o por mais de uma hora, sem o perceber ou interromper com questionamentos ou, por estar disposto a deixá-lo falar tudo que carregava em seu âmago. Ele me contou como foram os três anos que ficou na prisão; de como passou os piores dias de sua vida, de como refletiu sobre seus atos criminosos do passado, de como carregava preconceitos que nem mesmo ele conseguia explicar, do quanto pensou em mim e na forma carinhosa como o tratei naquelas semanas em que passei em Arcola. Ele falou do conflito que experimentou consigo mesmo quando eu cheguei à fazenda sabendo que tinha sido o parceiro do irmão, o homem que amou e transou livremente com seu irmão a quem ele nunca compreendeu verdadeiramente, até sentir por mim o que o irmão dele conseguia facilmente ver em outros homens. Ele me contou dos inúmeros pesadelos que teve nas noites solitárias em que esteve encarcerado, revendo meu rosto apavorado por seus atos violentos, recordando dos ferimentos que me causou quando só queria ter para si um pouco da sensualidade, do amor e da compreensão que aquele corpo tinha a oferecer, e do qual o irmão conseguiu desfrutar. Falou como terminou a faculdade depois que foi libertado, inspirado na suavidade e ternura das minhas palavras quando lhe afirmei que ele não fedia a estábulo, à bosta de vacas, mas a homem. Foram as minhas palavras que lhe abriram a perspectiva de que ele podia ser alguém além de um sujeito preso naquela fazenda e naquele lugar onde não havia futuro. Confessou que se sentia inferior a mim e, portanto, não digno de sequer sonhar em ter alguém como eu ao seu lado. E, finalmente, me contou por que resolveu me procurar depois que os pais venderam a fazenda e se mudaram para Springfield, antecipando-lhe parte da herança para que pudesse recomeçar a vida.
- Vai achar que fiquei louco, Derek, mas vou confessar porque estou te procurando há mais de um ano, seguindo as informações de que dispunha desde que fui a Nova Iorque atrás de você até conseguir chegar aqui e criar coragem para me aproximar de você, mesmo sabendo que só consegui despertar seu ódio por mim. Eu precisava tentar, entende Derek? Eu precisava tentar e te pedir desculpas por todo mal que te fiz. Se estou aqui agora, diante de você, é porque nesses anos todos eu descobri que te amo, Derek! Eu descobri que também sou capaz de amar outro homem com toda a intensidade do meu coração. Eu descobri que meu preconceito contra gays tinha origem no ciúme que sentia por eles preferirem meu irmão a mim, no desamor familiar em que fui criado, sempre preterido, sempre e somente visto como um burro de carga que precisava dar conta da lida na fazenda, mas que não podia expressar seus sentimentos, suas frustrações, seus desejos. Não quero que tenha pena de mim pelo que estou te contando, quero apenas que me perdoe. Quero seu perdão, Derek! Quero ter a chance de te mostrar que sou um homem muito diferente daquele que você conheceu em Arcola. – revelou
- Você há de convir que está me pedindo muito! Você atentou contra a minha vida, Kevin! Toda vez que penso nisso, até hoje, tenho pesadelos. Ademais, não duvido que as pessoas sejam capazes de mudar, mas a mudança necessária para te mudar é algo tão radical que nem sei se é possível de acontecer. Não estou duvidando de você, das tuas intenções, mas a única coisa que consigo sentir quando estou ao seu lado é medo, Kevin! Muito medo! – confessei
- Não te culpo, eu fiz por merecer! Me mostre um caminho, Derek! Me mostre que ainda posso sonhar e almejar a felicidade, mesmo que não seja com você. – ele se atirou aos meus pés e, com o rosto enfiado entre as minhas pernas, chorava feito uma criança desamparada. Pura encenação para me comover, pensei comigo mesmo, ou existe verdade na dor e nas palavras desse homem? Nunca me senti tão angustiado por não conseguir responder a essa pergunta.
- Todos temos direito à felicidade Kevin! Se estiver realmente arrependido de tudo que fez, não só comigo, mas com os outros gays que agrediu, e mudar suas atitudes de agora em diante, você há de encontrar a felicidade. Não será ao meu lado, pois seu começo comigo não permitiu que se formasse o que há de mais importante numa relação, a confiança. Ela, uma vez perdida, nunca mais se recupera. Você implantou em mim o medo e eu nunca vou poder superá-lo, o que me impede de confiar em você e, portanto, de alimentar qualquer tipo de esperança num relacionamento. Seguiremos caminhos distintos, e eu espero sinceramente que você tenha uma vida feliz, Kevin. Não guardo mágoas, porém minhas recordações atreladas a você ainda me deixam inseguro e assustado. – confessei.
- Eu te entendo, mas precisava tentar! Também quero que seja feliz, Derek, acredite! Você me modificou, e sou-lhe profundamente grato por isso. – retrucou ele desolado. – Se não for pedir demais, eu gostaria de manter contato com você, digo, uma amizade distante se você permitir. Eu queria poder contar com alguém que fosse capaz de me ouvir e me entender como você sempre fez. – eu não tinha porque recusar, pois todos somos falhos em maior ou menor magnitude, e geralmente precisamos de apoio para corrigir nossos defeitos, e era isso que o Kevin estava me pedindo.
Nos despedimos ao alvorecer, aqueles dez minutos haviam se transformado em longas horas onde ele se expôs como nunca tinha feito antes. Eu estava exausto quando fechei a porta e o vi partir, e não tinha mais motivos para duvidar que ele era outro homem. Quem sabe, se quando nos conhecemos ele tivesse agido de outra maneira comigo, teríamos sido grandes amigos, talvez até nos engajaríamos num relacionamento amoroso, pois o Kevin era um homem cheio de atributos físicos capazes de suprir todas as necessidades e sonhos de um gay. Pena que ele não tenha se dado conta disso antes. Depois daquele dia nunca mais nos vimos pessoalmente. Por cerca de três anos ainda recebi algumas ligações dele; uma delas, infelizmente, comunicando o falecimento do Sr. Glover. Na última, ele postou uma fotografia de uma garota com quem tinha começado um relacionamento. Era uma jovem bonita, de rosto angelical e olhar meigo, tinha todos os traços de uma pessoa submissa. Junto aos elogios que teci em relação a beleza e candura dela, teclei – Cuide e protege-a, Kevin! Nunca a magoe, a sua felicidade depende do quanto a ama e de como a preserva! – ele respondeu com um beijo e um smile, o que me levou a crer que ele havia escutado meus conselhos.
Quando contei ao Tyler do meu encontro com o Kevin ele quase pirou de tão inconformado que ficou.
- Você ficou doido, foi, Derek? Deixar esse homem entrar na sua casa! Ele podia ter te matado! Por que não me ligou, por que não chamou a polícia; enfim, Derek, por que você o deixou se aproximar de você e ainda lhe deu ouvidos? – só faltou o Tyler me dar uns safanões de tão revoltado que ficou com a minha atitude.
- Apesar de ter ficado com muito medo, não achei que seria para tanto. O Kevin precisava falar, precisava consertar o que fez de errado e foi isso que o deixei fazer. Fui imprudente? Fui! Podia ter me ferrado, mas acreditei naquele olhar sincero quando me abordou, e tudo acabou dando certo. – devolvi
- Você e essa porra de “aquele olhar”! Vai se foder algum dia desses por ser tão burro de confiar no olhar das pessoas. – sentenciou resoluto. Eu envolvi o rosto dele nas minhas mãos, o encarei e respondi.
- Lembra do dia em que nos conhecemos, o primeiro dia de aulas na faculdade? Foi no brilho cobiçoso de um verdadeiro tarado que havia no seu olhar, que eu vi o sujeito mais afetuoso e amigo que seus olhos refletiam, por acaso me enganei? – ele apenas sorriu, me puxou para junto dele e beijou carinhosamente a minha boca. – Deixa seu namoradinho saber que você anda distribuindo beijos cheios de tesão por aí! – zombei.
- Você sabe que é um puto, não sabe? Um puto que deixa a gente maluco em todos os sentidos! E, é por isso que eu te amo! – devolveu, amassando minhas nádegas com suas mãos fortes.
Cerca de uma semana depois daquela minha conversa com o Kevin, eu estava no supermercado do bairro fazendo compras para reabastecer a geladeira que andava um caos havia alguns dias, pois eu estava atolado de trabalho na agência e vinha fazendo serões que não me deixavam tempo para mais nada. Distraído num dos corredores entre as prateleiras conferindo a embalagem de um produto, repentinamente senti alguém abraçando e se agarrando à minha perna. Olhei para baixo e vi um garotinho em idade pré-escolar, loiro, de cabelo espigado, olhinhos azuis bem espertos, começando a erguer o olhar na minha direção. Apesar de constatar o engano, ele me abriu um sorriso um tanto espantado e um tanto assustado.
- Oi! Perdeu-se da sua mãe? – perguntei, devolvendo o sorriso acolhedor. Ele continuou agarrado à minha perna e demorou a responder.
- Não!
- E onde ela está? – perguntei, ao mesmo tempo em que procurava em volta por uma mãe desesperada, e não via nada além de pessoas preocupadas apenas com as compras e não com um filho perdido.
- No céu! – respondeu ele, cheio de atitude, o que me fez rir.
- E o que você faz aqui sozinho? Quem te trouxe para cá? – perguntei, enquanto ele continuava me encarando e uma de suas mãozinhas não largava da minha calça.
Antes de ele responder, vi surgir de um dos corredores um sujeito com no mínimo um metro e noventa, ombros largos que pareciam bem maiores dentro da jaqueta grossa que estava usando. Ele caminhava com as grossas pernas dentro de um jeans bem abertas, como se o que estivesse pendurado no meio delas fosse tão grande que o impedia de juntá-las. No rosto anguloso e viril crescia uma barba não escanhoada havia alguns dias, o que lhe dava uma aparência selvagem e ao mesmo tempo muito sexy. Havia uma expressão de angustia e preocupação nele, basicamente formado pelas sobrancelhas contraídas. Tão logo viu o garotinho agarrado à minha perna, a preocupação se desanuviou daquele rosto que eu agora encarava em êxtase. Que macho! – exclamaram meus pensamentos completamente focados naquele homem. Muito provavelmente minha cara tinha uma expressão aparvalhada que manifestava o quão atraente eu o estava achando.
- O papai! – balbuciou o garotinho, apontando na direção do sujeito, do qual eu havia até me esquecido momentaneamente.
- O que faz aqui Korbyn? O papai já não falou para você não se afastar dele? Você me deixou muito preocupado, sabia? – questionou o homem quando o ergueu no colo.
- Eu estava ajudando ele! – respondeu o garotinho, apontando para mim, completamente abespinhado com a masculinidade e tesão que aquele homem estava me fazendo sentir.
- Sei muito bem como é a sua ajuda, você estava atrapalhando o homem, não ajudando! – retrucou o pai do garoto, ao mesmo tempo em que me encarava com um olhar de desculpas.
- É verdade, o Korbyn estava me ajudando, não é Korbyn? – devolvi com um sorriso constrangido.
- Eu não disse! – exclamou o menino, feliz por eu não contrariá-lo.
- Me desculpe! Ele anda cada dia mais travesso, basta um descuido e ele sai explorando tudo à sua volta. – disse o pai, com sua voz grossa que entrava feito uma melodia nos meus ouvidos.
- Ele é bem esperto! Não se intimidou quando percebeu que estava abraçando a perna errada. – devolvi.
- É sim! Nisso é que reside o perigo! – retrucou o pai, demonstrando simpatia.
Acabamos percorrendo os corredores juntos, terminando de escolher os itens que faltavam no carrinho de cada um e nos dirigimos aos caixas. Nesse interim, começamos a trocar algumas frases corriqueiras sobre o tempo, o preço das mercadorias, as preocupações com o cotidiano. Nossos carros estavam bem próximos no estacionamento, e o menino corria de um para o outro tirando alguns itens do carrinho e os colocando no bagageiro. Também observei que ele havia pego muitos itens de comida pronta, praticamente nenhuma fruta ou legume, e diversas guloseimas que deviam servir para conter os ânimos do garotinho e, acabei imprudentemente fazendo um questionamento quanto aos produtos pouco saudáveis para uma criança.
- Tem razão! Quem preparava as refeições era a minha esposa, sou uma negação na cozinha! Tenho uma senhora mexicana que vem me ajudar duas vezes por semana com a arrumação da casa e também prepara algumas refeições, mas o Korbyn é intolerante aos temperos típicos mexicanos que ela costuma usar, e se recusa a comer o que ela prepara. Eu mesmo não sou apreciador do que ela cozinha. – revelou ele.
Como ele havia feito bem mais compras do que eu, ajudei-o a conter a euforia do garotinho enquanto ele colocava as compras no carro. Quando fui colocar o menino na cadeirinha, ele se agarrou ao meu pescoço não querendo se soltar.
- Você precisa soltar o homem Korbyn, ele precisa ir para a casa dele! Seja bonzinho e solte-o!
- Vamos levar ele para casa! – exclamou o menino, o que nos fez rir.
- Não dá, Korbyn! Ele tem mais o que fazer do que ficar dando atenção para você.
Quando estava prestes a deixar o estacionamento e passou por mim, pois estava terminando de colocar as compras no carro, ele voltou a me abordar.
- A propósito, meu chamo Archer! E você?
- Derek! – respondi lhe dirigindo um sorriso interessado, o que ele deve ter percebido, pois continuou ali parado me encarando e avaliando se devia ou não continuar aquela conversa. – Por que você, sua esposa e o Korbyn não vem jantar comigo essa noite? Prometo que não será comida mexicana e que será mais saudável do que a comida preparada que comprou. – emendei, pois aqueles olhos verdes me encarando estavam deixando meu cuzinho excitado.
- Sou viúvo! A mãe do Korbyn faleceu há cerca de um ano. – revelou, me deixando desconcertado por ter mencionado a esposa totalmente esquecido do garoto ter dito que a mãe estava no céu.
- Sinto muito! Deve estar sendo difícil criá-lo sozinho.
- Ainda não peguei o jeito! – retrucou desolado. – Tem certeza que não vamos incomodar?
- Absoluta! Será um prazer! Às 19:00 horas, pode ser? – ele acenou positivamente com a cabeça enquanto eu lhe passava meu cartão de visitas com o endereço de casa anotado no verso.
- Moramos na Cliffwood road, estamos bem próximos! – disse ele ao conferir o endereço no cartão.
- Então até mais tarde! Tchau Korbyn! – a mãozinha dele ficou me acenando até o pai sair do estacionamento do supermercado.
Fazia tempo que eu não sentia aquela excitação. Meu peito estava agitado, meu cuzinho estava agitado, eu estava numa agitação inexplicável; afinal, não tinha sido nada mais do que um mero encontro casual com um homem viúvo e seu filho que moravam a alguns quarteirões de casa, nada tão excepcional a ponto de me deixar nesse estado. Em nenhum momento houve qualquer tipo de sinalização por parte dele de ter se interessado por mim. Era tão somente eu quem estava carente de um macho e por isso tinha feito aquele convite um tanto quanto ousado e fora de propósito. Concluí que tinha feito papel de bobo, ele devia estar se perguntando que tipo de sujeito sai convidando um desconhecido que acabou de encontrar durante as compras. Só eu tinha essa resposta, o tipo de sujeito que ainda continuava à procura de um homem com quem pudesse compartilhar a vida. Mas isso, por enquanto, ele não precisava saber.
Caprichei no preparo do jantar, queria que ambos se sentissem mimoseados com ele. Pensando numa refeição saudável para o Korbyn arrisquei e apostei nos legumes, embora ciente de que garotos naquela idade tinham uma implicância nata com vegetais. Por isso, montei especialmente um prato com diversos deles, bem coloridos e dispostos formando o rosto de um palhaço sorrindo, contando que o visual o estimularia a prová-los. Para o Archer apostei num filé alto de vitelo com molho de cogumelos e ligeiramente aquém do ponto, acompanhado de um purê e legumes sortidos no vapor. Uma bola de sorvete de pistache coberta com calda de chocolate e amoras frescas agradaria pai e filho.
Estavam atrasados, mais de meia hora. Teria o Archer aceito o convite só para parecer gentil? Teria decidido não aparecer sem ao menos avisar, uma vez que a chance de me reencontrar casualmente era quase nula? Teria havido algum problema de última hora que o impedisse de vir e até de avisar, uma febre repentina no Korbyn, um mal-estar súbito que o obrigasse a levar o garoto ao Pronto Socorro? Teria perdido meu cartão com o endereço e telefone? Por que raios eu estava tão angustiado com aquele simples jantar quando já tinha preparado outros bem mais complexos para amigos e parentes? Abri uma das garrafas de vinho que tinha posto para resfriar e despejei dois grandes goles garganta abaixo enquanto caminhava agitado pela casa com as mãos suadas. De quando em quando me surgiam as fisionomias de pai e filho diante dos olhos, como se fossem miragens. Eu sentia que podia me apaixonar fácil e completamente pelos dois. Nem me lembro mais de quantas vezes corri até a janela que dava para a rua para ver se tinham chegado, toda vez que ouvia um carro passar pela rua. Meu coração quase saiu pela boca quando a campainha tocou e eu corri em direção a porta, já ouvindo a voz aguda e impaciente do Korbyn do outro lado.
- Me desculpe pelo atraso! Convencer esse rapazinho a tomar banho e vesti-lo é mais difícil do que mover uma montanha! – exclamou o Archer, enquanto o Korbyn saltava para se pendurar no meu pescoço.
- Oi, tio Derek! – cumprimentou ele, enquanto seus olhinhos sagazes exploravam o ambiente.
- Oi Korbyn! Como foi a sua tarde?
- Boa! Eu queria ver onde você mora!
- Então fique à vontade para andar por aí e conhecer a minha casa. – respondi, o que ele não perdeu tempo em fazer.
- Espero que nosso atraso não tenha lhe trazido problemas. – disse o Archer, ao me estender uma garrafa de vinho.
- Não, nenhum, não se preocupe! – devolvi, sem conseguir tirar os olhos daquele tronco enorme e vigoroso que surgiu assim que ele tirou a jaqueta pesada que vestia.
Desviei rapidamente o olhar ao sentir um espasmo contraindo meu cuzinho. Homens do tipo do Archer sempre foram meu sonho de consumo desde que me descobri gay, e ele era o protótipo desse tipo mais perfeito e sensual que eu já tinha visto. Impossível não sentir aquela comoção e inquietude que ele estava me despertando.
A alegria do Korbyn ao se deparar com aquela cara de palhaço feita de legumes em seu prato foi uma cena impagável. Ele os devorava um a um, tentando dar o nome de cada legume à medida que orelhas, nariz e boca eram retirados desmontando o desenho. Ver que o Archer também se divertia comovido com a cena foi o que mais me gratificou.
- Obrigado! Não o vejo comendo com tanta satisfação há um bom tempo! – exclamou, me encarando agradecido. – Por falar nisso, esse filé está dos deuses! Não me lembro de ter comido um tão saboroso! Meus parabéns! – emendou, ao colocar um grande naco dele na boca.
- É aniversário do tio Derek? – perguntou apressado o Korbyn, ao ouvir a palavra parabéns.
- Não, filhão! O papai está parabenizando o Derek, pela delícia de jantar que preparou para nós. – esclareceu
- Ah! Então não vai ter bolo? – perguntou o garoto.
- Não vai ter bolo, mas vai ter sorvete, o que acha? – perguntei. Ele riu e se apressou a devorar até a última garfada do que estava em seu prato.
- Muito legal! – exclamou eufórico.
O Korbyn ainda se distraiu por pouco mais de hora e meia após findo o jantar, quando nos sentamos na sala diante da lareira acessa. Aos poucos, sentado no sofá ao meu lado, começou a bocejar e se aconchegar a mim com as pálpebras pesando cada vez mais a cada piscada, até pegar no sono.
- É espantosa a maneira como ele se apegou a você. Normalmente, ele é um pouco reticente com estranhos, demorando a interagir. Mas, com você, ele parece se sentir à vontade e até seguro, pois a maneira como se agarrou à sua perna no supermercado ele só costuma fazer comigo quando se sente inseguro nalgum lugar ou diante de alguma situação. – revelou o Archer.
- Eu me surpreendi quando ele percebeu que havia se confundido de perna, mas continuou olhando para mim sem nenhum receio. É um belo garoto! Você deve sentir muito orgulho dele, suponho. – devolvi.
- Ele é tudo que eu tenho! Minha vida mudou muito depois que a mãe dele faleceu. Ainda me ressinto dessa perda e, não fosse ele, minha solidão seria bem maior. – confessou emocionado.
Nesse momento tive vontade de colocar a cabeça daquele homem no meu colo e lhe dizer que eu estava pronto para tirá-lo daquela solidão assim que ele o desejasse. Eu não devia estar no meu juízo perfeito. Tinha poucas horas que o conhecia, não sabia nada dele, mas sentia uma quentura no meu peito que ia muito além da simples atração física. Se acreditasse na paixão à primeira vista, diria que era disso que estava sentindo. Mais uma vez, era no olhar dele que eu procurava decifrá-lo, e ele parecia estar ciente de que eu o fazia, pois me encarava sem dissimulações e, salvo meu juízo perturbado pelo tesão que ele me inspirava, eu podia jurar que ele procurava em mim algo mais do que uma mera amizade masculina.
- Imagino que tenha passado por momentos muito dolorosos, e sinto muito por você e pelo Korbyn. – retruquei solidário.
- Sim, sem dúvida! Estamos tentando nos reencontrar com a felicidade, e esta manhã no supermercado parece que enveredamos pelo caminho certo. – disse ele, me deixando estarrecido. – Não sei bem explicar o que senti quando te vi esta manhã, mas foi algo que migrou do inusitado para o esperançoso como num passe de mágica. Senti que estava diante de alguém muito especial! – admitiu, me fazendo corar e disparando meu coração.
Será que ele sentiu o mesmo que eu? Será que esse homem tão másculo e viril percebeu que eu era gay e resolveu apostar num relacionamento? Não! Isso só acontece nos filmes, nos romances melosos, nos romances literários, Derek! Acorda, seu romântico inveterado, isso não acontece na vida real, dizia uma voz dentro de mim que era expert em sabotar a minha felicidade, me levando a ter um comportamento que afugentava qualquer interessado.
- Foi muito bom conhecer vocês! Estou feliz por nossos caminhos terem se cruzado! – devolvi sincero, encarando-o otimista.
Ele se levantou de onde estava e veio sentar comigo do outro lado do filho, hesitou por alguns segundos antes de levar a mão ao meu rosto e o contornar com a quentura dela. Estático e paralisado pela sensualidade daquele toque, eu sentia minha respiração falhando. O Archer foi aproximando o rosto lentamente, me dando a chance de fugir, caso o desejasse, mas eu só esperei pelo toque daquela boca na minha, que veio suave sobre os meus lábios, vagarosamente sugados e prensados entre os dele, até que o beijo lascivo e carinhoso se consumasse. Levei ambas as mãos ao rosto dele, ele havia se barbeado depois do encontro daquela manhã, mas a pele do rosto ainda continuava áspera como uma lixa, excitante, atraente, aliciadora, e eu me deixei seduzir por aquele beijo libidinoso.
- É a primeira vez que sinto tesão por um homem! Você é encantadoramente atraente, Derek! – sussurrou, sem parar de me beijar. Eu devolvia cheio de ternura aquele beijo úmido que mesclava nossas salivas.
A esse primeiro seguiram-se outros, já não restavam dúvidas de que ambos estavam deixando o tesão guiar nossas condutas e fazer o sangue em nossas veias fervilhar. O olhar sequioso do Archer procurava no meu a aprovação para que aquilo fosse adiante, e só encontrava o caminho liberado, o que o fez enfiar uma das mãos debaixo da minha camiseta e deslizar em direção ao meu mamilo, carregando consigo a camiseta e o pulôver, até expor completamente a tetinha saliente donde se projetava um biquinho rosado e rijo. Ele colocou um beijo molhado sobre ela antes de abocanhá-la, inicialmente chupando e depois cravando com força seus dentes na maciez dela, até eu me agitar e soltar um gemido. Minha mão acariciava a ereção rochosa e inquieta dele dentro da calça. Nesse exato momento o Korbyn, que ainda continuava com a cabeça deitada no meu colo, acordou, e com os olhos semicerrados procurava entender o que o pai fazia com a boca colada no meu peito exposto. Com um movimento impulsivo e precavido, puxei minha camiseta e pulôver para baixo e tirei a mão de cima do caralhão dele, antes que o Korbyn pudesse compreender o que se passava.
- Estou com sono, papai! – balbuciou ele, esfregando os olhos, meio perdido sem saber exatamente onde se encontrava.
- Nós já vamos para casa! Diga obrigado e boa noite ao Derek! – devolveu o Archer.
- Obrigado, tio Derek! Posso vir jantar na sua casa amanhã? Você faz outro palhaço gostoso para mim? – perguntou o garoto ao envolver seus bracinhos ao redor do meu pescoço num abraço dengoso.
- Pode sim, Korbyn! Você pode vir jantar e almoçar na minha casa toda vez que tiver vontade. – respondi, beijando a bochecha quente dele.
- Eu gosto de você, tio Derek! – exclamou com a vozinha sonolenta.
- Eu também gosto muito de você, Korbyn! Você é um garoto muito legal, sabia? – devolvi comovido pela inocência dele.
- O papai também gosta muito do tio Derek! E, espera que no próximo jantar ele faça parte do cardápio! – exclamou à meia voz o Archer, me dirigindo uma piscadela e sorriso libidinoso.
- Não vejo a hora de isso acontecer! – retruquei, quando ele já estava próximo à porta com o Korbyn em seus braços, e eu fechava a minha mão sobre o cacetão duro dele.
Quase não dormi aquela noite, foi um sono permeado de imagens com aquele homem se apossando do meu corpo, de eu colocando na boca aquele cacetão que apenas senti vibrando na minha mão, de sentir meus lábios sendo pressionados pelo tesão desenfreado dele, da minha boca sentindo aquela língua indômita se enroscando na minha. Eu acordava com o corpo agitado e suado clamando por aquele macho como se eu estivesse no cio.
O sol frio de inverno já estava alto quando acordei no domingo pela manhã. Uma sensação de indolência me mantinha debaixo dos cobertores. Sem uma programação definida, seria um daqueles domingos preguiçosos. Eu tinha ficado de dar uma resposta ao Tyler para nos encontrarmos para o almoço, mas as conversas, demasiado gays do namorado rapagão dele, me eram um pouco enfadonhas. Quando o celular tocou, a cara risonha do Tyler apareceu na tela.
- Ainda na cama, seu preguiçoso? O dia está lindo! Fiz a reserva para o brunch na área externa do Talula’s, não se atrase! – disse ele, animado demais para um domingo de inverno.
- Não estou a fim de sair! Acho que não vou, Tyler, me desculpe!
- Caralho, Derek! Você prometeu, buceta! Depois fica reclamando que não encontra ninguém legal, que está solitário, que não sabe para quem dar o cu, seu puto! – despejou ele.
- Deixa de ser besta, Tyler! Em primeiro lugar, eu não prometi nada, disse que talvez iria, não dei certeza! Em segundo lugar, e guarde bem isso, eu nunca reclamei de estar sozinho e muito menos de não saber com quem trepar, seu desbocado! – revidei
- Dá na mesma! O fato é que você está desperdiçando tempo ficando enfurnado em casa quando podia estar levando uns amassos. Não pense que um príncipe encantado vai cair dos céus diretamente para dentro do seu cuzinho tesudo, por mais delicioso que ele seja. É você quem precisa ir à caça dele, pois contos de fada não existem. – devolveu ele, sempre disposto a me arranjar um parceiro. Mas, isso apenas quando ele tinha um, pois quando estava só, vivia me perseguindo como um garanhão atiçado pelo cio.
- É aí que você se engana, seu tarado! Príncipes encantados ainda estão caindo dos céus, mais especificamente, nos supermercados! – exclamei safado e rindo.
- O quê? Você trepou com um cara que encontrou no supermercado? Você é uma puta! Uma puta, Derek! Por que não me contou nada, seu viado? Se você não aparecer no Talula’s eu juro que vou te buscar aí na sua casa e você vai me contar essa história tim-tim por tim-tim, viadão! – ameaçou.
- Dá para você ser menos grosseiro, Tyler? Pelos céus, criatura, como você é boca suja! Eu não trepei com ninguém, seu pervertido! Também não sou nenhuma puta, mal-educado, casca grossa! – revidei exasperado.
- Que seja! Senão trepou, vai trepar! E eu quero conhecer esse sujeito, para ver se ele te merece. – retrucou ele.
- Posso saber desde quando eu te autorizei a ser meu tutor? Vá se catar, Tyler! Se continuar a me irritar, pode esquecer nosso encontro! – intimidei
- Está bem, não vou falar mais nada! Só seja pontual e venha preparado para me contar tudo, inclusive os detalhes mais sórdidos. – devolveu rindo, antes de encerrar a ligação.
Preparei-me espiritual e psicologicamente para enfrentá-lo durante aquele brunch no qual eu seria evidentemente o centro das conversas. Mesmo não se dando conta disso, o Tyler deixava o garotão gay dele completamente enciumado quando eu estava por perto. Como eu não simpatizava muito com o sujeito, nem eu mesmo saberia explicar porque, ele me tinha como um rival pelo que rolou entre o Tyler e eu; e me via como alguém que, com a discrição que me era peculiar, era muito mais assediado pelos homens do que ele que, praticamente, se parecia com um outdoor proclamando que era gay e defensor ferrenho dessa causa. Eu já tinha sinalizado para o Tyler a respeito desse ciúme que o garotão sentia, mas ele me ignorou.
O brunch até que foi descontraído, e o ânimo do Tyler por saber do tal sujeito do supermercado tornou-o leve, mesmo eu não tendo esclarecido praticamente nada. Como eu poderia falar de algo que nem eu mesmo sabia se ia dar certo? Um encontro casual, um jantar e aquele beijo não constituíam prova suficiente para eu chamar aquilo de um caso, por mais entusiasmado que eu estivesse. O Archer me ligou no meio do almoço, deixando o Tyler ainda mais curioso.
- Desculpe, não quis atrapalhar! Nos falamos mais tarde, se você quiser! – disse ele, ao constatar que eu estava acompanhado.
- Não está atrapalhando nada. Estou almoçando com uns amigos. – esclareci.
- Podemos nos ver mais tarde, quando terminar aí? Aqui em casa? O Korbyn não para de perguntar por você! – perguntou ele.
- Sim, claro!
- Vou te passar o endereço! Até depois, então! – voltei a me sentir irrequieto; por mim, sairia dali correndo em direção a ele.
- Hum! O sujeito está mesmo disposto! Quem é Korbyn? Vai rolar suruba, a três? – perguntou o Tyler assim que desliguei.
- Santo Deus, Tyler! Você é intragável com suas perversões! Korbyn é o filhinho dele, seu degenerado! – respondi.
- O cara é casado e mesmo assim anda tendo casos por fora? Depois o degenerado sou eu!
- Chega de tanta besteira, Tyler! O cara não é casado, é viúvo! E não anda tendo casos por fora! – esclareci.
- Por que você não para de se intrometer na vida e assuntos amorosos do Derek? Isso é um pé no saco, sabia? – questionou o garotão enciumado.
- Somos amigos, eu me preocupo com o Derek! – respondeu o Tyler
- E eu sou seu namorado! Não estou nem um pouco interessado para quem o Derek dá o cu, já você tem uma verdadeira obsessão por isso, que porra! – exclamou zangado.
Apressei minha despedida ao perceber que o garotão tinha chegado ao seu limite de tolerância com os questionamentos do Tyler, e eu não estava a fim de participar daquela briga que estava prestes a começar entre os dois. Fui direto para a casa do Archer, e constatei o quão próximos morávamos, sem nunca termos nos encontrado antes.
- Oi! Fico feliz que esteja aqui! – disse ele, quando veio abrir a porta.
- Oi! Eu também! Onde está o Korbyn? – perguntei, para tentar disfarçar o rosto corado.
- Levei-o ao parque Pennypack esta manhã! Ele está aprendendo a andar com o patinete que ganhou no aniversário. Passou a manhã toda brincando com os garotos que encontrou por lá e voltou para casa exausto. Coloquei-o para dormir depois do almoço. – revelou o Archer. – Ele não parou de perguntar por você! – emendou, disfarçando o prazer que sentia ao me confessar a admiração do filho por mim.
- Ele é um garoto muito especial! – devolvi
- Tenho certeza que ele pensa o mesmo sobre você! Nunca o vi tão entusiasmado com alguém. – afirmou. – Tanto quanto o pai! – acrescentou, aproximando-se de mim e me puxando para junto de seu tronco sólido, ao juntar sua boca à minha.
Me estremeci todo, o Archer me provocava essa sensação toda vez que eu sentia o calor daquele corpão cheio de músculos. Ele notava como eu ficava abalado e parecia gostar disso.
- Se ele acordar pode nos pegar como quase aconteceu ontem à noite! – exclamei, tentando escapar daquele assédio que eu sabia, ia me levar invariavelmente a me entregar aquele homem.
- Ele deitou há pouco, vai demorar a acordar! Temos muito tempo! Eu quero você, Derek! Não consigo parar de pensar em você desde o beijo da noite passada. Meu cacete está quase estourando dentro da calça, só de te sentir em meus braços. Seja meu, Derek! – disse ele, apalpando minhas nádegas e enfiando a língua na minha boca em mais beijo de tirar o fôlego.
- Também não consegui dormir, pensando em você! – confessei, me entregando à lascívia dele.
Sem demora, ele me conduziu ao quarto onde começou a me despir e a beijar cada fragmento nu do meu corpo que ia surgindo à medida que tirava minhas roupas. Eu sentia como se minha pele pegasse fogo onde suas mãos e sua boca me tocavam. Meu cuzinho se contraía voluntarioso, enquanto meus olhos não conseguiam se desviar daquele volume enorme que crescia dentro da calça dele. Deitado de costas, com as pernas penduradas para fora da cama, fui arriando a calça e a cueca dele até conseguir beijar o caralhão que saltou para fora dela. Ele me beijava com a língua se movendo na minha garganta, suas mãos amassavam minhas nádegas numa voracidade desmedida. Completamente nu, eu montava nele retribuindo o tesão dele com beijos lascivos de capitulação. Minhas mãos percorriam carinhosas aqueles ombros largos, deslizavam sobre o peito dele arranhando e prendendo seus pelos entre os meus dedos. O caralhão em riste dele roçava meu reguinho aberto, dentro do qual seus dedos vasculhavam à procura do meu cu. Soltei um longo gemido carregado de tesão quando ele enfiou um dedo dentro dele, e vi surgir um sorriso de satisfação naquele rosto hirsuto e viril. Quase ensandeci com aquele dedo se movendo em círculos dentro do meu orifício anal, e cobri sua boca com beijos fervorosos. Lentamente, fui depositando esses beijos na borda da mandíbula, no pescoço, no peito entre os mamilos, descendo determinado ao longo da trilha de pelos que seguia na direção do umbigo dele. O Archer arfava, sua respiração mais parecia um rosnado que ganhava força à medida que meus beijos iam se aproximando do púbis peludo dele, onde o aroma másculo de sua excitação já se fazia sentir. Deslizei as pontas dos dedos para dentro da virilha pentelhuda enquanto meus lábios iam delicadamente se fechando ao redor da glande úmida dele.
- Cacete, Derek! – grunhiu ele, num suspiro de prazer.
Chupei o pré-gozo viscoso da cabeçorra estufada, abocanhando progressivamente mais uma parte do cacetão que pulsava na minha boca. Ele se entregava à minha investida, quase delirando de tanto prazer ao me sentir sugando sua verga grossa revestida de veias salientes e calibrosas. Meus beijos, lambidas e chupadas percorriam sem pressa toda a extensão daqueles 25 centímetros de caralho enquanto seguiam rumo às enormes bolas que eu palpava dentro do sacão pesado. Mesmo ciente de que meu cuzinho ia padecer excitando aquele caralhão daquela maneira libidinosa, eu me empenhava devotamente mamando o cacetão duro feito uma rocha. Subitamente o Archer me puxou pelos ombros em sua direção até conseguir colar sua boca à minha, voltando a amassar meus glúteos carnudos e volumosos. Não foram mais do dois ou três beijos antes de ele girar abraçado a mim até o peso de seu corpo ficar sobre o meu. Encaixado entre as minhas coxas que o envolviam na altura da cintura e, me encarando com a mesma tenacidade que um predador encara sua presa, ele meteu a pica no meu cuzinho com um forte impulso abrupto e certeiro, dilacerando minhas preguinhas anais antes que um vigoroso espasmo dos meus esfíncteres aprisionasse o caralhão dele dentro de mim.
- Ai! – gani pungente, com a respiração travada.
- Você está bem? – indagou em meio a um grunhido voluptuoso, sentindo meu ânus apertado ao redor de seu cacete.
- Você é tão grande, Archer! – exclamei gemendo de dor e prazer.
- Não houve um único instante desde aquele nosso encontro no supermercado que não penso nessa sua bunda. Eu nunca vi um homem com uma bunda tão linda e gostosa, e sempre fui tarado por bundas. – disse ele, após me beijar como forma de me compensar pela dor que estava me causando.
- Ela é toda sua, se você quiser! – devolvi, afagando a nuca dele, enquanto tentava relaxar a musculatura anal para que ele pudesse continuar enfiando aquela verga intrépida no meu cuzinho afogueado pelo tesão.
Outros homens já haviam me confessado sua predileção por bundas, mesmo que eu não tenha me deitado com eles. E mais, aqueles que já haviam tido relações homossexuais, haviam me garantido que a bunda musculosa e o cu de outro homem, por serem mais firmes e resistentes eram infinitamente mais prazerosos do que uma vagina ou mesmo o cu de mulheres que, na maioria das vezes eram avessas ao coito anal, sobre o qual reinava um enorme tabu. Relataram sentir grande excitação e prazer pelo ânus ser uma região estreita que proporciona uma maior pressão no pênis, bem como uma sensação de domínio durante a penetração, uma vez que o passivo, relegado à submissão, evita se mexer demasiadamente para sentir menos dor, enquanto o ativo é quem rege os movimentos exercendo sua dominância.
Por ser a primeira vez que o Archer metia o cacetão no cuzinho de um homem, ele não sabia que o ânus reage com espasmos vigorosos aos primeiros toques da penetração, momento de maior suscetibilidade do passivo quando da penetração que, se forçada, causa maior dor. Meu – Ai! – pungente foi o que o fez desconfiar do meu desconforto.
- Estou te machucando? – perguntou cheio de preocupação.
- Faz tempo que não me entrego a um homem como você! Me dê uns segundos, até eu conseguir relaxar meus esfíncteres antes de você continuar entrando em mim. – respondi, encarando-o com doçura e submissão.
- A cada instante estou ficando mais louco por você, Derek! Essa sua submissão durante o coito é algo que me deixa completamente maluco por você. Eu te quero! Quero você todo para mim, Derek! – sussurrava ele, impaciente e voltando a forçar o caralhão contra o meu cuzinho que ia se abrindo como as pétalas de uma flor a desabrochar, permitindo que ele deslizasse até o fundo das entranhas, enquanto meus gemidos prazerosos e contidos atiçavam o tesão de ambos.
Eu erguia minhas ancas à medida que ele me estocava, entrando cada vez mais fundo em mim socando minha próstata que irradiava aquele misto de dor e prazer por toda minha pelve. Meus dedos cravados na pele das costas dele o arranhavam extraindo ainda mais prazer dele, o que se evidenciava pelos grunhidos guturais que ele soltava por entre os dentes cerrados. A enormidade dele me preenchia como há muito eu não sentia, irradiando o calor daquela carne rija que parecia ocupar cada canto do meu cuzinho, me proporcionando um prazer sem fim. Eu sussurrava o nome dele enquanto nossos lábios se contorciam numa dança libertina e selvagem. Em meio a esse delírio de prazer eu me esporrei todo, gozando sobre o meu ventre. Ele não demorou a perceber a umidade que se espalhava entre nossas barrigas, e abriu um sorriso de satisfação por ter me feito gozar.
- Ai Archer! – gani no auge do clímax ao qual ele havia me conduzido.
Ele intensificou as estocadas, mais rápidas e cada vez mais profundas na tentativa de liberar todo aquele tesão que eu o fazia sentir, o que ia esfolando minha mucosa anal e desencadeando uma ardência abrasadora. Com o cu completamente arregaçado eu me abria para ele, entregava-lhe meu corpo, meus sentimentos e meu ser em suas mãos, o que ele sentia como a mais doce e terna paixão pulsando em consonância com seus batimentos cardíacos.
- Derek! – exclamou, quando sentiu a musculatura pélvica dar o primeiro espasmo, anunciando o gozo iminente.
Foram apenas mais algumas estocadas e ele se despejou todo dentro de mim. O sêmen morno e espesso escorria lentamente pelas minhas entranhas e eu o recebia como um presente singelo e uma prova do quanto aquele homem estava unido a mim. Ele se deixou cair pesadamente sobre o meu corpo, desfrutando dos afagos que minhas mãos deslizando sobre suas costas e nuca lhe conferiam. Beijou-me satisfeito e grato por tamanha entrega, ao que respondia com beijos úmidos e cheios de carinho. Ficamos por um tempo ali deitados, lado a lado, de mãos dadas, como que saboreando os prazeres que aquele coito havia inoculado em nossos corpos.
- Quero você mais vezes, Derek! Quero você para sempre! – balbuciou ele, como se precisasse ouvir a própria voz para tornar aquilo uma realidade.
- Também te quero, Archer! Você despertou em mim um sentimento com o qual eu já nem sonhava mais. – confessei sincero, pois achava que a paixão e o amor nunca mais fariam parte da minha existência.
Por pouco o Korbyn não nos flagra nus na cama. Foram poucos segundos enquanto nos vestíamos apressadamente para ele entrar no quarto e se deparar com a cena dos dois constrangidos praticamente denunciando nosso ato libidinoso consumado. De qualquer forma, ele pareceu não notar nosso confrangimento ou, se notou, deixou prevalecer a alegria de me encontrar ainda ali.
- Você podia vir morar com a gente, tio Derek! Ia ser legal, não é? – questionou feliz
- O tio Derek tem a casa dele onde fica com bem mais conforto do que aqui, não acha? Ademais, só temos dois quartos, onde ele ia dormir? – perguntou o Archer, creio eu já adivinhando a resposta e só para me fazer pensar sobre a sugestão.
- Aqui, no seu quarto! A sua cama é maior que a minha e o tio Derek é grandão demais para dormir na minha cama. – respondeu prontamente o Korbyn, do jeito que o Archer queria.
- Safado! Usando o garoto para me seduzir! – exclamei, à meia voz para que só o Archer pudesse me ouvir. Ele abriu um delicioso sorriso libertino.
- Por que você quer que eu venha morar com vocês? Você pode me visitar toda vez que tiver vontade e ficar na minha casa o tempo que quiser. – respondi.
- É que eu gosto muito de você, tio Derek! E queria ficar o tempo todo perto de você e do papai. – respondeu em sua sinceridade inocente. Desviei rapidamente o olhar na direção do Archer pois senti duas lágrimas descendo pelo rosto. Sentir-me amado me deixava emotivo.
- O papai também gosta muito do tio Derek e ficaria muito feliz se ele viesse morar conosco! Seria genial, não é filhão? – incentivou o Archer, para que o filho se empenhasse no meu convencimento.
- Seria muito genial! – repetiu o Korbyn, fazendo graça com a palavra genial.
- Sei que pode parecer precipitado, mas depois do que acabamos de fazer, eu já não tenho mais nenhuma dúvida, Derek. Talvez seja pedir demais, o que vou te pedir, venha ser meu parceiro de vida, venha me ajudar a criar o Korbyn, nós te amamos. Me dê sua mão e vamos saltar juntos nesse penhasco, nesse futuro desconhecido, vamos nos aventurar e tornar nossas vidas mais completas e felizes. Tudo que mais quero é criar meu filho ao seu lado, com todo esse carinho e paixão que eu sei que está guardado aí dentro de você. – sugeriu ele, enquanto o Korbyn o ouvia cheio de esperança, e eu sentia o coração apertando e as lágrimas rolarem mais copiosas.
- Nada me faria mais feliz! Amo vocês dois, seus chantagistas sentimentais! – balbuciei, com o coração a explodir.
- O que é chantagista sentimental, tio Derek? – perguntou o Korbyn com os olhinhos brilhando de alegria, pois minha resposta lhe pareceu um sim ao seu pedido.
- É um garotinho lindo feito você me pedindo uma coisa que não consigo recusar! – devolvi, enquanto ele procurava entender o porquê das minhas lágrimas.
- Por que você está chorando, tio Derek? Você está triste? – questionou, passando a mãozinha carinhosamente sobre a minha face.
- Porque estou muito feliz por você querer que venha morar com você! – respondi, estampando um sorriso no rosto.
- Comigo e com o papai, não é? Você vem morar com a gente? Quando? – ele já começava a demonstrar toda a euforia com essa perspectiva.
Acabou que foram eles a se mudarem para a minha casa, três meses depois, que contava com um quarto a mais e estava situada numa rua mais tranquila que a deles. O Korbyn só nos perguntou uma vez por que o pai não dormia no quarto vazio, e nós lhe explicamos o motivo segundo sua capacidade de entendimento, o que ele aceitou como natural. Na verdade, ele gostava de fugir de sua cama e vir se enfiar no meio de nós dois no meio da madrugada. Suas desculpas para isso eram mais do que hilárias e criativas, ora estava com medo de um suposto barulho que tinha ouvido, ora alegava que um dos personagens maus dos desenhos que assistia na televisão estavam debaixo de sua cama, ora dizia estar com febre quando percebeu o quanto eu me preocupei e cuidei dele num dia em que acordou com dor no ouvido e uma temperatura que indicava uma infecção em curso, levando-o ao médico enquanto o Archer estava viajando a serviço da empresa. O fato é que ele se sentia seguro e amparado por nós dois, não mais fazendo distinção alguma depois de algum tempo entre ambos. A prova disso aconteceu quando teve um quadro de apendicite aguda e precisou enfrentar uma cirurgia. No dia seguinte ao procedimento, durante a visita do médico ao quarto onde eu e o Archer aguardávamos apreensivos pelo prognóstico e, após as orientações que ele nos deu antes de o levarmos para casa, o Korbyn disse ao médico que eu cuidaria dele, com uma firmeza e segurança que deixou o cirurgião surpreendido.
- Quem cuida de mim quando eu fico doente é o pai Derek! Só ele sabe como me curar! – as palavras saíram tão espontâneas e vivas que eu precisei olhar pela janela para a paisagem coberta de neve lá fora, pois as lágrimas escorriam sem controle pelo meu rosto, foi a primeira vez que ele me chamou de pai, e eu quase desabei.
O Archer veio me abraçar, beijou minha testa e eu me refugiei em seus braços. O destino havia me dado uma família, depois de ter sido expulso de casa aos vinte anos por ser quem eu era, um gay que tinha como meta encontrar um homem com quem pudesse compartilhar a vida e, de ter passado por inúmeros dissabores, eu conquistei não só o homem dos meus sonhos, como também outra família, a minha família. Uma família todinha minha, com um garotinho que me amava exatamente como sou, sabendo que eu amava o pai dele e a ele, sem me rotular com os preconceitos da sociedade e, com um homem que descobrira em mim não apenas os prazeres do sexo, mas uma criatura que o ressuscitara para a vida e para o amor, depois de enviuvar. O amor que eu sentia por aqueles dois era tão imenso e gratificante que eu não podia me sentir mais feliz. E, ouvir a palavra – pai – saindo da boca do Korbyn para me qualificar foi o maior presente que a vida me deu.