Havia sido o sexo casual mais casual da vida dele. Escada de incêndio do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza. Não se falou absolutamente nada a não ser a objeção inicial dela, já em meio ao coito, de que tinha namorado, que iam noivar; bem como a pergunta que ela lhe fez: “Quem diabos é você?” e sua resposta dura e seca: “Me chame de Senhor!”
As semanas passaram. Ele nunca mais a viu. Nem a mínima sombra dela depois daquela única e singular noite. Mas não lhe saía do pensamento aqueles lábios grossos, úmidos e quentes a contrastar com a maciez com que lhe sugava; com a suavidade com que aquela língua percorria lentamente seu membro rijo; ora se concentrando em pequenas lambidas na ponta, ora deslizando por ele todo, até o engolir inteiro, como se o quisesse pra sempre ali dentro da sua boca, a ponto de parecer lhe faltar o ar; para, de repente, irromper numa avidez insaciável que só descansou quando sorveu até a última gota daquele gozo quente como o desejo dela. Gozo encorpado, volumoso, que ainda teimou em lhe escorrer entre os lábios ocupados, mas foi interceptado por aqueles dedos. Sim, aqueles dedos que, ainda nervosos, momentos antes, tocaram seu pênis ainda por cima da calça. Num primeiro momento, ainda timidamente, acariciando com as pontas dos dedos vagarosamente; e, logo depois, apertando com força, sentindo o calor, o formato; apertava-lhe a cabeça, os testículos, até tirá-lo da cueca. Esses mesmos dedos, agora, como que bailando no ar, calmamente não deixaram aquele gozo se perder e, senhores de si, o levaram de volta à boca; e foram lambidos com força, até não sobrar mais nada...
Ainda tinha flashes dela de bruços nos degraus da escada, o vestido curto a revelar um pouco daquela bunda que desejava tanto; as coxas grossas, brancas, totalmente descobertas; aqueles seios tão quentes como tudo que havia ali. Sim, os seios dela eram muito quentes, ele lembra muito bem. Ainda podia tocá-los se fechasse os olhos.
Ele repassava essas cenas, se masturbava, gozava pra ela de novo, e na sua cabeça ela estava ali a engolir tudo outra vez. Fez isso vária vezes, mas a verdade é que nunca mais a viu em canto nenhum. Quantas vezes não voltou àquele saguão do aeroporto na vã esperança de que ela aparecesse… mas nada mais que frustração foi o que ele obteve.
Quis o destino que o improvável acontecesse. O Pré-carnaval da capital cearense teimava em tirar os solitários de casa. Garrafa de cerveja na mão, a banda a estourar-lhe os ouvidos e, como se fosse mágica, avistou aqueles cabelos encaracolados a dez, quinze metros de onde estava. Não podia estar enganado. Era ela. Estava de costas, mas o sabia. Aquela micro saia rodada, preta e curta, o permitia novamente ver aquelas coxas quase inteiras, bem como a pompinha da bunda. Aquelas coxas eram as dela. Não tinha dúvidas. Estava acompanhada de amigos. Dois, quatro, não sabia precisar se todos perto dela estavam a acompanhando. Mas viu nitidamente que um deles ora segurava sua mão, ora envolvia seu braço na sua cintura. E nunca largava. Devia ser o tal namorado, quiçá agora noivo, como ela havia dito naquela noite. Aproximou-se um pouco mais. Ficou a observá-la incessantemente. Não havia mais música, tempo, cerveja. Quando ela virou um pouco de lado, teve a confirmação de que realmente era ela. “Como se pudesse não ser!” - pensou ele. Claro que era! Pôde perceber que ela estava a caráter pro Pré-Carnaval. A saia preta fazia conjunto com uma sapatilha e um body, ambos pretos também. Esse último tinha lantejoulas na altura dos seios e terminava num decote atrevido, generoso, que realçava aqueles seios quentes. Sim, eles eram quentes e ele sabia disso. Tinha os tocado naquela noite. Impressionante a brancura de suas coxas, braços e rosto a dançar perfeitamente, em sintonia com aquele preto de suas vestes. Coxas brancas, livres de meias, gostosas... eis que ele já começava as fantasias e pensamentos pervertidos. Ele dizia pra si mesmo que não tinha como evitar. Na sua cabeça, tinha certeza que aquele body que ela estava usando era totalmente fio dental, que estava todo atolado naquela bunda que o consumiu em desejos todas essas semanas. Tinha que ir lá. Ela tinha que saber que ele estava ali.
Mas, de repente, lhe veio o pensamento: ela não deve nem imaginar e muito menos esperar me reencontrar. Ainda mais aqui. Ele tinha a forçado naquele dia e ela tinha aceitado. Mas ele tinha começado! E agora? O tesão era mais alto. Aquela boca carnuda, aqueles lábios macios, dedos ágeis, aquelas coxas, aquela saia, aquele body que estava todo enfiado. Sim! Estava sim! Com certeza estava! Todas essas coisas falavam mais alto e ele foi.
Começou a caminhar em sua direção, mas nesse exato instante ela e o namorado se retiraram do local onde estavam e foram na direção da frente do palco, onde havia mais aglomeração. O local mais lotado. Ele seguiu. Ela teria que saber que ele estava ali. Apesar de lotado, ela teria que saber. Mais que isso! ERA ISSO! Ela teria que sentir. Sim! Sentir! Teria que sentir que ele estava ali. Ele de bermuda, camisa e chinelo, mas já queria estar mesmo era nu. Já caminhava excitado. Queria estar mesmo era nu. Nu. Com seu pênis duro já apontando praquele body todo enfiado. Estava enfiado, sim! E aqueles momentos foram de taquicardia e suor. Cada passo que ele dava, o mundo girava e tudo ficava em câmera lenta. Mais um passo, outro passo. O volume já notório em sua bermuda, totalmente anônimo na multidão. Faltava pouco. Alguns passos, então centímetros. Ele não parou. Ela tinha que sentir. Era inevitável. Todo aquele desejo represado no volume de sua bermuda foram de encontro à parte de trás daquela micro saia, daquela bunda, dauele body todo enfiado. Tinha que estar enfiado! Ele encostou. E não foi sutil. Ela sentiu. Ela virou. Ela o viu. Era ele: o Senhor.
Naquele nanossegundo ele pôde ver que seus lábios tremeram quando seus olhos se cruzaram. Ela virou de volta para o palco, como estava antes. Ele encostou de novo. Ela não se afastou. E aquela dança gostosa começou. Ele encostava com força, até que sentiu que ela começou a fazer pressão pra trás. Ele estava prestes a explodir. Deu meio passo pra trás, desencostando e ela, veladamente, deu uma leve afastada pra trás, procurando pelo membro dele. Nessa hora, o namorado ou noivo dela soltou sua mão e a envolveu passando o braço pela sua cintura. Parece que aquilo atiçou mais ainda ele. Se valendo da multidão e de sua camisa pouco longa, retirou o membro e, com cuidado encostou devagar atrás dela. Não tinha como evitar encostar o corpo um pouco no braço que a envolvia, mas contava com a distração do sujeito, somada aos toques naturais que se recebe em meio a uma multidão com aquela. Como a saia era muito curta, não foi difícil um contato pele a pele no meio de suas coxas, já no comecinho daquela bunda maravilhosa. Ele sentiu que ela estremeceu. Ele começou a encostar mais. Naquele instante ela, de uma maneira bem suave, abriu um pouco as pernas, de modo que aquele membro pôde se aninhar entre as suas coxas. Logo após, deu uma quase imperceptível empinadinha e começou a balançar suavemente, conforme o ritmo da música, com aquele pau quente e cheio de veias completamente inchadas no meio das pernas. Seu noivo/namorado devido ao balaço do seu corpo, também começou a ensaiar umas balançadinhas e entrou no embalo. Foi então que ela sentiu aquele pulsar mais acelerado e cada vez mais nítido entre as pernas, e logo veio o jato quente e abundante que inundou suas coxas e virilhas. Ela involuntariamente mordeu os lábios e apertou com força a mão do seu noivo/namorado. Se gozou também, só Deus sabe.
Quando deu por si, olhou pra trás e o Senhor não estava mais lá! Se recompôs como pôde e foi ao banheiro se limpar. No banheiro, ainda ardente de tesão, recolheu com os dedos o que restava daquele líquido quente nas suas coxas e levou à boca. Ficou ali sugando seus dedos com aquele néctar viscoso… até que bateram na porta. “Tem alguém aí?” “Já estou saindo.”
E saiu. Vida que segue.