Quando os espasmos de seu pau terminaram dentro de mim, travei minha xereca, pois não queria que ele saísse, mas ele começou a amolecer e não consegui segurá-lo. Ele só rolou para o lado e ficou respirando, aliás, controlando sua respiração, enquanto eu fazia o mesmo. Depois de um tempo, precisei falar:
- Nossa, mor! O que foi isso!?
- Gostou não?
- Nu! Demais da conta! Eu tô mortinha da silva…
- Bão tamém!
- Por que você não me deixou te cavalgar?
- Porque eu quis ter você para mim. Só isso.
- Tô com a perna mole…
Ele começou a rir enquanto eu ainda elogiava seu desempenho e a pegada gostosa que ele me proporcionou naquela noite. Depois de um tempo, aninhei-me em seu peito:
- Mor, posso te perguntar uma coisa?
- Pode, uai!
- Mas não briga comigo, por favor. Eu só quero entender e me explicar para você.
- Ai, Nanda… O que foi agora?
(CONTINUANDO)
Subi em cima dele e o puxei para ficarmos sentados, eu em seu colo, de frente um para o outro:
- Eu te amo. Você duvida disso?
- Não, é claro que não!
- Você quer parar com essa história de vida liberal?
- Uai, por que?
- Me responde.
- Não, uai! Não vejo o porquê disso.
- Então, por que você não me deixa transar com o Rick? Te juro que é só sexo e para ele nos deixar em paz.
- Se for para ele nos deixar em paz, existem outros meios. Eu sou advogado e posso resolver isso fácil, fácil…
- Mark, não quero envolver Justiça, eu só preciso de você.
- Tá! Precisa de mim para quê? Explica isso pra mim!
Passei a explicar para ele como eu pretendida passar aquele final de semana com o Rick, se ele me liberasse e se viesse comigo, e, a cada argumento, eu via seus olhos se abrirem mais e mais, até que arregalados, ele resmungou:
- Nanda, isso também não é certo.
- Por que? - Perguntei, contrariada por ele não ter concordado com meu plano.
- Porque… Porque não é a verdade, uai! A gente não vive dessa forma. Além do mais, quem disse que ele iria topar participar dessa sua presepada?
- Uai, se ele não topar, automaticamente estará eliminado.
- É!? E se ele topar? Vai que ele gosta da ideia?
Eu não tinha pensado naquela possibilidade e realmente, se fosse esse o caso, eu não estava pronta para agir. O Mark sacou na hora quando viu minha indecisão e continuou:
- Nós não sabemos se ele é um abusador, um possessivo ou só um cara apaixonado…
- Não! Abusivo, ele nunca foi, sempre respeitou quando eu disse não, menos quando pedi para se afastar de mim.
- Então, ele pode ser um possessivo, correto?
- Ou só apaixonado…
- Ou só apaixonado e, se for esse o caso, acha que seria justo o que pretende fazer?
- Doutor Mark! Você tá defendendo o Rick!?
- Não sei se é bem defender o Rick. Acho que só não concordo com a solução que você pretende dar, no geral.
- Olha pra mim, no fundo dos meus olhos. - Pedi, segurando gentilmente sua cabeça, porque precisava que ele acreditasse em mim: - Juro que é só sexo, sem sentimento. Eu reconheço que me deixei envolver, mas com você do meu lado, eu sou mais forte, não tenho dúvida alguma quanto a nós. Apenas quero dar um final nessa história com ele, mas preciso de você, senão meu plano nem existe.
- Minha resposta continua sendo não, mas vou pensar se, pelo menos com um jantar a três, eu não concordo. Daí eu resolverei com ele no “tête-à-tête”.
Passei a acariciá-lo, beijando-o carinhosamente:
- Eu te amo, Mark. Você não precisa ter medo de nada. Juro que não vou te trocar por ninguém. - Abracei-o forte, apertado e cochichei em seu ouvido: - Talvez, assim, só por uma noite, eu até te troque, né? Para eu dar uma trepadinha gostosa com algum safado enquanto você fica me esperando mansinho em casa…
- É… Esperando pode ser; mansinho, eu não sei; e, na casa, só se for na da Iara ou da Denise…
- Ah, por falar em Denise… - O interrompi: - Esqueci de te falar que combinamos um jantarzinho no apartamento dela amanhã.
- Nanda, eu não sei se é uma boa ideia…
- Eu sei de tudo o que vocês conversaram, ela me contou. Fica tranquilo que ela entendeu e disse que não está brava com você.
Como eu estava por cima e seu pau já dava sinais de que iria brincar novamente, passei a me esfregar e logo estava duro. Não dei tempo sequer dele pensar e sentei gostoso. Ali ficamos namorando um bom tempo até gozarmos novamente. Depois disso, dormimos, suados mas satisfeitos com aquele momento nosso.
Na manhã seguinte, acordamos cedo e bem dispostos. Fomos tomar um bom café da manhã e nos prepararmos para o churrasco. Decidimos ir de Uber para aproveitar. Saímos do hotel e fomos para a chácara que havia sido reservada para o evento, localizada às margens de uma represa na zona sul da capital. Com uma infraestrutura sem igual, tinha vários espaços que poderiam ser utilizados como piscina, quadras de tênis, futsal, sauna e até deck para jet ski. Alguns colegas já haviam chegado e ficamos papeando, depois fomos passear pelo local. Quando retornamos, encontramos com Paulo, Gonzaga e Júlia, agora sozinha.
Sozinha até aquele momento, depois ela grudou na gente. O sol estava alto e queimava a pele sem piedade, ainda mais das morenas e loiras branquelas como nós. Ela não pensou duas vezes e tirou sua blusinha na frente de todos, exibindo seu biquíni. Mark discretamente a encarou. Ok, ele não foi tão discreto assim, tanto que ela notou e sorriu de volta para ele, depois para mim. Senti-me em desvantagem, porque ela, mesmo madura, tinha um corpo belíssimo, talvez por não ter filhos:
- Não vai aproveitar o sol, Nanda? - Perguntou-me.
- Talvez depois. Agora vou curtir um pouco com o meu marido.
- Com o nosso… - Cochichou, brincando.
- Nosso, o caramba! É meu! Só meu! - Brinquei, rindo para ela.
- Moças, por favor. - Pediu o Mark, sorrindo: - Sabendo organizar direitinho, tem Mark para todas.
- Safado! - Falei, dando-lhe um beliscão de brincadeira: - Já tá bonzinho, né?
- Gostos…, digo, safado, né, Nanda? Onde já se viu! - Retrucou a Júlia, rindo.
Começamos a interagir com todos, conversando, comendo, bebendo… Num momento qualquer, os homens decidiram jogar uma pelada e o Mark não perdoou, cochichando em meu ouvido, numa mesa em que havia várias outras pessoas:
- Eu preferia outro tipo de pelada, digo, peladas, agora!
- Mor!? - Sorri, envergonhada.
Paulo veio e o convidou, arrastando meu marido antes mesmo que respondesse:
- Uai, seu Paulo, o senhor também joga? - Perguntei, curiosa.
- Sou da comissão técnica, Nanda. Eu seleciono, convoco e coloco pra jogar. Depois volto pra beber e paquerar suas esposas. - Falou, brincando e sorrindo, mas me encarando no fundo dos olhos.
Júlia notou o clima e o encarou, séria e compenetrada. Ele sentiu o foco e voltou sua atenção para o grupo que já começava a se organizar. Depois foram todos para o vestiário, deixando apenas mulheres e três homens que se justificaram contundidos ou velhos demais para isso. Ficamos conversando e pouco depois, já víamos as primeiras bolas voando sem rumo de um campinho próximo, seguida de altas risadas e xingamentos dos mais variados:
- Vamos nadar, Nanda? - Júlia me convidou.
- Nadar! Eu!?
- É, ué! Por que?
- Sou a melhor mergulhadora desta chácara hoje, Júlia. Afundo igual um prego.
- Joia! Então vamos.
Ela não entendeu a brincadeira e precisei explicar:
- Eu não sei nadar, Júlia. Só afundo e não sei voltar.
- Ah, deixa disso. Fica na beirada da borda. Daí a gente pode continuar conversando.
Topei e ainda convencemos Aline, Cintia e as namoradas do Ivan e do Irani a nos acompanharem. Além delas, seu Jonas e sua esposa também vieram conosco. Tiramos nossas roupas ali mesmo e as deixamos em algumas espreguiçadeiras próximas. A idade já pesava contra a dona Amália, esposa do seu Jonas, dando-lhe algumas gordurinhas e minhas gravidezes pesaram contra mim, dando-me uma barriguinha e ainda pior, meio flácida. Apertei o bendito botão do “foda-se” e ignorei minha própria insatisfação.
Entrei na piscina, segurando em sua borda como se minha vida dependesse disso, e dependia! A piscina tinha uma borda infinita que dava para a quadra, esta localizada num plano inferior. Então, conseguíamos assistir aquele jogo desastroso. Paulo tentava organizar seu time, dando orientações, pitacos, mas, sinceramente, acho que ele mais atrapalhava do que ajudava. Depois que seu time, no qual o Mark jogava, tomou dois gols, ele foi "impeachmado" do cargo de técnico e saiu pisando alto, vindo se refugiar na piscina, onde entrou de bermuda mesmo, após tirar sua camisa.
Verdade seja dita: apesar de maduro, quase idoso, o Paulo tinha um bom corpo. Já havia uma barriguinha de chope, mas tinha um corpo esguio, mais para magro, mas com braços e pernas fortes, além de que parecia ser dono de um bom dote também. Recriminei meus pensamentos pecaminosos com o bom velhinho e voltei minha atenção para a quadra.
O jogo continuava e o time dele, que agora não era mais dele, fez dois gols praticamente na sequência. Inclusive, um deles foi o Mark que marcou na mais pura sorte, porque tive a impressão que chutou para um lado, mas a bola resvalou em seu pé e fez uma curva para dentro do gol. Ele, todo cheio de si, ainda veio fazer uma dancinha desajeitada para mim. Fiquei vermelha, não pela homenagem em si, mas pela vergonha da sua dancinha ridícula. Depois de mais um gol do time dele, ouvi alguém gritar:
- Aí, seu Paulo, conseguimos empatar!
- Peraí que eu já vou descer para dar novas orientações. Mark, avança pelo lado direito que a gente vira!
Mark, canhoto de pé e jogando pela lateral esquerda, o encarou confuso, levantando os braços como se dissesse “que porra de ideia é essa, mermão!?” e o Irani, temeroso com as novas boas orientações do “patrão”, foi mais objetivo:
- Não! Não vem não! Fica aí senão vai zicar o time.
Paulo emburrou na piscina, mas como começamos a tirar sarro dele, logo ficou de boa e começou a interagir com a gente. Na mais pura expressão da justiça poética, o jogo terminou empatado. Logo, o Mark chegou manquitolando na beirada da piscina:
- Acho que vou pendurar as chuteiras. Não dou mais conta disso, não.
- Claro que dá! - Falou Júlia, toda atenciosa: - Além disso, o craque sempre tem direito de escolher as melhores companhias no final, sabia?
- No meu caso, já nos escolhemos… - Ele respondeu sem qualquer maldade, me olhando fundo nos olhos.
- Poxa! Eu que elogiei, viu!? - Ela resmungou, brincando, jogando água nele e se virou para mim: - Teu marido é muito devagar, Nanda. Dei em cima dele e ele foi fazer charminho pra você!
- É que a mamãe sabe maltratar ele com jeitinho, Júlia. - Respondi, rindo.
Mark tirou sua camisa, agora ensopada e deu uma olhada invocada para a Júlia que assobiou para ele e depois fez carinha de sapeca, seguindo de um “Ops!”. Ele também tirou sua bermuda, estendendo-a com a camisa numa espreguiçadeira e veio para a piscina, só de sunga:
- Nanda… de sunguinha? - Júlia me cochichou.
- Ele gosta. Qual é o problema?
- Problema nenhum! Quantos homens aqui você está vendo terem a coragem de fazer isso. Eu adoro homens assim, atirados.
- Sossega, Júlia, tá cheio de gente.
Ouvi alguém cantarolando aquele “tã-tã-tã-tã-tã” da música do filme Tubarão e olhei para trás só para ver o Mark meio dentro e meio fora da linha da água, olhando para mim. Júlia também o encarava e ele notou, sorrindo de volta para ambas. Então, se aproximou de mim e me deu um caprichado selinho. Depois deu um pulinho e encarou a Júlia que o encarava, sedenta de atenção:
- Desculpa, não resisti. - Ela falou e só aí notei sua mão próxima ao seu pau.
- Júliaaa! - Resmunguei.
- Poxa… - Falou e enfiou a cabeça na água, saindo em seguida e falando: - Preciso esfriar mesmo a cabeça.
Ficamos mais um tempinho ali e começaram a servir porções de carne. Logo, Paulo saiu da piscina e foi buscar um pratinho para a gente, trazendo também chope para o Mark. Depois de um tempo, decidimos sair e fomos para uma das mesas. Mark viu um baralho e o pegou, brincando. Logo, estava se atracando com outros numa partida de truco.
Eu papeava com as meninas e ouvi meu celular tocando de um número desconhecido. Atendi apenas para confirmar quem eu já imaginava que era: Rick. O som ao meu redor denunciou a atividade festeira e ele engatou um papo rápido. Aliado a isso, eu já havia bebido um pouco e acabei me deixando envolver. Ok, me envolvi demais ao ponto de dizer que estava na capital e ele se animou com a possibilidade de me ver:
- Me fala onde você está que vou aí agora!
- Cê tá louco!? Meu marido está aqui.
- Ótimo! A gente já resolve isso.
Como já estava parecendo discussão de namorados, levantei-me e fui para um canto resolver de vez a questão:
- Rick, a gente já conversou: não vai rolar!
- Um jantar, então. Só um jantar e juro que te deixo em paz.
- Uai, um jantar pode ser. Meu marido até cogitou a possibilidade de um jantar entre a gente…
- Não! - Interrompeu-me: - Isso não! Eu quero um jantar com você, só nós dois…
- Rick, você não facilita.
- Mas é só um jantar. Eu só acho que, com o seu marido, poderia ficar um clima chato para todos e eu também quero evitar isso. Você não acha melhor?
- Olha, hoje não dá mesmo. A gente já tem até um compromisso na casa de uma amiga. Então, acho que ficará para a próxima vez…
Ele insistiu um tempo comigo ainda e acabei cedendo, ainda sem saber como faria para aquilo acontecer. Desliguei e dei uma espiada em meu marido, só para ver que ele ainda jogava seu truquinho. Decidi então ligar para a Denise e pedir a sua ajuda:
- Você o quê, Nanda!? Você só pode estar louca!
- Por favor, só estou pedindo para você me ajudar nisso. Vou dar um jeito de ser rápido e volto correndo para seu apartamento. Só preciso que você o distraia enquanto isso.
- E você acha que o seu marido vai acreditar nisso? Ele não é nenhum bobo, Nanda…
- Vai! Vou pedir um favor para um amigo de confiança da empresa e ele vai acreditar.
Ouvi um baita sermão dela ainda sobre fidelidade, cumplicidade e honestidade no casamento e, no final, ainda acabei sendo comparada ao Marcos. Engoli a seco pois dependia da ajuda dela, senão teríamos discutido feio. Ela no final concordou em cuidar do Mark, mas não disse exatamente como cuidaria ou se me ajudaria da forma como pedi. Preferi confiar.
Procurei pelo Paulo e expliquei que precisaria de um grande favor. Quando expliquei do que precisava, ele não entendeu nada das minhas intenções, mas acabou concordando.
Voltei para a mesa e não vi o Mark, nem ali, nem em lugar algum. Depois de um tempo, o vejo retornando com o Irani da direção de um dos banheiros do local. Sentou-se ao meu lado e passamos a conversar, mas notei que ele parecia meio cabisbaixo:
- Não é nada. Acho que o chope subiu um pouco mais rápido do que eu pensava. Vou maneirar e comer alguma coisa. - Ele falou, indo buscar um prato de carne.
O churrasco seguia animado e todos interagiam, inclusive o Mark, mas sabem a tal da intuição feminina!? A minha acendeu e brilhava alta. Por mais que ele dissesse que estava tudo bem, eu via que não estava. Ele não parecia mais tão animado, inclusive, não parecia curtir e imaginei que a história da proposta do Rick ainda o perturbasse. Fosse ou não, ali não era o melhor lugar para conversarmos e decidi deixar para depois.
No final da tarde, despedimo-nos de todos. Paulo e Júlia tentaram, cada qual a sua forma, nos convencerem para esticarmos a noite, mas como já tínhamos compromisso, se deram por vencidos. Voltamos para o hotel e, depois do banho, fomos nos arrumar. Mark vestiu-se num esporte fino impecável que só o deixava mais bonito. Eu optei por um vestido casual florido pouco abaixo dos joelhos, de alcinha e com um discreto decote, além de sapatos de salto médio. Fiz ainda uma maquiagem discreta com batom e olhos mais marcantes, e com as minhas joias, estávamos prontos:
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei porque seu desânimo era evidente.
- Não. Nada…
Pedimos um Uber e em minutos chegamos ao apartamento da Denise. Ela nos recebeu com festa, selinhos e abraços apertados. Antes que o Mark dissesse qualquer coisa, ela se antecipou e disse que estava tudo bem, pois havia entendido e aceitado seu lugar de melhor amiga com vantagens. Estávamos curtindo a noite e bebendo um delicioso vinho quando meu celular tocou. Era Paulo na ligação, explicando que eu teria que comparecer ao escritório porque o meu relatório continha um erro que precisava ser revisto:
- Mas agora, Paulo?
- Sim, Fernanda. Precisa corrigir isso imediatamente ou poderá se queimar com a diretoria, inviabilizando, inclusive, sua indicação para o treinamento na matriz.
Desligamos e expliquei para o Mark que precisaria me ausentar por umas horas, mas que voltaria correndo assim que terminasse de corrigir o relatório. Ele estranhou, mas não me contestou. Denise também. Pedi um Uber e saí com o coração miudinho, sabendo que não estava sendo honesta com meu marido, mas imaginando de que era a melhor forma de resolver aquela situação.
[...]
- Você já está sabendo, não é, Denise? - Perguntei poucos minutos após a Nanda sair de seu apartamento.
Ela ficou branca, mais do que já era, gaguejou um pouco, tentou dissimular, mas nessa arte eu era mestre e a enfrentei. Ela se entregou:
- Ah, Mark, ela me ligou pedindo ajuda. Eu não pude negar.
- E acha que ela está certa?
- Eu não sei, mas ela parecia tão certa de si que, mesmo eu contra-argumentando, não consegui convencê-la.
- Tá precisando melhorar seu poder de persuasão, hein, doutora?
- Eu sei, desculpa. - Resmungou genuinamente chateada com a situação: - Como você soube? Fui eu que dei bandeira?
- Sim e não: sim, porque eu vi na sua cara desde que chegamos, que algo não estava certo; e não, porque eu escutei parte da conversa da Nanda com o tal de Rick lá no sítio.
- Eu disse para ela não fazer isso, mas ela não escuta ninguém, Mark. Como pode ser cabeça dura desse jeito!?
- Pois é! Mas ela vai me pagar… - Concordei e decidi que já era hora de resolver essa situação de uma vez por todas: - Você sabe para qual restaurante ela iria?
Denise se surpreendeu com a pergunta e, pela sua cara, vi que imaginou vários cenários para o que eu pretendida, não parecendo concordar com nenhum deles:
- Não! Ela não me disse, mas por que? O que você está pensando em fazer?
- Uai, nada demais. Eu só iria até lá e resolveria isso de vez com os dois pombinhos.
- Eu sinto muito, mas não sei e, se soubesse, acho que não contaria. Não quero ver você se rebaixando.
A cada fala, aquela mulher me surpreendia positivamente. Comecei a pensar se realmente não seria uma boa ideia dar-lhe uma oportunidade caso eu e a Nanda… Bem…
- Tá tudo bem. Eu… Eu vou para o hotel dar uma descansada e talvez volte ainda hoje pro interiorrr. - Brinquei com meu característico “erre” para tentar aliviar o clima, já me levantando de seu sofá: - Depois, eu me resolvo com a Fernanda.
- Não vai mesmo! Pode sossegar aí, mocinho. Você andou bebendo e vai acabar fazendo besteira se pegar a rodovia. Esfria a cabeça. Pensa nas suas filhas, Mark.
Ela acertou em cheio novamente e aquilo me desmotivou a viajar ainda naquele dia, mas certamente eu não ficaria no mesmo quarto que a Fernanda:
- Você está certa! Vou providenciar outro quarto e amanhã eu volto. - Insisti, já me dirigindo à porta.
- Não, espera! Fica até se acalmar um…
Nossa conversa foi interrompida nesse instante pela campainha que literalmente disparou. Ela me olhou surpresa e eu a ela. A insistência daquela pessoa também incomodava. Acabamos indo juntos para a porta. Quando abriu, uma Nanda chorosa e com a maquiagem já bem borrada estava parada do outro lado:
- Desculpa! - Falou Nanda que entrou correndo e se atirou nos meus braços: - Desculpa, desculpa, desculpa.
Denise e eu olhamos surpresos. Eu acariciava suas costas, tentando acalmá-la, mas ela chorava sem parar. Depois de um tempo, conseguimos levá-la ao sofá e ela desandou a falar:
- Eu errei de novo! Como eu posso ser tão burra!? Eu… Eu devia ter te contado tudo. Você não merece ser casada com uma burra como eu. Juro que não fiz por mal. Eu só queria resolver de uma vez isso. Você não quer, eu não quero, ninguém quer, por que eu tinha que ir? Nunca precisei mentir pra você… Nunca, nunca, nunca! Por que? Por que!?
Como ela não parava de falar, fiz algo que uma vez deu certo e achava que daria novamente: calei-a com um beijo. Ela conseguiu a proeza de falar com a boca grudada na minha, só se dando conta do beijo um pouco depois e só daí se acalmou. Bem, pelo menos, ela parou de falar, mas chorou um pouco mais ainda, enquanto eu e Denise nos olhávamos. Uns minutos depois, quando ela se acalmou, eu perguntei:
- Precisava mentir? - Perguntei.
- Denise! Sua X9 do caralho! - Nanda explodiu com Denise.
- Eu não falei nada! Ele já chegou aqui sabendo que você ia aprontar…
- Mas sabendo, como!? - Nanda a interrompeu.
- Eu ouvi sua conversa quando perdi uma partida de truco e tive que dar lugar para outra dupla. Eu fui te procurar na mesa e te vi conversando com alguém no celular. Daí me aproximei e escutei parte da conversa em que vocês combinaram de se encontrar. Então voltei e depois a gente se encontrou.
- Por isso você estava esquisito.
- E não era para ficar? Você estava armando pelas minhas costas.
- Eu sei. Desculpa! Juro que não vou fazer isso de novo. Nunca mais! - Falou, ainda choramingando e justificou: - Mas eu não fui! Eu voltei quando vi a merda que estava fazendo. Desculpa, mor.
Não posso negar que a decepção de vê-la conspirando contra nosso relacionamento se transformou em uma imensa alegria, até mesmo num orgulho enorme por vê-la se arrepender e voltar atrás. Eu não aguentei e lhe dei um abraço apertado:
- Eu não esperava menos que a honestidade de você, morena.
- “Brigada”! – Falou, surpresa com o abraço e desabou a chorar novamente.
- Mas… Mas… Foi um elogio. - Falei, rindo.
- Eu sei! - Respondeu e voltou a chorar, resmungando: - Eu não consigo parar.
Denise se levantou rindo e foi buscar um copo de água com açúcar para ela que tomou meio contrariada, mas servindo a seu propósito, conseguiu acalmá-la:
- Bem… Vamos comer?
- Ah, eu... eu acho que nem tô com fome. - Retrucou a Nanda, sorrindo e secando o rosto: - Devo tá toda borrada…
Fiquei em silêncio por um segundo, matutando, e elas passaram a me encarar:
- Mark, que cara é essa? - Perguntou-me a Nanda.
Apenas a encarei e, sorrindo, disse:
- Que tal se a gente saísse, os três, para jantar fora, hein? Afinal, temos uma reserva nos esperando.