Amigos leitores, como vocês devem ter notado, eu não sou um escritor de contos, de histórias curtas e rápidas. Prefiro as novelas, as séries, mais longas e que me dão a possibilidade de explorar mais a fundo cada personagem. Gosto de histórias mais profundas, com uma pitada de drama e mistério. Essa série sobre o JB e a Jéssica, é uma história sobre amadurecimento, decisões e consequências. Diferente da outra, essa série é uma obra em aberto, sem previsão de capítulos ou fim definido. Vou criando e escrevendo, mudando quando achar necessário.
Já a série "Doce vingança", uma série com roteiro e enredo definido, que já chegou a sua metade, e que a princípio seria uma obra curta, acabou se transformando em algo maior com a entrada da querida Id@ e suas contribuições. Obrigado a todos vocês. Aos que curtem, votam e comentam, e principalmente, aos leitores anônimos, sem login no site, que apenas se divertem sem intenção de interagir. Boa leitura a todos.
Continuando:
Aquele fatídico motel de um ano e pouco atrás, era o mais próximo, mas talvez, tentando não reabrir velhas feridas, Jéssica praticamente atravessou a cidade, indo até a saída norte, numa região de vários outros estabelecimentos como aquele. Sem que eu perguntasse, e já se adiantando em explicar, ela disse:
– Eu pesquisei e esse aqui é muito bom.
Resolvi zoar um pouco:
– Agora tá assim? Caçando avaliação de motel pra me levar?
Ela aceitou bem a brincadeira, sem se sentir envergonhada:
– Ah, para vai … Eu queria repetir, ficar com você de novo. Foi bom.
Eu segurei firme na sua coxa, fazendo um carinho mais ousado, chegando a roçar meus dedos em sua bucetinha, esfregando o mindinho na altura do grelo, fazendo ela parar o carro antes de entrarmos na recepção, arrancando um gemido de prazer:
– Judia mesmo … Hummm …
Segurei em sua nuca e trouxe sua boca de encontro a minha em um beijo mais intenso, caloroso, mantendo a carícia sobre o grelo. Ela se entregava completamente, aceitando tudo:
– Você gosta de me torturar … que delícia.
Aliviei um pouco a pressão e deixei que ela conduzisse o carro até a recepção do motel, entramos e subimos para o quarto. Assim que tranquei a porta, nem dei tempo para ela se preparar, colando seu corpo ao meu e beijando aquela boquinha gostosa com muita vontade. Tirei sua blusa e comecei a sugar os seios, roçando o pau duro nela, fazendo com que confessasse:
– Sonhei com isso. Me masturbei várias vezes pensando em você.
Eu sugava seus seios médios e durinhos, sentindo os biquinhos enrijecerem ainda mais ao toque da minha língua. Lambia e sugava cada seio como um animal faminto. Ela delirava:
– Ai, meu Deus! Como isso é gostoso.
Passeei com minha língua por toda sua barriga. Seus carinhos em minha cabeça se tornavam apertos de tesão. Tirei sua saia com calma, dando beijos na parte interna da coxa, notando a calcinha umedecida.
Subi explorando todo seu corpo, culminando em mais beijos ardentes. Sua mão buscava ansiosa pelo meu pau. Deixei que ela tirasse minha blusa e minha calça também e sentisse a rigidez do membro. Sua mãozinha delicada tirou o pau de dentro da cueca e começou a me punhetar. Ela se esforçava:
– Tá bom assim? Quer mais rápido?
Eu apenas incentivava:
– Assim está ótimo. – E arrisquei – Seria melhor ainda com a boca.
Me surpreendendo e aceitando a sugestão, tirando sua calcinha e dando um giro rápido, Jéssica ficou por cima e naquele momento, era sua boca que explorava meu corpo. Ela virou, se deitando sobre mim, me oferecendo a linda visão de seu cuzinho e sua xoxota meladinha.
Senti sua respiração próxima ao meu pau e me preparei para sentir sua boca. E que sensação! Aquele comportamento mais ousado, mais proativo, deve ter sido uma sugestão de Natasha. Ela chupava sem muita experiência, mas dando o seu melhor. Sua boca parecia ser feita para aquilo. Um pouco mais de prática, e ela seria uma profissional. Ela chupava a cabeça da rola e intercalava tentando engolir o máximo que conseguia, depois tirando e dando chupadas na cabeça que me deixavam louco. Até as raspadas de dentes eram toleráveis e não estragavam o clima.
Ela merecia ser retribuída. Comecei a passar a língua carinhosamente em seu grelinho. Cada lambida era seguida de um gemido. Ela continuava a me mamar com a mesma intensidade e vontade. De tão fascinado com aquele botão fechadinho, enquanto lambia sua xaninha, tentei colocar um dedo. Ela puxou minha mão e disse:
– Aí é uma zona proibida.
Não queria cortar o clima, então me concentrei em chupá-la da melhor forma possível.
– Essa língua tá me matando. Chupa que eu vou gozar. Que delícia. – Jéssica delirava e tremia.
Aumentei a intensidade e pouco depois ela gozou esfregando a buceta em minha cara. Mudei rapidamente a posição, a colocando de quatro em minha frente. Estávamos tão entregues à situação que nem me lembrei do preservativo. Eu esfregava o pau em sua bunda, enquanto ela pedia para eu penetrá-la.
– Vai, JB! Eu achava que isso nunca mais ia acontecer entre a gente. Nem consigo acreditar em tudo que está acontecendo. – Ela falava esfregando a bunda no meu pau.
Não aguentando mais esperar, fui colocando devagar. Ela gemia e pedia mais. Meu pau abria caminho em suas carnes com certa facilidade por causa do gozo intenso a poucos minutos. Mesmo assim, era uma xoxota bem apertada, o que aumentava o prazer da penetração. No fim, cravei com um pouco mais de força e deixei ela se acostumar com o volume, enquanto a puxava de encontro a mim:
– Como isso é gostoso! Seu pau me preenche por inteiro. Adoro sua pegada. – Mesmo inexperiente, ela sabia mexer com meu ego.
Comecei a estocar com calma. Retirava a pica quase toda e depois cravava firme. Jéssica gemia forte com cada estocada:
– Isso, seu gostoso. Mete, vai. Come essa buceta que estava doida pra sentir esse pau.
A visão daquela bunda perfeita me fazia perder o controle, fodendo com força e sentindo que o orgasmo era questão de segundos. Diminui um pouco o ritmo e a virei de frente pra mim. Comecei a foder com mais calma, tentando controlar o momento do êxtase. Jéssica queria o oposto:
– Mais forte, vou gozar de novo. Eu te amo, JB!
Aumentei o ritmo novamente e ela gozou pela segunda vez. Eu estava quase, mas queria prolongar um pouco mais aquele momento.
Não aguentei! Sua bucetinha apertada ordenhava o meu pau, seus gemidos aumentavam ainda mais o meu tesão. O gozo veio forte, intenso, cinco ou seis jatos potentes, explodindo dentro dela, que me puxou para um beijo maravilhoso, demorado, impossível de negar que havia muito sentimento envolvido.
Ficamos um tempo abraçados, suados, nos recuperando. Só então nos lembramos do óbvio e eu perguntei:
– Jéssica, você toma algum tipo de contraceptivo?
Ela também se atentou para a realidade do que estávamos fazendo e me olhou assustada:
– Não! Não me fazia bem e eu parei.
Ela estava se apavorando:
– E agora, JB? Não podemos correr esse risco.
Eu tentei pensar rápido e acalmá-la:
– Acho que é fácil comprar aquele lance de pílula do dia seguinte, não é? Não deve precisar de receita.
Acho que consegui meu objetivo, pois ela se acalmou:
– Você tem razão. Saindo daqui a gente passa na farmácia.
Jéssica me abraçou, mas parecia querer perguntar alguma coisa. Ela sempre ficava corada quando estava com vergonha. Eu fui direto:
– Tá pensando no quê? Eu te conheço, sei que tem coisa nessa cabecinha linda.
Ela beijou meu pescoço, tentando se esconder ainda mais, mas respondeu:
– JB, você quer ser meu ficante? Quer continuar saindo comigo? Como a Natasha diz, quer ser meu pau amigo?
Eu não consegui segurar a risada, mas antes que eu pudesse responder, ela concluiu:
– Não estou pedindo namoro ou exclusividade, sei que você tem seus casinhos por aí …
Eu me sentei na cama e pedi que ela fizesse o mesmo. Era hora de sermos totalmente honestos um com o outro:
– Meu único "casinho" é com a Natasha. Você tem certeza de que consegue lidar com isso? Eu gosto demais de você e sei que você sabe disso. O que existe entre a gente sempre será especial, mas eu também gosto da vida que tenho vivido e gostaria muito que você estivesse nela …
Ela tentou falar, mas eu não deixei, continuando a colocar os pingos nos is:
– E para isso dar certo, você também precisa ser honesta consigo mesma. Me responda com honestidade: você sente ou não atração por mulheres?
Ela não esperava aquela pergunta. Nervosa, gaguejando, tentou dizer:
– Co ... co como assim? De onde você tirou isso?
Aceitando a sugestão de Natasha, sabendo que era hora de pressionar, fui direto:
– Lembra o que aconteceu lá atrás com a gente? Precisamos resolver isso de uma vez. Seja honesta, não vou julgá-la ou tentar mudar quem você é. Natasha é bissexual, Marcela e as amigas, pelo que você viu, também são. – Segurei em sua mão, fazendo um carinho, apoiando, encorajando. – E está tudo bem, é o que é. Não vai mudar o que eu sinto, pelo contrário. Se esse desejo em você for real, aceite, faça dele um novo começo. Uma coisa não exclui a outra.
Ela me encarava sem saber o que dizer, refletindo sobre as minhas palavras. Aliviei a pressão, a deixando à vontade. Saiba que não seria uma resposta fácil de dar, que ela precisava pensar bastante e que antes de assumir para mim, ela precisava ser honesta consigo mesma.
Beijei carinhosamente seus lábios, demonstrando com atitude o quanto eu a desejava. Dedilhei a xoxota e o grelo, enquanto sugava seus seios. Transamos uma segunda vez com movimentos mais calmos, sem afobação, curtindo cada beijo, cada carícia, cada estocada minha e gemidos dela. Tomamos banho namorando, um lavando o outro e voltamos para casa antes da meia-noite. Ainda no carro, em frente à minha casa, ela, bastante corada, disse:
– Sobre a sua pergunta, eu realmente não sei o que dizer, mas de uma coisa eu sei, tenho certeza absoluta: o amor que eu sinto por você é mais forte do que qualquer outro sentimento ou desejo, do que qualquer vontade que eu tenha. Seja paciente comigo.
Eu também tinha uma certeza, mesmo que tenha tentado negar durante o ano que passamos afastados: Eu amava Jéssica. Talvez não fosse aquele tipo de amor que ela dizia sentir por mim, incondicional, que aceita tudo sem questionar apenas para ter a pessoa ao lado. Sinceramente, eu não acreditava que esse tipo de amor existia. Eu começava a formar a minha própria opinião sobre o amor. Tanto Natasha, quanto Jéssica, eram instrumentos para que eu desenvolvesse a minha própria compreensão do que é o amor. Fui honesto:
– Não existe um prazo para você responder. Viver é aprender. Aprender sobre os outros, sobre nós mesmos, sobre o que queremos, sobre o que gostamos … Eu tenho aprendido muito, ganhado experiência, me divertindo e crescendo. Quero o mesmo pra você, quero até que possamos fazer tudo isso juntos. O que sei, o que aprendi com Natasha, é que só somos plenamente felizes quando nós nos aceitamos plenamente, quando aceitamos quem somos, sem mentir para nós mesmos.
Acabei divagando, jogando tudo aquilo pra cima dela sem perceber. Ela me encarava admirada e confessou:
– Você tem razão! Talvez eu precise começar a viver mais, me soltar … talvez eu goste realmente de mulheres e isso não seja um sentimento concorrente ao que sinto por você, pode ser até um complemento, um aditivo ...
Eu não podia estar mais orgulhoso por ela. De forma inteligente, sem criar pânico, ela entendeu o que eu queria dizer. Resolvi testá-la:
– Converse com a Natasha. Eu acho que ela também já passou por esse dilema em algum momento da vida. – Os olhos dela brilharam e eu fui mais direto. – Ela já me disse que te acha um tesão. Quem sabe, vocês duas …
Excitada, mas tentando desconversar, Jéssica me empurrou e disse:
– Para seu bobo! Eu duvido que ela tenha falado isso.
Lembrei de uma conversa que tive com Natasha poucos dias atrás, que era justamente sobre Jéssica. Peguei o celular e busquei o áudio já marcado para mostrar:
"Você me conhece JB! Comigo, se der mole, é “vapo”. Pego mesmo e Jéssica é um tesão. Já pensou nós três juntos? Acho que cê não dá conta não".
Sem conseguir esconder o quanto aquele áudio mexeu com ela, Jéssica praticamente me atacou, beijando minha boca com sofreguidão, quase desesperada. Brinquei com ela:
– Acabamos de sair do motel. Desse jeito, vamos ter que voltar.
Com muito custo nos desgrudamos e eu saí do carro. Jéssica se foi e eu entrei em casa. Tentei não fazer barulho, mas como sempre, minha mãe me esperava acordada:
– Um pouco tarde para uma segunda-feira, senhor João Batista. Você trabalha amanhã.
Fui até o quarto dela e dei um beijo em sua testa:
– Eu estava com a Jéssica, acabamos passando um pouco da hora. Pode dormir agora, estou indo também.
Assim que entrei no meu quarto, recebi uma mensagem da Jéssica dizendo que já estava em casa e segura também. Escovei os dentes, troquei de roupa e dormi em minutos, um sono gostoso e relaxante.
As semanas seguintes correram bem. Natasha, muito esperta, assim que eu contei da conversa com Jéssica, criou um grupo entre nós três no aplicativo de mensagens. Ela era sempre maliciosa, divertida na interação e eu sentia que aos poucos ela ia quebrando a resistência de Jéssica e se aproximando cada vez mais do objetivo de fazer com que ela se assumisse de vez. Eu participava sempre, mas deixando as duas dominarem as ações.
Eu também enviei toda a documentação para a faculdade e tive minha prova de admissão marcada para o próximo mês.
Jéssica e eu continuamos nosso "romance", nos encontrando geralmente a noite e dando uma escapadinha para o motel a cada três ou quatro dias. De vez em quando, ela ia até o escritório na hora do almoço para a gente se ver, almoçar juntos. Ela também começou a trabalhar na marcenaria do pai, se apaixonando rapidamente pelo negócio e pensando seriamente em desistir da medicina e mudar para administração. Ela me contou aquilo com receio, após uma foda deliciosa, enquanto comíamos um lanche no motel:
– Eu sou filha única e já tenho praticamente o futuro garantido. Você não concorda que seria o melhor pra mim? Meu pai já dá como certa essa mudança.
Eu não tinha muito o que dizer, apenas apoiar:
– Parece que está lhe fazendo bem. Acho que você tem razão. Quem disse que os sonhos não podem mudar. Eu mesmo, desisti da medicina e me encantei com o direito. Por que você não pode fazer o mesmo?
Ela me olhou pensativa:
– É, acho que é isso mesmo. Minha família tem o próprio negócio e é meu dever continuar o legado do meu pai …
Conhecendo a Jéssica, eu tinha certeza de que ela já estava decidida, apenas ainda tentava convencer a si mesma de que aquela era a coisa certa a fazer.
Tudo estava bem na minha vida. Jéssica e eu nos entendendo. Natasha, Jéssica e eu vivendo a expectativa daquele trio que se tornava cada vez mais real. Marcela e eu, e Jéssica de vez em quando, cada vez mais amigos. E por fim, Natasha sempre insistindo na sua proposta de me tornar um ator pornô, e eu sentindo que não poderia enrolar por muito mais tempo. Até a Jéssica já sabia da proposta e em nenhum momento demonstrou ciúme ou desaprovação. Ela também, por determinação da terapeuta, parou com a medicação para depressão e, por opção própria, decidiu continuar a terapia, mas com menos visitas, apenas uma vez a cada quinze dias. Ela estava no caminho certo para a recuperação total.
Em meio a tudo isso, eu também comecei a fazer as aulas necessárias para tirar a minha habilitação. Passei muito bem na prova da bolsa e da admissão para a faculdade de direito e Jéssica, aproveitando o meu embalo, se matriculou em administração, usando sua excelente nota do ENEM, ainda no prazo de validade. Apesar de cursos diferentes, a faculdade e o horário eram os mesmos. Poderíamos ir e voltar juntos.
Num sábado qualquer após sair do cinema, enquanto caminhávamos em direção a praça de alimentação, no meio daquela multidão que invadia o shopping todo final de semana, distraído conversando com Jéssica e Natasha, de repente senti uma ombrada forte explodindo contra meu peito, me desequilibrando e me fazendo recuar alguns passos, quase caindo. Me virei rápido, tentando identificar o autor daquele encontrão, mas o culpado, com uma blusa de capuz, acelerou o passo e tanto Jéssica, quanto Natasha, não me deixaram ir atrás, tirar a devida satisfação, saber o motivo daquela agressão sem sentido.
Consegui identificar uma figura conhecida rindo da situação. Nossos olhos se encontraram e ela tentou disfarçar, se virando rapidamente e seguindo o meu algoz. Eu tinha a certeza de que era a filha da Dra. Ester e do Dr. Mathias, Luiza. Pensei: "Não é possível, o que esse cara está pensando? Só pode ser ele, o Daniel. Que babaca sem noção. Eu não tenho culpa dele ter perdido o estágio na firma, mas parece que ele me escolheu para culpar".
Deixei aquilo pra lá, voltando a me concentrar em Jéssica e Natasha, curtindo o meu sábado que estava tão gostoso e que eu ainda tinha expectativa de que melhorasse bastante. Eu estava há um bom tempo sem transar com Natasha, com saudade de sua boquinha especialista.
É verdade que eu tinha Jéssica e nosso sexo só melhorava, ela aprendia rápido e eu tinha certeza de que Natasha estava ajudando com dicas e ensinamentos. Eu estava muito a fim de atiçar as duas, percebendo Jéssica disposta a arriscar. Eu sentia que aquela brincadeira a três estava bem próxima de acontecer, que ela não estava conseguindo mais disfarçar o desejo em Natasha. Eu só precisava jogar gasolina naquela fogueira e ver o circo pegar fogo.
Mas como tudo na vida acontece nos momentos em que a gente menos espera e às vezes esquecemos o quanto as pessoas são frágeis, bastando um descuido para tudo ir por água abaixo, enquanto comíamos, rindo e brincando, o celular de Jéssica tocou. Ela atendeu sorridente:
– Oi, mãe! – Seu sorriso foi morrendo aos poucos. – O quê? Como assim?
Natasha e eu nos assustamos, ela já estava bastante nervosa:
– Em qual hospital? – Ela lutava para conter o choro – Estou indo, estamos bem perto.
Jéssica se levantou trêmula, guardando o celular na bolsa:
– Meu pai sofreu um acidente no trabalho e está fazendo exames no hospital, acho que vai precisar operar.
Natasha foi mais rápida do que eu, tomando as chaves do carro da mão dela:
– Eu dirijo, vamos rápido. Você não está em condições. – Jéssica nem discutiu, aceitando sua ajuda.
Eu peguei o ticket e paguei o estacionamento, enquanto elas já se encaminhavam para o carro e vieram me buscar na frente da saída principal. Chegamos ao hospital em menos de vinte minutos. Me informei rapidamente na recepção e conduzi Jéssica até sua mãe. Dona Áurea estava sentada, de cabeça baixa e rezando em uma das salas de espera do hospital. Ao nos ver, ela se levantou e veio abraçar a filha. Jéssica, nervosa, queria saber tudo o que aconteceu. Dona Áurea explicou:
– Parece que alguém deixou uma ferramenta jogada no chão e seu pai tropeçou. Ele acabou batendo forte as costas no chão, caindo de um lance pequeno de escadas. Três degraus, eu acho. Eu ainda não sei muito, mas parece que a hérnia de disco se agravou.
Jéssica e ela se sentaram, abraçadas. Dona Áurea me deu um sorriso de agradecimento por estar ali e notou nossa outra acompanhante:
– Você deve ser a Natasha, muito prazer.
Natasha perguntou se elas queriam alguma coisa, como café ou água, mas o médico responsável veio até a gente. Dona Áurea se levantou rapidamente:
– E então, doutor? É grave?
O médico mostrou a ela duas radiografias, uma do pescoço e outra das costas, explicando:
– Ele teve uma pequena fissura na vértebra C3 do pescoço. Não é grave e vai curar sozinha. Agora, a situação da hérnia de disco, que já era grave, ficou insustentável. O núcleo do disco já se encontra deformado, fragmentado ao ponto do núcleo pulposo perder completamente seu formato original, comprimindo tudo. Ele já está com dormência nos membros superiores e inferiores. Já devia ter sido operado há muito tempo. Ali também houve pequenas fraturas.
Dona Áurea sabia daquilo:
– Ele é teimoso doutor. Ele sabia disso, mas sempre ficava adiando, dando desculpas, tomando analgésicos.
O médico foi direto:
– Ele já assinou a autorização para a cirurgia, a senhora pode entrar para vê-lo antes da anestesia. Venha comigo.
A mãe puxou a Jéssica junto com ela e eu acalmei as duas:
– Podem ir, eu espero aqui. Tomo conta das bolsas.
Dona Áurea pediu:
– JB, avise sua mãe, ela ficou de ir lá em casa agora a tarde.
Aproveitando que as duas se foram, Natasha disse:
– Vou pedir um Uber e buscar meu carro no shopping. Não sei se devo voltar, acho melhor não atrapalhar.
Eu falei o que acreditava ser o correto:
– Eu discordo. Acho que Jéssica prefere você aqui. Ela é sensível, vai precisar do nosso apoio.
Natasha pensou um pouco e resolveu me dar razão:
– Tá bom! Eu pego o carro, dou uma passadinha em casa e volto. Não devo demorar.
Assim que ela saiu, dei a notícia para minha mãe. Ela e dona Áurea são muito amigas e ela disse que deixaria as crianças com minha tia e viria dar apoio também.
Jéssica e dona Áurea voltaram para a sala de espera e a cirurgia teve início. Minha mãe, trazendo minha irmã adolescente, e Jéssica, logo depois delas, chegaram e durante quase seis horas, todos se mantiveram tensos, rezando e tentando pensar positivamente. Aquela cirurgia não era um bicho de sete cabeças, mas como todo procedimento invasivo sempre tem seus riscos, a apreensão era normal.
Próximo às vinte e duas horas, o cirurgião responsável veio comunicar a família do sucesso do procedimento. Jéssica e sua mãe se abraçaram, finalmente relaxando. Todos comemoramos felizes.
No meio da madrugada, assim que o Senhor Sérgio acordou, Jéssica e dona Áurea foram autorizadas a entrar para vê-lo. Com todos aliviados, Natasha fez o favor de levar minha mãe e minha irmã para casa. Eu resolvi ficar para dar apoio e ajudar no que fosse preciso, me mantendo como um porto seguro para as duas. Ao voltar para a sala de espera, sozinha, Jéssica estava novamente sorridente e feliz. Ela disse:
– Meu pai pediu para você entrar. Ele quer falar com você.
Eu estranhei aquilo, mas obedeci. Estranhei também, o fato de a Jéssica não entrar comigo e perguntei o motivo. Ela desconversou:
– Eu estou faminta, preciso comer. Acho que vou até a lanchonete do hospital. Quer alguma coisa?
Eu recusei, dizendo estar sem fome. Ela se virou e saiu, me deixando curioso sobre o motivo do pai me chamar. Eu não estava preparado para a conversa a seguir, um pedido que iria mudar completamente a minha vida.
Continua.