Na última noite antes da viagem à Índia, meu pai praticamente não saiu do quarto com Yelena e Mila fez a mesma coisa comigo. Todos acordamos cedo para levá-los ao aeroporto e somente na volta, quando estávamos a sós, informei a Yelena sobre a ligação de Fagundes e para onde estávamos indo. Ela estava curiosa sobre como colocaríamos nossos planos em ação:
– Atingir eles no Índia e acabar com viagem e safadeza ou esperar voltar e dar flagrante? Eu querer ver cara das duas sendo descobertas. Ser mais legal, causar impacto forte.
Pensando melhor, ela tinha razão. Um flagrante armado causaria sérios problemas para os dois. Até um homem arrogante como o meu pai sentiria o peso de suas escolhas. Pedi a ela que me deixasse pensar um pouco mais, era preciso planejamento e cuidado.
Eu avisei na empresa que trabalharia remotamente, revisando coisas importantes e seguimos direto para a agência de Fagundes. Yelena também avisou que não iria para a clínica, desmarcando todos os seus clientes. Fomos recebidos, sem demora, na agência de investigação. A sala estava preparada e eu notei que a equipe agora era maior, com duas novas pessoas. Um homem jovem, de boa aparência e uma loirinha linda, de corpinho delicioso e sorriso hipnótico. Fagundes nos apresentou:
– Antônio, Yelena, esses são o Carlos e a Natasha. Carlos é um técnico especialista em infiltrações e filmagens em locais proibidos. Já Natasha, digamos que seja uma freelancer, uma profissional do sexo que me auxilia quando necessito de ajuda especializada. É graças a ela que conseguimos o material que vamos apresentar. Como vocês já sabem do que se trata, será mais fácil. Podemos deixar o cuidado e o drama de lado e partir para o que interessa. Estão prontos? Podemos começar?
Yelena e eu demos um sinal de positivo e uma das moças da equipe nos entregou um dossiê bem detalhado, cheio de fotos e explicações. Ela começou:
– O que vocês têm em mãos é o resultado de três semanas de trabalho investigativo. Nós os seguimos, mergulhamos fundo nas finanças do seu pai e descobrimos que ele está investindo pesado na indústria do sexo.
"Investindo pesado na indústria do sexo? Como assim?". Pensei. Yelena me deu o mesmo olhar de curiosidade. A moça explicou:
– Seu pai se tornou proprietário de duas casas de prostituição "revestidas" de casa noturna e uma casa de swing. E é Ludmila quem gerencia os três negócios de forma remota, da casa de vocês.
Yelena e eu nos olhamos sem acreditar. Ela continuou:
– É para a casa de swing que eles vão durante as tardes. Nela, seu pai e Ludmila recebem empresários importantes, futuros investidores para – ela fez o sinal de aspas com as mãos – "reuniões a portas fechadas".
A moça passou a palavra à Natasha:
– A pedido de Fagundes, eu me infiltrei como funcionária durante essas semanas e como era muito requisitada, recebendo muitos pedidos para participar de ménages e orgias, acabei me aproximando de forma mais pessoal do Hélio e da Mila.
Yelena, já não se importando tanto com a traição, cansada de todos aqueles sentimentos, disse:
– Ser o que faltar. O puta e a babaca usar sexo para negócios. Nenhum surpresa. Рогоносец и его шлюха заслуживают друг друга.
Fagundes não aguentou:
– O que você disse no final?
Irritada, Yelena traduziu:
– Corno e seu puta se merecer.
Apesar da seriedade da reunião, Natasha não conseguiu segurar uma risada alta e depois disse:
– Gostei de você. É das minhas.
Natasha voltou ao assunto principal:
– Hélio usa Mila como bem entende, oferecendo sexo com ela para esses empresários e investidores que fecham negócio com ele. Como os homens só pensam com a cabeça de baixo, ela é um bônus muito desejado por todos que se associam a ele.
"Eu estava enojado com aquilo, qual era o limite dos dois?". Pensei. Yelena queria saber mais e foi direta com Natasha:
– Você também fazer sexo com duas? Dizer que ficar próximo delas, chegar a participar?
Natasha foi honesta:
– Eu vivo disso e a oferta foi muito boa. Eles sabiam o que eu faço, minha vida está na internet …
Achando que se expressou mal, querendo mostrar que não se importava com aquilo, Yelena tentou se corrigir:
– Achar que falar errado. Eu nau importar se você fazer ou nau, só querer saber como elas agir.
Natasha não correu da pergunta, se mantendo honesta e direta:
- Sim! Transei com os dois e com alguns outros. Participei de uma suruba também. Esse é o ponto, está tudo gravado, todas as provas foram coletadas.
Eu resmunguei:
– Não sabia que aquela vadia era bissexual também …
Natasha me encarou, mas com pena de mim, disse:
– Eu não acho que ela seja. Acho que ela fez a mando de Hélio. Ela não curtiu muito e nem sabia o que estava fazendo. Ela não tinha nenhuma experiência com mulher, aquilo era claro para mim. Ela só obedecia aos pedidos dele.
Fagundes disse:
– Temos os vídeos, querem assistir? Vocês já têm certeza da traição, não precisam se torturar …
Yelena o interrompeu:
– Eu querer! Ser importante, ajudar no superaçau.
Fagundes nos entregou o controle do equipamento de vídeo e disse para sua equipe nos deixar a sós. Yelena pediu:
– Natasha ficar, par favor.
A garota não entendeu, nos olhando curiosa:
– Eu? Por quê?
Ainda séria, e um pouco constrangida, Yelena explicou:
– Você dar contexto ao que nau entender. Precisar saber tuda.
Natasha se sentou um pouco mais atrás, próxima a Yelena, que deu play no vídeo.
"Uma câmera escondida, parecendo estar na roupa de alguém grava as imagens".
Natasha já começou suas explicações, demonstrando que Yelena estava certa em pedir sua ajuda:
– Carlos me deu um broche com câmera espiã, que eu usei na blusa. Foi assim que conseguimos essas imagens iniciais.
"Ela caminha pelo salão, conversando com clientes, recebendo cantadas e convites para sexo. Ela recusa todos educadamente, vai até o bar e se encontra com Mila. A vadia diz:
– Os VIPs já chegaram? Você veio me buscar?
Natasha responde:
– Sim! O Sr. Hélio pediu que eu viesse. Está pronta?
Mila virou um copo de bebida de uma vez só, parecendo emburrada, não querendo fazer o que quer que fosse. Ela disse:
– E eu tenho escolha? Me meti nisso e agora virei uma escrava daquele sádico filho da puta.
Natasha, ajeitando o cabelo dela, perguntou:
– E por que você não se livra disso? Conta a verdade para o seu namorado.
Irritada, Mila empurrou a mão dela:
– E dizer o quê? Que eu fui dar uma de esperta, tentei seduzir o pai dele e me fodi? Seria uma conversa maravilhosa, já pensou? O que seria da minha vida?
Abusada, Natasha disse mais:
– Você é nova, pode recomeçar. Mas quem sou eu, né? Uma puta de profissão trabalhando numa casa de swing como animadora.
Mila constatou o óbvio:
– Pelo menos, você é dona das próprias vontades".
Eu pausei o vídeo e perguntei à Natasha:
– Vocês ficaram íntimas a esse ponto?
Ela respondeu:
– Esse vídeo já é desta última semana. Acho que ela acabou confiando em mim por estar se sentindo sozinha, desamparada. Ela se abriu comigo.
Yelena interrompeu, com raiva:
– Coitado do puta, sofrer tanto …
Natasha deu risada e disse:
– Ela não vale nada, não quero dizer que ela é vítima. Essas lamentações só ocorrem até a hora do sexo. Quando a ação começa, ela se transforma. Acho que é culpa. Conhecendo vocês agora e depois de tudo que o Fagundes me contou, tentando me convencer a ajudar, eu entendo o sentimento dela.
Voltamos a assistir:
"As duas subiram para a área administrativa da casa, no andar superior, e se encontraram com Hélio. Ele foi até Mila e a repreendeu:
– Já falei para não beber durante a tarde. Não estamos em uma festa, isso são negócios. Biscate idiota.
Ela o encarou com raiva:
– Foi só uma dose, relaxa.
Ele pediu:
– Vá até a cabine três e capriche. Esses dois irmãos estão loucos nessa bunda que você tem. Se você se comportar, tratá-los com carinho, prometo lhe dar um descanso e uma boa recompensa.
Mila saiu, Hélio puxou algumas notas de cem da carteira e se virou para Natasha:
– Vem aqui putinha gostosa, mostra esses peitinhos lindos pra mim.
Natasha tirou a blusa e começou a esfregar os seios no rosto dele. Ele perguntou:
– Por que não quer trabalhar pra mim? Eu já disse que cubro qualquer oferta. Eu tenho mais dois estabelecimentos em que você seria a estrela da casa.
Natasha jogava o jogo:
– Eu já expliquei várias vezes. Estou deixando a prostituição, migrando para outros ramos de atividade na mesma indústria, vídeos, por exemplo. Não quero mais isso.
Hélio insistiu:
– Quanto você ganha? Vinte, trinta mil? Eu pago cinquenta.
Natasha riu na cara dele:
– Cinquenta eu ganho em uma semana, e isso se ela for ruim. Mesmo que fosse um milhão, eu não aceitaria. Quero ser a dona da minha vida.
Hélio estranhou:
– Se ganha tudo isso, o que está fazendo aqui então?
Ela era esperta:
– Pela diversão, pela pesquisa, para melhorar os meus vídeos …
Dedilhando a xoxota de Natasha por dentro da calcinha, Hélio propôs:
– E quanto você quer agora para ir brincar comigo, com a puta e os meus convidados?
Natasha avaliou a situação e disse:
– Se for pra pegar geral, suruba completa – Natasha jogou alto – dez mil reais. Pagamento antecipado.
Hélio pegou um maço de notas de cem, ainda lacrado, e entregou a ela. Natasha, abusada, bateu com o maço de notas na cara dele:
– Quer mesmo foder novamente a putinha dos peitinhos lindos, né? - E apertou forte o pau dele – Não quer brincar a sós? Você sabe que eu faço valer a pena.
Hélio a virou de costas e fez com que ela se sentasse em seu colo. Profissional naquele jogo, Natasha começou uma espécie de lap dance, o provocando:
– Seus clientes querem apenas a Mila, não eu …
Hélio a fez levantar e exigiu o que pagou:
– Agora eu já comprei o seu tempo, você faz o que eu quiser. No momento, eu sou seu dono.
Natasha se afastou e arremessou o maço de notas no peito dele:
– Você está me confundindo com a Mila. Eu não sou sua propriedade, sou apenas uma prestadora de serviços. Não ache que eu sou uma qualquer, tenho amigos bem mais poderosos do que você.
Hélio a puxou de volta:
– Me desculpe, acabei me expressando mal. Você sabe que é a melhor, não ligue para esse meu jeito, a gente acaba se acostumando a mandar. Nem todos precisam de uma mão firme.
Vendo que colocou Hélio em seu devido lugar, Natasha sorriu. Ele lhe devolveu o maço de notas de cem e os dois foram ao encontro de Mila".
Tive que pausar o vídeo novamente:
– Nunca vi ninguém falar com meu pai dessa maneira …
Natasha, sorrindo, me interrompeu:
– Eu não menti. Como eu disse, no meu ramo, eu sou conhecida e realmente tenho amigos poderosos e que me protegem de babacas como o seu pai.
Yelena estava quieta, apenas observando. Voltamos a assistir e a gravação já era feita de dentro da cabine, duas câmeras posicionadas no alto. Natasha explicou:
– Carlos agiu rápido posicionando essas câmeras. Ele estava infiltrado como faxineiro, para ter acesso fácil a qualquer lugar.
"Na cabine, Mila, de quatro, tinha sua buceta ferozmente fodida por um dos irmãos. Um homem de pele muito branca e cabelos grisalhos, com uma barriga bem acentuada. O outro, com um pau médio, quase pequeno, fodia sua boca.
Hélio e Natasha entraram na cabine e se sentaram juntos na lateral, assistindo a cena. O homem que fodia a boca de Mila, ao ver Natasha, se assanhou, esticando a mão para tocar nos seios dela. Natasha encarou Hélio:
– É isso que você quer? Ou me quer aqui com você?
Ele respondeu:
– Deixe-os felizes. Foi o nosso acordo.
Natasha se despiu, tirando a saia e a blusa rapidamente, mantendo apenas a calcinha. Ela afastou o homem e se posicionou na frente de Mila, beijando sua boca, enquanto o homem a encoxava por trás, apertando seus seios. Mila estranhou aquele beijo, mas Hélio ordenou:
– Eles gostam assim, duas mulheres se pegando. Deixe rolar.
Mesmo contrariada, Mila obedeceu e Natasha passou a comandar as ações. Esperta, ela fez Mila cavalgar o homem que fodia sua boceta e posicionou o outro atrás, apontando seu pau para o cu de Mila, que, assim como Natasha dissera, durante o sexo, parecia estar adorando tudo o que acontecia.
Hélio entendeu a intenção de Natasha e fez valer o seu dinheiro, mas daquela vez da forma correta, sendo inteligente e apenas colocando Natasha de quatro, e começando a foder sua buceta com calma, deixando um dos homens chupar seus lindos seios.
Natasha era fodida por Hélio e trocava beijos com Mila. A vadia delirava com a dupla penetração. Os cinco foderam por quase uma hora, e os dois homens também acabaram transando com Natasha".
Eu pausei o vídeo para respirar. Todo o sentimento que eu tinha por Mila, já transformado em nojo após eu descobrir a traição, só aumentava, junto com o meu desejo de dar uma lição naqueles dois. A vingança não era apenas um capricho, mas também, uma forma de devolver a dor e a humilhação que Yelena e eu sentíamos.
O mais triste era saber o quanto meu pai era baixo, manipulador, asqueroso. Sua falta de respeito por tudo e por todos, seu sentimento de superioridade perante os meros mortais, era merecedor de um golpe terminal, de uma lição que ele jamais esqueceria.
Nem Yelena, nem eu, queríamos mais assistir aquilo, mas para ter certeza se não era mais do mesmo, perguntei à Natasha:
– Tem mais alguma coisa aí que a gente deveria saber?
Ela pegou o controle e acelerou o vídeo, buscando uma parte específica e disse:
– Isso é importante, seria bom vocês assistirem.
Voltamos a prestar atenção e ela deu play:
"Hélio e Mila conversavam no escritório da casa de swing. Ele disse:
– Essa será a nossa última viagem. Depois disso, vou mandar você para longe, para recomeçar a sua vida. Mas fique tranquila, você vai continuar empregada e ganhando bem. Eu disse que ia cuidar de você, mas bem longe do corno idiota. Infelizmente, ele é meu único filho.
Mila protestou:
– Por que você precisa fazer isso? Está tudo indo bem, Antônio não desconfia de nada e como você mesmo disse, eles são idiotas, jamais irão descobrir.
Hélio dá uma sonora gargalhada:
– Uma puta já conseguiu colocar o nome Kouris no filho, você acha mesmo que eu deixaria isso acontecer de novo?".
A raiva veio forte dentro de mim, uma vontade de sair dali e ir até o meu pai e destruir a vida dele. Com certeza ele se referia a Mirian.
"Mila não sabia do que ele estava falando:
– Como assim? Você tem outro filho além do Antônio? Desde quando?
Hélio estava se divertindo:
– Não, sua burra! A puta que eu me refiro é a mãe do Antônio. Mas isso não é da sua conta. Se prepare, pois na Índia, você irá trabalhar dobrado".
Natasha desligou o vídeo e disse:
– O resto é só mais do mesmo. Mas eu quero que você saiba que essa Mila é mau caráter. Ela revelou que só está com você pelo dinheiro. Desde a época da faculdade ela sabia quem era o seu pai, mesmo que você sempre tenha se mantido discreto e não revelado a ninguém a sua situação. Desde o começo, tudo que ela fez foi pra se dar bem, dar o golpe do baú …
Eu precisei perguntar:
– E ela te revelou tudo isso de uma hora pra outra? Apenas confiando em você?
Me olhando com pena, ela explicou:
– Não! Ela disse tudo isso ao seu pai, revoltada por saber que o golpe estava com os dias contados, tentando sair por cima, mas eu acabei escutando. Ela se lamentava com ele. Eu estava no banheiro do escritório e os dois entraram discutindo no dia seguinte àquela orgia. Eles não sabiam que eu estava lá e logo depois saíram, ainda batendo boca. Até achei que seu pai fosse bater nela.
Depois de tudo, aquela era só mais uma revelação que eu não tinha motivos para desacreditar. Natasha ainda me deu um esporro:
– Vocês são todos uns idiotas. Para sua sorte, ela não conseguiu engravidar. E olha que ela disse que tentou. Se fazendo de coitada, disse que o sonho dela era dar um filho para você. Você acreditou que ela estava tomando anticoncepcional e nunca se protegeu. Agradeça a Deus por isso, já imaginou como seria? Agora ela estaria com a faca e o queijo nas mãos.
Engoli a seco aquela revelação e agradeci profundamente por mais aquele golpe não ter se concretizado. Parecia que alguém lá em cima estava me protegendo. Pensei: "meu anjo da guarda deve ter trabalhado dobrado nesses anos todos de relacionamento com a Mila".
Sem mais o que explicar ou mostrar, Natasha se despediu de mim e de Yelena aproveitando para fazer uma propaganda de sua página no Only Fans e, logo depois, a equipe de Fagundes retornou à sala. Junto dele, um homem alto, de presença imponente e olhar ameaçador. Fagundes disse:
– Esse é o contato daquela organização que eu indiquei a você. Seu pedido está pronto e ele veio buscar você e a Yelena para os acertos finais. Terminamos por aqui?
Nos despedimos de todos, agradecemos o trabalho tão bem-feito pela equipe de Fagundes e seguimos o homem. Foi um dia inteiro de preparativos para a vingança. Yelena e eu só retornamos para casa no fim da noite.
Muito cansados, eu só tive tempo para programar o sistema de monitoramento para sobrepor as imagens até a manhã seguinte, e tanto Yelena quanto eu, acabamos adormecendo rapidamente após o banho. Estávamos mentalmente esgotados, sem clima para sexo ou coisa parecida.
Assim que acordamos, Yelena saiu, voltando ao seu papel de esposa fiel do meu pai, atuando para as câmeras. Eu retornei o sistema de monitoramento para o modo de gravação normal e pedi a ela que avisasse a Bá para me encontrar na área da piscina. Era hora de começar a fazer a roda da vingança girar.
Expliquei a Bá como as coisas iriam acontecer já na próxima semana. Informei o que ela precisaria fazer, as decisões que precisaria tomar e como proceder assim que a merda toda explodisse. Mesmo triste, não concordando com aquilo, ela prometeu me apoiar e seguir as minhas instruções.
Fui à cidade e comprei novos telefones e notebooks para mim e Yelena, da mesma marca e modelo que já possuíamos. Eles seriam peças necessárias da nossa trama. À tarde, o técnico veio e configurou todos os aparelhos para serem cópias exatas dos "originais".
Na terça e na quarta-feira, Yelena e eu trabalhamos normalmente, para não levantar suspeitas. Na quinta, voltamos a encontrar o pessoal da organização, que nos entregou todos os pedidos combinados e ainda terminou os procedimentos que faltavam. Foi uma noite de sono ruim, pois Yelena e eu estávamos com dor. Suportamos tudo em nome da vingança, do ódio que só se acumulava.
A sexta-feira foi o dia mais complicado para a Bá, pois ela começou a entender a extensão de tudo o que aconteceria e o quanto ela seria afetada. Passamos a noite com ela, conversando, tentando animá-la, mas ela sempre acabava se lamentando sobre tudo o que faríamos e principalmente o próprio papel que ela iria desempenhar. Num surto de memórias do passado, ela disse:
– Eu lamento que tenha chegado a isso. Eu amo você, meu menino, mas seu pai também tem um lugar especial no meu coração. Fico dividida, mas entendo que essa será uma lição necessária. Hélio foi longe demais. Seu avô vive nele, infelizmente.
Ansiosos, às vezes quase desistindo, nos lamentando também de vez em quando, Yelena e eu nos amamos durante todo o final de semana. A verdade é que mesmo com raiva, nos sentindo humilhados, tínhamos medo do que faríamos, das consequências de nossos atos e principalmente do custo que aquela vingança teria. A primeira parte seria divertida, mas depois do impacto inicial, nossos planos beiravam a insanidade. Maldito Reddit e suas histórias de traição e vingança.
A segunda-feira chegou e com ela, o trajeto silencioso até o aeroporto. Yelena estava muda, ansiosa, com os nervos à flor da pele. Eu, cansado de esperar, acabei tocando o foda-se, enfiei na minha cabeça que eu merecia responder à altura, era um paladino da justiça, mesmo que feita com as minhas próprias mãos. Eu tinha perdido o respeito por meu pai, queria que ele e o seu dinheiro fossem para a puta que o pariu, junto com aquela vadia que sempre me traiu, aquela puta rampeira que eu desejava ver na rua da amargura. O orgulho daqueles dois estava com os dias contados.
Estacionei no aeroporto e fomos para a mesma sala de espera da primeira vez. Yelena estava muito tensa. Precisei intervir:
– Sei que não é fácil, mas eu preciso que você relaxe. Se eles chegarem e você estiver com essa cara, eles irão estranhar.
Yelena me abraçou e eu não consegui evitar, foi muito repentino. Por sorte, estávamos sozinhos ali:
– Estar no fim da meu força. Prometer que ser última vez?
Olhei ao redor, sondando o ambiente e se não fosse uma atendente parada um pouco mais distante, eu teria a beijado ali mesmo. Tentei acalmá-la:
– Eu prometo! Falta pouco, apenas mais um ou dois dias.
Yelena insistiu:
– Nau vai transar com sua pai. Nau querer mais. Chega!
Eu pensei rápido:
– Dá pra fingir que está menstruada? Algo do tipo?
Ela não estava para brincadeira:
– Dar minha jeito. Me virar. Você ter problema demais pra resolver, precisar ajudar.
Encerrei aquele abraço e pedi para ela se recompor. Ela melhorou um pouco o ânimo, o suficiente para o momento.
Em poucos minutos, o avião pousou e os dois vieram caminhando em nossa direção. Novamente, ao me ver, Mila acelerou o passo e correu para os meus braços. Eu queria socá-la, mas mantive o personagem, o namoradinho apaixonado e saudoso. Yelena fez o seu melhor, abraçando meu pai, mas inventando um mal-estar que o deixou preocupado:
– Por que não ficou em casa? Não precisava ter feito esse sacrifício.
Ela tentava se superar:
– Estar com saudade, querer ver minha homem.
Minha aversão aos dois filhos da puta era maior do que a minha vontade de rir. Me concentrei no teatro, atuando como um ator renomado. Mila me abraçava, me beijava, me acariciava, até chegarmos ao carro. Mas daquela vez, o carro era o meu e eu voltei dirigindo, me livrando dos seus falsos carinhos. Yelena parecia realmente doente, reclamando da dor que sentia e não dando espaços para os agrados do meu pai.
Chegamos em casa e ela acabou passando o resto do dia na cama, sendo cuidada pela Bá e nem mesmo meu pai pôde forçar intimidade diante de "tamanha dor". Seu fingimento era digno de um Oscar. Já eu, fui trabalhar.
Não consegui escapar das garras da Mila a noite, sendo obrigado a foder aquela desgraçada e demonstrar desejo, dar o meu melhor para o bem dos meus planos. Para descarregar minha raiva, a tratei como a puta que ela era e é lógico que ela adorou, elogiando minha performance. Eles deviam acreditar que tudo estava normal, que a vida seguia perfeita.
Depois de quase dois meses de preparação, o "Dia D" chegou. Durante a manhã, enquanto tomávamos o café, Yelena voltou ao papel de esposinha apaixonada, prometendo ao meu pai uma noite incrível para matar a saudade, já que ela estava recuperada e se sentindo bem. Mas, para deixar os dois traidores bem à vontade, disse que chegaria da clínica no horário habitual, ou pouca coisa mais tarde, pois sua agenda de atendimentos estava cheia naquele dia. Mila estava satisfeita, pois dei a ela uma bela “noite de retorno”, mesmo a contragosto. Ela me levou até o carro e se despediu de mim, desejando um bom dia de trabalho.
Tanto eu, quanto Yelena, trabalhamos normalmente durante a manhã, sempre trocando mensagens, enquanto eu vigiava os dois em casa pelo sistema de monitoramento, em acesso remoto. Almoçamos no mesmo motel de sempre, mas estávamos tão nervosos e ansiosos, que não teve clima para sexo. Apenas abrimos o notebook e continuamos a monitorar os dois, esperando o começo da safadeza. Já conhecíamos a rotina deles e sabíamos que, ou eles sairiam, ou transariam no escritório. O que não esperávamos, era a discussão que aconteceria a seguir:
"Por volta do meio-dia e meia, Mila entra decidida no escritório:
– Eu não vou aceitar me afastar do Toni. Se você insistir nisso, vou revelar toda a verdade a ele e mostrar os vídeos que gravei de nós dois com meu celular.
Meu pai, sem mover um músculo, debochou:
- E vai mudar o quê? Isso lá é uma ameaça para alguém como eu?
Mila se irritou ainda mais:
– Eu vou perdê-lo para sempre, mas tenho certeza de que você também será abandonado tanto por ele, como pela Lena.
Meu pai deu uma risada sinistra:
– Um filho que detesto e uma esposa bonitinha? Me deixa pensar ... – Ele riu ainda mais alto. – Mal entrei na casa dos cinquenta, posso arrumar outra mulher, ainda mais bonita que Yelena e filhos, posso fazer aos montes. O que eu tenho a perder mesmo?
Sem pensar, Mila partiu para cima dele, dando socos em seu peito, tentando machucá-lo:
– Seu desgraçado, você não tem coração. Eu vou entregar você para a receita, destruir com a sua vida …
Meu pai a agarrou firmemente pelos cabelos, colocando Mila apoiada sobre a escrivaninha, encoxando e roçando o pau na bunda dela:
– O corno não deu conta ontem à noite? Tá com esse cu piscando? Vem aqui que eu vou te dar o que você precisa para se acalmar.
Meu pai sabia como domar a vadia, transformando o rompante dela em submissão. Mila já começava a rebolar, esfregando a bunda no pau dele”.
Era a minha deixa. Yelena e eu saímos apressadamente do motel e buscamos o carro dela no shopping. Sabíamos que o sexo entre os dois era intenso e demorado, nos dando tempo para agir. Todos os nossos preparativos foram feitos com antecedência para aquele momento em que a sorte sorriu para a gente. Eu, sinceramente, acreditava que os dois sairiam, frustrando o nosso flagrante. Não podíamos estar mais satisfeitos.
No caminho, continuei acompanhando a atividade dos dois, rezando para a bateria do notebook aguentar. Yelena me seguia e chegamos juntos. Antes de sair do carro, dei o comando para o notebook apagar todos os vestígios da traição dos dois e todos os programas instalados pelo técnico. Fiz o sinal combinado para a Bá e ela apenas se afastou.
Yelena e eu caminhamos apreensivos casa adentro e eu aproveitei para deixar o notebook na sala. Abri a porta do escritório, pois sabia que meu pai já tinha dado ordens de não ser incomodado quando lá estava, com extremo cuidado para os dois não ouvirem. Yelena sabia o que precisava fazer, respirou fundo e se preparou. Eu respirei fundo também e entrei:
– Pai, o senhor pode …
Atuei como um verdadeiro Robert de Niro: cara de surpresa, expressão de desespero, de boca aberta, sem dizer uma única palavra, apenas encarando os dois …
Meu pai enrabava Mila com vigor. Ela, ao me ver parado ali, sem reação, fingindo estar em transe, gritou:
– TONI! NÃO É O QUE PARECE, EU POSSO EXPLICAR …
Meu pai ficou branco como um fantasma. Até os arrogantes, os que se acham maiorais, sentem o baque num momento como aquele. Yelena, entrando em ação, apareceu na porta:
- O que acontecer? Par que a hister …
Ela fez o mesmo que eu, copiando minha atuação como uma mímica experiente, os encarando com ódio genuíno no olhar. Como havíamos combinado, ela apenas se virou, fingindo chorar, e saiu correndo dali. Eu, saindo do falso transe, a acompanhei. Bá, fingindo também não saber o que acontecia, apareceu na sala, dando legitimidade para toda a situação.
Yelena e eu seguíamos um roteiro pré-definido, diminuindo a velocidade dos nossos passos, sabendo que eles viriam atrás de nós. Destranquei o carro para ela entrar e assim que o meu pai me alcançou, ainda nu, me puxando pelo ombro, pedindo para conversar, eu me virei rapidamente, desferindo o meu melhor soco bem no meio da sua cara, sentindo em minha mão, a dor satisfatória de ter minha alma lavada com violência. Aquele soco era merecido e o deixou sem reação, me dando o tempo necessário para entrar no carro e sair dali.
Rodamos por quase uma hora, e aos poucos, a adrenalina ia dando lugar ao sentimento de vitória. De ter conseguido executar com maestria aquela parte do plano. Excitados, Yelena e eu transamos às margens daquela estradinha vicinal, comemorando nosso contra-ataque, sabendo que atingimos os dois com precisão.
Nos recompusemos, pois ainda precisávamos concluir a parte mais tensa, a que derrubaria de vez os dois covardes traidores.
Voltei a dirigir, nos levando de volta à rodovia principal, parando em um posto de gasolina para abastecer e colocar em ação a parte dois do plano. Na loja de conveniência, começamos a discutir ferozmente, atraindo a atenção de todos e principalmente dos cinegrafistas de celular amadores, que registraram nossa pequena discussão.
Paguei o combustível com meu cartão de crédito e conferi meu celular. As mensagens e chamadas não atendidas de meu pai e Mila já superavam as duas dezenas. Assim que saímos do posto e voltamos a rodar, poucos quilômetros à frente, um carro desgovernado, serpenteando pela rodovia, avançou sobre a contramão e bateu de frente contra nós. O impacto foi forte, nos arremessando de cima do viaduto.
{…}
Hélio e Mila, sem notícias durante horas, discutiam. Um acusando o outro pela situação. Preocupado, Hélio pensava em mandar alguns homens de sua confiança atrás dos dois. A televisão, ligada no telejornal local, e ao qual nenhum dos dois prestava atenção, dava a notícia:
"O corpo de bombeiros acaba de controlar o incêndio no veículo. Testemunhas afirmaram que uma Pajero prata perdeu a direção na rodovia e atravessou a faixa, colidindo de frente com a BMW que trafegava em sentido contrário. O acidente ocorreu por causa de um súbito mal-estar do motorista do primeiro veículo. A BMW, pela força do impacto, capotou ao bater no guard-rail do viaduto, sendo jogada contra a parede de pedras do morro ao lado. Na batida, o tanque de combustível rachou, e o líquido inflamável começou a vazar. As faíscas, causadas enquanto a lataria deslizava pela parede de pedras, iniciaram o incêndio. Como são imagens fortes e sensíveis, preferimos não as mostrar. Policiais militares confirmaram a morte dos dois ocupantes da BMW. Os corpos foram carbonizados. A perícia agora iniciará os seus trabalhos, na tentativa de identificar os corpos. É com vocês aí do estúdio".
Mila ouviu a notícia, sentindo uma forte pontada no peito. Ela pensou: "Será? Não, não pode ser. O fato de ser uma BMW é apenas uma coincidência". Hélio também ouviu, encarando a televisão sem reação, tendo a mesma intuição de Mila.
A notícia ainda não tinha acabado. O âncora do telejornal sensacionalista, se manteve no caso:
– Nossa equipe teve acesso a uma gravação de celular feita em um posto próximo a esse fatídico acidente. Confira comigo essas imagens que podem ajudar a perícia na identificação das vítimas.
Mila e Hélio não podiam acreditar. Eram os dois, discutindo na loja de conveniência.
"Toni, furioso, disse:
– Se você quer voltar para casa, fique à vontade, vá lá se juntar aqueles dois filhos da puta. – Toni tremia, muito alterado.
Yelena chorando copiosamente, disse:
– Nau ter ninguém nessa país, nau ter dinheiro, nau ter família …
Segurando forte nos braços dela, quase a machucando, ele lhe deu um ultimato:
– Ser chifruda não é sua escolha, mas ser mansa sim. Se quiser, eu te enfio na droga de um avião e te mando de volta para a merda do seu país. Estou indo embora, se decida.
Vermelho de raiva, parecendo que teria um infarto ou um AVC, Toni saiu dali pisando duro, empurrando as cadeiras a sua frente. Sem opção, chorando ainda mais, Yelena o seguiu e entrou no carro. Toni pagou o combustível, entrou no carro também e saiu acelerando, chegando a fazer os pneus cantarem".
A imagem volta para o apresentador, enquanto Hélio e Mila ainda não conseguiam processar a informação brutal. O âncora diz:
– Olhem agora essas imagens da câmera de tráfego do viaduto …
Estava tudo lá, como explicado pelo repórter. Era a mesma BMW do posto e as vítimas provavelmente eram o jovem casal discutindo na loja de conveniência.
Continua.
Consultoria, revisão e co-autoria: Id@