Muitas pessoas que estavam próximo do Le Parisien tentaram ajudar a apagar o fogo, mas seu esforço foi inútil - o fogo se alastrou rapidamente e destruiu o jornal por completo. Sentado na calçada, com as mãos no rosto, Pièrre Montagne se acabava em lágrimas de tristeza e remorso, sentindo-se culpado por tamanha tragédia. O patrimônio que seu pai construiu estava agora reduzido a cinzas. Algumas pessoas que o conheciam tentavam lhe consolar. No meio da multidão, Anthony começa a procurar por Pièrre, e ao encontrá-lo, senta-se ao seu lado na calçada e o abraça até que o fogo se extingue.
- Tony, o que vou fazer agora? Está tudo destruído.
- Calma, meu amigo. Vamos dar um jeito.
- Como?
- Não sei, mas você vai conseguir resolver isso. E estou aqui por você. Agora vamos sair daqui.
Anthony se levanta e oferece a mão ao seu amigo para que ele se coloque de pé, e os dois seguem para a casa de Anthony. Assim que entrou no quarto, Pièrre deitou-se na cama e continuou a chorar. Anthony deita-se com ele, de frente e o observa, enquanto o acaricia no rosto.
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Recuperando os sentidos, Jean correu e se trancou no banheiro.
- Calma, sr. Roche. Não viemos lhe fazer mal. - Paul tentou acalmá-lo..
- O que querem então?
Paul se aproximou da porta e, com um movimento da mão, a fez abrir com violência. Com medo, Jean tirou do bolso um crucifixo de madeira e o apontou para Paul, que virou o rosto imediatamente.
- Senhor Roche, não há motivos para hostilidade. Por favor, esconda isso.
- Então, não se aproximem de mim!
- Quero que venha comigo, pois Marcel está com muita fúria e se te encontrar novamente, não vai ter piedade.
- E por que eu deveria confiar em você?
Usando seu poder, Paul arrancou o crucifixo da mão de Jean e o arremessou contra a parede, quebrando-o em vários pedaços. Jean acompanhou com os olhos o objeto sendo arrancado de sua mão.
- Porque só eu tenho poder para destruir Marcel e salvar vocês. - Paul Cartier lhe ofereceu a mão.
Jean pensou por alguns segundos. Olhando para Paul, ele sentiu um grande pavor e ao mesmo tempo era seduzido pelo olhar penetrante do vampiro ruivo. Ele se lembrou rapidamente de todas as vezes que Pièrre acordou ao seu lado após ter pesadelo com Paul, e recusou a oferta.
- Não. Me deixem em paz!
- Você não tem nenhuma chance contra Marcel ou qualquer outro vampiro.
- Não confio em vampiros. Vão embora.
- Como deseja, Sr. Roche. - Paul respondeu.
Os vampiros saíram do quarto, e Jean imediatamente trancou a porta.
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Paris
Deitado na cama, naquele quarto de hotel, Pièrre se sentia impotente e culpado diante das tragédias recentes. Ele queria proteger todos a quem amava e ao mesmo tempo vingar-se de todo o mal que estava sobrevindo sobre eles. Mas como? Ele se sentia sozinho, frustrado e perdido. Ele tinha seu amigo Anthony naquele momento, mas será que poderia confiar nele agora que era vampiro - sobretudo, quando ele o estava olhando com um olhar estranho? Pensando nessas coisas, Pièrre acabou adormecendo.
De frente pra ele, também deitado, Anthony o observava enquanto acariciava seus cabelos. Aos poucos, Anthony começou a deslizar os dedos no rosto dele, depois em seus lábios, e sentiu uma enorme vontade de beijá-lo. E assim o fez, um selinho rápido. Depois, outro, mais longo. Então, deslizou sua mão pelo corpo de Pièrre, e uma onda de tesão lhe dominou. O vampiro pensou em parar com aquilo e se levantou; andou pelo quarto, olhou pela janela tentando desviar seus pensamentos. Então, colocou a mão sobre o pênis ereto dentro da calça. Seu desejo pelo amigo parecia empurrá-lo de volta para a cama. Ele continuou a observar Pièrre e ficou bem próximo, de forma que sentia a respiração pesada dele. Quando pensou em recuar, o sr. Montagne despertou; os dois ficaram se olhando por alguns segundos. Os olhos de Pièrre ainda estavam molhados de lágrimas. Anthony aproximou seu rosto do dele devagar, e então o beijou. Pièrre retribuiu, beijando-o com intensidade e paixão. Enquanto se beijavam, Anthony ficou por cima de Pièrre e abriu sua camisa com força - os botões voaram para todo lado. Em seguida, lambeu o pescoço dele até chegar aos seus mamilos. Pièrre levou as mãos à bunda de Anthony e apertou suas nádegas com força, depois virou-o na cama e, sentado sobre ele, tirou sua camisa e sentiu seu cheiro e também sua frieza mórbida. Em seguida, ambos ficaram nus e se beijaram, esfregando seus paus. Anthony se virou na cama e começaram a se chupar ao mesmo tempo, em um delicioso 69. Ele engolia toda a vara de Pièrre, sentindo o cheiro de suor nos pelos pubianos e o gosto salgado do pré-gozo de seu amigo, que há tanto tempo ele desejava. Por sua vez, Pièrre sentia o pau veiudo e grosso de Anthony pulsando em sua boca, enquanto brincava com os dedos em seu cu quase sem pelos. Tomado de tesão, ele começou a foder a boca de Anthony, fazendo-o engasgar-se.
- Pièrre, me fode, por favor! Quero te sentir dentro de mim.
Pièrre se levantou e ficou à beira da cama, e colocando Anthony de quatro, começou a lamber seu cu, que piscava a cada linguada. O pau de Anthony babava e pulsava forte. Em seguida, Anthony se virou para cima e dobrou as pernas, e seu amigo cuspiu na cabeça da rola e a apontou para o orifício. Pièrre pincelou a entrada e então forçou - seu pau foi entrando aos poucos até estar todo lá dentro. Com movimentos cadenciados, ele iniciou estocadas fortes, que levavam Anthony a delirar de prazer. Em meio àquela atmosfera de luxúria e prazer, Pièrre sentiu crescendo dentro de si uma raiva, advinda de seus sentimentos de culpa, remorso, frustração e impotência perante a nova realidade de sua vida. Com isso, ele começou a foder o cu de seu amigo com força, dando urros de raiva misturados com tesão. O prazer de Anthony, porém, somente aumentava. Foram cinco minutos de estocadas fortes que levaram Pièrre a um orgasmo intenso. Durante o gozo, ele parecia querer ter mais centímetros de pau para continuar metendo naquele cu tão aconhegante e quente. Anthony gozou sem precisar tocar em sua rola; os jatos de sêmen atingiram seu rosto e seu peito. Assim que passou o orgasmo, Pièrre se deitou sobre o amigo, e começou a chorar copiosamente.
- O que foi Pièrre?
- Foi um erro termos feito isso!
- Pièrre, não… volte aqui!
Pièrre se levantou catando suas roupas e entrou no banheiro. Anthony ficou sentado na cama sorrindo de felicidade por ter satisfeito seu desejo.
Sentado na banheira, Pièrre tentava pensar em como sair de toda essa situação. Ele queria destruir Marcel por ter matado seu pai e pelo incêndio no jornal. Quando saiu da banheira e se olhou no espelho, ele teve uma visão de Kieza sendo torturada por Marcel em algum lugar bastante escuro, iluminado apenas com algumas velas.
- Anthony! Anthony!
- O que foi?
- Eu tive uma visão sobre Kieza. Marcel está torturando-a em um lugar muito escuro, parecido com uma caverna. Temos que ajudá-la.
- Mas como? Que lugar é esse?
- Eu acho que sei onde eles estão. Venha comigo!
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Em um túnel de garimpo na fronteira norte de Paris
Presa a correntes em seus pés e mãos e bastante machucada no rosto, Kieza era forçada por Marcel a dizer porque Pièrre é importante para Paul Cartier.
- Minha paciência está esgotando, sua maldita! Me diz logo o que Pièrre tem a ver com Paul Cartier.
- Eu já disse que não sei, seu vampirinho de merda!
- PUTA MENTIROSA! - Gritou ele dando-lhe uma bofetada que a fez sangrar pela boca. - Já que não quer me falar, então, talvez o garoto Sébastien pode te convencer.
- Sébastien? Como sabe?
Sébastien era um garoto de 16 anos, que desde cedo demonstrava sensibilidade para assuntos espirituais. Ele era órfão de pai e mãe, e vivia em Paris com uma família que o adotou. Quando ficou sabendo sobre ele, Kieza se aproximou e ganhou a confiança dos pais, oferecendo-se como professora de pintura, e assim pode ensiná-lo as artes da bruxaria, especialmente no contato e invocação de espíritos. Kieza desenvolveu por ele um sentimento muito profundo, como se fosse seu filho, e ele retribuía o sentimento, considerando-a sua mãe. Ele já tinha se desenvolvido bastante em tudo o que ela o ensinou. Kieza mantinha isso em segredo, para protegê-lo.
- Louis - gritou - traga o garoto.
- Sim, senhor!
Louis veio trazendo Sébastien arrastando-o pelos cabelos e o jogou diante de Marcel. O garoto estava com muito medo, e tinha machucados pelo rosto e pelo corpo, e sua camisa bege estava rasgada e suja. Marcel o levantou pelo pescoço, fazendo-se debater-se e quase perder o fôlego.
- Tudo bem, eu conto! (tossiu expelindo sangue). Só não o machuque.
- Então fale logo tudo o que sabe!
- Está bem… O meu pai descobriu um feitiço que torna a pessoa imune a vampiros usando o próprio sangue deles. Quando descobriu que os vampiros existem, Albert Montagne levou seu filho até meu pai pedindo que fizesse algo para protegê-lo, e então meu pai testou o feitiço, e usou o sangue de Paul. Como era a primeira vez, ele não sabia das consequências. Só agora descobrimos que uma das consequências é que Paul e Pièrre ficaram ligados um com o outro desde a primeira vez que se viram.
- Como é essa proteção e que tipo de ligação é essa?
- Quanto à proteção, o feitiço deu a Pièrre alguns poderes. Ele pode sentir um vampiro por perto, seu sangue é letal aos vampiros, e ele tem visões. Sobre a ligação deles, tudo o que sei é que Paul deseja muito o jovem Montagne e vice-versa.
- Muito bem. Esse bastardo sabe mesmo te convencer a falar. Agora me diga o que precisa para me tornar mais poderoso do que Paul.
- Você acha mesmo que os espíritos vão te conceder poder depois que você matou meus pupilos?
- O que você está dizendo?
- Os espíritos te rejeitaram!
- Puta mentirosa! Faça o ritual assim mesmo.
- Não vai adiantar. O ritual será inútil.
- Então, talvez se eu oferecer esse rapazinho em sacrifício, eles mudarão de ideia.
- Não! Por favor, não o machuque!
Marcel pegou Sébastien pelos cabelos novamente e saiu com ele da presença de Kieza. Ela, desesperada, tentou pensar em uma saída. Reunindo toda força que tinha, ela conseguiu fazer uma viagem astral e seguiu Marcel de longe, observando aonde ele levava seu pupilo. Ainda dentro do túnel, Sébastien percebeu a presença de Kieza e então a ouviu em sua mente. “Sébastien, precisa fugir daqui. Vou tentar compartilhar contigo o restante das minhas energias e vou te teletransportar. Basta repetir o feitiço que vou te ensinar.” “Mas você está fraca. Isso não é perigoso?” - indagou o jovem. “Não temos escolha.” “Tudo bem, mas espere um pouco. Eu tenho um plano”.
Enquanto isso, Louis percebeu que Kieza estava quieta demais e ao se aproximar dela, e viu que estava em transe - seus olhos estavam completamente brancos. Ele começou a dar tapas em seu rosto tentando acordá-la. Porém, ela conseguiu ensinar o garoto a magia, e ele logo sentiu seu poder. Por conta de sua fraqueza, Kieza não conseguia retornar ao seu corpo. Seu espírito começou a entrar em desespero - seu corpo foi se esfriando e o coração batia cada vez mais devagar. Foram apenas dois minutos que pareceram uma eternidade, até que ela conseguiu voltar. Louis a tinha soltado das correntes e, com ela deitada no chão, dava tapas em seu rosto.
- Achou que eu tinha morrido… seu sanguessuga? - Disse ela com voz fraca.
- Maldita! Você só morre depois que realizar o ritual em Marcel.
- Então chame seu mestre... Os espíritos …. resolveram lhe dar uma chance.
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Após a saída de Paul e Lyana, Jean ficou confuso, ora pensando em retornar a Paris e ajudar Pièrre de alguma forma, ora se sentindo inútil. Além disso, indagava se não deveria ter aceitado a ajuda de Paul. Ele desceu à recepção e perguntou sobre os horários de trem para Paris. Foi informado de que haveria um trem às 07:00 da manhã. Ainda sem saber o que fazer, ele saiu e foi até um bordel que ficava próximo. Pediu uma garrafa de vinho e ficou pensativo, observando o movimento do local. Uma mulher o convidou para “se divertirem” no quarto, mas ele recusou. Minutos depois, outra fez o mesmo convite e também recebeu um “não” dele. Quando a terceira chegou, ele ficou nervoso e saiu do estabelecimento.
Jean saiu pelas ruas cambaleando e tropeçando de tão bêbado que estava. Ao chegar no hotel, foi amparado por um concierge que lhe conduziu ao seu quarto. Ainda atormentado por suas dúvidas e sentimentos, ele começou a chorar, agarrado a um travesseiro.
- Então é aqui que veio se esconder, Jean Roche?
Jean se assustou e se virou rapidamente para ver quem era, mas não via ninguém.
- Quem está aí?
- Sou eu, mon chèr! A esposa do seu namorado.
- Nathalie?
- Acertou!
- O que faz aqui?
- Vim resolver um assunto pendente. Você sabe… por mais de dez anos você entrou na minha casa fingindo ser amigo dele, mas estava fodendo com meu marido. Eu até pensei em esquecer isso quando estávamos cativos na casa de Marcel, mas agora com essa minha nova versão de mim, eu simplesmente não consigo deixar isso sem resolver.
A vampira saiu da escuridão e se aproximou da cama.
- Nathalie, por favor…
- Silêncio, seu merda! Vai ser rápido eu prometo… ou talvez não. Foram anos sofrendo atormentada por dúvidas se Pièrre me amava, tentando tirar da cabeça que ele era um degenerado e devasso, dado a prazeres imundos com você. Então, agora vou me vingar por isso.
Jean se lembrou do frasco de água benta que tinha no bolso e o pegou. Mas quando tentava abri-lo, Nathalie o arremessou contra a parede apenas com um movimento de sua mão. Em seguida, ela apertou seu pescoço com força.
- Diga suas últimas palavras, Jean Roche.
- Por favor, não… me… ma…
- Não entendi. Fale de novo, seu maldito!
Nathalie então lhe deu um tapa no rosto tão forte que ele caiu no chão esbarrando no criado mudo e derrubando o abajur. Depois, o pegou pela camisa e o arremessou do outro lado do quarto. Por causa do barulho, dois funcionários do hotel foram ver o que estava acontecendo.
- Senhor, Roche! Está tudo bem? - Disse o concierge batendo à porta.
- Está sim, querido. Só estamos nos divertindo. - Respondeu Nathalie.
A vampira se aproximou de Jean e o levantou. Ele tentou golpeá-la, mas por estar muito bêbado, seus golpes não tinham força. Ela então quebrou uma cadeira e a quebrou para fazer uma estaca com uma das pernas.
- Vou te poupar do sofrimento, Jean Roche. Vou dar um fim à sua vida miserável.
- Por favor, nãaaao!
Nathalie ergueu as mãos com a estaca e quando estava prestes a crachá-la no peito de Jean, Paul Cartier apareceu atrás dela e, com um único golpe, lhe arrancou o coração pelas costas e o comeu. Ela deu um grito agudo de agonia e seu corpo secou-se rapidamente e desabou no chão.
O concierge, junto com o gerente do hotel, abriu a porta com uma reserva e entrou no quarto. Ficaram atônitos e apavorados com o que viram: Paul Cartier em sua forma vampírica mastigando o coração de Nathalie, e o corpo seco dela caído ao chão; Jean encolhido no chão próximo da cama, aterrorizado.
Os dois homens se viraram para correr, mas Paul fechou a porta rapidamente e olhando em seus olhos, apagou a memória deles, e os fez retornar para a recepção. Lyana Richards entrou em seguida.
- Lyana, leve esse corpo daqui.
- Sim, senhor.
- Vai vir comigo agora, Jean Roche?
Sem dizer nada, Jean deu a mão ao vampiro. Paul o levantou e o envolveu com os braços; então, os dois evaporaram no ar.
Fim do décimo quinto capítulo.
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