Até que Miguel me tira de surpresa e me trás de volta para a realidade.
Miguel: “Ben, Ben, cê tá aí? Tá no mundo da lua cara. Em quê que cê tá pensando?”
Benjamin: “Nada não mano. Acho que me distraí”.
Eu nunca que falaria no que é que realmente eu estava pensando. Me arrisco a dizer que meu pau ficou meio bomba com os pensamentos que eu estava tendo sobre meu mais novo amigo. Eu cheguei a suar frio quando fui colocado de volta à realidade tão rápido. Acho até que eu estava meio pálido envolto em meus pensamentos.
Pablo: “Ele deve tá pensando em alguém a medida que você tá aí descrevendo suas putarias”.
Eu não sabia onde enfiar a minha cara. O que eu diria? Eu não tinha muita resposta e fiquei absolutamente mudo. Mas para minha salvação observamos que já estava quase na hora de registrar nosso ponto eletrônico de retorno às atividades. Eu achei que tinha me salvado do assunto, mas Miguel não deixou escapar.
Miguel: “Ben, depois cê vai ter que dizer pra gente o quê que cê tava pensando”.
Voltamos ao trabalho, o fim do dia passou rápido e dia após dia fui me acostumando mais com meus colegas e a amizade com eles foi fortalecendo. Almoçávamos juntos todos os dias. Reclamávamos de situações cotidianas e escutávamos Miguel falar de suas aventuras sexuais. Vez por outra eu me via de pau duro escutando as histórias dele e eu tinha a impressão que ele também ficava excitado pois ficava mexendo na cueca assim como Pablo também fazia, acho que na tentativa de acomodar seu membro melhor na cueca.
Não posso deixar de contar para vocês como é a configuração das nossas famílias. Eu moro com minha mãe e meu irmão mais novo. O Pablo mora com o pai, a mãe e sua irmã. O Miguel também mora com a mãe, o pai e a irmã mais velha. A relação do Pablo e a minha é excelente com as nossas famílias. A do Miguel nem tanto. Ele, pela personalidade explosiva dele, estava sempre brigando com os pais, discutindo feio, e a irmã dele por consequência não se dava bem com ele.
O Miguel todos os dias sempre com o jeito brincalhão e explosivo dele nos fez acostumar com ele desta forma. Até que chegou um dia que ele chega com os olhos vermelhos, aparentando que havia chorado e estava bem cabisbaixo. Eu nunca o tinha visto desta maneira. Ouso dizer que até me assustou não o ver tão feliz. E fiquei preocupado. O clima da empresa estava outro aquele dia. Pelo que entendi, as vezes ele chegava daquela forma e eram sempre os mesmos motivos: ou levou um toco de uma mina que queria pegar ou teve problema em casa com a família de novo. Só que as pessoas só se preocupavam em fofocar, não procuravam saber o que tinha acontecido para ajudá-lo. Achei um absurdo isso.
Na hora do nosso almoço estava um silêncio mórbido e eu não sabia como começar qualquer assunto, até que Pablo começa:
Pablo: “Miguel, quê que aconteceu? Você quer falar sobre? Se não quiser tudo bem!”
Miguel: “Mano, cê sabe como eu sou, cê me conhece. Eu vou falar, vou pedir sua opinião, você vai dar, eu não vou concordar, a gente vai brigar e eu vou ficar pior ainda e você vai ficar puto comigo. Então é melhor eu não falar nada.”
Pablo: “Você que sabe. Provavelmente não vou concordar com o que cê falar mas eu tô aqui, tô sempre aqui. Quando se sentir à vontade você fala.”
Eu confesso que eu achei que eu estava atrapalhando alguma coisa. Afinal, eu havia acabado de chegar e o motivo dele não querer falar talvez fosse eu. Então o que eu fiz? Falei:
Benjamin: “Olha, eu sinto que estou atrapalhando alguma coisa. Vou dar uma volta e vocês conversam. Mas Miguel, saiba que se precisar de alguma coisa, pode contar comigo.”
Pablo: “Ben, não precisa sair não. Você é nosso agora. Cê faz parte do nosso time. O que a gente tiver que falar vamo falar na sua frente. Não é Miguel?”
Miguel: “Sim, sim. Pode ficar. Eu que prefiro não falar mesmo.”
Pablo: “Inclusive vou criar um grupo entre nós três aqui no Whatsapp. Aí a gente vai tá sempre em contato entre nós. Como que eu posso chamar o grupo Miguel?”
Senti nesse momento que o Pablo estava tentando desviar o assunto do Miguel para distrair e acho que deu certo porque ele ficou pensativo e falou que tinha a ideia de nome perfeito “AMOR DE IRMÃO”.
Pablo: “Curti cara. Cê foi criativo. Eu gosto quando cê tá mal porque cê fica até menos burro e mais sentimental”
E soltou uma gargalhada estrondosa e que me fez até rir também. Miguel esboçou um sinal de reação positiva e mandou logo um:
Miguel: “Vai se fuder filho da puta.”
Confesso que a situação foi até engraçada, mas no fundo eu fiquei tão satisfeito. Poxa, nunca imaginei que eu seria visto como irmão daqueles caras. Eles realmente me consideravam alguém. Eu não era um zero à esquerda para eles. Achei muito sincero. E assim foi criado o grupo AMOR DE IRMÃO. Mal sabia eu que aquele era só o começo da minha mudança de vida e da minha descoberta. Talvez não descoberta, estava mais para uma afirmação do que eu sentia dentro de mim. E não só eu, como meus dois novos amigos também iam descobrir.
NOTA DO AUTOR: Este é meu segundo conto. Quero fazer dele uma espécie de história em vários capítulos e capítulos grandes. Estou escrevendo assim porque gosto de ler contos deste tipo que me envolvem na história pra que quando chegar o clímax e as reviravoltas eu estar envolvido na história. Espero que gostem e que escrevam seus feedbacks nos comentários. Vou lançar os capítulos à medida que for escrevendo. Não vou demorar muito. Se curtirem vou amar os comentários. Se quiser pode me mandar um e-mail para o endereço a seguir: benjamin.autordelivros@gmail.com Vou ficar feliz de ler seus comentários e seus e-mails. Um grande abraço a todos que leem.