#1 – Por Você, Eu Faço de Tudo

Um conto erótico de Nassau
Categoria: Heterossexual
Contém 12502 palavras
Data: 23/06/2023 16:59:15
Última revisão: 09/12/2023 15:51:06

Parte 01 da Série – Músicas Inesquecíveis

FAIXA 1: (Everythings I Do) I Do It for You

DORA E RICHARD

– Você só pode estar louco! – Exclamou Ann tentando, sem sucesso, controlar as lágrimas que escorriam pelas pintas de sua pele sardenta até serem absorvidas pelo tecido de algodão da camiseta que usava. – Onde já se viu isso? Ir trabalhar no meio do mato e em um país subdesenvolvido? Foi para isso que você estudou tanto? E justo quando já marcamos a data do casamento? Você não pode fazer isso comigo.

Richard olhava desapontado para sua noiva. Não que a dor que ela expressava lhe parecesse exagerada, porém, ele esperava que ela entendesse a importância daquele passo que estava pestes a dar. Além do mais, ele não iria para nenhum país insignificante, como ela dizia e creditava essa reação em particular pela criação que ambos tiveram em meio a uma população preconceituosa onde qualquer um que não fosse branco e pertencente as classe mais instruídas eram simples párias na sociedade xenófoba que ali se formara em Ruston, no Estado de Luisiana, onde os quase vinte e mil habitantes, a maioria branca, não escondiam a verdadeira aversão que tinham de qualquer outra raça, achando-se superiores a todos.

Agora, ele se via envolvido com algo que começara em Rolla, cidade localizada a setecentos e vinte quilômetros de distância da sua pequena cidade e onde frequentou o curso de Engenharia na Universidade de Ciência e Tecnologia de Missouri e se graduara com louvor no ano anterior.

Dois meses antes de sua formatura, ficou noivo de Ann, sua namorada desde quando ela iniciou seus estudos na mesma escola que ele, na época, ela com onze anos e ele com treze. Cresceram juntos, namoraram e só separaram quando ele foi para a Faculdade. Mas para Ann, não bastava ficar noiva e ela tanto fez que conseguiu arrancar dele uma data para o casamento, marcando assim para o mês de maio do ano seguinte.

Entretanto, seis meses antes da data prevista para o casamento, no mês de outubro, Richard recebeu uma ligação o convidando para retornar à Rolla para uma reunião. Ele ainda tentou obter mais informações, porém, não conseguindo, se deslocou novamente até àquela cidade para descobrir que uma tecnologia que ele e um grupo de colegas desenvolveram visando a redução no custo de construções de hidroelétricas havia despertado a atenção de alguns executivos de uma empresa gigante no ramo que, tendo sua sede na cidade de Boston, mantinha contato com várias universidades e monitorava todos aqueles que se sobressaiam no curso de engenharia e depois os atraía para fazerem parte de seus quadro de funcionários.

Essa empresa agia em todos os continentes e era comum que aqueles que mais se destacavam entre os recém formados recebessem a chance de serem enviados para os mais longínquos cantos da Terra, o que lhes dava experiência, além de uma polpuda recompensa, pois suas despesas no local do trabalho eram todas custeadas pela empresa enquanto seus salários continuavam a serem depositados em suas contas mensalmente o que, em certos casos, poderia significar a independência financeira de jovens talentos.

O trabalho apresentado pelo grupo formado por Richard ganhou destaque, o que lhe rendeu alguma fama, pois durante a apresentação na feira anual de tecnologia que acontecia em Seattle, ficou clara a liderança que ele exercia diante dos outros alunos e foi esse o motivo dele ter recebido o convite para implantar essa nova tecnologia em uma hidrelétrica de médio porte que a empresa se saíra vencedora quando da licitação. Essa hidrelétrica seria construída na região Centro Oeste do Brasil e o início estava previsto para janeiro do próximo ano.

Para o recém formado Richard, aquilo correspondia a um prêmio na loteria. Afinal de contas, não é comum alguém que, tendo concluído o curso a menos de cinco meses, receba um convite para desenvolver uma proposta de inovação tecnológica da qual fizera tomara parte em sua criação e também se dedicara com afinco, tanto nas pesquisas, quanto passou à execução da mesma. Eufórico, não pensou duas vezes e aceitou a proposta, sem se importar que tivesse que se deslocar para uma região inóspita. Aliás, ele sequer procurou saber sobre as condições em que teria que atuar.

Era a última semana de outubro e Richard levara Ann em um barzinho calmo para discutirem sobre o futuro. A intenção dele era para que o casamento ficasse para depois de seu retorno que estava previsto para depois de dois anos a partir da data que assumisse suas funções no Brasil. Mas Ann insistia em casar e, para piorar, não abria mão da data escolhidas por eles. Se bem que, na verdade, todas as decisões a respeito do casamento partiram dela que escolhera a data e, apesar de faltar ainda meio ano, sua principal atividade era trabalhar no planejamento, dizendo que queria seu casamento passasse a constar como o melhor que já acontecera na pequena cidade de Ruston.

Nada disso surpreendia ao Richard. Afinal de contas, Ann era vaidosa e, para piorar, essa necessidade de ostentação era algo sempre presente em sua família. Seus antepassados tinham radicado no estado da Louisiana antes da Guerra entre o Sul e o Norte dos Estados Unidos que ocorreu entre os anos de 1860 a 1865. Autodenominavam-se fundadores da cidade, quando na verdade foram apenas um dos muitos donos de plantações de algodão que exploravam o trabalho escravo de antes da guerra e se revoltaram dando início àquela luta entre irmãos que quase dividiu o País e que, mesmo derrotados, não abandonaram o orgulho e nem a pose de donos do mundo.

Essa mania de grandeza passou de pai para filho e nem mesmo a completa falência durante a Grande Depressão de 1929, quando perderam tudo o que tinham, fez com que se curvassem à dura realidade de que não eram melhores que ninguém e ainda agiam como se fossem as pessoas mais importantes do local.

O pai de Ann nunca possuiu um palmo de terra exceto o pequeno terreno urbano onde construíra uma enorme casa que, apesar de modesta, toda a família fazia questão de se referir a ela como se fosse um verdadeiro palacete. A garota cresceu nesse ambiente e não era diferente de seus avós, pais e irmãos, sendo que esses últimos viviam criando confusão por tratarem a todos como se fossem inferiores a eles.

A garota era bonita e chamava a atenção por sua beleza, muito embora fosse um tiquinho de gente. Sua estatura não passava muito de um metro e cinquenta, embora tivesse um corpo proporcional, com seios pequenos e firmes, cintura fina e um bumbum que se destacava e que ela gostava que fosse admirada por todos, pois as roupas que escolhia para vestir eram sempre de modelos que destacava essa parte de seu corpo. Seus cabelos loiríssimos que ela mantinha sempre bem escovado e com um corte que lhe chegava um pouco abaixo dos ombros, porém, o que a tornava encantadora eram as sardas de seu rosto excessivamente branco que, juntamente com seus olhos azuis, sua boca carnuda e o nariz afilado lhe emprestavam uma beleza incomum.

Diante do impasse, Richard resolveu propor uma solução que não o agradava, porém, surgiu como a única saída para resolver o impasse ocasionado pela teimosia de sua noiva. Mesmo a contragosto, ele propôs para que antecipassem o casamento para o mês de janeiro e ela iria com ele morar no Brasil. Apresentou essa solução mesmo sabendo que isso lhe causaria algum problema, pois, segundo o cronograma da empresa, as obras teriam início já naquele mês, porém, ele pensou que poderia lidar com isso junto aos seus novos empregadores. Mas isso jamais se mostrou necessário, pois se ele tivesse informado à noiva que estava terminando o relacionamento a reação dela não seria tão violenta como a que ela teve.

Com a boca aberta, as narinas dilatadas e a respiração alterada, ela disparou:

– Eu estava certa. Você está louco. Nem mora que vou morar em um paisinho de merda. Como você se atreve a vir me propor isso?

Uma luz de alerta se acendeu no cérebro de Richard, afinal, se ela não pretendia ir com ele para fora dos Estados Unidos, então como ficaria esse casamento se ele esperasse até o mês de maio para se casar? Pensando nisso, ele comentou:

– Mas você não vai para lá de qualquer forma depois que nos casarmos em maio, afinal...

– Nem morta, Richard. Se você vir com essa conversinha de “um amor e uma cabana” aqui, eu juro que vou vomitar.

– Mas, como você pretende fazer então? Você não está pensando em se casar comigo e continuar morando aqui sozinha, está?

– Lógico que não. Quer dizer, sim, é aqui que eu quero morar para sempre. – Richard olhou para Ann demonstrando estar confuso, mas ela pareceu não notar isso e continuou: – Mas não sozinha Richard. Então, pode parar de bancar o aventureiro que você não é, arrume um emprego, porque é aqui que você vai ficar.

O silêncio que dominou aquela mesinha de bar pareceu fúnebre. A cabeça de Richard funcionava febrilmente com ele tentando assimilar o golpe em saber que sua noiva nunca havia aceitado que ele se ausentasse nem por um mês, quanto mais por três anos. Porém, a petulância dela em deixar claro que seria ela que tomaria as rédeas de sua vida e que ele, naquela relação, estaria destinado a ser apenas um fantoche que dançaria de acordo com que ela puxasse os fios. Sua decepção inicial começou a se transformar em revolta e, sem conseguir se conter, disparou:

– Não, você está enganada. Casamento para mim não é isso. As decisões devem ser tomadas pelos dois, mas parece que você não pensa assim, pois até já decidiu como é que eu devo viver a minha vida.

– Eu não estou querendo decidir a sua vida. Só estou dizendo que você não vai mudar a minha e se, e preste atenção que isso é importante, se você me quer mesmo como sua esposa, é bom começar a aprender a fazer as coisas do jeito que eu gosto.

“Quer dizer que não quer decidir a minha vida, mas que eu tenho que fazer as coisas do jeito que ela gosta. Essa mulher não quer um marido, ela quer um capacho.” – Pensava Richard e esse pensamento foi fermentando rapidamente até evoluir para revolta e foi a vez dele levantar a voz e falar rudemente:

– Tudo bem, acho que isso deixa as coisas claras entre nós. Eu vou para o Brasil e você vai ficar aqui procurando um homem que sirva como capacho para você pisar enquanto faz o que quer. Você é tão burra que não descobriu ainda que eu não sou assim.

Ann captou apenas a parte que dava para entender que suas ameaças não surtiram o efeito que desejava e tentou contemporizar, porém, Richard estava realmente revoltado e continuou discorrendo sobre o fim do noivado deles. Quando ela percebeu que ele estava irredutível, mudou novamente de tom e voltou a ameaçar:

– Quer dizer então que você está terminando o noivado? – Esperou e viu Richard consentir com um movimento do rosto, então, falou colocando e sua voz todo o ódio que conseguiu reunir, informando ao noivo: – Tudo bem então. Mas fique sabendo que vou arrumar outro em menos de uma semana. Pode esperar senhor Richard que logo você vai saber que estou com outro.

– Boa sorte pra você. – Respondeu Richard enquanto se perguntava que razões ele tivera na vida para ter aguentado um namoro tão longo assim e tudo o que ele conseguia se lembrar de que era das situações constrangedoras que ele já passara em virtude da mania de grandeza de Ann. Quando ela o provocou perguntando se o gato tinha engolido a língua dele, apenas respondeu com certa ironia: – Você ainda está aí? Desse jeito vai demorar em você arrumar um trouxa que aguente essa sua mania de menina mimada.

Ann, perdendo o controle, levantou a mão e tentou agredir o rapaz que, sendo mais rápido que ela, agarrou seu pulso e a empurrou para longe dele, enquanto falava:

– Olha só! A princesinha perdendo as estribeiras! O que vão falar dela depois? Vai ser uma alegria para muitos ter esse assunto para tratar por semanas, afinal, não é sempre que a rainha de mentirinha dá escândalo em público.

Aquelas palavras foram suficientes para fazer com que Ann se controlasse e ela, pegando sua bolsa, saiu pisando duro do barzinho onde estavam. Richard, sem olhar para o lado, voltou a se sentar, serviu mais uma dose de uísque no copo que usava e continuou a beber enquanto remoía tudo o que se passara, não só ali, mas durante os últimos tempos de seu noivado. No fim, chegou a conclusão que fora um cego em não ver que escolhera a mulher errada para noivar. Ann jamais se tornaria a mulher que ele precisava ter ao seu lado.

Os meses de novembro e dezembro foram para Richard um verdadeiro exercício de tolerância e desgostos. Ele sentiu pelo rompimento do noivado e estava pronto para procurar Ann e tentar encontrar um denominador comum para que eles reatassem o relacionamento. Em sua vontade de ter aquela que tinha sido sua única namorada, a garota com quem tivera o primeiro beijo e todos os primeiros avanços até chegar à via de fatos e perder, assim como ela, sua virgindade. Para ele aquela loirinha miúda era especial e ele estava certo de que nenhuma outra mulher lhe daria tanto prazer como o que ela já havia dado. Ele gostava do jeito dela que, sendo mais atirada, era sempre a primeira a tomar a iniciativa, chupando seu pau quando ele menos esperava e, depois de seis meses que já transavam pelo menos uma vez por semana, virar-se de bruços, fazer uma carinha de menina pidona e mandar que ele tirasse também a virgindade de seu cuzinho.

Entretanto, a conversa definitiva que ele pretendia ter com ela ficou apenas na intenção.

Ann era do tipo de garota que gostava de se sobressair sempre e, sendo assim, agia como se fosse a chefona em todas as atividades das quais participava. Era cercada por outras garotas sem notar que elas se dividiam entre aquelas que, julgando-se inferior a ela, se dedicavam a serem verdadeiras bajuladoras e só faziam na frente dela aquilo que a agradava. Outra parte, embora menor, era formada por garotas que tinham, ou pensavam que tinham, a mesma posição social que ela e por esse motivo conviviam com ela e até a agradavam, porém, em sua ausência, eram impiedosas em suas críticas e até riam dela pelas costas.

E foi uma dessas garotas travestida em amiga que se aproximou de Richard para lhe contar que, diante da recente liberdade conquistada, Ann parecia estar querendo tirar o atraso e já havia levado pelo menos três rapazes para a cama. Isso, que por si só já era um pesadelo para o rapaz, ficou ainda pior quando ele foi informado que não era a primeira vez e que, durante o tempo em que ele se ausentou para concluir seus estudos, sua namorada havia se aproveitado da ausência dele e não foram as poucas vezes que ela se entregara a um ou outro colega.

Richard ficou então consciente de que um casamento com Ann seria realmente um desastre, porém, mesmo aliviado de ter ficado livre daquela situação, sua mágoa em saber que tinha sido traído, ainda no tempo em que estavam juntos, o deixou muito triste.

Ann, porém, queria mais do que abrir as pernas e entregar sua pequena xoxota com pelos ruivos aos poucos rapazes que ela entendia serem dignos de a fazerem gozar, pois ela queria mesmo era atingir ao Richard e começou a aproveitar as poucas oportunidades que ele saia de casa e dava um jeito de encontrar um de seus comedores e desfilar na frente dele. O ápice dessa situação foi atingindo quando ela, percebendo que ele não reagia, levou um rapaz para frente da residência de Richard e, dentro do carro dele, começaram a se agarrarem até que, sem mais resistir, o rapaz a desnudou e começou a foder sua bucetinha ali mesmo. Foi o pai de Richard que, irritado com tanta provocação, ligou para a polícia e deu início a um pequeno escândalo que a família dela fez de tudo para abafar.

Quando finalmente Richard embarcou para o Brasil, trazia em sua bagagem não só o sonho de se realizar profissionalmente, tornando-se famoso, mas também uma mágoa e uma tristeza imensa.

Menos de um mês depois, Richard afogava sua tristeza com muito trabalho. Ele procurou formar uma equipe de colaboradores, tendo sido eficiente ao ponto de ficar rodeado de pessoas inteligentes, sendo dois com pouco tempo de profissão por contarem com quase a mesma idade dele e um senhor que, apesar de também ser inteligente, tinha uma longa trajetória em construções de hidrelétricas, emprestando sua experiência com uma boa vontade e alegria que chamava a atenção.

Como o canteiro de obra ficava afastado de qualquer centro urbano, sendo a cidade mais próxima a uma distância de quarenta quilômetros e, mesmo assim, uma cidade pequena que no último senso, ocorrido dois anos antes, apontou para uma população pouco maior que dez mil habitantes. Porém, Richard só visitara essa cidade em duas ocasiões e, assim mesmo, a serviço. O seu tempo era divido entre o canteiro de obras, o restaurante que a empresa montara e o alojamento que lhe fora destinando, sendo um dos poucos a possuir um exclusivo, pois os demais eram divididos entre dois, quatro pessoas, e dois outros que eram coletivos com uma quantidade infindável de beliches e destinado aos trabalhadores que não ocupavam cargo de destaque.

Em uma fazendo cuja sede estava localizada a quatro quilômetros do canteiro da obra, uma senhora de cerca de quarenta anos montara um bar onde os funcionários se reuniam nos dias de folga e algumas vezes após o expediente. Tratava-se de Dona Jurema, uma viúva que enxergara a oportunidade de ganhar um bom dinheiro com isso e conseguira convencer ao dono da fazenda a lhe ceder um espaço para tanto. O homem, por algum motivo que ninguém sabia explicar, permitiu a ela que ocupasse um barracão que ficava longe das casas da sede, o que era vantagem, pois, sendo assim, ninguém reclamava do barulho dos frequentadores.

Dona Jurema transformou o barracão que estava a tanto tempo abandonado e cuja estrutura estava ameaçada pela ação do tempo e o transformou em um sólido bar, contando com uma enorme varanda que ela encheu de mesas, mandou fazer um balcão e algumas prateleiras que ela deixou entupida de bebidas, dois freezers e, em um cômodo na parte do fundo, uma cozinha de onde saiam salgados e porções que, de tão saborosos, eram devorados a troco do salário de muitos dos trabalhadores que, sem ter o que fazer, passava horas batendo papo ou ouvindo música em um aparelho de som que ela sabiamente providenciou. Para evitar problemas, mandou construir um quarto de madeira e um banheiro um pouco retirado que ela usava para seu uso próprio.

A ideia brilhante de Jurema estava dando resultados tão positivos que, em apenas três meses, ela já estava construindo um quarto maior ao lado do seu, também munido com um banheiro, dizendo que logo precisaria de funcionários para ajuda-la e aquele cômodo seria destinado a eles.

Quatro meses se passaram antes que os colegas de Richard, de tanto insistir, conseguiram arrastá-lo para o Bar da Jurema, como era conhecido. Ele, que em pouco tempo já dominava a língua Portuguesa de uma forma rudimentar, porém, o suficiente para se comunicar, logo conquistou a amizade daquela senhora que, apesar de acha-lo um homem interessante, não conseguia entender como ele, sendo tão bonito, educado e comunicativo, tornava-se arredio quando qualquer conversa deslizava para o lado da vida particular dele. Percebendo o desconforto que ele demonstrava cada vez que se tentava falar sobre sua vida em seu País de origem, ela começou a se policiar para que a conversa nunca fosse para esse lado e, com isso, também se manteve reservada em relação à sua. A única coisa que Richard tomara conhecimento sobre sua família é que ela tinha uma filha que, em virtude de estar cursando a Faculdade de Direito, residia com a avó na cidade próxima dali.

Aos poucos o Richard foi se descontraindo e mostrando seu lado gentil e brincalhão com todos, o que fez com que se tornasse uma pessoa admirada entre os funcionários daquele empreendimento. Além disso, se destacava também por sua beleza. Alto, mais de um metro e noventa, cabelos loiros e lisos que ele deixara crescer, uma barba rala que provocava até mesmo brincadeira por parte dos brasileiros e uns olhos azuis água que se assemelhavam a dois faróis despejando luz sobre todos à sua volta.

Com poucas funcionárias do sexo feminino, todas assediadas frequentemente por todos, ele ignorava as vezes em que alguma delas se insinuava e isso acabou por criar, ao seu redor, uma aura de homem intocável, pois nenhuma delas se atreveria a insinuar que aquele homem gentil, lindo e, pelo jeito casto, poderia ser homossexual. Mesmo porque, se esse fosse o caso, fatalmente já teria havido comentários dele com algum homem. Mas não. A conduta de Richard era a de uma pessoa totalmente assexuada. O que ninguém sabia é que, em seus momentos de solidão, o coração do jovem engenheiro ainda palpitava pela jovem Ann que ele ainda julgava ser aquela com quem um dia estaria ao seu lado para usufruir do futuro promissor que ele estava ali para construir.

Então chegou o mês de julho. Com o quarto adicional pronto, de repente um rosto novo apareceu no Bar da Jurema. Uma linda garota, contando com vinte anos, morena, com os cabelos negros e cacheados a lhe cobrir quase que totalmente as costas e chegando até a altura de sua fina cintura que se abria em um quadril arredondado e bem feito que depois desciam formando pernas longas e roliças para terminar em pezinhos perfeitos e cuidados que sempre estavam à mostra dentro das sandálias abertas que ela usava. Na outra direção, ou seja, para cima, ela tinha aquela curva acima da bunda que dá ainda mais destaques ao que, por si só, já era um monumento e na parte da frente os seios que se recusavam a ceder espaço à força da gravidade, pois por baixo das blusas de alça que ela usava, estava evidente que nunca usava sutiã e, mesmo assim, ao marcar o tecido de uma blusa ou outra cujo tecido fosse mais fino, notava-se os bicos apontados para cima.

Seu rosto era um caso a parte. A garota tinha um misto de malícia e timidez que, ao coabitarem o mesmo espaço, emprestavam à sua dona uma expressão que deixava a todos desejosos de desvendar se ela estava provocando ou fugindo dos homens que, a partir do momento em que ela apareceu, não lhe davam folga e faziam de tudo para tê-la por perto. Como ela ajudava no bar, os pedidos de bebidas e aperitivos passaram a ser ainda mais frequente, obrigando que Jurema se esforçasse em manter seu estoque sempre bem provido.

Tratava-se de Doralice, ou Dora como ela fazia questão de ser chamada.

Richard já estava cansando de ouvir elogios à beleza de Dora que passou a ser o assunto preferido dos funcionários da hidroelétrica. Até mesmo as mulheres que ali trabalhavam não se intimidavam em tecer elogios, não só de seu visual, como também da simpatia e a forma alegre como ela atendia a todos, sempre brincando e, até mesmo se saindo de situações de assédios grosseiros que alguns lhe dirigiam com habilidade e graça. Ela não era apenas bonita, também era simpática e foi conquistando a amizade de todos, sem se demonstrar interesse pessoal por nenhum deles.

Essa situação se manteve até o dia em que, depois da insistência de seus companheiros, Richard cedeu e resolveu comparecer no Bar da Jurema e bastou Dora se aproximar deles para que a energia que emanou do corpo de ambos parecia ser tangível. Porém, ao contrário do que normalmente acontece nessa hora, não houve sequer um segundo de hesitação da parte dela que, ao notar que aquele jovem homem, que depois ela veio a saber ser cinco anos mais velho que ela, contando então com vinte e cinco anos, a olhava com a boca entreaberta e sem conseguir piscar. Para deleite de todos os presentes, Dora fez algo inusitado. Aproximando-se de Richard, passou o indicar sob o lábio inferior dele e depois estalou o beijo enquanto dizia:

– Melhor tirar essa baba moço. Senão vai molhar toda a sua camisa.

As gargalhadas ao redor chamou a atenção de todos os que estavam presentes naquele momento e Richard, em vez de demonstrar ofensa com a brincadeira dela, lhe dirigiu seu mais encantador sorriso. Talvez, a intenção dele tenha sido a de se vingar, porém, o efeito foi outro, pois quem ficou parada com cara de gato diante da porta aberta de uma gaiola contendo um apetitoso passarinho foi Dora que, com um esforço supremo, conseguiu retribuir o sorriso e se apressou em sair dali.

Havia no bar um ambiente fechado onde as mesas foram colocadas de forma que o espaço central ficasse livre e esse espaço servia como pista de dança quando algum casal desejasse dançar. Quando Richard percebeu que, mesmo de longe, servindo outras mesas, a atenção de Dora estava sempre concentrada nele, com olhares rápidos que eram desviados assim que ela notava que também estava sendo observada, se encheu de coragem, foi até ela e a convidou para dançar.

Ser convidada para dançar era uma rotina diária para Dora, assim como também o eram suas recusas. Ela jamais fora vista dançando com alguém. Assim, quando a aproximação de Richard deixou claro sua intenção, ouve um murmúrio entre os presentes e todos aguardavam ansiosos qual seria a reação do chefe quando tivesse seu pedido para dançar recusado. E foi com espanto ainda maior que todos viram Dora falar algo baixinho para ele, que depois ficou claro ser um pedido para que ele aguardasse, ir até uma mesa e deixar ali o conteúdo da bandeja que portava na mão e que depois foi levada até o balcão onde foi depositado. Em seguida, ela retirou o avental e revelou estar usando uma blusa de seda com alças finas e que deixava sua barriga lisa à mostra e um short jeans que, se não era muito curto, realçava ainda mais a forma daquela linda mulher. Depois disso, com o mais sedutor dos sorrisos, foi até onde Richard estava plantado aguardando, pegou sua mão e o conduziu até a pista de dança.

Para quem assistia àquela dança, parecia que uma única aura envolvia dos dois corpos que se movimentavam lentamente. Com as duas mãos segurando a cintura da garota, Richard encarava os olhos negros de Dora que, com as duas mãos enlaçando seu pescoço, mantinha sua cabeça e seios afastados do corpo dele para poder sustentar o olhar, enquanto seu quadril se colava ao corpo dele fazendo uma pressão que demonstrava ser a intenção de quem está procurando alguma coisa naquele contato tão íntimo e apertado.

Com os pés pregados no chão, a dança que aqueles dois praticavam diante de todos acontecia apenas em seus corações que se moviam ao som da música e, nessa imobilidade, o som que vinha do potente aparelho de som os invadia e fazia como se sentissem apenas um, unidos pela verdade da letra que atingia seus ouvidos e explodiam em seus cérebros como se estivessem fazendo promessas um ao outro:

(Everything I Do) I Do It For You

(Tudo Que Eu Faço) Eu Faço Por Você

Look into my eyes

(Olhe nos meus olhos)

You will see

(Você verá)

What you mean to me

(O que você significa para mim)

Search your heart

(Procure no seu coração)

Search your soul

(Procure na sua alma)

And when you find me there

(E quando você me encontrar lá)

You'll search no more

(Você não irá mais procurar)

Don't tell me

(Não me diga)

It's not worth tryin' for

(Que não vale a pena tentar)

You can't tell me

(Você não pode me dizer)

It's not worth dyin' for

(Que não vale a pena morrer)

You know it's true

(Você sabe que é verdade)

Everything I do, I do it for you

(Tudo que eu faço, eu faço por você.).

Nesse ponto da música, como imãs que se atraiam, seus rostos foram se aproximando e seus lábios se tocaram. Uma centelha elétrica atravessou o corpo dos do casal e o desejo de sentir o gosto da boca um do outro explodiu em uma dança de línguas em uma invasão que, embora consentida, não aconteceu sem que ambas travassem uma árdua batalha onde só havia vencedores e, como se uma força cósmica assumisse o comando, eles passaram a alternarem, com cada uma das línguas avançando na exploração dos sabores da boca do outro e depois recuando e aceitando a invasão da outra língua com igual objetivo.

A paixão dominava de tal forma aos dois amantes foram surpreendidos com gritos de vivas e muitas palmas como que saudando o nascimento de um amor, pois nem mesmo o mais ingênuo e desligado ser dessa terra, assistindo àquela cena, deixaria de notar a existência do amor que, de tão intenso, parecia ter a capacidade de ser tocado.

A música continuava e os pés dos dois apaixonados já não se movimentavam, ficando plantados no piso frio enquanto seus corpos quentes se encontravam em um esforço que deixava transparecer todo o desejo que os consumia, pois mesmo já colados, eles forçavam para ficarem ainda mais juntos do que era possível, sem se darem conta que suas almas já estavam unidas, transformando-se em uma única.

Look into your heart

(Olhe dentro do seu coração)

You will find

(Você irá encontrar)

There's nothin' there to hide

(Não há nada lá para esconder)

Take me as I am

(Aceite-me como eu sou)

Take my life

(Pegue a minha vida)

I would give it all

(Eu daria tudo)

I would sacrifice

(Eu sacrificaria)

Don't tell me

(Não me diga)

It's not worth fightin' for

(Que não vale a pena lutar)

I can't help it

(Não posso evitar)

There's nothin' I want more

(Não há nada que eu queira mais)

You know it's true

(Você sabe que é verdade)

Everything I do, I do it for you

(Tudo que eu faço, eu faço por você.).

Aquela ligação que parecia ser eterna só se desfez quando o Senhor Ivan, o colaborador mais velho dele, levantou-se e foi até a pista de dança e, mesmo sob as vaias dos presentes, tocou no ombro de Richard trazendo-o de volta ao momento presente. Embaraçado ao ouvir a gritaria e barulho de talheres sendo batido nas mesas, ele encarou Doralice e se deu conta que havia naufragado no oceano negro e profundo de seus olhos e sentiu-se perdido. Tão perdido que, sem dizer nada a ninguém, saiu meio que cambaleando do bar e correu para o estacionamento sem se dar conta que havia entregado a chave do carro ao Ivan quando chegaram naquele local e, para sua sorte, o homem caminhava atrás dele, chegando ao carro e, abrindo a porta do carona, lhe disse:

– Deixe que eu dirijo. Acho que você não está em condições de fazer isso.

Sem reclamar, Richard deu a volta no carro e tomou o lugar do carona, enquanto Ivan fazia o percurso inverso e já se acomodava atrás do volante, já imaginando se em seu alojamento ele encontraria algum remédio que permitisse ao seu jovem chefe dormir naquela noite.

Ao chegarem ao alojamento Richard aceitou o conselho do amigo mais velho e tomou dois comprimidos de analgésico com a alegação de que aquilo o ajudaria a dormir.

Não adiantou.

Rolando na cama durante toda a noite, a imagem do rosto moreno e trigueiro de Dora se desenhava à sua frente e, quando ele tentava evitar aquela visão e cerrava os olhos com força, a imagem ainda continuava ali. Até tentou usar o artifício de distração e começou foi buscar algumas cenas que ele, desde que chegara ao Brasil, invocava, que eram uma espécie de melhores momentos de seu relacionamento com Ann, todas elas voltadas para situações em que haviam transado.

Isso também não resolveu. Todas as vezes que tentava, bastavam alguns segundos e a lembrança do corpo da loirinha retorcendo e gritando de prazer sob seu corpo logo passava por uma transformação. A pele escurecia até se transformar em um tom moreno claro, os seios eram um pouco menores, mas era no fundo dos olhos que se tornaram negros que ele se perdia em devaneios e anseios loucos.

No dia seguinte, não bastando o desconforto de uma noite mal dormida e da ansiedade de sentir aquela linda morena em seus braços, coisa que ele já decidira ser proibido, ainda teve que aturar os olhares carregados de ironia dos demais trabalhadores daquela obra e alguns olhares de inveja e outros até transparecendo alguma raiva. Poucos o felicitaram por ter feito aquilo que era o sonho de quase a maioria que era beijar a boca daquela beldade. Um deles era o Ivan e outras duas eram duas mulheres. A primeira uma senhora idosa que se chamava Isaura e trabalhava na cozinha e a outra era a Joelma, sua secretária que, depois de tentar atrair o belo norte americano para sua cama sem sucesso, desistiu e passou a agir como se fosse sua irmã mais nova, ora implicando com ele, ora procurando aprender alguma coisa, o que acabou por fazer que surgisse uma grande amizade entre eles.

E foi com esse estado de espírito que ele recusou os convites de Ivan e a implicância de Joelma para voltar ao bar. Ele sempre procurava desculpas que eram aceitas pela maioria, menos por Ivan que o aconselhava a voltar àquele local e resolver aquela situação, no que era apoiado por Joelma que lhe dizia a mesma coisa.

Para tentar desviar seu pensamento de Dora, Richard passou a se dedicar com afinco nas conversas que, antes esporádicas, passaram a ser diárias, com Ann. Isso fazia com que ele ficasse acordado até mais tarde em virtude da diferença de fuso horário ser de apenas uma hora a menos, Ann cultivava hábitos noturnos e nunca dormia cedo. Porém, essas conversas começaram a se mostrar desinteressante para ele. Sua ex noiva, que se dizia arrependida e tentava reatar o noivado, o que ele estava propenso a aceitar, só sabia falar de assuntos triviais e mundanos. Ele justificava essa sua tendência ao masoquismo em ficar horas ouvindo sobre coisas que não lhe dizia respeito com a alegação de que, não conhecendo Dora, a conversa com ela poderia ser até pior, mesmo porque, a morena era quatro anos mais nova que a outra.

Como ele sabia disso? Esse era outro fator que o incomodava, pois para ele, nada justificava o seu interesse em, tentando ser discreto, procurara obter todas as informações que podia sobre a garota, o que não passou sem que Joelma percebesse.

Enquanto Richard lutava contra o desejo de voltar a ver Dora, a garota sofria em virtude da ausência dele. Todas as noites, desde aquela em que dançaram e se beijaram, ela passava horas diante do espelho tentando ficar mais bonita para ele, como se isso fosse possível. Todas as noites, ficava desapontada ao ver que o destinatário de seu esforço não aparecia, mudando constantemente seu humor que ia da esperança para a tristeza e depois deslizava perigosamente para a raiva.

Joelma e Ivan notaram isso e se preocuparam. No início buscaram desculpas para o fato de Richard não ter vindo até o bar, depois, decidiram que o melhor seria destruir as esperanças da garota em relação a ele para que o sofrimento não fosse maior, falando a respeito da existência de Ann que, segundo eles, aguardava ser retorno aos Estados Unidos para retomarem sua vida.

Mas nada disso dissuadia Doralice que, em vez de ouvir aos conselhos ofertados com sinceridade, preferia ouvir a voz de seu insensato coração que teimava em bater por Richard. Ela não sonhava uma vida com ele e nem almejava um casamento, pois em sua cabeça confusa com tão forte sentimento, queria apenas estar ao lado dele. O resto não importava.

Os dias foram passando e, na quinta-feira, quando já fazia mais de sete dias que dançara com Richard, Doralice conseguiu arrancar de seus novos amigos e confidentes, Joelma e Ivan, a promessa de que trariam Richard até o bar no dia seguinte.

Esperançosa, se esmerou na produção para atrair seu desejo de consumo naquela noite. Usando um vestido de seda brilhante azul turquesa, com um generoso decote que deixava suas costas nuas e que, por causa disso, impedia o uso do sutiã, o que fazia com que os bicos de seus seios que sempre endureciam quando se lembrava do beijo, um sapato com saltos de quinze centímetros e uma maquiagem feita com todo o capricho, ressaltando sua beleza.

Quando chegou o horário em que os funcionários costumavam chegar, recolheu-se ao seu quarto. Sua intenção era entrar no recinto do bar somente depois da chegada de Richard, projetando uma entrada triunfal. Ela queria que todos os olhos se voltassem para ela e que o rapaz percebesse isso e que, percebesse ainda mais. Ela queria que ele se desse conta que, apesar do interesse de todos, era para ele que ela se produzira.

A primeira parte de seu plano deu certo. Mas só a primeira, pois quando sentiu que era o momento exato, entrou no bar e provocou um silêncio incrível. Por coincidência, naquele exato momento o aparelho de som não estava tocando nenhuma música e o ambiente pareceu ter se congelado por alguns segundos, com todos parando o que estavam fazendo ou falando e olhando para ela. Mas foi só isso, uma vez que, ao olhar para a mesa ocupada por Joelma e Ivan, só conseguiu ver as outras duas cadeiras vazias e depois o olhar de Joelma que deixava transparecer um pedido de desculpas. Sua única reação foi virar as costas e sair cambaleando do recinto, esforçando-se ao máximo para que suas pernas trêmulas não falhassem e fizessem com que caísse.

Chegando ao quarto, Dora arrancou com raiva o vestido e, nesse ato, bagunçou seus cabelos, estragando seu penteado. Olhou no espelho e, consumida pela raiva, começou a usar os cosméticos que estavam à mão, exagerando sua maquiagem até então perfeita. Ao perceber o que tinha feito, correu para o banheiro, deixando os sapatos pelo caminho e entrou em baixo do chuveiro ainda usando a calcinha e a meia calça que foram arrancadas de uma forma tão violenta que as tornaram inúteis.

A água fria, porém, lhe devolveu um pouco da lucidez e Dora tomou uma resolução. Enxugou-se, abriu a gaveta e pegou o short mais velho que encontrou e o vestiu sem mesmo usar uma calcinha. Era um short jeans curto e apertado, o que destacava ainda mais sua bela bunda. Pegou uma blusa que tinha apenas um quadrado de tecido na frente e tiras para serem presas, duas nas costas e uma no pescoço. Notou que a ausência de sutiã não era problema, pois não notou que os bicos dos seios estavam marcando o tecido. Depois disso, calçou uma bota que ia até quase a altura dos joelhos e se olhou no espelho.

Sua intenção era voltar para o bar e arrasar, dançando com todos. Ela queria criar uma situação que se tornasse motivo dos comentários por semanas no canteiro de obra. Sua intenção era que tudo isso chegasse aos ouvidos de Richard. Porém, ao olhar para o espelho e ver sua imagem despojada de qualquer luxo ou cuidado, resolveu ser mais radical no seu desejo de dar uma lição naquele homem insensível. Sem pedir, pegou a chave do carro de sua mãe e saiu apressada do local, dirigindo-se ao canteiro de obras.

Richard estava em uma varanda que mandara construir na frente de seu alojamento. Apesar de ser provida com várias cadeiras espaguete, também conhecidas como cadeiras de área ou de varanda, estava em pé com o olhar perdido no horizonte. Seu semblante triste era em virtude de não conseguir distrair seu pensamento de Dora nem mesmo conversando com Ann que, sem nenhuma explicação, não atendera as tentativas de conexão que ele fizera através do seu computador. Estava tão perdido em seu pensamento que, ao ouvir o barulho de um carro chegando, sequer se preocupou em olhar para ver que estaria retornando do bar tão cedo.

Ele ouviu o ranger das rodas sobre o cascalho, indicando que o carro se aproximava de onde ele estava, o que só podia significar que Ivan ou Joelma, ou os dois, já estavam voltando, pois apenas os alojamentos deles ficavam próximos ao seu. Mesmo assim, continuou com o olhar perdido, olhando para a enorme bola prateada formada pela lua que se erguia soberana e já estava a quase um quinto de sua trajetória até sumir do outro lado. Foi nessa hora que ouviu a voz que, mesmo estando carregada de uma ironia perversa, soou para ele como uma melodia:

– Já que você não teve coragem suficiente para ir me ver e falar que aquele beijo foi um lamentável engano, estou aqui para você dizer isso na minha frente.

Virando-se com rapidez, ele se deparou com o que ele julgou ser uma imagem de sonhos. A tentativa de Doralice de parecer desarrumada e desprovida de beleza tivera o efeito contrário. Seus cabelos ainda úmidos caiam sobre os ombros, com algumas mechas adornando o decote que deixava o início de seus seios a mostra de um lado e do lado oposto tinham acabado de serem presos atrás da orelha. Seu rosto, mesmo sem maquiagem, parecia refletir a lua em uma simbiose de prata e oliva. Seus olhos grandes e negros lhe presenteavam com outras duas luas ali refletidas que, embora pequenas, não perdia em nada à original em termos de brilho. Suas pernas longas e esguias mostravam as cochas inteiras em virtude da ausência de coberturas por parte de seu short exageradamente curto e depois sumiam dentro de duas botas de um negro fosco, que parecia se alimentar de todas as luzes que tentavam lhe emprestar algum brilho.

O coração de Richard pulou uma batida. Abrindo a boca, ele buscou pelo ar e não conseguiu produzir nenhum som. Parecia a ele que todo o ar de seus pulmões tinha sido expulso e sentiu o aperto que lhe incomodava há tanto tempo se intensificar até o ponto de causar dor. Fechou a boca e a abriu mais duas vezes e, em nenhuma delas, conseguiu dizer alguma coisa.

Dora, ao ver que não ia receber nenhuma resposta, disparou:

– Entendi. A sua covardia é maior do que eu pensava e agora que você não tem como se esconder, vai apenas ficar me olhando com essa cara de paspalho.

Richard, que já estava admirado pela simples presença dela ali, ficou sem entender nada. Porém, como explicar para aquela garota que seu afastamento só ocorreu para evitar sofrimentos para os dois, pois entendia que, mesmo como simples diversão, não havia como fazer algo com aquela garota e não ficar marcado pelo resto de sua vida, porém, não teve tempo, pois ela se virou, ainda o atacando:

– Pois fica aí, seu covarde. Eu só vim aqui para ver se você tinha a coragem de me explicar porque está fugindo de mim e...

Sua fala foi interrompida quando uma mão forte agarrou seu ombro e puxou fazendo com que ela se virasse, perdendo totalmente o equilíbrio. Porém, ela sequer ficou perto de cair, pois imediatamente após isso, duas mãos fortes a enlaçaram e a puxaram, fazendo com que seu corpo ficasse colado ao de seu agressor. Quando tentou reclamar, foi calada por um beijo intenso.

Enquanto se beijavam, andavam em direção ao alojamento. Richard ia caminhando de costas e puxando Dora junto com ele. Com o canto dos olhos ele se orientou para passar pela porta que foi chutada com força atrás dela e só nessa hora suas mãos largaram sua cintura e começaram a deslizarem por suas costas, lateral do peito e, quando chegaram próximo aos seios que ele não via, mas sentia a rigidez dos mamilos de encontro ao seu tórax, o encanto acabou com o afastamento da garota, deixando ao rapaz decepcionado. Mas ela falou:

– Espera só um pouco. Tem algo que eu preciso fazer antes.

A decepção, entretanto, durou pouco, pois Dora apenas sacou o celular do bolso traseiro de seu short e pediu a senha do wi-fi dele, ouvindo uma sequencia de números que não representava nenhuma segurança. Conseguindo a conexão, começou a mexer no aparelho, até que se ouviu o som da música melodiosa. Era a mesma música que tocavam quando eles se beijaram. Então ela deixou o aparelho sobre um móvel da sala e se jogou nos braços de Richard, voltando a beijá-lo.

O beijo foi longo e logo as mãos de ambos começaram a explorar o corpo um do outro, com Richard sendo mais paciente e procurando sentir cada parte que tocava, enquanto as de Dora eram mais ávidas e pareciam querer estar em todos os locais ao mesmo tempo. Então as mãos calmas de Richard finalmente chegaram aos laços que prendiam sua blusa nas costas.

There's no love

(Não há amor)

Like your love

(Como o seu amor)

And no other

(E nenhum outro)

Could give more love

(Poderia oferecer mais amor)

O pequeno pedaço de tecido que fazia as vezes de blusa de Dora teve as duas tiras desatadas em suas costas e arrancada por cima da cabeça, em uma breve interrupção do beijo que não terminava.

There's nowhere

(Não há nenhum lugar)

Unless you're there

(A não ser que você esteja nele)

All the time

(Todo o tempo)

All the way, yeah

(Até o fim, sim).

O cós do diminuto short foi puxado com tanta força que o botão que o prendia se desprendeu e voou para longe, enquanto o zíper se abria ao ter a costura que o prendia ao tecido desfeita e em seguida puxado para baixo com violência pela mão que o levou até o meio das cochas e, ao voltar, deu pela ausência da calcinha e, sentir a calidez daquela pele morena e macia fez com que o pau de Richard desse um salto que foi sentido por Dora e fez com que ela reagisse à altura, pois imediatamente sua pequena mão direita que estava apertando o pescoço do homem desceu e segurou aquele feixe de nervos, não de uma forma que apenas o tocasse, mas apalpando como se quisesse conhecer, pelo tato, a sua forma, grossura e tamanho.

Look into your heart, babe. Yeah.

(Olhe no seu coração, querida. Sim).

Dora se distraiu alguns segundos para se livrar do short, encontrando alguma dificuldade por causa da bota, mas essa levaria algum tempo para ela se livrar e tempo era algo que ela não tinha agora e, quando voltou a olhar para Richard que usava uma camisa de botões e uma bermuda, ele tinha começado a soltar os botões de cima, ao que ela falou com uma voz melosa:

– Ah não! Nem pensar. Quero a desforra.

Dizendo isso, segurou os dois lados da camisa próximo ao colarinho e puxou com toda a força fazendo com que vários botões disparassem pelo pequeno quarto e provocando uma risada em Richard. Risada essa que se intensificou quando viu que ela já segurava o cós da bermuda dele e puxava, porém, não teve força suficiente para repetir o feito dele com seu short. Rindo dela que fez muxoxo como se entendesse que ele estava rindo dela. Ainda rindo, ele a ajudou no esforço de arrebentar sua bermuda que ela em seguida puxou para baixo para depois se dedicar a cueca, Dessa vez, ela conseguiu fazer certo estrago naquela peça de roupa e foi se abaixando e empurrando juntamente com a bermuda em direção aos pés, recebendo a ajuda dele que ergueu um, e depois o outro, para se ver livre das roupas.

Ao se abaixar para sacar a roupa do amante, Doralice se viu face a face com o belo cacete que ele possuía. Não era enorme, mas grande o suficiente, mais tarde ela conferiu e descobriu que seu tamanho era de dezoito centímetros, mas era bem grosso e exibia uma cabeça rósea e inchada. Sem se conter, ela deu um beijo naquela cabeça e depois a lambeu arrancando suspiros de seu amante. Depois o ergueu e o prendeu de encontro à barriga dele para poder lamber toda a extensão, começando na cabeça e indo até o saco e depois fazendo o percurso de volta, para só então colocar a cabeça na boca e começar a sugar enquanto fazia movimentos com sua língua a volta do mesmo, provocando-lhe reações múltiplas de tesão.

Quando começou a chupar o pau de Richard de verdade, fazendo movimentos com sua cabeça para que ele fodesse sua boquinha, segurou as duas mãos dele com as suas e as puxou para que se posicionassem atrás de sua cabeça. Entendendo o que ela queria, o homem segurou com firmeza em seus cabelos e começou a se movimentar, fodendo com força aquela boca ávida. A sensação era tão boa que Richard logo sentiu que estava prestes a gozar e, para prolongar aquela deliciosa chupada, puxou os cabelos de forma que ela fosse obrigada a deixar o pau dele livre de sua boca, porém, ela percebeu a intensão dele e, olhando-o nos olhos, pediu:

– Vem logo. Goza na minha boquinha, Eu quero seu leite.

E voltou a chupá-lo, dessa vez mantendo o contato visual, o que tornou os esforços de Richard em se controlar inúteis e ele gozou enchendo sua boquinha de porra. Depois, como uma verdadeira safada, abriu a boca para que ele visse a quantidade de porra depositada em sua boca e depois voltou a fechá-la e engoliu, abrindo novamente para que ele tivesse uma visão do efeito de seu ato. O pau de Richard deu um salto ao assistir aquilo, mesmo porque, era impossível resistir à expressão de putinha safada que Dora fazia.

Richard a puxou para cima e a abraçou, dizendo em seguida:

– Se eu saber antes você ser assim, você comigo aqui no dia da dança.

– Assim como? – Quis saber Dora.

– So. Quer dizer. Sedutora, muito. E tão... Tão...

– Tão puta, você quer dizer.

– Não! – Quase gritou Richard em desculpa e depois explicou: – Jamais pensar dizer isso de você. Só falar que é muito “hot”!

Doralice, porém, sabia que ele estava mentindo e arriscou:

– Ninguém nunca te contou isso?

A expressão do homem agora foi de decepção. Uma decepção tão forte que ele não se conteve em dizer, sem se importar com a ofensa que suas palavras produziam:

– Você fazer sempre isso? Quantos já fazer? Só os que trabalhando aqui?

Dora, em vez de se ofender, sentiu-se confortável com a pergunta dele e respondeu:

– Com nenhum. Nem com o pessoal que trabalha aqui e nem com outra pessoa qualquer. Eu só fiz o que fiz porque era com você.

– Quer dizer você ser...

– Virgem? Não Richard. Eu não sou virgem. O que eu quis dizer é que nunca senti tanta vontade de dar prazer a alguém como sinto agora.

Richard olhou para ela tentando ler em seus olhos se ela falava a verdade, mas não demorou muito, pois ela continuou:

– Você vai ficar aí perguntando da minha vida sexual ou vai fazer sexo comigo?

Quando Dora foi praticamente jogada na cama e Richard se ajoelhou entre suas pernas e aproximou sua boca da buceta pequena e bem cuidada, com pelos aparados, a música no aparelho de som pareceu atingir o ápice. Pelo menos para ela que, ao sentir o primeiro toque da língua áspera dele em seu grelinho arqueou o corpo para cima no afã de pressionar sua xoxota sedenta ao encontro da boca dele.

Oh, you can't tell me

Que não vale a pena tentar

It's not worth tryin' for

Oh, você não pode me dizer.

I can't help it

Não posso evitar

There's nothin' I want more

Não há nada que eu queira mais

Yeah, I would fight for you

É, eu lutaria por você.

Nesse ponto a pele de Dora se arrepiou e ela sentiu um calor explodir em todo seu corpo, rebolando o corpo intensamente a ponto de obrigar Richard a segurar fortemente seu corpo para evitar a perda do contato, ela explodiu em um gozo sublime.

Depois disso, lânguida, ganhando uma trégua naquele embate, sua atenção foi para música.

I'd lie for you

Eu mentiria por você

Walk the wire for you

Me arriscaria por você

Yeah, I'd die for you

É, eu morreria por você

Mas a trégua não durou muito. Sem se importar com o efeito que sua língua provocava em sua pele sensível em virtude do intenso orgasmo, Richard percorreu o espaço entre sua buceta e sua boca sem desprezar nenhum ponto, dando atenção especial aos seios cujos mamilos foram sugados com intensidade. Então, quando finalmente chegou à boca e selaram aquela aproximação com um beijo, Dora habilmente moveu seu quadril em busca da penetração. A impressão que dava era que sua bucetinha tinha vida e vontade própria, pois ela encontrou o pau duro de Richard e começou a se esfregar enquanto ele tentava uma penetração, situação que durou até que ela, sem poder mais resistir, abandonou por alguns segundos o pescoço dele e levou a mão enfiando-a entre seus corpos, segurou o firmemente aquele pau que palpitava em sua vontade de realizar a invasão e posicionou na entrada de sua buceta. Com um pequeno esforço jogando o quadril para frente Richard sentiu seu membro ser engolido pela xoxota.

A sensação que ele sentiu foi totalmente nova para ele. A maciez podia ser comparada a um chumaço de algodão, mas o atrito ao se movimentar era como se fosse em seda. O calor que queimava seu pau era na temperatura certa para aquecer todo o seu ser, indo da unha do dedo do pé até sua alma e a pressão exercida funcionava como se ele estivesse usando um massageador. Tudo isso, somado a doce sinfonia dos gemidos da garota ao sofrer tal invasão fez com que ele se sentisse flutuando em nuvens de algodão e perdeu de vez a noção de tempo e espaço, concentrado apenas em encontrar uma forma de movimentar seu pau com a força necessária para proporcionar prazer a ela, sem ser rude e muito menos causar-lhe dor. Seu último raciocínio antes de gozar, ao mesmo tempo em que ela, era a de que só podia estar sonhando, pois não dava para acreditar que algo nesse mundo pudesse exibir tanta perfeição.

Imediatamente a seguir, ambos explodiram juntos em um prazer onde dizer que ouviram sinos ou fogos é pouco, pois a sensação foi a de que a volta deles o mundo explodia como se vários vulcões entrassem em erupção em volta deles. Foi um orgasmo que teve a capacidade de drenar até a última porção de suas forças e permaneceram deitados como se estivessem desmaiados. Nem mesmo o peso do corpo de Richard sobre o dela incomodou Dora, cuja sensação é que se o planeta terra desabasse sobre ela naquele instante não faria a menor diferença.

Richard foi o primeiro a se mover, rolando para o lado e deixando-se cair na cama ao lado do corpo largado de Dora, deitado de costas e então falou:

– Oh my God! I've never had such a hot fuck in my life. What a wonderful little bitch ended up in my bed.

– Obrigada pelo elogio, Richard. Pra mim também foi maravilhoso. – Enquanto Richard olhava assustado para ela, pois não sabia que ela entendia o idioma inglês, ela prosseguiu: – Mas, se você acha mesmo que eu sou uma puta, é bom que saiba que posso ser sim, só que eu quero ser a sua putinha. Sempre e quando você quiser, a sua putinha.

– Oh! I’m sorry, I don’t…

Richard não conseguiu continuar sua desculpa, pois no segundo seguinte a boca de Dora estava grudada na dele enquanto sua mão deslizava pela barriga dele em busca de seu pau que, com poucos carinhos, voltou a ficar ereto. Ele nem saberia dizer depois como aconteceu, pois quando se deu conta do que estava acontecendo, Dora corcoveava em cima dele, com a buceta engolindo novamente seu cacete.

Na manhã seguinte, nenhum dos dois amantes saberia dizer quantas vezes gozaram durante a noite em que, apenas cochilavam para recuperar as forças e já acordavam, ou um acordava ao outro com carinhos ousados para, no momento seguinte, estarem transando loucamente.

Quando Dora saiu, apesar de ser sábado, o canteiro de obras estava em plena atividade, pois além de alguns setores funcionarem de forma ininterrupta, muitos dos que estavam de folga estavam fora do alojamento praticando algum esporte ou apenas conversando em rodinhas, o que quer dizer que milhares de olhos “filmaram” todo o trajeto em que ela arrastou seu corpo exausto, mas saciado, no pequeno percurso entre o alojamento de Richard e o local onde deixara seu carro. Nesses olhares, muitos de aprovação por saberem que o chefe se deu bem e uns poucos de pura inveja. Richard se manteve entocado em sua cama revivendo mentalmente cada momento da maravilhosa noite que teve e de lá só saiu quando o sol já deslizava no horizonte.

Daquele dia, até aquele em que Doralice teve que retornar a cidade para retomar seus estudos na faculdade, os dois jovens apaixonados se encontraram todas as noites e, depois dos primeiros dias e até que saciassem a fome que um sentia do outro, começaram a dividir o tempo entre fazer amor e conversarem e, esse segundo estágio, fez com que Richard se rendesse por inteiro aos encantos de Dora que demonstrou ser, além de uma deliciosa fêmea e uma mulher admirável, uma garota alegre, divertida e muito inteligente. Não tinha mais como negar. Ele estava completamente apaixonado.

You know it's true

(Você sabe que é verdade)

Everything I do, oh

(Tudo que eu faço, oh).

I do it for you

(Eu faço por você)

Everything I do, Darling

(Tudo que eu faço, querida).

And we'll see it through

(E nós veremos isso ao longo do caminho)

We will see it through

(Nós veremos tudo isso)

Oh, yeah Yeah!

(Oh, sim. Sim!).

Search your heart

(Procure no seu coração)

Search your soul

(Procure na sua alma)

You can't tell me it ain't worth dying for

(Você não pode me dizer que não vale a pena morrer)

Oh, yeah

(Oh, sim)

I'll be there, yeah oh

(Eu estarei lá, sim, oh).

I'll walk the wire for you, yeah

(Eu me arriscaria por você, é).

I will die for you

(Eu morrerei por você)

Oh, yeah

(Oh, sim)

All the time

(Até o fim)

I'm going all the way, all the way, yeah

(Eu vou até o fim, até o fim, sim).

Quando acabou de ouvir a música, Richard olhou desapontado para o computador. Era uma sexta-feira e se passaram três dias que Dora se despedira dele e voltou para a cidade. A despedida foi triste e eles agiram de formas diferentes, pois enquanto ele fez com que ela prometesse não dar atenção para nenhum outro homem, ela apenas brincou com ele dizendo:

– Olha aqui, sir Richard... – Chamá-lo de “sir” foi uma forma que ela encontrou quando estava falando sério, mesmo que parecesse estar brincando – ...quando você não aguentar todas essas mulheres dando em cima de você, vê se usa camisinha, tá bom?

Ele sorriu amarelo, porém, jurou que nenhuma delas lhe interessava.

Naqueles três dias, depois da partida de Dora, ele já deixou isso bem claro. Isso porque o fato dele ter transado com Dora, para muitas, era sinal de que ele abandonara o celibato que parecia ter abraçado por causa da mulher que deixara nos Estados Unidos. Na cabeça delas, quem come uma, come várias, porém, todas foram rechaçadas firmemente. Com educação e gentileza, mas mesmo assim rechaçadas.

Entretanto, não suportava mais a ausência de Dora e, mal acabou o expediente daquele dia e ele embarcou em um carro da empresa e percorreu os quarenta quilômetros que separava o canteiro de obras da cidadezinha onde ela residia, apenas para ficar decepcionado ao descobrir que ela havia embarcado em no ônibus que, diariamente, transportava os alunos até uma cidade que ficava a cento e trinta quilômetros de distância e onde se localizava a faculdade.

Richard fez algumas indagações e descobriu que o horário previsto para a chegada do ônibus era à uma hora da madrugada. Sabendo disso, foi para o hotel, tomou um banho para depois praguejar pelo fato de não ter se lembrado de trazer roupas, somente para descobrir que, sendo a pessoa que ocupava o cargo mais alto na construção da hidrelétrica, era detentor de algumas regalias, pois mal acabou de expressar sua preocupação em não ter roupas limpas para ser informado que o proprietário de uma loja se prontificara a abrir a loja para atendê-lo de forma especial.

Devidamente orientado, foi até a loja e adquiriu roupas, não só para uma única troca, mas para todo o final de semana, pois tomou a decisão de voltar para seu trabalho apenas no domingo à noite, sem saber que, na verdade, só conseguiria fazer o percurso de volta na segunda-feira de manhã, e tudo por decisão própria, sem ter sido pressionado em qualquer momento.

O encontro de Dora e Richard foi emocionante. Ele ficou com o carro na entrada da cidade, consultando as anotações que havia feito em um pedaço do papel sobre as características do ônibus em que ela viajava cada vez que um veículo dessa espécie passava por ele. Quando finalmente aquele que esperava passou, deu a partida e o seguiu. O ônibus parou, várias pessoas desembarcaram e ele não reconheceu entre elas aquela que esperava. Parou mais duas vezes e, pelo seu cálculo, poucas pessoas restavam para descer e, mesmo assim, ele continuou a perseguir o mesmo.

Na quarta parada, a figura inconfundível de Dora desceu e começou a andar apressadamente na direção em que seu carro estava virado. A garota ficou preocupada ao perceber que o carro parado, mas com o motor funcionando, que ela tinha que passar dava mostras de que seguia o ônibus. Preocupada, segurou o celular na mão já com o dedo sobre a tecla “1”, pois sabia que, pressionando essa tecla de forma contínua, seria efetuada uma ligação para o número “190” e, mesmo que ela não tivesse tempo de levar o fone ao ouvido e dizer alguma coisa, certamente quem estivesse do outro lado poderia ouvir seus gritos, pois ela estava disposta a gritar como nunca caso fosse molestada.

Porém, nada aconteceu da forma que ela temia. Em vez disso e apesar de quase ter um acesso de pânico quando percebeu que o vidro da porta do motorista se abria, ela ouviu aquela voz que reconheceria em qualquer lugar nesse mundo:

– Hi. Querer carona?

– RICHARD! – Gritou ela deixando seus livros caírem no chão. – O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? VOCÊ QUER ME MATAR DE SUSTO?

– Aqui sim, my little cat. Não aguentar sem você.

Quando disse isso, Richard já estava agachado diante dela, recolhendo os livros espalhados no asfalto. Ao ergueu seu corpo, quase caiu por ter que sustentar o peso de Dora que, sem se conter, pulou em seu pescoço e levantou as duas pernas enlaçando com ela os quadris do rapaz que, as duras penas, evitou que ambos caíssem.

Logo estavam ambos dentro do carro e ela não parava de elogiar o homem por seu esforço em vir até ela. Sorrindo, ele falou:

– Você saber, Everything I do. I do it for you!

– Seu bobo. – Brincou Dora rindo e se inclinando sobre o pescoço dele enquanto estivava o seu para poder encher o rosto dele com beijos.

Richard perguntou a ela aonde iriam e informou que estava no hotel, o melhor entre os dois que tinham na cidade. Ela então pediu para que ele a levasse até sua casa para avisar sua avó, com quem morava, de que passaria a noite fora, pois sabia que, se não fizesse isso, certamente provocaria uma comoção na cidade, pois a primeira coisa que sua avó faria caso ela não chegasse a casa seria ligar para a polícia. Ao chegar diante de uma casa modesta, ela desceu e voltou cinco minutos depois, já sem os livros, mas com um nécessaire na mão.

Transaram a noite inteira e na manhã do sábado, provocando comentários entre os demais ocupantes do hotel dos ruídos que fizeram ao gozarem intensamente. Saíram para almoçar e retornaram ao hotel para transarem mais e para o jantar pediram uma pizza delivery e comeram no quarto do hotel, conseguindo assim mais tempo para transarem.

Depois do jantar, ficaram conversando e assistindo televisão até que começaram a se beijar e logo o tesão se fez presente. Foi nessa hora que Dora tomou uma decisão e falou:

– Estou muito feliz por você ter vindo me ver. Tão feliz que acho que vou te dar um presente. Só não sei se você vai gostar.

– O que ser?

– Você se lembra de quando eu disse que não era mais virgem e você ficou decepcionado?

– Eu não ficar decepcionado com você mais virgem. Eu também não ser mais virgem.

Dora riu do jeito que ele falou e depois voltou ao assunto e informou:

– Então, “sir” Richard. Eu ainda tenho uma virgindade e quero dar ela para você.

Richard olhou para ela com a boca em forma de um “o” e, quando finalmente conseguiu falar, gaguejou:

– Vo... Vo... cê quer, quer di... quer falar... no ass?

Dora, que estava apenas de calcinha e sutiã em pé diante dele, inclinou-se e falou no ouvido dele:

– Não querido. Vou te ensinar. O correto é dizer “fazer sexo anal”, mas isso é mais para os livros de educação sexual. No popular, a gente fala “dar o cuzinho”, “dar o cu”, ou foder o “cuzinho”. Então vou te perguntar. Você quer comer o meu cuzinho?

– Comer?

– É Richard! – Dora não conseguiu esconder sua impaciência. – Comer nessa hora significa o mesmo que foder. Então, vai querer ou não?

– Que... Querer o que?

– Ai meu Deus! Comer, foder. – Fez uma pausa e falou: – Do you want to fuck my ass?

Richard apenas sacudiu a cabeça conservando aquela expressão de emoji de “hã” na cara. Dora sorriu e disse baixinho e com voz suave:

– Então fode querido. Come o cuzinho da sua Dora. Tira de mim a última virgindade que tenho. Mas seja gentil, porque seu pau é muito grosso.

– Eu vai ser toda gentileza do mundo. – Disse Richard apressado.

O que Dora não esperava é que Richard fosse tão carinhoso. Quando ela andou até a cama e, antes de se posicionar de quatro tirou a calcinha e o sutiã, ele foi até ela e a mudou de posição, deixando-a com o corpo deitado de bruços sobre a cama e as pernas de fora. Pegou a perna direita e a colocou sobre a cama fazendo com que a mesma ficasse dobrada, enquanto a esquerda ficava estendida até o chão, então, se inclinou e deu um beijo em cada uma de suas nádegas e depois passou a língua no vale entre as duas até que sua língua atingisse seu buraquinho marrom que, ao ser tocado, começou a piscar. Richard lambeu e chupou aquele cuzinho delicioso e depois enfiou nele sua língua o máximo que conseguiu, arrancando suspiros de Dora, até que ela, sem aguentar, implorou:

– Pelo amor de Deus Richard. Me fode logo. Eu não aguento mais.

Ele deixou uma grande quantidade de saliva para ajudar na lubrificação e substituiu sua língua pelo dedo indicador que, aos poucos, foi sendo introduzido naquele buraquinho apertado que começou a piscar, apertando o dedo. Quando os gemidos de prazer de Dora aumentaram, ele enfiou mais um dedo e ela, apesar de reclamar com um “ai” pela invasão, ergueu um pouco o quadril para facilitar aquela invasão. Richard começou a mover os dedos até se dar por satisfeito, então se aproximou mais dela e colocou seu pau na entradinha e começou a pressionar até entrar a cabeça.

– Ai, Richard. Está doendo. Vai devagar.

– Você acostumar logo.

Dizendo isso, Richard ficou parado para que Dora se acostumasse com a invasão e não demorou em que ela, sem aviso prévio, testou sua capacidade de ser penetrada, afastando um pouco o quadril e assim ganhando mais a metade do pau dele dentro de si. Nova pausa até que ela pediu:

– Ai amor. Está gostoso. Me fode logo. Enfia tudo.

Richard obedeceu sem dizer nada, porém, ela levou a mão para trás e empurrou o corpo dele, pedindo para que ele parasse um pouco. Sem entender nada, ele obedeceu. Então ela puxou um dos travesseiros para perto de seu rosto enquanto informava:

– Vou precisar disso para não alarmar todo o hotel.

Richard entendeu quando ela abocanhou grande parte do travesseiro e voltou a enfiar o pau naquele cuzinho, ouvindo o gemido dela abafado pelo travesseiro. Ao ver como ela se esforçava para dar aquele prazer especial a ele, o homem se empolgou e começou a foder com força aquele cuzinho sem se importar que, a despeito do travesseiro sendo mordido, os gemidos de Dora certamente estavam sendo ouvido em outras parte do hotel. Quando viu o corpo dela estremecer em uma demonstração de que ela estava gozando pelo cuzinho, ele parou um pouco e depois voltou a se movimentar lentamente dentro dela e, só quando os gemidos dela voltaram a soar, ele acelerou buscando o seu prazer e gozou ao mesmo tempo em que fazia com que ela gozasse pela segunda vez.

Sentindo-se feliz como nunca em sua vida, Richard se imaginou vivendo para sempre ao lado daquela beldade. Seu estado de espírito e o desejo incontrolável de estar ao lado dela, pois ele se sentia muito feliz mesmo quando estava apenas conversando, como no dia de domingo em que ela, de tanto insistir, o levou para almoçar na casa em que morava junto com sua avó que o recebeu muito bem. Foi assim que ele, em vez de voltar para seu local de serviço no domingo a tarde, passou mais aquela noite com Doralice, só viajando no outro dia de madrugada.

Essa passou a ser a rotina do casal. Toda sexta-feira lá estava Richard na companhia de Dora, sem falar que, não era raro ele percorrer os quarenta quilômetros em um dia de semana apenas para passar a noite com ela e voltar de madrugada para trabalhar.

Essa atitude preocupou Ivan que o advertiu várias vezes sobre o risco de dirigir cansado, porém, a vontade de estar com Dora sempre falava mais forte e ele, apesar de reconhecer que o velho colaborador estava certo, teimava em arriscar.

Até que, em uma terça-feira que ele apareceu sem avisar, percebeu que Dora não estava bem. Aliás, naquele final de semana já notara, pelo seu comportamento, que havia alguma coisa errado com Dora, chegando a perguntar para ela se estava doente e ela respondendo que estava tudo bem e, diante da insistência dele, chegou a ser brusca, dizendo que ele estava exagerando nos cuidados.

Ele insistiu no assunto e depois de discutirem ao ponto de, pela primeira vez se dirigirem com aspereza um para o outro, Dora, chorando, confessou a ele que estava grávida.

O que ela não esperava era pela reação dele que parecia ter ganho na loteria. Abraçando com força a Dora ele disse:

– Você ser mesmo especial. Você me dar agora tudo o que eu querer.

– Mas Richard? Tudo isso pode parecer muito bonito, mas e depois? E quando essa obra acabar e você voltar para seu país?

– Você ir comigo. – Disse Richard sem vacilar.

– Mas...

– Não, mas... Nada de mas... Você ser linda e eu amar você. Isso sim ser importante.

Foi a primeira vez que Richard confessou seu amor por Doralice que, por amá-lo muito, não resistiu e se atirou em seus braços, beijando-o enquanto dizia que também o amava e molhava todo o rosto do homem com as lágrimas que saiam de seus olhos.

Na quarta-feira Richard não voltou para o serviço. Ele fez questão de ficar na cidade e acertar com Dora os detalhes de seu casamento. Por sua vontade, ele casava naquele dia mesmo, porém, ela resistiu e acabou por convencê-lo que deveriam esperar mais um tempo. Depois de muito discutirem, Ficou combinado para se casarem no final do ano, quando ela entrasse de férias na faculdade.

Richard saiu para retornar ao canteiro de obras no final do dia, quando começava a escurecer. Despediu-se fazendo juras de amor e iniciou a viagem comum permanente sorriso nos lábios, porém, o destino estava conspirando contra os dois apaixonados.

Depois de dirigir por trinta e dois quilômetros, já próximo do alojamento, Richard foi surpreendido por uma anta atravessando a estrada, justo depois de uma curva, o que fez com que seu tempo de reação fosse quase nenhum. Não podendo frear o carro, ele tentou desviar do animal, porém, o lado que ele escolheu era o mesmo em que fora feito uma valeta para escoamento das águas da chuva e o desnível do terreno fez com que o mesmo virasse diversas vezes, indo parar somente ao colidir com o tronco de uma frondosa árvore.

Não fosse a árvore, Richard teria saído do acidente com poucos ferimentos. Também, se tivesse colidido com a mesma com o carro na posição normal, pouco dano sofreria. Porém, como o carro estava dando verdadeiras piruetas, a colisão foi em uma posição em que o teto do carro foi a parte que atingiu a árvore, afundando e, com isso, atingindo sua cabeça.

A morte de Richard foi instantânea.

Informações sobre a música:

A música Everythings I Do é uma power ballad escrita por Bryan Adams, Michael Kamen e Robert Lange, gravada pelo cantor Bryan Adams.

É o primeiro single do álbum Waking Up the Neighbours e serviu de banda sonora do filme Robin Hood: Prince of Thieves. A música ganhou um Grammy Awards na categoria "Best Song Written Specifically for a Motion Picture or Television" em 1992, tendo sido ainda nomeada nos Óscares na categoria "Best Song".

A música ainda foi colocada no nº 16 da Billboard's All Time Top 100. Na 7ª temporada do Sitcom Family Guy (Uma Família da Pesada), Stewie Griffin faz uma versão bastante divertida da música. Também é a canção com maior permanência na parada Global Track Chart, com 19 semanas de liderança. (wikipedia.org)

O link da música no Youtube é: https://www.youtube.com/watch?v=Y0pdQU87dc8

Para quem não aprecia a voz rouca do Bryan, essa música foi gravada pela cantora norte americana Brandy que, embora também possua um timbre de voz grave, é mais suave. O link é https://www.youtube.com/watch?v=gUEk7NlAhe4.

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Comentários

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caraca Nassau... que história foi essa - primeiro de tudo seja bem vindo de volta e o principal por nos brindar com excelentes histórias muito obrigado.

Estava tudo indo muito bem, nossa que morte foi essa, com certeza ira deixar um vazio enorme na vida dela e de todos os seus amigos. infelizmente foi triste.

grande abraço

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Morreu? É isso? Sério? Enquanto eu lia essa história ela ia ficando cada vez mais perfeita, eu só iria escrever uma palavra nos comentários (PERFEIÇÃO).

Nossa, tomei uma pancada aqui.

Fiquei triste 😢😢😢

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Seja bem vindo de volra Nassau. E como sempre com um belo conto

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Nooooossa , que história triste !! Embora uma história de amor maravilhosa, mas um desfecho muuuito triste...😲

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Olha aí o Negão ficando sentimental. rsss

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Kkkkkkkkkk minha fase de ser sem coração já passou ..kkkkkkkkkkkkkkk

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Nossa Nassau que pena ele morrer, mais amigo parabéns pela volta triunfante a Casa dos Contos Eróticos amei parceiro tu é demais abraços e a Ida também abração

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Saudads da helen

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Mais fakes? É tanto menage falso que até um cara parece ser fake nesse site

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Tudo que eu amo músicas é conto .

Vcs estão de parabéns.

Nota 1000

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Obrigado.

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