Tomamos nosso banho e então nos preparamos para ir para o tão famoso show dos artistas. Já eram em torno das 20 horas então resolvemos fazer nossa caminhada, lentamente caminhávamos em direção à praça que teria o show.
A noite tinha caído há pouco tempo, às pessoas todas de branco, com champagnes e cervejas em suas mãos todas felizes. Não podiam ver um estranho que já acenavam e desejavam um feliz ano novo com um largo sorriso, alguns sóbrios e outros já “pra lá de Bagdá” como dizia minha mãe.
Eu e meu amor por nossa vez estávamos diferentes nas cores, afinal ela estava com uma camiseta vermelha que deixavam seus seios mais volumosos que o normal e um short amarelo claro até acima das coxas, um chinelo branco e cabelos soltos. Que baixinha era aquela? Estava um espetáculo! Eu estava acompanhando o look de camisa, bermuda jeans e chinelo também, não estávamos nem aí pra ninguém, queríamos curtir o tempo e a preciosa companhia que tínhamos um do outro. Sempre de mãos dadas ou abraçadinhos com beijinhos no meio da caminhada.
Achávamos graça quando passávamos em frente aos barzinhos lotados e algumas pessoas bêbadas muito antes da virada nos cumprimentavam rápidos e voltavam a dar risada com suas respectivas companhias. Todos estavam fora de si. Parecia que éramos os únicos anormais daquela região com toda aquelas pessoas chapadas e praticamente vendo vultos.
Continuávamos nossa caminhada, porém quando estava no meio do caminho comecei a sentir a sola do meu pé doer muito, pois tinha passado uma cirurgia no pé a pouquíssimo tempo e tinha um osso quebrado que tinha acabado de ser concertado. Não aguentei muito a caminhada, mas estava disposto a chegar à praça. Quando faltavam menos de 2 km começamos a ver muitos policiais a cada 20 metros e muitos camelôs vendendo água, refrigerante e cervejas. Compramos duas cervejas e diminuímos muito o passo. A dor estava ficando forte e a preocupação de ficar em pé lá também.
– Amor, você tem certeza que aguenta?
– Acho que sim! – Falava com uma cara de dor
– Tá! Quer me convencer com essa cara? – sorria ela!
– Com esse sorriso até some a minha cara! - Falei com um sorriso.
Naquela altura da caminhada pedi para sentar um pouco e ela achou um lugarzinho que coubesse os dois. Ela me abraçou pelos ombros e pelo outro lado peguei sua mão e comecei a beija-la e a reparar como tinha gente esquisita ali, pessoas bêbadas já pagando mico, outras quase peladas, outras que tinham se urinado em suas calças brancas. De contra partida tinha um pessoal bem sóbrio que faziam a diferença. Aquilo começou a me fazer imaginar como seria a tão famosa festa de famosos. Escutei um pessoal comentar de alguns que estavam se preparando para se apresentar e outros que se apresentariam. Mas de onde estávamos já dava pra escutar o som de Djavan trocando por Paula Fernandes. Falavam de aparecer mais um monte de artistas, mas uma coisa não conseguia esquecer: Meu pé!
– Amor. Estou pensando aqui!
– Oque?
– Tô calculando a dor aqui! Se eu chegar até lá vou sentir uma dor infernal pra voltar e bem provável vamos parar em algum lugar por um bom tempo até a dor passar!
– Vamos voltar então? – Disse ela com uma cara de muita preocupação!
– Você vai ficar chateada por não ver o show?
– Nem esquenta, sua companhia é melhor que qualquer outro programa que fizermos juntos!
Abracei-a e a beijei com muito carinho, olhei em seus olhos e disse:
– Eu te adoro minha deusa grega! – Disse eu encostando minha testa na dela e recebendo um lindo sorriso em troca.
Beijei-a de novo e levantei para irmos embora. Na mesma hora senti uma fisgada terrível no pé. Respirei fundo, peguei em sua mão e rumamos no sentido contrário. Continuamos nosso passo curto, mas dessa vez meu pé doía horrores e não tinha como acelerar o passo então ela continuou a segurar minha cintura e eu seu ombro; Vira e mexe parava ela a abraçava e no meio da multidão dava beijinhos e abraços fortes e sempre era retribuído com o lindo sorriso que ela tinha.
Na metade do caminho para o hotel reclamei de dores insuportáveis e ela mandou parar então em um bar. Sentamos ali e ela pediu uma garrafa de cerveja para ir matando o tempo. Sentamos um do lado do outro de mãos dadas e olhando o povo passar, a aquela altura já não tinha tanta gente andando, pois a virada iria começar em algumas horas. Conversamos muito, beijamos muito e trocamos muitas caricias sentados naquelas cadeiras de um bar desconhecido. Após uma meia hora mais ou menos que tínhamos terminado nossa cerveja, pedi para continuarmos a caminhada; ela prontamente se levantou pegou em minha mão para ajudar a levantar e eu de supetão levantei agarrando-a pela cintura e ombro arrancando-lhe um beijo delicioso sentindo ela já agarrar minhas costas e me abraçar forte. Só escutei um homem sentado ao lado resmungar:
– Eita! A noite promete hein?
Paramos o beijo, olhamos para ele, rimos disfarçadamente e explodindo de gargalhar por dentro e fomos embora escutando o mesmo homem uma risadinha.
Meu pé tinha dado uma pausa pequena com a dor então foi possível acelerar um pouco o passo.
Chegamos à porta do Hotel e fomos recepcionados pelo dono do Hotel que já veio perguntando:
– Olá! Porque não estão no show? – Já com um sorriso solicito no rosto.
– Preferimos ficar por aqui mesmo! Menos pessoas e mais confortável. – Disse eu retribuindo o sorriso.
– Ok! Fiquem à vontade e se precisarem de algo é só pedir, estamos aqui para deixar sua estadia a melhor possível! – Falou com uma mão na barriga e uma estendida levantando-se em seguida e rindo do gesto que ele mesmo fez.
– Muito obrigado! Agradecemos pela hospitalidade! – Falei pegando minha amada pela cintura e indo em direção à área de descanso do hotel.