Parte 02 da Série – Músicas Inesquecíveis
FAIXA 2: Immortality
DORA E JOELMA
O trauma que a morte de Richard provocou em Doralice foi para o resto da vida.
Isso porque, além da perda do homem por quem se apaixonara perdidamente ao ponto de se entregar a ele sem nenhuma restrição, existia uma gravidez e os efeitos colaterais que essa gravidez provocou.
A mais grave desses efeitos foi provocado por sua mãe, Jurema. Sendo uma pessoa que sofreu durante toda a vida sob o julgo de um pai retrógado e dominador, a pobre mulher tinha uma visão da vida que não encontrava mais espaços na época em que isso aconteceu. Já era de se admirar que Jurema não fosse uma pessoa amarga, porém, seu conceito de moral era o que ela herdou de seu pai e, dentro desse código antigo e ultrapassado, uma mulher não se casar virgem já era um erro muito grave.
Tanto é assim que, mesmo tendo sido abandonada pelo marido quando a única filha do casal ainda era um bebê, Jurema nunca permitiu a aproximação de outro homem. Não pela existência de algum pretendente, pois foram muitos os que tentaram se aproximar dela que, ainda sendo uma mulher de grande beleza, rechaçava todos os que dela se aproximaram, sem sequer tentar fazer uma avaliação do pretendente, pois, segundo as regras pelas quais foi educada, qualquer aproximação dela com um homem, independente dos motivos que levassem a essa aproximação, já era um pecado a ser condenado veementemente por toda a sociedade.
Foi por pensar assim que, sua primeira iniciativa ao saber da gravidez da filha foi a de exigir que ela fizesse um aborto em uma cidade distante, para que ninguém na cidade soubesse que ela se tornara uma mulher perdida e que não era mais virgem. A própria mãe de Jurema, apesar de mais velha e de ter aguentado o pai dela até sua morte, respeitando-o e nunca dando motivo para que ninguém duvidasse de sua honestidade, foi contra Jurema, o que provocou uma enorme discussão na família que encerrou com um pedido de Jurema para que as duas, sua mãe e sua filha, não a procurassem nunca mais.
Doralice, apesar dos comentários maldosos de grande parte da população e do apoio de poucos, encarou a gravidez de cabeça erguida. Para ela, ao contrário do que todos pensavam, o que carregava em seu ventre não era o produto de um pecado, mas a marca perene de um amor que ela jamais esqueceria.
Graças à ajuda da avó que possuía algumas economias que seu marido lhe deixara, Dora conseguiu concluir a faculdade de Direito e estava pronta para começar a exercer a profissão em sua cidade natal mesmo, quando outra desgraça se abateu sobre ela. Sua avó foi vítima de um AVC e não resistiu. E o grande golpe foi, além de ter perdido sua avó que sempre a apoiou, tomar conhecimento que sua mãe se recusou terminantemente a comparecer nos funerais, fazendo com que Doralice se desse conta que não havia a menor possibilidade de um dia ela fazer as pazes com Jurema e isso era só um peso a mais na grande dor que já sentia.
Diante de tanto sofrimento, tomou uma decisão. Pegar seu filho, a única pessoa que ainda lhe dedicava um amor irrestrito e sumir daquela cidade. Assim, aguardou apenas a data dos exames da segunda fase da OAB e a devida credencial que lhe permitiria, agora sim, exercer a profissão sem depender de mais ninguém, Quando terminou essa fase, vendeu todos os bens que sua avó antes de falecer transferira para ela e o dinheiro que conseguiu, somado à economia que sua avó também lhe deixara, sumiu daquela cidadezinha onde era olhada de soslaio por muitos dos falsos puritanos que ali viviam.
A única pessoa que se manteve ao lado de Doralice durante todo o tempo foi Joelma que, na despedida, a surpreendeu de uma forma que ela jamais esperava. Quando Doralice embarcava em seu carro e sairia dirigindo daquela cidade pela última vez, Joelma estava ao seu lado e, no último momento, fez algo que ela não poderia esperar. Retirando um pequeno frasco de plástico, daqueles usado para colher material para exame em laboratórios clínicos, onde no interior se via um chumaço de fios de cabelos, entregou a Dora enquanto dizia:
– Guarde isso com você. Guarde como se fosse um tesouro. Nunca perca isso.
– O que é isso Joelma? Que coisa estranha? – Disse Dora que não fazia a menor ideia de qual seria a pretensão de sua amiga.
– Isso são fios de cabelo. Só isso. Fios de cabelos.
Ao ver o tom daqueles fios que, por estarem protegidos mantinham o loiro original, o pequeno frasco que já estava na mão de Dora pareceu esquentar queimando sua mão a ponto dela o soltar no chão. Foi Joelma que o colheu do chão e examinou constatando não ter havido danos. Então insistiu, colocando-o na mão de Dora que ela colheu entre as suas, fechando a mesma em torno do frasco e cobrindo a mão dela com as suas duas, enquanto dizia:
– A gente nunca sabe o que vai acontecer amanhã, por isso é bom se garantir. Se algum dia você precisar provar a paternidade do Ricardo, vai poder usar isso. Eu vou mandar pelo seu e-mail um documento do médico que me ajudou a conseguir esse cabelo onde ele declara que esses cabelos foram colhidos por ele. Talvez isso possa ser útil no futuro.
Doralice que, sendo advogada sabia que, caso recorresse a isso como prova de paternidade seria um caso inédito, pois até onde sabia todos os casos desse tipo que tinha conhecimento tinham ocorrido com a obtenção de provas em pessoas vivas, o próprio pai ou, na falta desse, algum parente próximo dele. Então aquele esforço de Joelma poderia não significar nada. Mesmo assim, emocionada com a demonstração de afeição da amiga, ela aceitou.
Nunca mais retornou à sua cidade natal. Nem mesmo para visitar os túmulos de seus avós. Talvez tivesse voltado se o corpo de Richard estivesse sepultado naquele pequeno cemitério, porém, na ocasião de sua morte, seus pais vieram ao Brasil e fizeram questão de fazerem o translado para os Estados Unidos, estando seu corpo sepultado em solo norte americano.
Quando isso aconteceu, Doralice deixou passar a grande oportunidade de conhecer os familiares daquele homem que foi o único amor de sua vida, porém, sua dor naquele momento a incapacitara de tomar qualquer iniciativa. Sendo assim, os pais de Richard se foram sem saber que o filho podia ter partido, mas que tinha deixado para trás a semente que daria continuidade à sua história.
Quando Ricardo começou a frequentar a escola, começou a sofrer preconceitos por parte de outros alunos pelo fato de, em sua certidão de nascimento, não constar o nome do pai. Isso só aconteceu porque Dora, zelosa com a educação do filho, o matriculou em uma escola particular e de renome, pois sabia que, no ensino público, o caso de crianças com certidões exibindo esse mesmo detalhe é frequente.
Foi nessa hora que ela ficou em divida entre, usar as provas que Joelma lhe deu e conseguir na justiça a validade da paternidade de Ricardo ou deixar que o filho continuasse sofrendo com os comentários maldosos de seus colegas mais insensíveis.
Estava nessa dúvida quando sonhou com Richard. Não foi a primeira vez que sonhou com o grande amor de sua vida, pois acordar gemendo com o sonho dele estar com seu corpo másculo e nu sobre ela era frequente. Até mesmo seu filho já havia lhe acordado em situações assim, o que lhe causou grande constrangimento.
Mas esse sonho foi diferente. Nele, Richard apenas conversava com ela e, com seu sotaque característico, lhe pedia para fazer qualquer coisa que evitasse qualquer sofrimento para o filho deles. O sonho foi tão nítido que Dora acordou com a imagem de Richard na cabeça e ali permaneceu durante todo o dia. Três dias depois, sonhou novamente e dessa vez a voz de Richard parecia alterada, ele falava com certa urgência de que ela precisava tomar uma providência.
O que mais a impressionou nesses sonhos foi o fato de que, enquanto ele falava se ouvia ao fundo uma das músicas que ele mais gostava e ela, depois da repetição do sonho, procurou pela música na internet e ficou ouvindo quase que sem parar por três dias. Até mesmo o filho implicou com ela enquanto a voz clara de Celine Dion e a afinação perfeita dos três irmãos quem formavam o grupo musical Bee Gees enchia o ambiente da cassa.
Immortality
Imortalidade
So this is who I am
Então, isso é quem eu sou
And this is all I know
E isso é tudo o que sei
And I must choose to live
E eu devo escolher viver
For all that I can give
Por tudo o que eu possa dar
The spark that makes the power grow
A faísca que faz o poder crescer
And I will stand for my dream if I can
E eu defenderei meu sonho se eu puder
Symbol of my faith in who I am
Símbolo da minha fé em quem eu sou
But you are my only
Mas você é o meu único
And I must follow on the road that lies ahead
E eu devo seguir na estrada que está à frente
I won't let my heart control my head
Eu não deixarei meu coração controlar minha cabeça
But you are my only
Mas você é meu único
We don't say goodbye
Não dizemos adeus
We don't say goodbye
Não dizemos adeus
And I know what I've got to be
E eu sei o que tenho que ser
Immortality
Imortalidade
I make my journey through eternity
Eu faço minha jornada através da eternidade
I keep the memory of you and me inside
Eu guardo a lembrança de nós dois aqui dentro
A música a atingia de uma forma inesperada. Enquanto seu coração pulsava com o que ela entendia ser a dor por sua perda, seu corpo todo se arrepiava com uma emoção que ela nunca antes havia sentido e, na tarde do segundo dia, a lembrança desse sonho voltou tão forte que seus olhos se encheram de lágrimas.
A partir desse dia ela foi dominada pela certeza de que seu amor estava ali. Fechou os olhos e viu a imagem dele a sorrir para ela como se a lhe dar forças para enfrentar a vida sem ele e não resistiu e deixou que as lágrimas escorressem por seu rosto.
Entretanto, algo aconteceu para que ela saísse daquele estado e tudo tornou mais claro para ela quando ouviu o telefone tocar e a diretora da escola a convocou para comparecer lá com urgência. Lavou o rosto e se controlou como pode, saindo rapidamente, pois a voz da diretora demonstrava ser aquilo uma imposição, e não um pedido.
O motivo de sua convocação era mais grave do que ela imaginava. Ricardo entrara em uma briga com outro garoto e, apesar de ter saído com algumas escoriações, levara a melhor e o menino que o enfrentara estava hospitalizado com um braço quebrado e teria que sofrer por um bom tempo no consultório de um cirurgião dentista para ter se recuperar dos estragos que Ricardo havia causado.
Esse episódio só serviu para reforçar em Doralice o pedido que Richard lhe fizera durante o seu sonho e ela resolver entrar com um processo de paternidade. Ela mesma redigiu a petição e entregou o frasco contendo os cabelos de Richard para a justiça visando os exames de DNA.
A princípio ela teve problemas com a aceitação do material comprobatório como e também com fato de o juiz estar agindo, nas audiências preliminares, como se o fato de ela estar advogando em causa própria fosse motivado apenas por interesses financeiros. Sendo assim, ela procurou por um advogado que atuava na área de casos de família que, para sua surpresa, não só aceitou prontamente ser o seu defensor, como também declarou que seria muito fácil convencer ao juiz a aceitar aquelas provas.
Os exames já tinham sido efetuados e mostraram com noventa e nove por cento de certeza que o dono daqueles cabelos era o pai de Ricardo. O problema que permaneceu era o de provar que aqueles cabelos eram realmente de Richard. Foi sugerido que ela entrasse em contato com os familiares dele nos Estados Unidos, pois bastaria uma comprovação através de um exame efetuado por material fornecido por eles para que o assunto fosse resolvido. Mas Dora não queria isso. Ela temia que isso fosse interpretado como interesse financeiro da parte dela e isso era a última coisa que desejava.
Foi diante desse impasse que ela se lembrou da oferta de Joelma. Assim, ligou para ela que se prontificou em fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para ajudá-la e, não ficando apenas na promessa, a amiga compareceu no tribunal para depor diante do juiz, trazendo a declaração do médico que ela tomara o cuidado de reconhecer a firma, além da promessa do próprio médico que, ainda residindo naquela cidade, informou estar a disposição para também depor caso fosse necessário.
O juiz não aceitou o documento por se tratar de algo não previsto no Código de Processo Civil, porém, nem tudo estava perdido, pois ele aceitou que o médico explicasse tudo em um depoimento que, para facilitar a todos e dentro do que permite a legislação, foi efetuado através de Carta Precatória. Assim, o médico prestou depoimento ao Juiz de Direito da comarca que residia, enviando-o a seguir para a comarca onde corria o processo.
Diante do depoimento do médico que, além de responder as perguntas formuladas pelo Juiz que presidia o processo, ainda forneceu outras informações, a principal delas, era que havia colhido aquele material diante de testemunhas. Essas testemunhas também foram convidadas a depor e, havendo coerência em todas elas, foi emitida a sentença favorável à Doralice e ordem para que o Cartório de Registro Civil da cidade onde Ricardo nasceu, providenciasse a alteração e emitisse nova certidão de nascimento onde constava o nome de seu pai.
Essa providência, exigida por Dora apenas em virtude de preconceitos de crianças que, seguindo exemplos dos pais, agem com maldade injustificada a obrigou a lutar e conquistar essa vitória, entretanto, não demorou em mostrar outras utilidades.
Também houve outra mudança na rotina de Doralice em virtude desse processo. A vinda de Joelma até a cidade de sua residência atual fez com que nascesse entre ambas uma amizade que antes não existia e elas continuaram a se falarem, quase que diariamente, e os assuntos foram abrangendo cada vez mais assuntos, o que fez com que elas se tornassem amigas e, para Dora, finalmente uma pessoa com quem ela pudesse se abrir, passando a ser sua confidente.
Assim foi que, passou a ser comum Joelma fazer a longa viagem até a cidade onde residia Dora em feriados prolongados e em suas férias e, quando estavam juntas, se divertiam e tinham momentos em que Doralice, depois de tanto tempo, agia de forma descontraída.
Depois de dois anos mantendo essa amizade com Ricardo já com dez anos de idade, Dora aguardava pela visita de Joelma e estava aflita.
Uma pequena reforma no quarto de hóspedes que era usado por Joelma em todas as vezes que a visitava estava acontecendo em virtude de uma chuva torrencial ter causado estragos no telhado e a ocorrência de infiltrações naquele cômodo, o que exigia providências no sentido de reparar o mesmo. Ela então contratou um construtor para cuidar do problema, porém, o homem demorou mais do que era o esperado e, quando chegou o dia de Joelma chegar, o quarto estava inabitável.
Ricardo que já estava com uma estatura quase igual à de sua mãe, apesar da pouca idade, foi que, em sua inocência e tentando acalmar sua mãe, sugeriu quando se cansou de ouvir os lamentos dela:
– Ah mamãe! Pare com esse drama. A tia Joelma dorme com a senhora. Afinal de contas, aquela cama de casal deve ser suficiente para as duas.
Doralice pensou a respeito e concluiu que os argumentos de seu filho estavam certos e, diante da inexistência de alternativas, resolveu que assim seria feito.
Joelma chegou ao entardecer trazendo presentes para Ricardo que, não só a tratava de tia como só se referia a ela com esse grau de parentesco, embora isso não fosse real. A alegria invadiu aquela casa e Joelma estava estonteantemente bela. Uma loira alta, quase um metro e oitenta, corpo perfeito e sem nenhuma gordurinha fora do lugar. Depois de tomar um banho, vestiu um short curto e suas longas e esguias pernas expostas chamarem a atenção de Dora que olhou demoradamente para ela, provocando o comentário da amiga:
– O que foi mulher? Gostou das minhas pernas?
– Gostar não. O que vou fazer com pernas de mulher. Mas se quer saber se eu gostaria de ter pernas assim tão bonitas? Ah! Quem não gostaria?
Então Joelma falou algo do qual se arrependeu imediatamente:
– Bobagem sua. As suas também são lindas. Tão lindas que o Richard preferiu as suas em vez das minhas!
– O que? Que história é essa de preferir? Você não quer dizer que o Richard e você andaram... andaram...
– Trepando? Não, querida. Mas não por culpa minha, pois eu tentei muito. Ele que nunca me deu a menor chance. – As duas ficaram se encarando e, tentando amenizar o efeito do que acabara de falar, Joelma acrescentou: – Depois que ele te conheceu então, podia cair uma chuva de mulheres lindas sobre ele que a única coisa que ele ia fazer seria procurar se proteger em baixo de você. Ou, em cima se é que você me entende.
Joelma riu junto com Dora quando percebeu que sua tática havia dado certo. Mas aquele comentário que era para ser somente engraçado, mais tarde deu abertura para que Joelma e Dora conversassem sobre um assunto que, para essa segunda, era um verdadeiro tabu. Falaram sobre a vida sexual de Dora que era, sem medo de errar, totalmente nula. Entretanto, um assunto que começou sobre algo que soou apenas como uma brincadeira, acabou sendo desviado para outros, esses sim, mais sérios.
Quando já estavam deitadas, Joelma perguntou para Doralice porque ela não tinha se casado:
– Você ainda é nova, não tem nem trinta anos e bonita. Muito bonita. Então não deve ser por falta de homens interessado em você. O que te impediu de casar?
– Para ser franca com você Joelma, já recebi sim muitos convites para sair e também para outras coisas. Alguns discretos e outros mais diretos, com a indicação que os caras só queriam mesmo me levar para a cama. Mas nunca aceitei nenhum.
– E por que não? Será que só tem homens feios nessa cidade?
– Nem sei dizer se eram bonitos e feios. Só sei que, ao primeiro sinal de demonstração de interesse eu me afasto deles.
– Por que isso guria? Você não pode viver assim.
– Assim como? Eu acho que tenho vivido muito bem, na medida do possível.
– Então, não é? É nesse “medida do possível” que mora o problema!
– Olha Joelma. A primeira coisa que eu deveria te dizer é que você não tem nada com isso. – Joelma, ao ouvir isso, começou a falar com a clara intenção de se desculpar, mas foi interrompida por Dora: – Não, espere. Deixe-me falar. Eu não estou brava com você e nem devia ter falado desse jeito, afinal de contas, você foi a única pessoa que se aproximou de mim depois do que aconteceu com o Richard. Você nem imagina como sou grata por isso.
– Eu me preocupo com você, Dora. Mas também acho que não é certo você viver essa vida solitária. Isso não faz bem para ninguém.
– Eu sei. Mas eu sou assim. Então deixa do jeito que está. Além do mais, eu tenho o meu filho e isso me basta.
– Não se engane Dora. Ninguém se basta com isso. Seu filho está ótimo e é lindo, parece uma miniatura do pai, só que moreno, claro. E também não tão miniatura assim, o menino vai ficar um homenzarrão. Só que, você só está pensando nele. E você? Seus anseios, suas necessidades. Olha, não se ofenda, mas eu não conseguiria viver tão isolada assim, principalmente no que se refere ao sexo.
– Credo Joelma. Pelo jeito que você fala, parece até que você é uma tarada.
– No bom sentido, sou sim. Se eu ficar quinze dias sem ter um orgasmo, eu começo a ficar imprestável. Irritada, nervosa e até meu serviço rende menos.
– Só que todo nem todo mundo é assim. Eu não sou.
– Você é sim. Nem vem com esse papo. Não se esqueça de que eu conheci aquela Dora. Você foi a garota mais sexy que eu conheci. Você tinha uma sensualidade que transpirava no seu jeito de andar, de olhar. Para mim não foi surpresa nenhuma o Richard cair de quatro por você logo na primeira vez que te viu.
– Também não foi assim, não é? Lembra que ele ficou fugindo de mim e eu tive que ir atrás dele lá no alojamento?
– Mas é disso que eu estou falando. Você se sentiu atraída por ele e foi à luta. Não deu a menor chance para o coitado que se rendeu a você de corpo, alma e o... Ah! Deixa essa parte pra lá.
Ambas riram do comentário de Joelma que, percebendo que aquela conversa estava descontraindo sua amiga, o que era raro, continuou:
– Só que agora estamos falando de você. Você fisgou o americano, mas poderia ser qualquer um. Até o Ivan chegou a comentar, antes de você e o Richard se entrosarem, claro, que daria tudo para ter você na cama dele.
– O Ivan? Mas olha só que safado!
– Nem sei se podemos dizer que ele era safado. Você é que era o problema, até eu não perderia a oportunidade de transar com você se tivesse tido uma chance. Menina, você era demais,
Dora, rindo muito, bateu com o travesseiro nas costas de Joelma. As duas estavam sentadas sobre as pernas em cima da cama, o que fazia com que permanecessem com as pernas aberta, porém, como ambas usavam shorts jeans, não havia nada que poderia provocar uma reação mais ousada. Só que Joelma, ao se defender dos golpes de travesseiro, inclinou o corpo para frente e seus corpos quase se tocaram. Elas ainda riam quando seus olhares se cruzaram e isso fez com que o riso cessasse de repente. Seus olhos ficaram presos naquele olhar por uma fração de segundo e Joelma, em um gesto de fraqueza, inclinou mais sua cabeça chegando a encostar sua testa na de Dora, porém, a loira se afastou de repente e começou a falar, como se para disfarçar seu sentimento com relação ao que acabara de acontecer, porém, foi interrompida por Dora que, para sua surpresa, perguntou:
– Você já ficou com alguma mulher antes?
Joelma respondeu positivamente com um aceno de cabeça.
– Nossa! Eu nunca ia imaginar que você era lésbica.
– Eu não sou lésbica Dora. Apenas fiquei com mulher e, se você quer saber, a minha primeira mulher era casada e eu fiquei com ela logo depois de ter transado com o marido dela.
– Ai meu Deus! Que loucura!
– É. Loucura mesmo. Mas foi algo que me marcou. Principalmente por ter descoberto que, transar com uma mulher, não faz de ninguém uma lésbica. Para mim, pelo menos, só serviu para mostrar que há várias formas de obter prazeres e não é o que você faz, mas a forma e com quem você faz. Afinal, se duas ou mais pessoas querem isso, qual o problema, não é?
– Não sei Joelma. Isso é muita informação pra minha cabeça.
Um silêncio profundo se estabeleceu entre as duas. Joelma não sabia mais o que dizer e, para sua alegria, foi Dora quem quebrou o silêncio perguntando:
– Quer dizer então que, se tiver um homem junto, você topa qualquer coisa?
– Não bobinha. Eu disse que, na primeira vez, tinha um homem junto. Depois disso aconteceram várias coisas, como eu e uma mulher, eu a mulher e mais de um homem e até mesmo uma festinha que se transformou em orgia onde os quatro casais presentes botaram pra quebrar e todo mundo transou com todo mundo.
– Até homem com homem?
– Não. Não quis dizer isso. Quer dizer. Tinha até uns caras meio estranho lá que pareciam gostar mais de ficar olhando do que participar e pode até ter acontecido alguma coisa. Só que eu estava muito ocupada para prestar atenção nisso
A gargalhada das duas foi tão intensa que elas se recriminaram por pensarem que podiam ter acordado o Ricardo que já estava dormindo em seu quarto e quando pararam de rir, Dora voltou a brincar com a amiga:
– Mas você é muito putinha mesmo.
– Sou sim. Mas, como dizia um antigo personagem do Chico Anísio: “Sou, mas quem não é!”
Voltaram a rir do comentário de Joelma, dessa vez com a mão na boca para evitar atrapalhar o sono de Ricardo e depois conversaram em voz baixa por mais ou menos meia hora, ocasião em que Dora fez um verdadeiro interrogatório em Joelma sobre as sensações que ela sentia em suas aventuras. Joelma estava eufórica, pois jamais imaginou que a amiga poderia se interessar por isso. A conversa seguiu assim até que Dora a encerrou, dizendo que já era tarde e que deveriam dormir.
Naquela noite Doralice voltou a sonhar com Richard e esse sonho foi diferente. Dessa vez ele aparecia para ela sorrindo como se estivesse feliz com o fato dela estar se sentindo bem na companhia de Joelma e houvesse uma mudança.
Dora acordou depois desse sonho que ainda povoava sua cabeça e sentiu que sua buceta estava molhada. Aquela sensação de tesão ela havia sentido pela última vez há mais de dez anos agora invadia seu corpo. Olhando para o lado, ela viu o corpo de Joelma estendido ao seu lado.
Por estarem dormindo juntas, elas ainda usavam o short jeans e uma camiseta. A de Doralice era uma camiseta de mangas e gola polo enquanto a de Joelma era de alças e, como não usava sutiã, os movimentos dela na cama fizeram com que uma das alças deslizasse de seus ombros deixando um de seus seios visível. Era um seio lindo, grande e firme, com o mamilo clarinho e durinho indicando que, mesmo dormindo, ela estava excitada. Dora pensou:
“Deve estar sonhando com alguma foda que teve, essa safada”.
Porém, o efeito que aquela visão lhe causava era muito mais do que a admiração pela forma como Joelma levava a vida. Ela estava sentindo um calor que queimava seu corpo, embora o clima estivesse ameno e, sem resistir, levou a mão até a altura de sua xoxota e fez uma pressão sobre ela e sentiu que sua calcinha estava úmida. Seu corpo sofreu um leve tremor com aquela sensação não sentida há tanto tempo. Fechou os olhos e o que lhe veio à mente foi a imagem de Richard em seu sonho, sorrindo para ela como se a encorajando a se soltar enquanto em sua mente ecoava a canção que tantas vezes ouvira nos últimos tempos.
I make my journey through eternity
Eu faço minha jornada através da eternidade
I keep the memory of you and me inside
Eu guardo a lembrança de nós dois aqui dentro
Fulfill your destiny
Cumpra o seu destino
Is there within the child
Que está aí dentro da criança
My storm will never end
Minha tempestade nunca acabará
My fate is on the wind
Meu destino está ao vento
The king of hearts, the joker's wild
O Rei de Copas, o Coringa alucinado
We don't say goodbye
Não dizemos adeus
We don't say goodbye
Não dizemos adeus
I'll make them all remember me
Farei com que todos eles se lembrem de mim
De repente, sua mão pareceu ganhar vida própria e atingiu seu seio fazendo uma leve pressão no bico de seu seio esquerdo o que fez com que ela não evitasse um suspiro mais alto. Então a mesma mão abandonou o seio e foi descendo até atingir o final da camiseta, fazendo a seguir o movimento inverso trazendo a camiseta junto. Sentiu a temperatura alta quando sua mão atingiu sua barriga e, por baixo da camiseta, ela repetiu o movimento anterior tocando novamente o bico do seio, dessa vez sem a interferência do tecido da roupa. O suspiro se transformou em um gemido baixo.
Novamente a mão voltou a descer e, ao atingir o short, forçou passagem por baixo da roupa e foi deslizando para baixo. Sentiu a maciez os pelos de sua buceta, que ela não depilava e ficou acariciando aquela região por pouco tempo, pois logo continuou sua jornada em direção ao seu objetivo final. Sentiu a ponta do dedo indicador atingir seu grelinho que, de tão duro que estava, crescera e se sobressaía entre os grandes lábios e gemeu um pouco mais alto. Isso a levou ao total descontrole e seus dedos procuraram pela abertura de sua xoxota e encontraram a passagem para o seu interior, colocando dois dedos e começando a movimentá-los dentro dela, enquanto o polegar fazia pressão e se movimentava sobre o grelinho. Os gemidos agora eram contínuos e ela se viu obrigada a usar a outra mão para cobrir sua boca.
Com uma coragem que ela jamais imaginou possuir, livrou-se do short e da calcinha e voltou a se dedicar àquela deliciosa masturbação.
Joelma acordou logo nos primeiros gemidos de Dora, mas optou por fingir que ainda dormia enquanto prestava atenção nos ruídos atrás dela, pois como estava deitada de lado e voltada para o outro lado, não via o que acontecia com sua amiga, porém, não precisava usar de sua imaginação para saber o que se passava. Isso fez com que ela ficasse louca de tesão e sentiu sua buceta tremer de desejo. Então, sem aviso prévio, levantou o dorso enquanto se virava para ficar sentada e olhou para Dora que, assustada ao ver que acordara a amiga, tentou-se desculpar dizendo:
– Oh! Desculpe eu... eu... não queria te acordar. Oh! Meu Deus! O que eu estou fazendo? O que você não vai pensar de mim agora?
– Tirando o pensamento de que você é uma mulher muito linda, mais nada. Mas posso tentar.
Dizendo isso, Joelma levou sua mão e segurou o pulso da mão de Dora que ela agora usava para tentar esconder sua xoxota e a puxou com força. A amiga ainda resistiu, mas Joelma usou toda a energia necessária para vencer a resistência dela e trouxe a mão da outra até sua boca. Em seguida, enfiou dois dedos dela na boca e sugou, sentindo imediatamente o delicioso sabor daquela bucetinha sedenta enquanto exultava ao perceber que Dora parara de resistir.
– Linda, muito linda e gostosa. Que delicioso seu suquinho meu amor.
– Não fala assim, Joelma. Estou morrendo de vergonha.
– E eu morrendo de vontade. Quero mais.
Mal acabou de dizer, Joelma largou a mão de Dora e levou a sua própria até o meio das pernas dela e começou a tocar com carinho e suavidade até que a outra, sem forças para resistir, abriu mais as pernas favorecendo aquela invasão.
– Não faz isso comigo, por favor! – Pediu Dora com uma voz tão dominada pelo desejo que parecia dizer o contrário.
Joelma, com os dois dedos se movimentando dentro da buceta da amiga e o polegar fazendo movimentos circulares em seu grelinho ficou sem dizer nada por um tempo e, quando fez, foi para provocar:
– Não faz o que? Você quer que eu pare? Se quiser é só avisar que eu não só paro, como saio daqui e vou dormir no chão da sala.
– Não... Não faz isso.
– Tudo bem. Desculpe por isso, mas eu não resisti. – Disse Dora retirando a mão da xoxota da amiga e fazendo menção de se levantar da cama.
– Não... Não é isso... Eu quis dizer para você não... não...
– Não o que, menina? Desembucha logo.
– Por favor, não pare. Faça o que quiser comigo.
Aquilo não era um pedido. Era uma ordem. Ordem essa que foi obedecida imediatamente com muitos bônus. O primeiro foi que, no momento em que voltou a tocar a buceta de Dora, Joelma puxou a cabeça dela para perto e começou um beijo depravado em sua boca, com sua língua devassando todo o interior como se precisasse se alimentar daquela saliva. Logo a seguir, sua mão livre procurou pelos seios dela que foram acariciados com um misto de avidez e carinho.
Com a ajuda de Dora a Joelma a livrou da camiseta que usava se encarregando ela mesma de puxar com pressa o short juntamente com a calcinha deixando-a completamente nua. Como para tirar essas peças das roupas de Doralice ela ficou ajoelhada aos lados de seus pés resolveu começar por ali e beijou e chupou cada um dos dedos de seu pé direito e depois o esquerdo gastando vários minutos nessa tarefa enquanto a ouvia gemer e sentia seus movimentos, pois Dora perdera completamente o controle sobre seu corpo que se movimentava sem parar, ora rebolando para os lados, outras levantando o quadril enquanto se encarregava ela mesma de apertar seus seios com força excessiva tal o tesão que sentia.
Tamanho era o desejo de Dora que quando Joelma começou a subir com sua boca deslizando pelo peito do pé e depois o tornozelo e continuou avançando na clara intenção de não deixar que nenhum pedaço de seu corpo fosse beijado ela não aguentou e pediu:
– Por favor, não aguento mais, anda logo.
– Andar logo por quê? A gente não vai a lugar nenhum.
– Não faz assim comigo. – Implorou Dora.
Joelma, sorrindo, parou de beijar a perna direita de Doralice já na altura dos joelhos, levantou o rosto e falou sorrindo:
– É a segunda vez que você pede para que eu pare. Desculpe por insistir.
Sem conseguir se conter, Dora quase gritou:
– Sua idiota! Se você parar agora eu te mato.
– Calma garota. Controle-se. Assim você vai acordar seu filho.
Aquilo foi demais para Dora que, mesmo sendo de estatura quase vinte centímetros inferior a de Joelma, não se conteve e esticando os braços segurou firmemente em seus cabelos e a puxou para cima dela com suas bocas se encontrando em um beijo apaixonado. Não se sabe se no intuito de se vingar de Joelma por ter interrompido os carinhos ou se impulsionada por seu desejo levou a mão até o bico do seio que estava exposto e o apertou com toda a força que conseguiu fazendo com que a outra se controlasse para não gritar, porém, o efeito foi imediato, pois imediatamente a loira também se descontrolou e o que eram gestos de carinhos de repente parecia mais uma luta em que cada uma pretendia dominar à outra.
Foi Joelma que, usando seu peso, venceu aquela disputa conseguindo inverter a posição e ficando por cima de Dora sem que, em nenhum momento, suas bocas se descolassem. Somente quando viu que a outra parara de se debater que Joelma descolou sua boca da dela e começou a deslizar para baixo. Beijou o pescoço, os seios onde ficou mais tempo alternando entre beijos carinhosos e chupadas mais agressivas antes de continuar sua viagem com destino ao túnel do prazer de sua parceira.
Depois de beijar e explorar o umbigo de Dora com sua língua áspera e ágil, ela continuou descendo, beijou os pelos fartos, porém, quando estava a centímetros de seu grelinho, desviou sua boca para o lado e continuou descendo fazendo com que a morena agisse novamente. Em um ímpeto que nem ela mesma sabia que possuía, Dora agarrou novamente os cabelos de Joelma e forçou a cabeça dela de encontro à sua buceta. Joelma deu um leve beijo nos grandes lábios e depois lambeu de cima para baixo até chegar ao grelinho, provocando um espasmo no corpo de Doralice que levantou o quadril pressionando sua xoxota ao encontro da boca da amiga. Percebendo isso Joelma levantou a cabeça, olhou nos olhos dela e disse:
– Quem é a safada agora?
– Puta que pariu Joelma. Não seja sacana. Me chupa vai
– O que você falou?
– Por favor, me chupe.
– Chupar o que? Chupar onde?
Dora finalmente entendeu o que Joelma pretendia. A loira não estava brincando e sim trazendo a amante para um clima onde o desejo fosse expresso de forma mais clara e safada, coisa que ela não vivenciara nem mesmo com os momentos mais tórridos que vivera com Richard. Então ela deixou de lado o último resquício de pudor e falou alto:
– Chupa minha buceta sua safada. Chupa e me faça gozar como a puta que você é.
Joelma que, segundo já havia confessado, adorava uma sacanagem, resolveu finalmente fazer com que a parceira tivesse seu primeiro orgasmo e atacou sua buceta com sua língua que parecia ligada a uma rede de alta tensão, tamanha a velocidade com que alternava o toque forte no grelinho duro de Dora como em penetrar de forma intensa a buceta sedenta que há mais de dez anos não era tocada por ninguém.
Não demorou muito para que Dora gozasse ruidosamente sem nenhuma preocupação se ia ou não acordar o filho. Aliás, ela nem se lembrou de que tinha um filho até que, quando seu orgasmo a atingiu de forma fulminante ela fechou os olhos e viu mais uma vez a imagem de Richard parado ao lado da cama e sorrindo para ela e, como das outras vezes, a música que sempre ouvia quando ele aparecia havia mudado.
Dora, enquanto viajava perdida entre as nuvens para as quais seu orgasmos a levara, ouvia na voz de Richard a música que os unira. Parecia vir de longe, muito longe, mas entrava por seus ouvidos e atingia sua mente, se misturando com o turbilhão de emoções que o gozo que estava tendo lhe proporcionava: EVERTHING I DO (I DO IT FOR YOU).
A noite de sexo entre Doralice e Joelma foi tão intensa quanto extensa. Elas passaram horas se dedicando a proporcionar prazer uma à outra. Depois de gozar pela segunda vez na boca de sua amiga, Dora começou a beijar seu corpo e começou a se deslocar em direção à sua buceta e quando ficou claro que esse era o seu destino a Joelma segurou sua cabeça e falou:
– Você não precisa fazer isso querida. – Sua voz soou clara e contida, mas incisiva, demonstrando que ela falava sério.
Porém, isso de nada adiantou, pois sem olhar para ela, Dora respondeu:
– Você fala assim porque acha que estou fazendo isso por você. Está errada. Vou fazer sim e vou fazer por mim. Porque é exatamente isso que eu quero fazer agora.
Aquela declaração soou tão sincera que Joelma apenas se entregou aos carinhos de sua amante, gozando horrores.
Na manhã seguinte foram acordadas por Ricardo. Joelma, sendo a mais lúcida das duas, despertou Dora de um breve sono depois que elas tinham gozado pela última vez esfregando suas bucetas e lhe disse com voz calma:
– Toma querida. Vista as roupas. – Enquanto falava estendia as peças da roupa de Dora que juntara antes de acordá-la.
– Não quero. Está tão bom sentir o calor da sua pele junto à minha.
– Também gosto muito. Mas você já pensou se a gente pegar no sono e o Ricardo entrar aqui de manhã e nos encontrar nuas e abraçadas?
Foi argumento suficiente para convencer Doralice que obedeceu sem reclamar. Assim, quando entrou no quarto para chamar a mãe que, pela primeira vez na vida não estava em pé e com o café da manhã pronto a esperar que ele acordasse e a chamou, mas quem acordou primeiro foi Joelma que, ao ver o garoto ali e sabendo que ele tinha que se dirigir até a escola falou:
– Deixe sua mãe dormir. Ela dormiu muito mal essa noite.
– Mas, eu vou me atrasar para a escola. E estou com fome.
– Eu te levo na escola e a gente passa na padaria e você come um lanche.
Comer um lanche na padaria era algo que Ricardo não ia recusar e concordou de pronto. Joelma pediu apenas para que ele esperasse fora do quarto até que ela trocasse de roupa, mas como ele disse que ela não podia demorar, pois senão chegaria atrasado à escola, ela apenas tirou a camiseta e vestiu uma camisa de mangas compridas e, ainda trajando o short que usara para dormir, foi cumprir a promessa feita ao garoto.
Quando retornou, encontrou Doralice preocupada por ter perdido o horário e pensando que seu filho tinha ido para o colégio sem se alimentar, mas depois de ser informada que Joelma tinha cuidado desse detalhe, apenas a censurou por oferecer a ele um lanche que não era nada saudável, principalmente quando ficou sabendo que ele, em vez de um copo de leite ou suco, optara por tomar um refrigerante.
As duas então começaram a se falarem em uma conversa que no início parecia mais uma DR, com a Dora adotando uma atitude defensiva e até se desculpando pelo que acontecera durante a noite, enquanto Joelma minimizava o que acontecera e começou a provocar à morena, o que deu os resultados que ela esperava, pois aproveitando que Ricardo não estava em casa, não demorou em que ambas estivessem na cama entregando-se às atividades do amor cantado por Safo em suas poesias publicadas na Ilha de Lesbos.
Naquele dia Doralice não foi trabalhar, tendo apenas telefonado para seu escritório e ordenado à sua secretária que não assumisse nenhum compromisso para o mesmo dia. O dia seguinte seria um final de semana e elas se comportaram durante o dia na presença de Ricardo, porém, as noites foram rechegadas de amores tórridos com muito prazer para ambas.
Joelma viajaria no meio daquela semana e, quando chegou o dia, partiu prometendo que em breve estaria de volta, deixando Doralice novamente presa às suas recordações do passado, agora com o acréscimo de sua relação lésbica com Joelma. Porém, todas as vezes que se sentia incomodada com algo que era tão fora dos padrões que sempre norteara sua vida, a noite sonhava com Richard como se ele estivesse aparecendo apenas para lhe dar apoio e dizer que aquela era sim uma escolha diferente, mas nem por isso errada ou condenável.
Quando chegou o dia em que Joelma avisara que estava chegando para visita-la ela ficou nervosa sem saber como reagiria. Porém, naquela noite ela sonhou com Richard. Parado ao lado de sua cama ele a olhava de forma carinhosa e não dizia nada, enquanto a música que sempre o acompanhava se desenrolava na cabeça da mulher:
'Cause I have found a dream that must come true
Porque eu encontrei um sonho que deve se realizar
Every once of me must see it through
Cada parte de mim precisa ver acontecer
But you are my only
Mas você é meu único
I'm sorry I don't have a role for love to play
Desculpe, mas eu não tenho um papel para o amor interpretar
Hand over my heart, I'll find my way
Entregue meu coração, eu encontrarei meu caminho
I will make them give to me
Eu os farei dá-lo a mim
Immortality (oh, baby)
Imortalidade (oh, amor)
There is a vision and a fire in me (ooh)
Há uma visão e uma chama em mim (ooh)
I keep the memory of you and me inside
Eu guardo a lembrança de nós dois aqui dentro
We don't say goodbye (we don't say goodbye)
Não dizemos adeus (não dizemos adeus)
With all my love for you
Com todo meu amor por você
And what else we may do
E o que mais podemos fazer
We don't say goodbye
Não dizemos adeus
De repente o sonho mudou. Ela continuou sim a ver a imagem serena de Richard, porém, ao seu lado havia um casal de pessoas mais velhos que ele e Dora logo reconheceu que se tratavam dos pais dele. Então, a voz dele soou clara como nunca fora antes, mas ele disse uma única frase:
– Meus pais precisar muito de Richard agora. Vá lá ver eles.
Doralice acordou com aquela frase na cabeça. Qual seria o motivo dela ter sonhado com uma bobagem dessas. Ficou tão incomodada com aquilo que foi a primeira coisa que contou para Joelma, o que lhe custou muito tempo, pois para que ela entendesse do que se tratava, precisou antes fazer um relato de todas as aparições de Richard em seus sonhos. Joelma, como sempre a mais prática, duvidou do que ouvia, mas mudou de ideia no momento em que foi informada da única vez em que Richard apareceu sem que Dora estivesse dormindo, que foi quando as duas se entregaram sexualmente uma a outra pela primeira vez.
Essa conversa não parou por aí. De repente, tomada por uma curiosidade enorme por um assunto que nunca levara a sério, Joelma insistia em saber detalhes desses sonhos e acabou se convencendo que o Richard sempre se manteve por perto de Doralice e, melhor ainda, ao analisar a aparição dele durante a transa, ficou convicta de que ele aprovava aquela união.
A outra novidade foi a que Joelma havia se demitido do seu emprego na cidade onde morava e estava disposta a vir residir junto com Dora que a princípio ficou preocupada com os efeitos negativos que uma relação homossexual dela com Joelma pudesse causar ao seu filho. Mas era só isso que a incomodava, pois o fato de ter Joelma por perto todos os dias a deixou excitada.
Joelma permaneceu naquela cidade por vinte e três dias. Em todos esses dias as duas esperavam apenas que Ricardo dormisse para se entregarem uma à outra. Durante o dia, entretanto, elas mantinham a aparência e se portavam apenas como grande amiga e, nesse tempo, a conversa estava quase sempre voltada para o último sonho de Doralice que, para ela, desejava que o filho fosse morar com os avós nos Estados |Unidos, o que ela não admitia sequer pensar em ficar longe do filho.
Até que, faltando dois dias para retornar a cidade onde morava para buscar suas coisas, pois já havia conseguido um emprego e, quando retornasse, seria de forma definitiva, Joelma voltou ao assunto e convenceu Doralice a ir para os Estado Unidos. O argumento usado por ela era de que ela precisava apenas saber como viviam os pais de Richard e qual o motivo dele, em sonho ter demonstrado sua preocupação com os dois idosos.
Com muito custo, Dora acabou sendo convencida e, como as férias de julho estavam se aproximando, ela prometeu que viajaria nessa época.
Informações sobre a música:
"Immortality" é uma canção gravada pela cantora canadense Céline Dion para seu quinto álbum de estúdio em inglês, Let's Talk About Love. Foi lançado em 8 de junho de 1998 fora dos Estados Unidos. Contém a participação do grupo The Bee Gees. [1]
"Immortality" foi composta pelos irmãos Barry Gibb, Robin Gibb e Maurice Gibb, os membros dos Bee Gees, especialmente para Céline Dion, e produzido por Walter Afanasieff. Uma versão demo da música com apenas os irmãos pode ser encontrada em álbuns posteriores dos maiores sucessos dos Bee Gees.
Há dois vídeos da música. No primeiro, dirigido por Scott Floyd Lochmus, mostra Céline Dion e Bee Gees no estúdio de gravação em 1997. Foi incluído como bônus no DVD Au cœur du stade. Um segundo foi dirigido por Randee St. Nicholas e lançado no final de Julho de 1998.
Obteve grande sucesso mundial; chegando a número 2 na Áustria e na Alemanha, a número 4 na Europa, a número 5 no Reino Unido e número 8 na Suíça. A canção alcançou o primeiro lugar inclusive nas rádios Brasileiras e Portuguesas.
"Immortality" foi disco de platina na Alemanha (para mais decópias vendidas), de ouro na Suécia, e prata na Françae no Reino UnidoImmortality tem uma versão brasileira chamada "Imortal" da dupla Sandy & Junior, lançada no álbum As Quatro Estações de 1999.