O traficante e eu - Uma história de superação - Capítulo Único
Foi um alívio quando o Fábio voltou para a casa dele, já não aguentava mais ele fazendo a caveira do Marcão. Além disso, eu estava cansado e precisando repousar a cabeça nalgum lugar. Fiquei por um tempo no sofá da sala que não se mostrou nem um pouco confortável, mas ao ouvir o Marcão murmurando alguma coisa no quarto fui ver se tinha acordado e se estava precisando de alguma coisa. Ele estava todo suado, se agitando como se estivesse tendo um pesadelo. Toquei a testa dele e ela estava quente; febre, pensei de imediato. Ao medir a temperatura ela estava realmente alta, e comecei a desconfiar dela ser o sintoma de uma infecção progressiva. Fiz tudo do que me lembrava para baixar a temperatura de uma pessoa, consultei no Google, eu pus em prática tudo o que estava ao meu alcance, havia amanhecido e a febre não cedia.
- Fábio, vem cá me ajudar! Precisamos levar o Marcão para um hospital, ele está piorando! – pedi, num tom de voz aflito.
- Nem a pau! Vamos acabar sendo presos lá mesmo! Foi um tiro, veado, se toca! A polícia vai ser acionada e que explicação você pretende dar para um ombro baleado de um traficante? – argumentou
- Então avisa alguém da família dele, você sabe onde ele mora. Pede para algum familiar vir até aqui e o levar ao hospital. – propus.
- O Marcão mora sozinho! Nunca soube se ele tem família por aqui.
- Como assim, não tem família?
- Não sei se não tem, bicha! Falei que aqui na favela ele não tem parentes, mora sozinho. – respondeu
- E o que eu faço agora? Não dá para ele continuar aqui no estado em que está!
- O que foi que eu te disse ontem, antes de você abrir a porta e o deixar entrar. Pior, de inventar de tratar dele. Eu quero só ver quando sua mãe chegar no final de semana e encontrar o traste baleado deitado na tua cama. – observou
- Ela não vem para casa esse final de semana, os patrões vão dar uma daquelas festas e pediram para ela fazer um extra. Mas, não é isso que importa! Temos que levar ele para receber atendimento médico, é nisso que vamos focar por agora. – respondi
- Temos, virgula! Eu estou fora! Não quero ir parar na cadeia por conta desse safado! – isentou-se.
- Ainda bem que estou descobrindo quem você é na verdade! Um egoísta, um cagão, um insensível incapaz de ajudar alguém necessitado. – devolvi irado.
- Nem vem com lição de moral, não vai colar! Quer se foder por conta dele, vá em frente, mas sem mim! – eu não tinha mais tempo a perder com aquela discussão, precisava agir.
Chamei um Uber e com a ajuda do motorista, aliás, um tesão de macho quarentão, o colocamos no carro e fomos ao Pronto Socorro mais próximo.
- Nome do paciente? - perguntou a recepcionista para fazer a ficha.
- Marcos ... Marcos Mendonça de Barros! – eu acabava de batizar o Marcão, seja lá qual fosse seu nome verdadeiro, com o meu sobrenome.
- Documento!
- Dele não tenho, acabamos de ser assaltados, levaram a carteira dele com todos os documentos. Tenho os meus, ele é meu irmão. – minha cabeça trabalhava a mil para criar uma estória plausível.
- O que aconteceu? – a calma e lerdeza com a qual aquela cretina preenchia os dados na tela de um computador estavam acabando com a minha paciência.
- Ele levou um tiro durante o assalto! No ombro, e perdeu bastante sangue. – fui falando.
- Foi feita ocorrência policial? – aí cheguei ao meu limite.
- Sim, fizeram um BO, já prenderam os assaltantes, eles foram presos e julgados e até já estão cumprindo pena! Cacete, moça! O que você acha que eu procurei primeiro, a polícia ou um lugar onde ele possa ser atendido? Ele está precisando de um médico, não de um policial, entendeu! – retruquei elevando a voz
- Mas o fato precisa ser comunicado às autoridades policiais! – exclamou a cretina
- E enquanto isso ele morre, é isso? Eu mesmo vou chamar a polícia, mas para exigir que ele seja atendido imediatamente. Também vou chamar jornalistas, a TV, o escambau se for preciso, para denunciar essa negligência toda! Tá satisfeita! – berrei
Cinco minutos depois o Marcão estava sendo atendido por um médico. Precisei inventar mais algumas mentiras, pois ele constatou que o ferimento não era tão recente quanto eu queria fazê-lo crer. Porém, o atendimento prosseguiu apesar da desconfiança dele. O médico era bastante jovem, devia ter concluído a residência há pouco tempo, e tinha sido escalado para plantões desgastantes naquele hospital público. Não demorei a constatar que o que ele tinha de inexperiente no campo médico, tinha de safado e veterano no sexo, pois não tirava os olhos da minha bunda e, pela maneira como eu me empenhava em conseguir ajuda para o Marcão, ele desconfiou que ele devia ser meu macho. A partir daí, comecei a jogar charme para cima dele, elogiando sua habilidade, sem mesmo saber se ele estava fazendo tudo certo. Eu precisava conquistar a confiança dele e, principalmente, sua ajuda, mesmo que isso significasse ficar lançando olhares lascivos como se quisesse constatar o tamanho da pica dele. Me saí tão bem, que ele internou o Marcão e naquela mesma tarde foi feito um procedimento cirúrgico para debridar o tecido comprometido pelo projétil e ocluir a ferida. Pude ficar na enfermaria com ele após a cirurgia, onde teria que passar a noite e talvez um ou dois dias mais. Acabou sendo mais rápido do que o previsto, 36 horas depois o Marcão recebia alta. Estava mais desperto e tinha recuperado a cor e aquele semblante astuto.
- Obrigado! – agradeceu, quando voltávamos para casa.
- Não foi nada! Fico contente que esteja bem! Teve uns momentos em que fiquei com medo de você piorar, tenho que confessar! – devolvi
- Você é um cara muito legal, Felipe! Legal e lindo! – exclamou, pegando na minha mão, que retirei tão depressa como se tivesse tomado um choque. Ele apenas sorriu.
- Quem da sua família vai cuidar de você? Precisa trocar esse curativo todos os dias, não pode molhar durante o banho e precisa tomar esses medicamentos. Eu posso ensinar para quem vai fazer o que o médico me explicou.
- Não se preocupe com isso, eu dou um jeito sozinho! Não tenho nenhum familiar aqui. – respondeu.
- Então você fica na minha casa, eu cuido de tudo!
- Não precisa, sério! Eu me viro!
- Como, se mal consegue mexer o braço? Você vem comigo e ponto! – ele voltou a sorrir, tornou a pegar na minha mão que, desta vez, não retraí.
Acomodei-o novamente na minha cama para que descansasse, não sei porque me sentia tão feliz por ter um homem deitado nela, especialmente um homem tesudo como o Marcão.
- Onde você se enfiou, bicha? Por que não responde as minhas ligações? Mandei uma porrada de mensagens e você não dá sinal de vida! Levou o traste? – perguntou o Fábio quando veio ter comigo.
- Porque estou puto com você, sua traíra! Já mandei você parar de chamar o Marcão de traste! O único traste aqui é você! – revidei zangado. – Levei ele, sim. Levei e ambos estamos aqui ilesos, ninguém foi preso, se te interessa saber, seu cagão de merda!
- Eita, que você nunca falou assim comigo! – queixou-se
- E provavelmente nem vou continuar falando! Quando pedi sua ajuda você pulou fora. Mas, como você ainda me deve zilhões de favores, me leve até a casa do Marcão, preciso buscar umas coisas que ele vai precisar enquanto estiver aqui.
- Como é, você trouxe ele para cá de novo? Tu é burra, bicha? Está caçando encrenca, depois não diga que eu não avisei!
- Trouxe ele sim! Ele está no meu quarto descansando para se recuperar da cirurgia, e vai ficar uns dias até poder se virar sozinho. E não sou burro, sou solidário! Algo que você desconhece. – retruquei. – Vamos, me leve até a casa dele!
- Onde ficou seu medo de subir na favela? Perdeu? A casa dele fica bem no alto, vai ter que passar por uns becos sinistros, já vou avisando! Você se apaixonou por aquele tra ... por aquele ... aquele sujeito! Escreve o que vou te dizer, isso vai dar merda! – sentenciou.
- Perdi o medo sim, é por uma causa justa! E daí se estou gostando dele? Qual é o problema, ou você ainda está fim dele e quer que eu desista? – perguntei.
- Já te falei, não estou a fim dele! Pode ficar com o tra ... com o Marcão todo para você, faça bom proveito!
Nisso ouço o Marcão me chamando e vou ver o que ele quer. Curioso, o Fábio segue uns passos atrás de mim.
- Ah, já que também está aí, peça o Juninho do bar para acompanhar o Felipe até a minha casa, não vai ter erro! – disse, dirigindo-se ao Fábio.
- Você deveria poupar o Felipe dessa coisa toda, ao invés de envolvê-lo nas tuas falcatruas! Ele não merece um traste feito tu! – respondeu o Fábio.
- Vá à merda, invejoso! Vai fazer o que te mandei, anda! Quando eu estiver melhor nós dois vamos ter uma bela conversa, e tenho certeza que você não vai gostar! – ameaçou o Marcão
- Vocês vão começar a brigar de novo? Se isso continuar, boto os dois para fora da minha casa! – asseverei.
- Bem, isso tem que ficar para depois! Tenho um compromisso agora e já estou atrasado, quando eu terminar passo aqui e te acompanho até a casa do Marcão. Talvez, até lá, tenha entrado um pouco de juízo nessa sua cabeça oca e você desista dessa ideia. – comunicou o Fábio, me deixando novamente a sós com o Marcão.
Desde a noite em que levou o tiro, o Marcão não havia tomado um banho descende, apenas uma limpeza suficiente para remover todo o sangue que lhe cobrira parte do corpo. Incomodado, ele me perguntou se podia se banhar, e eu disse que o ajudaria nessa tarefa. Aqui não vou me fazer de santo, eu estava louco de vontade de revê-lo nu, como veio ao mundo, só acrescido de todas aquelas características sensuais que o tempo lhe acrescentou. Ele provavelmente sacou a minha intenção, e viu naquilo uma oportunidade de me seduzir.
- Tem certeza? Não precisa se dar a esse trabalho, eu já estou trazendo muitos transtornos para você, e nem sei como agradecer. – sentenciou, jogando todo seu charme irresistível para cima de mim.
- Claro! Lembra do que o médico disse – não molhar o curativo por alguns dias – vamos usar o chuveirinho da ducha para não cair água sobre a ferida e eu te ajudo no que for preciso. – retruquei.
Com apenas uma mão, tirar a camiseta já se mostrou dificultoso, e precisei tirá-la para ele. O mesmo se deu com o jeans, ele o desabotoou e abriu o zíper da braguilha, dali em diante eu o ajudei, puxando-o pernas abaixo. O caralhão saltou praticamente sozinho para fora, como um bicho que se vê repentinamente livre da gaiola, pois ele estava sem cueca.
- Quase nunca uso cuecas, elas confinam, apertam, sempre criei o bicho solto, é mais confortável! – disse ele, se justificando por aquele troço enorme ter caído sobre a minha mão.
- Não é à toa que cresceu tanto! Minha virgem santinha dos cuzinhos desvalidos, quase tenho uma síncope cada vez que me defronto com esse pauzão! – sussurrei baixinho para mim mesmo para não dar bandeira do quanto aquele caralhão me impressionava.
- O que você disse? Tem alguma coisa errada? – questionou, pois não distinguiu minhas palavras.
- Nada! Nada, não! Não tem nada errado! – respondi de pronto. – Vamos tratar de continuar, antes que eu perca o juízo de vez! – emendei, novamente num tom de voz tão baixo que não lhe permitia entender o que eu dizia.
Ele se divertiu com meu constrangimento diante de sua nudez portentosa e máscula, sabia que meu corpo devia estar em polvorosa querendo se unir ao dele, querendo sentir todo aquele potencial vibrando dentro dele, mas sendo obrigado a se mostrar controlado e sereno. Ele se ensaboava com uma só mão, enquanto eu guiava o chuveiro sobre o corpo dele, poupando o ombro ferido. Como não conseguia alcançar todas as regiões, eu ensaboei as inatingíveis para sua mão sadia. Minha mão tremia demonstrando o que estava acontecendo com todo meu corpo, e isso deu ao Marcão a certeza de que eu estava a um passo de capitular, de me render ao seu assédio, e de me deixar possuir por sua tara. Propositalmente, e para me deixar ainda mais desconcertado, ele cobria minha mão que o ensaboava com a dele, e a levava lenta e progressivamente em direção os genitais, fazendo-a mergulhar naquele matagal de pentelhos para tocar e massagear o sacão pesado, onde os dois colhões cavalares deslizavam de um lado para o outro. Nem minha saliva eu conseguia engolir, tamanho o tesão que me agitava até os ossos. A benga gigantesca roçava minha mão e minha vontade era a de acariciar aquela carne coberta por um emaranhado de veias calibrosas.
- Sua mão é tão leve e macia, eu podia viver a vida toda sentindo a delicadeza dela me acariciando. – ronronou ele, num tom de voz rouco, para se tornar mais sensual.
Eu não saberia explicar o que estava acontecendo com o meu cuzinho, pois ele estava se comportando tão devassamente como eu nunca tinha sentido. Contudo, esse comportamento libidinoso só podia significar que ele estava louco de vontade daquela benga se alojar dentro dele. Homem algum tinha me despertado tantas sensações inusitadas, tinha me dado tanto tesão quanto o Marcão safado que se aproveitava da minha inocência virginal para cobrir seu corpo nu e molhado de carícias. De uma hora para outra, o cacetão começou a encorpar, as veias dilatavam, o prepúcio que cobria uma pequena parte da cabeçorra se retraiu e a expôs, roxa e insuflada, como o braço de um guindaste, o corpo grosso do caralhão começou a se alongar e empinar bem diante das minhas vistas. Cheguei ao limiar da minha resistência, aquilo não podia continuar, ou eu acabaria arrancando as minhas roupas e dando o cu ali mesmo. Soltei-o bruscamente.
- Pronto! Aqui está a toalha, vá se enxugando que eu vou aproveitar e trocar os lençóis da cama. – disse, saindo correndo dali.
- Acho que não consigo alcançar todas as partes, preciso de mais um pouco de ajuda! – exclamou ele, doido para sentir minhas mãos deslizando por seu corpão.
- Depois, depois eu enxugo onde você não alcançou! – devolvi, pois não tinha condições de ficar nem mais um segundo olhando e tocando no corpão daquele macho tesudo. Eu precisava respirar, precisava de ar, muito ar, uma vez que ali não havia o suficiente.
Como ainda não tinha ido pegar mais algumas roupas na casa dele, esperando o Fábio voltar do tal compromisso, o Marcão se deitou pelado sobre a roupa de cama recém trocada. Cobri-o apenas com um lençol enquanto fazia a troca do curativo. Ele apenas me encarava, sem dizer nada, tinha um brilho doce e cobiçoso no olhar que acompanhava cada um dos meus movimentos.
- Você é tão carinhoso, Felipe! Já cuidou de alguém doente? Porque parece saber muito bem o que está fazendo, e com um zelo como nunca vi igual. – disse ele, me deixando constrangido e atrapalhado.
- Não, nunca cuidei de nenhum ferido, você é o primeiro, por isso sou tão desajeitado! Espero que não esteja te machucando. – devolvi.
- Não, não está! Só está me dando prazer! – retrucou, empurrando o lençol que cobria suas partes pudendas e exibindo seu falo excitado à meia-bomba.
- O que é isso Marcão? – indaguei perplexo diante do caralhão impulsivo endurecendo obstinadamente.
- É o tesão que sinto por você, Felipe! Eu te quero! Seja meu, Felipe! – respondeu ele, segurando minha mão e a levando novamente ao cacete pulsante.
- Você está se restabelecendo, não deve fazer esforços! – considerei, embora jamais houvesse uma restrição nesse sentido.
- Mas se você vier me beijar, se colocar minha pica na boca e me fizer um boquete, eu não estarei fazendo esforço algum e poderei te sentir, quero sentir tua pele tocando a minha, Felipe! – encarei aqueles olhos cheios de ternura, apesar de selvagens e intrigantes, e me rendi.
Inclinei-me vagarosamente sobre ele até nossas bocas se tocarem, o braço sadio me apertou contra o torso dele, enquanto ele enfiava a língua na minha garganta. Envolvi o rosto barbado dele nas minhas mãos e retribuí seus beijos lascivos carregados de desejo. Meus dedos percorriam o contorno do rosto dele, tocando-o delicadamente num roçar exploratório, como se eu precisasse me cientificar da beleza e da masculinidade que ele expressava. O Marcão pegou uma das minhas e a beijou com seus lábios úmidos, levando-a vagarosamente até a virilha e me fazendo pegar no cacetão melado dele. O ar do quarto ia se impregnando do cheiro almiscarado e adstringente do pré-gozo dele, que escorria da cabeçorra melando o caralhão e os pentelhos.
- Chupa! – pediu num sussurro rouco.
Eu nunca tinha chupado uma pica, não tinha a menor ideia de como se chupa um cacete para dar prazer ao macho. Titubeando e com as mãos trêmulas pela excitação, fechei os dedos ao redor da jeba que latejava e aproximei meus lábios da cabeçorra até eles ficarem molhados de pré-gozo. Fui abrindo a boca e, aos poucos, colocando a glande para dentro, chupando e sorvendo aquele fluido como se fosse um pirulito. O Marcão gemeu, rouca e profundamente.
- Chupa, Felipe! Chupa meu cacete, moleque!
Foi o que eu fiz. Com aquele visgo saboroso entrando na minha boca e se mesclando a minha saliva, eu o sugava e sorvia deglutindo tudo. O pauzão crescia mais vertiginosamente do que antes, mal conseguia posicioná-lo de tão rijo que ficou. Lambi-o da chapeleta até o saco, mordiscando aquela carne quente que não parava de vibrar. O Marcão se contorcia deitado na cama, abria as pernas musculosas e peludas expondo seu dote gigantesco, agarrava meus cabelos e forçava meu rosto para dentro da virilha, o que fazia a pica chegar até a minha garganta e me sufocar. Eu apertava as pernas dele quando ficava sem ar, e ele me soltava por não mais do que alguns segundos antes de voltar a enfiar o caralhão na minha garganta, como se estivesse me fodendo. Ele arfava e erguia as ancas com a minha cabeça metida entre suas pernas, enquanto eu chupava devotamente o falo intrépido.
- Caralho Felipe! Engole minha pica, engole! Me faz gozar, Felipe! Quero gozar na sua boca, quero ver você engolindo minha porra! – grunhia ele, enquanto minha boca trabalhava o cacetão com afinco.
Como a minha mão estava apoiada sobre o ventre dele, senti quando ele se retesou e engoli o máximo que coube do cacetão sentindo-o latejar antes do primeiro jato de esperma encher minha boca, escorrendo quase diretamente garganta abaixo. Rugindo feito um leão, o Marcão deixava o gozo fluir, jato após jato, que eu ia engolindo deleitado com seu sabor amendoado e viril.
- Delícia, moleque! Você nasceu para isso, Felipe! Nasceu para ter um macho para cuidar e amar, eu quero ser esse macho. Quero sentir você mamando meu leite, quero sentir você cuidando da minha rola e me dando prazer como o que acabou de me proporcionar. – disse ele, me puxando contra o peito maciço e quente dele.
Parecia que eu estava flutuando em êxtase, o cheiro daquele macho e seu sabor tinham se impregnado em mim, até parecia um sonho. Dava para sentir e ouvir o coração dele batendo forte e excitado quando deitei minha cabeça sobre o tronco peludo e quente, que subia e descia cadenciadamente a cada inspiração e expiração que ele dava. O braço dele me envolvia e sua mão inquieta deslizava para debaixo da minha camiseta. Não demorou e ele me pediu que me despisse, queria me ter nu em seus braços, queria sentir minha pele roçando na dele. Percebi que já não seria mais capaz de negar nada a ele. Tirei a roupa e, timidamente, voltei a me aproximar do corpão dele. Nos beijamos por um bom tempo, cada vez mais lasciva e intempestivamente. A mão dele desceu pelas minhas costas, acariciou minhas nádegas e se insinuou no meu reguinho quente e liso, só parando quando seu dedo encontrou minha rosquinha anal piscando de tanto tesão.
- Está com vontade de dar para mim, não está? Dá para sentir teu cuzinho pedindo pica. – murmurou ele. Eu concordei com um aceno de cabeça, pois tinha vergonha de admitir que queria ser enrabado, isso faria de mim um veado de verdade, um gay que já não escondia sua vontade de dar o cu.
O Marcão ficou me dedando o cuzinho movimentando em círculos aquele dedo devasso que explorava minha intimidade num descaramento explícito. Eu gemia alto e assanhado de tanto prazer, sentindo pela primeira vez algo se mexendo dentro do meu cuzinho apertado. Ele me perguntou se eu estava gostando, e enfiou o dedo todo lá para dentro, não consegui responder, só gemi mais alto assinalando meu prazer.
- Quero foder teu cuzinho, Felipe! – exclamou, com o cacetão tão duro quanto uma barra de ferro roçando minha coxa.
- Estou com medo! Dizem que dói muito dar o cu! – devolvi, expressando meu receio.
- Só um pouco, no começo, depois você se acostuma! – afirmou, tentando me encorajar. – Façamos o seguinte, como é a sua primeira vez, e como eu estou impossibilitado de te pegar de jeito, você senta nas minhas pernas e vai baixando devagar, no seu ritmo, o cuzinho sobre a minha pica. Quer tentar? Eu te ajudo, vem! – não pensei duas vezes.
De frente para ele, com as pernas abertas ao lado da cintura dele, fui baixando a bunda devagar, enquanto ele pincelava a cabeçorra babada sobre a portinha do meu cu. Minhas mãos estavam espalmadas sobre o peito dele, e eu o encarava fixamente, com medo e muito tesão. Ele me sorria tomado pela cobiça. À medida em que eu abaixava a bunda, o caralhão forçava a entrada distendendo minhas pregas numa dor quase insuportável.
- Não vou aguentar! – gemi, pois estava tão excitado que já não conseguia pronunciar as palavras, apenas gemê-las.
- Aguenta sim, vem descendo devagar e relaxa o cuzinho que ele vai se abrindo e encaixando na minha caceta. – ele falava como se fosse fácil, como se já tivesse feito isso inúmeras vezes; e eu, pelos relatos do Fábio, sabia que ele já devia ter perdido as contas de quantas bucetas e cus ele arregaçou.
Tentei mais uma vez, seguindo suas orientações. Estava baixando a bunda e a pica estava toda encaixada na portinha, ele deu uma arremetida brusca erguendo as ancas e enfiando a cabeçorra no meu cuzinho. Senti minha carne se rasgando e uma dor pungente se apossando de mim; gritei e tentei me erguer, mas ele, mesmo com apenas um braço, me segurou firme pela cintura e, antes que eu pudesse verbalizar qualquer coisa, estocou novamente o cacetão no meu rabinho estreito, me obrigando a soltar outro grito. Já não havia mais o que fazer, meu cabaço se foi, e aquela jeba impaciente queria entrar fundo em mim, arrebentando tudo que encontrasse pela frente.
- Ai Marcão! Ai meu cuzinho! Dói muito Marcão, por favor, não me machuque! – supliquei.
- Você está muito tenso, precisa relaxar esse rabinho apertado e me deixar entrar nele! O pior já foi, não tenha medo! – asseverou, me puxando para um beijo.
Fui me sentando e o caralhão deslizava para dentro de mim me dilacerando os esfíncteres por mais que eu os relaxasse; ele era grosso demais para um cuzinho tão estreito e virgem como o meu. Meus ganidos enchiam o quarto de uma atmosfera libertina, e deixavam o Marcão ensandecido de tanto tesão. Ele entrou todo em mim, era como se eu estivesse empalado por um poste que se cravou nas minhas entranhas. Dor e prazer eram uma sensação única e confusa. Ao mesmo tempo em que eu queria escapar da pica, meu cuzinho a queria encapar e aninhar. Eu quicava sobre as pernas dele, movendo os quadris como se estivesse cavalgando aquele mastro que me estocava e produzia prazeres com os quais nunca sonhei.
- Isso meu tesãozinho, aprendeu rápido! Cavalga teu macho, cavalga minha pica, Felipe! – grunhia o Marcão entredentes, socando fundo em mim me estourando por dentro, e se deleitando no prazer que eu estava lhe dando. O prazer superava a minha dor como que por encantamento.
Com o pinto balançando solto a cada galope, me esporrei inteiro, liberando os jatos de porra sobre a barriga do Marcão, o que o encheu de satisfação e o fez abrir um sorriso devasso. Ele colheu minha porra e a esfregou sobre os meus mamilos, colocando também parte dela na minha boca, quando chupei sensualmente os dedos que ele metia dentro dela. De repente, ele me agarrou novamente, socou o caralhão até o talo no meu cuzinho, pensei que ele fosse me rachar ao meio e, com o corpo estremecendo todo e o cacetão inchando nas minhas entranhas ele urrou, gozando e espirrando seu sêmen cremoso no meu cuzinho. Exaurido pelo esforço e pela dor, deixe-me cair por inteiro sobre a pica dele, e me inclinei para beijá-lo, pois não havia mais nada nesse mundo que eu mais queria do que sentir o sabor daquele macho. Ele me reteve após os beijos, afagou meu rosto e eu o dele, numa ligação que agora era real. Demorou um bom tempo para o cacetão dele abrandar dentro do meu cu, e ele não me deixou levantar até ele estar completamente flácido. Quando me pus em pé, minhas pernas tremiam, os espasmos iam fechando o rombo no meu cuzinho deixado pelo caralhão dele e, junto com uma ardência que se parecia com uma brasa entalada no rabo, minhas preguinhas rotas gotejavam sangue rutilante da virgindade perdida. Juntei rapidamente as pernas travando-as, mas o Marcão já tinha visto meu cabaço escoando no meio delas, fiquei com tanta vergonha que corei na hora, sem poder encará-lo, aquilo era a prova da minha viadagem.
- Não esconde, não! Você não podia estar mais lindo! Me deixa ver seu cuzinho desvirginado, deixa! Mostra para o teu macho que você entregou seu cabaço, mostra! – pediu ele, tomado de um prazer sem fim. Ele fez questão de enxugar aquele sangue misturado com um pouco de sua porra que vazou do meu cu, com os lenços umedecidos que lhe entreguei. Eu não podia querer mais nada daquele macho, que não aquele carinho que estava me dedicando.
O Fábio não apareceu como tinha prometido, para que fossemos buscar os pertences do Marcão na favela, o que o obrigou a continuar praticamente pelado o tempo todo. Ao que me pareceu, ele não estava nem um pouco incomodado com isso; constatar a maneira como eu não conseguia deixar de admirar sua nudez e seu dote avantajado estava sendo uma fonte de prazer inesgotável.
Ficamos vendo TV até tarde no meu quarto, com ele apoiando a cabeça no meu colo, onde meus dedos inquietos não conseguiam parar de fazer cafuné nos cabelos dele e, de vez em quando, na trilha de pelos que descia pelo tórax dele até a virilha, quando ele capturava minha mão e a levava até o peito. Eu nunca tinha sentido aquilo, uma conexão tão forte com outra pessoa, como se fizéssemos parte um do outro. Quando o sono bateu, eu me preparava para dormir novamente no sofá da sala e deixá-lo descansar na minha cama.
- Fica aqui comigo! Deite-se ao meu lado! Preciso de você! – disse ele, tirando o lençol que o cobria da barriga para baixo e me exibindo o caralhão buliçoso à meia-bomba.
- Não acha que já fez estripulias demais para um único dia? – questionei. – Melhor guardar suas energias para se recuperar mais rápido!
- Diga isso a ele! Vem cá, deixa ele entrar em você outra vez. – insinuou com um sorriso libertino
- Ainda estou todo úmido, e com o cuzinho ardendo! Não vou aguentar ele entrando em mim tão cedo. – argumentei
- Eu sei que você quer, que teu cuzinho, apesar de lanhado, também quer. Eu quero, meu cacete quer! Com todos querendo seria um desperdício não fazermos novamente. Vem cá, me dá um beijo e deita ao meu lado, eu coloco devagar, prometo! – devolveu, enquanto manipulava o caralhão, só para me atiçar. Tirei a bermuda do pijama e me deitei meio de lado, ele encaixou seu corpo às curvas do meu e meteu o cacetão do meu cuzinho, me fazendo ganir. Cerca de vinte minutos depois, ele se derramava no meu casulo arregaçado. Satisfeito e sonolento, adormeceu feito um anjo ressoando no meu cangote e embalando meu sono.
Já passava do meio-dia do dia seguinte quando resolvi ligar para o Fábio para saber porque não aparecia. Acabamos discutindo pelo celular mesmo, antes de ele aparecer com a maior cara lavada.
- O que se passa com você? Por que me deixou na mão ontem? Vá lá que não goste do Marcão, mas custa ser ao menos um pouco gentil diante da situação dele? – questionei
- E qual é a situação dele, estar no bem-bom sendo paparicado por você o tempo todo? Você nem lembra mais que eu existo! – respondeu acabrunhado
- Vai me dizer que está com ciúme? Era só o que me faltava! Um gay com ciúme do outro, só pode ser piada! – devolvi. – Ou será que estou enganado, você está com ciúme do Marcão!
- Não fala besteira, bicha! Já te disse que não estou nem aí para o Marcão! Quero que se foda! – esbravejou. – E você deveria fazer o mesmo, antes que seja tarde! – continuou
- Que seja tarde para o quê? Onde quer chegar com essa conversa sem sentido?
- Antes que aquele tra... antes que aquele cara te enrabe com aquela estrovenga gigante dele e tirei a sua virgindade; pois é isso que ele quer, não se iluda! Aquele desgraçado só quer o teu cu virgem, e depois de conseguir e te usar algumas vezes, vai te dar um pé na bunda como faz com todos que caíram na conversa mole dele. Me ouça, veado, antes que a desgraça aconteça! – avisou.
Não respondi, não sabia o que dizer, não queria que ele soubesse que já havia me entregado ao Marcão e gostado. Formou-se um silêncio. Um silêncio longo e constrangido demais. O Fábio não era ingênuo, era safo e pilantra o suficiente para interpretar aquele silêncio repentino.
- Não! Não acredito! Você e o Marcão .... – senti que ele não tinha coragem para prosseguir e mencionar o que ia na sua cabeça. – Você já deu o cu para aquele traste, bicha? Não pode ser! Nem faz três dias que o cara está na sua casa e você já caiu na lábia dele, já deixou ele meter no teu cuzinho virgem! Não acredito que você seja tão burra, bicha! – exclamava ele transtornado com a notícia.
- Para de me chamar de bicha o tempo todo! E pare de chamar o Marcão de traste, eu já te proibi! – determinei. – Ele estava ali, perto de mim, com aquela cara viril e mansa, olhar sereno, como um anjo com a asa ferida, eu não resisti! Aconteceu, o que eu podia fazer, simplesmente aconteceu! – retorqui
- Ah claro! Anjo de asa ferida, essa é demais até para mim! – ironizou. – Aconteceu! Aconteceu assim do nada, foi uma casualidade, como derrubar acidentalmente um copo em cima da mesa, como deixar cair algum líquido em cima de uma roupa que acabamos de vestir, como uma abelha se desviar de seu caminho e acabar entrando pela janela. Aconteceu, assim, só acontecendo! Seu corpo e o dele se juntaram, o pintão dele ficou alojado no teu cu assim casualmente, só aconteceu! – parecia que ele tinha perdido o juízo, de tanto que repetia a mesma ladainha.
- É, foi meio que assim mesmo! Não foi culpa dele, eu quis! – retruquei
- Claro que você quis. Você é um veado boboca, meigo, com essa carinha linda de fazer perder o fôlego e uma bunda que tira qualquer macho do sério, e onde se esconde um cu completamente virgem. Você acha que o Marcão não notou isso da primeira vez em que botou os olhos em cima de você e que, desde então, na cabeça dele não se passa outra coisa que não articular uma maneira de se apossar do seu rabo? Tenha santa paciência, Felipe! Depois não quer que eu te chame de bicha burra!
- Se eu fosse tão burro como você diz, você não precisava de mim para manter a sua bolsa de estudos! – devolvi. – Por que é tão difícil para você acreditar que eu gosto do Marcão? Não estou dizendo que estou apaixonado, nem que estou morrendo de amores por ele, eu simplesmente gosto, sei lá porquê! Tem algo nele que desperta um sentimento em mim que não sei definir. É por isso que o estou ajudando! – argumentei
- Eu sei o que é esse algo nele que virou a sua cabeça do avesso, é aquela estrovenga cavalar que ele tem no meio das pernas! Você está tão deslumbrado com ela que parou de raciocinar. Se é de uma rola monstruosa que você gosta, deveria dar o cu para um tatu-canastra, dizem que a benga deles têm 30 centímetros! Mas, esquece, eu desisto, não vou falar mais nada! Sua cabeça, seu guia! – revidou.
- Você só fala besteira! Eu lá quero saber o tamanho da pica de um tatu, para que serve essa informação? Não é só o cacete do Marcão que eu gosto! Tá certo, não vou negar que fiquei impressionado com aquele troço enorme! Mas, também não vou mais perder meu tempo tentando te explicar o que me atrai nele, você nunca vai entender!
Assim estremecidos, subimos o morro e fomos até a casa do Marcão pegar algumas roupas. Quando entreguei o bilhete que o Marcão havia escrito para o tal Juninho do bar na entrada da favela, percebi que ele atuava como uma espécie de porteiro que denunciava a presença de intrusos, que facilitava o acesso daqueles a quem era permitido subir o morro controlando aquele vaivém de pessoas que habitava aquelas vielas. Ele leu o bilhete e me encarou como seu eu fosse uma vadia qualquer procurando por um macho. Pegou o celular e minutos depois surgiram dois carinhas atrás de mim e do Fábio. Um deles eu reconheci pelas tatuagens no braço e tronco do dia em que fui à casa do Fábio e encontramos o Marcão acompanhado deles pelo caminho.
- Leve-o a casa do Marcão! Não precisa ficar esperando! – ordenou ao rapaz que, exatamente como fez naquele primeiro dia, me media da cabeça aos pés ajeitando a pica na bermuda enquanto seu olhar de peixe morto se fixava na minha bunda. – E você, veadinho safado, ainda tá me devendo uma mamada na caceta, não pensa que eu me esqueci! – disse, virando-se para o Fábio.
Fiquei imaginando o que levava o Fábio a se envolver com tipos como aquele, um homem de meia idade, sem nenhum atrativo, grosseiro mal-encarado quando ele podia estar com alguém bem mais apresentável e jovem; porém, não era o momento de questionar suas atitudes. Eu mal havia destrancado a porta da casinha de paredes pintadas de branco e janelas de alumínio anodizado preto, quando surgiu nem sei bem de onde, uma mulher na faixa dos trinta e poucos anos, com dois moleques pequenos no encalço dela. Tinha cara e jeito de puta, enfiada num top curto que deixava quase à mostra suas tetas avantajadas e uma barriga cheia de pneus de gordura, e um shortinho de jeans desfiado que dava um formato grotesco à sua bunda larga e chapada.
- Oi Fabinho, quem é seu amiguinho? – perguntou, como se estivesse abordando um cliente.
- É um colega do curso! Também amigo do Marcão! Viemos pegar umas coisas para ele. – respondeu o Fábio.
- Amigo do Marcão, é! E por onde ele anda, sumiu desde a noite que os meganhas invadiram o morro?
- Não sabemos! – respondi secamente, antes de o Fábio falar o que não devia.
- E o que vocês vieram pegar, se não sabem onde ele está? – questionou a enxerida. Como ninguém respondeu, ela continuou. – Estou com algumas roupas que eu lavei dele lá em casa. Umas camisetas, shorts e cuecas. – especificou rindo, como se com isso quisesse mostrar a intimidade que tinha com o Marcão.
- Seu marido sabe que você lava as roupas do Marcão? – perguntou o Fábio, dando trela para a puta.
- Deus me livre, não! Se ele descobre que estou lavando as cuecas de outro macho ele me mata! – respondeu rindo maliciosamente. – Minha sorte é que ele está sempre viajando, sabe como é vida de caminhoneiro, né! Rodando por esse Brasilzão todo, sabe-se lá com quem na boleia. Por isso eu também não deixo por menos, nunca fui santa! – emendou. – Vou lá buscar, vai que o Marcão está precisando delas.
A casinha era bastante simples, e estava bem ajeitada, quase nada fora do lugar demonstrando certa organização, o que me deixou espantado para um cara que mora sozinho e tem a vida que o Marcão tem. Acredito que as poucas coisas que estavam espalhadas eram o resultado da saída às pressas dele. Comecei a recolhê-las para dar uma ajeitada no lugar e, quando quis pegar uma camiseta largada sobre o sofá, vi que ela estava engatada na dobra entre o assento e o encosto, e deduzi que se tratava de um sofá-cama dobrável. Pedi ao Fábio que viesse me ajudar a desengatar a peça. Quando abrimos o sofá, dentro dele havia pelos menos meia dúzia de fuzis, duas metralhadoras e algumas pistolas, iguais a que o Marcão levava sempre consigo.
- O que foi, por que o espanto? Quem você acha que é o seu adorado Marcão? Está vendo porque eu mando você ficar longe dele, de não se deixar envolver por aquele tra ... aquele sujeito? Seu querido Marcão é um bandido, um bandido da pesada, um criminoso que deve ter uma ficha policial quilométrica. É para um cara desses que você deu o cu! – sentenciou o Fábio, diante do meu olhar estarrecido para aquele arsenal.
- Deve ter uma explicação para isso! Eu sei que tem! – balbuciei confuso.
- Claro que tem, o cara que tirou seu cabaço é um criminoso! Essa é a explicação! – exclamou o Fábio, como que cravando um punhal em meu peito.
Já estávamos saindo quando a mulher voltou com uma pilha de roupas cheirando a amaciante. Desci as escadarias e as ruelas estreitas da favela sem dizer nada. O Fábio percebeu o quanto eu estava abalado e resolveu não tripudiar ainda mais sobre o meu sofrimento, sobre as dúvidas que assolavam meus pensamentos.
- Você demorou, já estava com saudades! – afirmou o Marcão quando cheguei em casa com uma sacola de roupas. Dei um sorriso forçado. – O que foi, que cara é essa? Alguém mexeu com você quando esteve por lá? Cadê o Fábio, ele ficou com você o tempo todo? – perguntou, ante meu silêncio.
- Correu tudo bem, não se preocupe! – respondi, sem conseguir esconder as dúvidas que me assolavam.
Será que o Fábio estava certo o tempo todo, o Marcão só estava a fim de tirar a minha virgindade e transar comigo? Será que aquele cara para quem me entreguei e dediquei tanto carinho era um criminoso perigoso que podia estar colocando em risco a minha própria vida? Eu já não sabia mais o que pensar. O que eu devia fazer, perguntar qual era a relação dele com aquela puta, perguntar porque ele guardava todas aquelas armas dentro do sofá? Perguntar se ele só estava se divertindo comigo, com a minha inexperiência sexual? Com todas essas questões enchendo minha cabeça, comprimi os olhos e percebi que estava chorando.
- Por que está chorando, Felipe? Me fala agora o que aconteceu! – exigiu, ao mesmo tempo em que seu braço sadio me puxava para junto dele.
- Não sei! Não sei, Marcão! – respondi, me pendurando em seu pescoço.
- Senta aqui comigo e me conta o que aconteceu! O que fizeram com você? – impôs, quando se sentou no sofá da sala comigo em seu colo.
- Eu vi aquela mulher horrorosa, parte das roupas que estão na sacola foi ela quem me trouxe. Eu vi os fuzis escondidos, não estava bisbilhotando, juro, pode perguntar para o Fábio; os encontrei quando quis soltar uma camiseta engatada no sofá. Quem é você Marcão, o que quer comigo? – indaguei encarando-o, enquanto as lágrimas sentidas desciam pelo meu rosto.
- Foi um erro ter mandado você lá! – respondeu
- É só isso que você tem a me dizer? Que foi um erro? Eu sou um erro para você, Marcão? – eu estava soluçando e quis sair do colo dele, mas ele me reteve.
- Não foi isso que eu disse! Não foi assim que eu imaginei que você descobrisse quem eu sou!
- E quem é você, Marcão?
- O cara que não consegue deixar de pensar em você um minuto sequer depois que te conheceu! O cara que nunca teve um sexo tão completo, prazeroso e carinhoso como o que tive com você! O cara que espera um dia poder te pedir para viver uma vida inteira juntos, por que está se apaixonando cada vez mais por você! – respondeu, amparando minhas lágrimas com o polegar.
- Não sei se consigo acreditar nisso, Marcão! Eu queria, mas já não sei de mais nada! Eu não sei quem você é! Como posso gostar de um cara assim?
- Pode ao menos me dar um voto de confiança? Não posso responder e às suas perguntas agora, até porque poderiam colocar você em risco. Eu não me perdoaria se acontecesse alguma coisa a você por minha causa. Você está se tornando o que de mais importante eu tenho na vida. Seja um pouco compreensivo, e confie em mim! – respondeu.
- Então o Fábio estava certo esse tempo todo, você é um criminoso, matou pessoas, fez sabe-se lá o que e por isso não pode me contar? Por que, porque viraria seu cúmplice? Já não sei se acredito naquilo que você me diz, é tudo tão nebuloso!
- O seu amiguinho boiola é um grande imbecil, fala pelos cotovelos e fala daquilo que não sabe. Deduz através daquela cabeça oca o que ouve e o que vê e sai espalhando besteiras por aí. Até agora fui paciente com as besteiras dele, só dei alguns sopapos para ele se tocar; mas de agora em diante vou dar uma lição nele como se deve. Ele não perde por esperar! – sentenciou.
- Viu como você é, violento, ameaçador, perigoso! Como posso confiar num cara que faz ameaças e sai punindo as pessoas só porque elas falam a verdade na sua cara?
- Não há verdade alguma no que teu amigo veadinho fala, Felipe! Acredita em mim, caralho! Não estou te enganando, mete isso na tua cabeça! – revidou furioso. Resolvi me calar e não insistir, presenciei como ele agarrou o queixo do Fábio naquele dia, prensou-o contra a parede e lhe deu meia dúzia de bofetões na cara. Não queria ser o próximo.