Episódio Final - O retorno a um lugar do passado
Uma semana se passou sem Chistopher ter notícias de Bernardo. O arquiteto estava exasperado, pois achou que depois da conversa no hospital e no cemitério teria a chance de voltar a falar com o advogado. Augusto, o ex-porteiro-chefe, tinha várias vezes aconselhado Christopher a ir atrás de Bernardo, mesmo com Paulo ainda vivo, mas o arquiteto disse que não iria atrás dele, que ele parecia feliz e não queria estragar mais uma vez a felicidade de Bernardo. Nestes quase nove meses de afastamento, Christopher não tinha ficado com nenhum outro homem, para espanto de Augusto. O ex-porteiro não entendia como o amigo poderia ao mesmo tempo estar esperando por um retorno mágico de Bernardo e não fazer nada de concreto para Bernardo retornar a sua vida.
"Justo você Christopher que lutou tanto na sua vida, que fez o impossível acontecer várias vezes. Fica aí parado esperando ele voltar como mágica. Não vai acontecer, vá à luta", dizia Augusto.
O episódio no hospital foi tratado por Christopher como um ponto fora da curva. O arquiteto nem pensou direito antes de sair às pressas. Em minutos já estava no hospital, amparando Bernardo. A ida ao velório e enterro foi apenas um gesto de consideração. Caso Bernardo não tivesse falado com ele, Christopher não teria se aproximado do advogado no cemitério. O arquiteto tinha esperança desse reencontro acontecer um dia, mas teria que ser por iniciativa de Bernardo. Augusto já tinha bolado mil planos para reaproximar Bernardo e Christopher, mas este não deixou nenhum entrar em execução. O arquiteto não queria que a relação dos dois, caso retomada, fosse com base mais uma vez em artimanhas e planos.
Oito dias depois do cemitério, Christopher recebeu uma mensagem de Bernardo via Whatsapp convidando para um café. Christopher nem acreditou de tanta emoção ao ler a mensagem e imediatamente aceitou. Combinaram de se encontrar em um café público, perto do escritório de Bernardo já no dia seguinte.
No dia, Christopher ficou inseguro, pela primeira vez na vida, em como se vestir, de tão nervoso que estava para o encontro. Chegou no café e Bernardo já estava sentado, olhando no celular.
"Oi, tudo bem. Desculpe se cheguei atrasado", disse Christopher.
"Tudo bem, senta aí", disse Bernardo, sem levantar para abraçar o arquiteto, o que frustrou Christopher.
"Eu te chamei, pois queria lhe agradecer pela ajuda que me deu nos preparativos do enterro de Paulo", disse Bernardo. "No cemitério, senti que não lhe agradeci direito".
"Tudo bem, não precisa agradecer, sei que você faria o mesmo por mim se fosse o caso", disse o arquiteto.
Bernardo contou que os pais de Paulo estavam bem e que o advogado iria agora pagar uma pensão vitalícia para os pais do falecido namorado se manterem, dado que era Paulo que os ajudava financeiramente. Seria a terceira pensão vitalícia na vida de Bernardo, a do seu pai, a da sua ex-mulher Melisa e agora dos pais de Paulo. Isso chegou a deixar Bernardo melancólico. Três pensões e nenhum amor em sua vida, mas Bernardo apenas pensou isso, não falou nada para o arquiteto.
Os cafés pedidos pelos dois chegaram a mesa. Ficaram alguns minutos sorvendo, sem falar nada, sem olharem um para o outro.
"Você ainda está namorando o ator de Hollywood?", perguntou Bernardo rápido, espantando Christopher com o inesperado da pergunta.
"Nós nunca tivemos nada...", disse Christopher quase gaguejando, como um estudante diante do inspetor de alunos na escola. "Aconteceu que ele comprou um terreno em Trancoso, na Bahia, para construir uma casa toda sustentável, só com material sustentável. Ele dizia que queria respeitar a mãe Terra. E como ele quer respeitar a terra onde a casa será construída, queria um arquiteto brasileiro também. E eu era o único que ele tinha um contato. Eu projetei a casa, por isso me encontrei algumas vezes com ele, profissionalmente. Esses sites de fofoca deram que estavamos namorando, mas nunca ocorreu. O que aconteceu é que ele estava fora dos filmes há alguns anos e isso deu uma nova mídia a ele. Acho que o agente dele gostou e continuou a fomentar isso sem nem me consultar. Ele ganhou um excelente papel depois dessa mídia, interpretando um professor gay quarentão. Está agora concorrendo a prêmios e frequentanto festivais. Foi isso", disse Christopher acanhado. E após uns minutos em silêncio o arquiteto disparou: "Eu não tive nenhum outro homem depois de você".
Bernardo ficou visivelmente surpreso ao ouvir isso, mas estava olhando para baixo e não olhou Christopher nos olhos.
"Já que você está respondendo minhas perguntas. Quero lhe perguntar sobre a história do video do sócio, visto pela esposa e os três filhos. Aquele que lhe garantiu o título de Cura Hétero. Isso é verdade?", perguntou Bernardo, continuando sem olhar para Christopher. O arquiteto suspirou fundo antes de responder.
"Essa história vai me perseguir para sempre...Bem, é verdade que eu aceitei converter o sócio casado por dinheiro. E é verdade que o valor eram 5 milhões. O sócio gay dele me contratou para isso sim. Eu pensei que o sócio gay queria apenas que eu abrisse os caminhos para os dois terem um relacionamento sexual no futuro. Eu não sabia que era apenas vingança, até ser tarde demais. Eu não sabia que aquele video estava sendo gravado naquela sala. Eu jamais concordaria em exibir um video desse para os três filhos do sócio. Eu fui enganado... mas eu sei que isso não exime minha culpa nesse episódio", disse Christopher. "E eu já tinha recebido o dinheiro quando soube do vídeo. E também não devolvi o dinheiro, claro"
Depois de mais um minuto Christopher prosseguiu: "Eu quero ser agora o mais sincero possível com você, Bernardo. Eu parei com essa vida. Sei que minha palavra não vale nada para você, mas eu lhe juro".
Bernardo não falou nada, terminando de beber o café. O advogado pediu a conta e pagou, sem falar mais com o arquiteto.
"Bem, eu te chamei aqui só para lhe agradecer pela ajuda com os preparativos do enterro mesmo. Não devia ter lhe perguntado nada sobre sua vida pessoal, pois isso não me diz respeito", disse Bernardo. A fala sobre não dizer respeito feriu Christopher por dentro. Tudo que ele queria era que Bernardo estivesse em sua vida pessoal.
Bernardo se levantou, apertou a mão de Christopher e disse "tchau". Christopher tão chocado com o término do café só conseguiu dizer "tchau" também de volta. O advogado virou-se e foi embora, sem olhar para trás, deixando Christopher plantado, em pé, no meio do café, feito uma estátua.
Ao chegar em casa, frustrado, Christopher chorou. Contou o ocorrido para Augusto, que se apressou em sair de seu apartamento em outro bairro e ir até a cobertura consolar o amigo.
"Christopher, se você quer Bernardo de volta, tem que ir a luta, já te disse tantas vezes. Esperar ele voltar sozinho por mágica não vai rolar. Você é capaz de conquistar qualquer homem, vai conseguir reconquistar ele fácil se for a luta, afinal ele já é gay, nem vai precisar converter ele primeiro. Você já fez o impossível para conquistar tantos homens, reconquistar Bernardo vai ser um passeio, é só você querer", disse Augusto, angustiado com a agonia do amigo arquiteto.
"Eu não quero reconquistar Bernardo com armações. Eu quero um amor de verdade. Já te disse tantas vezes, entenda isso de uma vez. Eu nunca vou enganar Bernardo de novo. Se eu tiver que ficar com ele vai ser sem nenhum plano, sem nenhuma armação, sem nenhum golpe", respondeu Chistopher choroso.
Três semanas se passaram, sem Bernardo dar qualquer notícia a Christopher. O arquiteto já estava desistindo de esperar e pensando passar uma temporada em Nova York, para esquecer o advogado. Foi nesse dia que recebeu uma ligação telefônica de Bernardo.
"Eu estou para fazer um investimento num imóvel. Eu acho que seria muito útil seu conselho como arquiteto e como investidor em imóveis, pois eu sei que você entende muito dessas duas coisas. Será que você podia me acompanhar numa visita?", perguntou Bernardo, como se fosse a ligação mais casual do mundo entre dois amigos.
"Claro, vai ser um prazer", disse Christopher, surpreso e muito contente em ter mais esse contato com o amado.
No dia seguinte, Bernardo pegou Christopher na portaria da Buckingham House, mais uma vez sem entrar no prédio.
"É no Morumbi", disse Bernardo.
Os dois foram no carro quase em total silêncio. Ao chegarem, não era um prédio comercial ou um condomínio de apartamentos, como Chistopher estava esperando, mas sim uma mansão. O segurança abriu o portão para Bernardo sem perguntar nada e o advogado estacionou em frente a entrada principal. Os dois entraram e vistoriaram quase todos os cômodos da mansão nos dois andares.
"Qual a sua opinião?", perguntou Bernardo.
"Como arquiteto, essa mansão neoclássica é um exemplo impressionante de elegância atemporal. Fachada imponente, colunas ornamentadas. Os quartos espaçosos e as suítes luxuosas. Uma área de lazer ao ar livre, incluindo um jardim exuberante e piscina. Essa mansão é uma verdadeira obra-prima da arquitetura neoclássica", disse Chistopher.
"Mas como investidor em imóveis, é um péssimo negócio. Vai ser muito dificil você revender depois. E alugar também pode esquercer", completou o arquiteto.
"Eu não estou pensando em comprar. Eu já comprei", disse Bernardo.
Christopher se espantou com a resposta. Estavam em frente a escada principal. Bernardo apontou para a escada.
"Foi essa escada que Melisa desceu, para pular no meu pescoço de felicidade, depois que eu aceitei casar com ela, após levar uma grande surra do meu pai, quando disse antes que não queria casar. Aquele jardim lá fora, eu recolhi todas as folhas dele tantas e tantas vezes, para ganhar uma mera gorjetinha. Aquela piscina linda, eu era o pool boy dela, limpei ela centenas de vezes, mas só pude aproveitar da piscina depois que fiquei noivo de Melisa, mas aí não era mais eu que limpava. Esse chão de mármore que você está pisando, Christopher, eu esfreguei ajoelhado várias vezes em troca de uma nota de dez reais", disse Bernardo emocionado com as próprias palavras.
"Ohhh Bernardo, eu não sabia... Parabéns, eu imagino como comprar essa casa deve significar uma grande vitória na sua vida. Estou muito feliz por você", respondeu Christopher.
"Obrigado", agradeceu Bernardo visivelmente comovido.
"E por que você me chamou aqui, se já comprou?", perguntou tímido Christopher.
"Eu queria te contratar como decorador, para todos os ambientes desta casa. Minha ex-sogra, dona Rosa, já se desfez da maioria dos móveis, mas de qualquer maneira eu quero uma decoração nova, totalmente renovada, moderna, para demonstrar que a casa tem um novo dono", disse Bernardo.
Christopher ficou comovido por dentro de ser lembrado como arquiteto para o projeto. Pensou que se Bernardo não o perdoava como amante, pelo menos ainda reconhecia seu talento profissional como arquiteto. Bernardo sempre adorou a decoração da cobertura, lembrou Christopher.
"Será uma grande honra. Acho que você sabe que os decoradores geralmente trabalham por comissão, mas como é para você eu vou abrir mão de toda a minha comissão, claro. Tudo será feito por preço de custo. Eu estimo no mínimo três meses para terminar tudo", respondeu Christopher, entusiasmado com a chance de trabalhar próximo a Bernardo.
"Eu tenho pressa, será que não pode ser mais rápido?", devolveu Bernardo, a um metro de distância do arquiteto.
"Eu prometo que vou me esforçar ao máximo, mas acho que não consigo terminar antes de dois meses. Desculpe perguntar, Bernardo, mas você tem algum motivo para ter essa pressa toda?", perguntou Christopher.
Bernardo se aproximou do arquiteto, ficando a centímetros de distância.
"Eu tenho pressa, porque assim que você terminar a decoração, quero me mudar para cá com você, para vivermos aqui juntos para sempre", disse Bernardo, segurando os braços do arquiteto.
E depois puxou e beijou Christopher, sendo imediatamente correspondido, num beijo cheio de paixão e desejo contido. Os dois estavam há dez meses sem se tocar amorosamente e pareceu que toda a energia acumulada esses meses foi trocada naquele beijo.
"Você aceita vir morar aqui comigo?", perguntou Bernardo.
"É claro que aceito. Eu iria com você para qualquer lugar. Eu te amo tanto", respondeu o arquiteto, com dificuldade de respirar de tanta emoção.
E voltaram a se beijar e se esfregar, em pé, em frente a escadaria, com os paus já duros. "Me chupa, por favor, não aguento mais um minuto longe do seu corpo, meu amor", pediu Bernardo. E o arquiteto prontamente se ajoelhou, tirou o pênis duro de Bernardo da calça e começou a chupar. Com as calças de Bernardo já aos pés, Chistopher também passou a chupar as bolas do advogado, que conhecia tão bem. O arquiteto também estava desesperado de saudades do corpo de Bernardo. Bernardo segurou Christopher pelas têmporas e começou a macetar a boca do arquiteto, até gozar bem fundo da gargante de Christopher arfando. "Tira a roupa e deita", mandou Bernardo, sendo atendido prontamente por Christopher, que ficou nu no mesmo chão de mármore que Bernardo esfregava em sua juventude. Bernardo começou a morder de leve várias partes do corpo de Christopher, pincelando seu pau que já voltava a ficar duro na bunda do arquiteto, que com as mãos ficava apertando os músculos de Bernardo. O advogado ficou se concentrando em passar a língua pela orelha do arquiteto, enquanto repetia palavras amorosas. "Meu, amor, que saudade", dizia o advogado. "Me come, por favor, tenho tanta saudade do seu pau em mim", sussurou o arquiteto, sendo prontamente atendido, com Bernardo penetrando Christopher usando a própria gozada na boca do arquiteto como lubrificante. Os dois fizeram amor de ladinho por mais 20 minutos, com ímpeto, até que Bernardo gozou bem fundo do cu do arquiteto. E Christopher gozou no chão de mármore se masturbando, ao mesmo tempo. Os dois desabaram no chão e descansaram até recuperarem as forças.
"Eu queria te pedir perdão por tudo, eu sei que eu sou um grande canalha", disse Christopher, com a cabeça apoiada no ombro de Bernardo, abraçado com o advogado do chão de mármore.
"Vamos deixar isso tudo no passado, meu amor. Eu só quero que você me prometa que não haverá mais mentiras entre nós, que só vamos falar a verdade um para o outro. E todos os problemas que passamos vão ficar no passado", respondeu Bernardo.
"Eu prometo tudo que você quiser", disse Christopher.
"Então eu vou me aproveitar para pedir sua fidelidade total. Não quero mais nenhum homem encostando nesse seu corpinho lindo", disse o advogado.
"Isso eu prometo mil vezes e feliz", respondeu o arquiteto sorrindo.
"Agora eu sinto um grande alívio", disse Bernardo. "Esse tempo que eu passei longe de você foi uma autotortura. Não sei como aguentei. Aliás, eu só aguentei porque fui muito orgulhoso. Eu quase te beijei no café, eu não sei como me controlei. Depois de te ouvir no café que você não tinha ficado com nenhum outro homem, eu queria transar com você ali, na frente de todo mundo"
"Ainda bem que você se conteve, não acho que iam nos colocar na mesma cela, depois de presos", brincou o arquiteto e riram.
"Mas eu vou manter minha palavra de nunca mais entrar naquele condomínio... Eu comprei essa casa para ser um símbolo de recomeço entre a gente, sem passado, sem mentiras. Espero que você pense também assim", disse Bernardo, beijando a testa do amado.
"Sim, meu amor. Vou dedicar minha vida a te fazer muito feliz nessa casa, eu prometo", respondeu o arquiteto, com lágrimas de emoção rolando pelo rosto.
Meia hora depois Bernardo e Christopher saíram da mansão amassados, despenteados e dessarrumados. O segurança os observou de longe, mas obviamente fez uma ideia do que ocorreu dentro da casa, mas como sabia que Bernardo já era o proprietário, inclusive de papel passado, não disse nada.
Bernardo deixou Christopher em frente ao condomínio, mas não desceu como tinha prometido. Os dois se despediram com um longo beijo e combinaram de se encontrar a noite, no mesmo dia. Bernardo ficou de arranjar o local, pois ainda estava morando com Dr. José e dona Rosa, no quarto de hóspedes. Assim que entrou na cobertura Christopher ligou para Augusto e contou todo o ocorrido, explodindo de felicidade. Augusto ficou quase tão feliz quanto o arquiteto. A estima e amizade de Augusto por Christopher era muito forte e o ex-porteiro ficou aliviado ao ouvir que o amigo tinha conseguido voltar para Bernardo, depois de quase um ano de real sofrimento.
Bernardo combinou de se encontrar com Christopher em um hotel de luxo em São Paulo. Christopher chegou ao hotel e Bernardo já esta esperando na suíte de núpcias do hotel. Ao bater na porta Bernardo abriu vestindo uma camiseta e um short de ginástica leve. Christopher fez menção de entrar, mas foi barrado pelo corpo enorme e musculoso de Bernardo. "Espere", disse o advogado. E carregou Christopher no colo, como se o arquiteto fosse uma pluma e descarregou com cuidado o arquiteto na cama, mesmo todo vestido. Christopher não aguentou e soltou uma gargalhada, no que foi seguido por Bernardo. O arquiteto tratou de tirar suas roupas, ficando só de cueca. Bernardo também tirou a camisa, ficando só de short. O advogado não estava usando cueca. Havia um champanhe já no gelo e duas taças. Os dois brindaram e se beijaram. Voltaram a fazer amor, a segunda vez no mesmo dia, mas parecia que estavam compensando o afastamento de um ano, pois houve tanto ímpeto como na vez anterior. Após o sexo, conversaram, mais uma vez com a cabeça de Christopher apoiada no ombro largo de Bernardo.
"Seu cuzinho é uma delícia. É com certeza o melhor cuzinho que eu já comi na vida. Ainda bem que pude matar a saudade. E que agora ele é só meu", disse Bernardo.
"E eu pensando que você ia me dizer alguma coisa tão romântica como esse encontro na suíte de núpcias, mas vem elogiar meu cuzinho... Safado", respondeu Christopher rindo.
"Você acha que eu exagerei na suíte? Desculpe!", se apressou o advogado.
"Não, claro que não. Adorei tudo", disse o arquiteto.
"Eu te amo mais que tudo, mas o sexo também é maravilhoso. Não posso deixar de dizer isso", acrescentou o advogado.
Christopher disse que ia já começar a preparar a decoração da casa no dia seguinte. Ia ate contratar uma assistente para tudo sair mais rápido. Os dois combinaram de continuar se encontrando em hoteis, pois Bernardo queria cumprir a promessa para si mesmo de nunca mais entrar no condomínio e não seria adequado receber o arquiteto na casa dos ex-sogros para fazer sexo. Eles se viam todos os dias, sempre em um hotel de luxo diferente. Depois do primeiro dia, a pedido de Christopher, Bernardo passou a reservar suítes mais simples, que não a de núpcias.
Na mesma semana, Bernardo e Christopher se encontraram com o irmão mais velho de Melisa e a esposa. Um encontro de casais. Era a primeira vez que Christopher se encontrava com o ex-cunhado de Bernardo.
"É um grande prazer ver vocês dois juntos e Bernardo tão feliz", disse o ex-cunhado.
"E para mim é um grande prazer conhecer você, o irmão preferido de Bernardo, como ele o considera. Isso nos faz cunhados, então", disse Christopher, sendo respondido prontamente.
"Com certeza! Bernardo é como um filho para meus pais, isso faz de você nosso cunhado", complementou o irmão de Melisa.
Bernardo ficou olhando a conversa com um sentimento de felicidade. Pela primeira vez na vida, estava em um encontro social junto de alguém que lhe trazia real felicidade e ver Christopher interagindo tão bem com o ex-cunhado, que para Bernardo era família, fez o advogado se emocionar ao apreciar a interação.
Na semana seguinte, Christopher chamou Bernardo para inspecionar a mansão no final da tarde. Os primeiros móveis já começavam a chegar. Em um momento, já no crepúsculo, quando os dois estavam sozinhos na enorme casa, o arquiteto chamou o advogado para uma das suítes. Havia um colchão, coberto por lençois e travesseiros no chão. O advogado olhou para o arquiteto e se comunicaram das intenções só com o olhar.
"Não chegou a cama, mas já temos um colchão, que podemos estrear", disse o arquiteto, com voz maliciosa.
"Só se for agora", respondeu prontamente Bernardo.
Bernardo e Christopher estavam no aconchego da suíte, imersos em um momento de conexão profunda. O ambiente estava repleto de uma suave luminosidade proveniente das velas espalhadas pelo cômodo, criando uma atmosfera de serenidade. Sentados lado a lado no colchão macio, eles compartilhavam olhares repletos de cumplicidade e afeto. As mãos entrelaçadas demonstravam a segurança que encontravam um no outro. Nesse momento, as palavras se tornaram desnecessárias, pois a comunicação se dava através de pequenos gestos e sorrisos, revelando o amor que habitava seus corações. Bernardo deslizou delicadamente a mão pelos cabelos de Christopher, acariciando-os com ternura. Christopher retribuiu o gesto, trazendo sua mão ao rosto de Bernardo e acariciando suavemente sua bochecha. Seus olhos brilhavam com uma mistura de amor e gratidão. Em um momento de silêncio, Bernardo inclinou-se para frente e depositou um beijo suave nos lábios de Christopher. Era um gesto repleto de doçura e paixão contida, um encontro de almas que transcendia qualquer rótulo ou preconceito. Eles se entregaram àquele momento de intimidade, sabendo que ali encontravam refúgio um no outro. Não havia dúvidas, julgamentos ou medos. Apenas o amor sincero e puro que florescia entre eles.
Christopher tirou o pênis de Bernardo da cueca e o chupou docilmente. Bernardo segurava atrás do pescoço de Christopher o forçando levemente e com delicadeza para engolir todo seu pênis. Bernardo se deitou de costas no colchão e seu pênis ficou ereto para cima, como uma haste de ferro. Christopher veio por cima e encaixou o pênis de Bernardo em seu ânus e veio descendo, montando em Bernardo. O pênis bem grande do advogado ia entrando, centímetro por centímetro, no buraco do arquiteto. Christopher gemia enquanto engolia com o ânus o pênis de Bernardo e o advogado só ficava olhando admirando seu amado. Ao terminar de sentar, Christopher ficou uns segundos se acostumando na posição e começou a cavalgar, com força, no mastro do advogado, enquanto gemia levemente, dando um prazer imenso a Bernardo de ver aquela cena. Após 10 minutos com Christopher cavalgando, Bernardo tirou o arquiteto de cima, o colocou de quatro e, sem dizer uma palavra, penetrou novamente o arquiteto com força, macetando ferozmente o ânus de Christopher. Ficou mais 5 minutos metendo forte, quase derrubando o arquiteto, até gozar dentro dele, bem no fundo, caindo exausto por cima do amado. Viraram de ladinho, sem Bernardo tirar o pau, agora meia bomba, de dentro de Christopher. O advogado pegou com a mão direita o pênis de Christopher e o masturbou com força até ele gozar também. Ao ver o amado gozar em sua mão, o arquiteto procurou a boca do amado e o beijou com volúpia.
"Bem melhor nesse colchão que te comer no chão de mármore da sala", disse Bernardo rindo, sendo correspondido.
Os dois passaram a se encontrar todos os dias no colchão, sempre ao final da tarde, logo depois de inspecionarem a chegada de itens da decoração, que não paravam de ingressar na mansão. Em um pequeno incidente, os seguranças não deixaram Christopher retirar um dos móveis antigos que ainda estava na casa, alegando que precisavam da "autorização de dr. Bernardo, o proprietário". O arquiteto não se exasperou, apenas riu por dentro dos seguranças, que apenas estarem fazendo seu trabalho. Os seguranças já tinham percebido muito bem, depois daquele tempo todo, que Bernardo comia Christopher quase todos os dias na casa, mas mesmo assim achavam que ele era apenas um decorador contratado. Bernardo quando soube que o amado tinha sido barrado ficou com raiva, mas foi contido aos risos por Christopher, passando a raiva do advogado logo em seguida. Bernardo chamou os seguranças e começou a falar, na frente de todos. "Dr. Christopher, além de estar decorando a casa, é meu companheiro, nos vamos nos casar em breve, ele é também dono da casa, tanto quanto eu, qualquer ordem dele deve ser considerada como se fosse minha. Estamos entendidos?". Os seguranças se ficaram surpresos não demonstraram, apenas responderam "Sim, senhor!".
Outro incidente foi que os móveis continuavam a chegar, mas Christopher não apresentava nenhuma fatura para Bernardo. O advogado perguntava das faturas dos móveis e o arquiteto só protelava, desconversando. No colchão, com o pênis penetrado dentro de Christopher, Bernardo pressionou o amado, perguntando sobre os gastos e o arquiteto confessou, em meio aquela pressão sexual deliciosa, que estava pagando por todos os móveis e decoração com seus próprios recursos, sem deixar nada para Bernardo pagar. A revelação não foi um problema entre os dois, que nunca brigavam, mas levou a Bernardo a marcar uma reunião com uma especialista em direito de família do seu escritório.
Na reunião, por coincidência com a mesma advogada que tinha revelado a Bernardo, após uma pesquisa, que Christopher era rico, os dois falaram sobre a questão financeira, por serem ambos muito ricos e que não queriam que o dinheiro fosse um problema entre os dois no futuro casamento.
"Primeiramente, eu quero dizer que sempre torci para vocês dois voltarem e fiquei muito feliz quando Bernardo contou que estavam juntos de novo. Vocês com certeza já são o casal gay mais poderoso e invejado de São Paulo. Eu estou eufórica com a volta de vocês", disse a advogada.
"Ahhhh, muito obrigado, minha querida, que bom ouvir isso", respondeu Christopher, segurando a mão de Bernardo.
"Acho que você entendeu que queremos uma solução no Direto de Família para o dinheiro, no caso o excesso de dinheiro dos dois, não ser um problema de desconfiança entre a gente. Por enquanto, não tivemos nenhum desentendimento, fora eu ter contratado o Chris como decorador e ele não querer que eu pague pela decoração", disse Bernardo sorridente, olhando para o amado.
"Ora, ora, mas eu achei injusto, pois Bernardo já tinha gasto comprando a casa. Nada mais correto do que eu pagar agora sozinho pela decoração, até porque será um valor bem menor que o gasto na compra da casa", justificou Christopher.
"Nem tão mais barato assim, com tudo que você está gastando, meu amor. Ele não tem economizado um centavo, só compra tudo do melhor", rebateu Bernardo, se virando para a advogada.
"Como vocês são fofos e lindos juntos!", disse a advogada, quase aos gritos, surpreendendo os dois com o genuíno entusiasmo. "Bem, eu tenho uma solução muito simples, mas que pode ser polêmica... não sei. Vocês deveriam se casar com comunhão universal de bens. Aí, de onde vem o dinheiro não faria mais a menor diferença", disse a advogada.
Os dois se viraram olhando um para o outro, com cara de surpresa e começaram a rir. A risada foi aumentando e contagiou a própria advogada que estava rindo do momento dos dois, mesmo sem saber o motivo. Após terminarem de rir, respirando mais pesado por causa das risadas, o arquiteto foi o primeiro a falar.
"Desculpe, querida, não é com você essas risadas. Eu e Bernardo rimos tanto porque lembramos que, tempos atrás, Bernardo me propôs exatamente a mesma coisa, casarmos com comunhão universal de bens. Mas na época ele achava que eu era da classe média. E vivemos muitas coisas tristes depois daquele dia, por minha culpa. Parece um passado distante, apesar de ter menos de um ano", explicou Christopher.
"Mas é claro que vamos casar, então, com comunhão universal de bens. Pode providenciar todos os papeis", completou Bernardo, com a concordância de Christopher.
"Sim, Bernardo, vou providenciar tudo. Vou precisar de procurações dos dois, para correr a papelada e fazer um inventário de todos os bens do casal", disse a advogada.
"Finalmente vamos ver quem vai dar o golpe do baú em quem", brincou Bernardo, beijando Christopher de leve na boca, o advogado tinha desenvolvido um novo humor após reatar com Christopher.
O resultado do inventário saiu depois de alguns dias e, sem dúvidas, Christopher era mais rico que Bernardo. A fortuna do arquiteto era o dobro do patrimônio do advogado. O resultado divertiu muito Bernardo, que passou a atormentar o amado com seguidas piadas sobre o assunto.
Dr. José e dona Rosa convidaram toda a família, os dois filhos e as respectivas esposas, mais Bernardo e Christopher, para um almoço de domingo no apartamento do casal de idosos. Melisa seguia na Europa, fazendo terapias e namorando um escocês. A pensão vitalícia de Bernardo para Melisa continuava sendo paga como combinado e ninguém, nem Bernardo, sequer cogitava de sua interrupção. O almoço foi oferecido para "receber Christopher na família" como disse dr. José ao fazer um brinde, após explicar que Bernardo era um filho para ele e, portanto, Christopher agora também estava sendo recebido na família. O arquiteto ficou emocionado, pois desde que os seus pais morreram, quando tinha 20 anos, nunca mais tinha convivido com uma família. No almoço, Christopher mostrou todas as suas habilidades sociais e cativou todos na família que ainda não o conheciam, inclusive dr. José e dona Rosa. Com dr. José, falou dos melhores restaurantes da Europa dos últimos 15 anos e compararam as estrelas dos estabelecimentos, se merecidas ou imerecidas, foi uma verdadeira conversa de especialistas. Já com dona Rosa, o papo foi sobre moda e alta costura, assunto que Christopher também se revelou um insider. Acabou que Christopher e dona Rosa conheciam várias pessoas em comum no circuito da moda Paris, Londres, Milão e Nova York, tendo sido ambos frequentadores de mesmos locais nessas capitais.
Após o almoço, quando todos estavam confraternizando na sala de estar, Bernardo revelou para o resto da família seu novo lado humorístico, dizendo que estava prestes a dar seu segundo golpe do baú na vida, se casando com Chrsitopher, para divertimento de todos, inclusive do próprio arquiteto. Bernardo disse que nesse ritmo, crescendo seus golpes do baú em progressão geométrica, seu terceiro casamento ia ter que ser com o Rei da Inglaterra, para manter a curva do gráfico e a proporção dos golpes do baú continuar aumentando. Todos riram. "Você daria uma excelente rainha mesmo", brincou Christopher, depois da piada do amado. E Bernardo passou a fazer reverências como se estivesse diante da realeza, para risadas de todos os presentes. Dr. José terminou o encontro dizendo que estava muito feliz da mansão "estar voltando para alguém da família, através de Bernardo". Era uma família feliz, desfrutando de uma tarde de domingo juntos.
A decoração da mansão ficou pronta, depois de dois meses, com um grande esforço e gasto de Christopher, mas agora Bernardo não reclamava mais do arquiteto estar pagando por tudo sozinho, já que com o casamento não ira mais fazer diferença quem pagava o que. Alguns quartos e aposentos ficaram ainda trancados, para serem decorados posteriormente, mas os ambientes sociais estavam todos prontos. Bernardo ficou maravilhado com a decoração moderna e ao mesmo tempo aconchegante que Christopher conseguiu fazer. O advogado sentiu que seria muito feliz naquela casa, junto com seu amado. Os dois se mudaram, mas, a pedido de Bernardo, não usaram a suíte principal para se acomodarem. Bernardo não se sentiu a vontade em usar o antigo quarto de dr. José e dona Rosa, apesar de ser o maior da mansão. Por uma coincidênica, Bernardo e Christopher ficaram na mesma suíte que Bernardo e Melisa moraram alguns anos, naquela mesma mansão.
Uma semana depois, Bernardo e Christopher convidaram todos os lados familiares para um grande almoço de reinauguração da mansão. Vieram dr. José, dona Rosa, os irmãos de Melisa e as esposas. A mãe de Bernardo e todos os seus irmãos. O pai de Bernardo não foi convidado, mas os irmãos de Bernardo desconfiavam que, mesmo que fosse, não iria, pois em privado se referia ao filho mais velho com palavras homofóbicas, apesar de sempre estar pedindo mais dinheiro ao mesmo filho gay. Augusto e o marido foram convidados, após o arquiteto fazer as pazes entre Bernardo e Augusto. O argumento de Christopher foi simples para convencer Bernardo. "Augusto é a única família que eu tenho nesse mundo. Seria muito importante para mim você perdoá-lo, como me perdoou", disse o arquiteto, sendo prontamente atendido pelo amado. No almoço, Bernardo anunciou para as famílias a data do casamento dos dois, que seria numa grande festa na própria mansão.
O dia da festa de casamento chegou. Havia uma lista de convidados quase tão grande quanto a do primeiro casamento de Bernardo, no mesmo local, 16 anos antes. Desta vez, contudo, os dois noivos eram pessoas já muito conhecidas na sociedade paulistana. Colunas sociais e sites de fofocas cobriram exaustivamente o casamento, ressaltando a beleza dos dois noivos. O código de vestimenta para o casamento foi informal para os convidados.
Bernardo tinha feito um gesto elogiado por toda a família, convidando Melisa para sua madrinha, com uma carta. "Minha querida Melisa. Apesar de todos os problemas que passamos, sempre vou te agradecer muito por ter me escolhido lá atrás. Foi apenas por essa sua escolha, lá atrás, que eu pude trilhar todos os caminhos na vida, que, tortuosamente e com muitas tribulações, me levaram à felicidade hoje. Por isso, seria uma grande honra para eu e Christopher ter você como nossa madrinha, caso você possa aceitar. Bernardo". A carta foi enviada e não foi respondida por Melisa até o dia do casamento. Dona Rosa entregou a resposta no dia da festa. "Meu querido Bernardo. Eu não sei por onde começar ao lhe pedir as tantas desculpas que lhe devo nessa vida. Estou firme na terapia e finalmente estou me entendendo um pouco. Para mim, foi uma grande alegria ser considerada por você como madrinha, mas eu peço desculpas, pois ainda não estou preparada para enfrentar essa situação, especialmente ai nessa casa, onde fomos felizes. Eu te peço mil vezes perdão por todo mal que lhe fiz. Eu lhe amei tanto, lhe amei muito, é essa a minha errada justificativa para todos os erros que cometi. Espero que, no futuro, você me aceite como uma irmã, assim como meus pais lhe aceitaram como filho. E lhe agradeço muito por tudo que fez e ainda faz por mim. Serei sua eterna devedora. E lhe desejo, do fundo do coração, toda a felicidade que você, uma pessoa tão maravilhosa, merece. Da sua agora irmã, Melisa". Bernardo chorou copiosamente por cinco minutos depois de ler aquela carta em resposta, no que foi amparado pelo irmão mais velho de Melisa, que também se emocionou e chorou ao ler a carta da irmã de sangue. "Ler essa carta foi um dos momentos de maior felicidade da minha vida, meu amigo", disse Bernardo limpando as lágrimas. "Eu acho que tudo o que eu sofri valeu a pena e me fez chegar a esse momento com o Christopher. Se não fosse Melisa, eu tenho certeza que ainda estaria limpando aquela piscina lá fora. Eu só quero que Melisa seja tão feliz como eu estou sendo", disse Bernardo no ombro do ex-cunhado.
Na falta de Melisa, as madrinhas de Bernardo foram as esposas dos irmãos de Melisa e as duas irmãs mais velhas de Bernardo. Christopher não escolheu madrinhas. Como padrinhos, Bernardo escolheu dr. José e os dois irmãos de Melisa. Christopher escolheu Augusto. E assim foram oito os padrinhos na cerimônia. Christopher e Bernardo estavam vestidos todos de branco, até os sapatos, usando um blazer branco, camisa social sem gravata e um lenço também branco no bolso. Os dois estavam vestidos de forma identica, mas a roupa de Bernardo, sob medida, teve que ser maior pelos muitos músculos do advogado. A cerimônia transcorreu de forma linda, perante o juiz de paz, até a hora dos votos.
"Bernardo, desde o momento em que nossos caminhos se cruzaram, minha vida foi transformada. Você trouxe uma luz intensa e calorosa para o meu mundo, que era sombrio, preenchendo cada momento com amor e alegria. Hoje, diante de nossos entes e amigos queridos, quero compartilhar meus votos de amor eterno", foram os votos de Christopher.
"Meu doce Christopher, quando nos conhecemos, eu não tinha ideia de como nossa conexão se tornaria tão profunda e transformadora. Você é a luz que ilumina meu caminho, aquele que me mostrou como amar sem medo e sem reservas. Você me libertou de correntes, preenchendo minha vida com alegria e plenitude. Eu te amo, eu te amo tanto, eu te amo muito, te amarei para sempre", foram os votos de Bernardo.
Na plateia, no jardim da mansão, o mesmo que Bernardo limpou tantas e tantas vezes antes dos 21 anos, muitos choravam emocionados ao ouvir os votos e a sinceridade na voz e no olhar dos dois amados. Dona Rosa e a mãe de Bernardo foram as duas que mais se emocionaram. Dr. José também estava vertendo lágrimas. Ao terminarem os votos, quebrando todo o protocolo, a plateia aplaudiu por minutos intensamente. A festa depois da cerimônica foi imensamente divertida.
Bernardo e Christopher abriram a festividade começando a dançar uma valsa na pista de dança, mas depois de alguns minutos começou a tocar a música do filme "Os Embalos de Sábado a Noite". Bernardo e Christopher já tinham ensaiado e dançaram a famosa música do filme para delírio de todos em volta à pista de dança.
Depois de várias frustadas luas de mel em Paris por parte do advogado, inclusive uma tentativa com Christopher, o casal resolveu inovar e foram para a Polinésia Francesa, curtir o sol e praia. Foram de jatinho fretado, mas que teve que fazer duas escalas, devido a grande distância. Christopher que nunca gostou de praia e tinha a pele branca quase imaculada, ficou todo vermelho, gerando mais piadas de Bernardo, que só ampliava cada vez mais seu novo lado humorístico.
Na volta, Bernardo perguntou se Christopher não gostaria de exercer sua outra profissão de advogado, virando sócio do escritório. Na época, o primeiro sócio de Bernardo já era minoritário. O sócio já não trabalhava devido ao agravamento da doença. O primeiro sócio de Bernardo disse que não era justo ficar com metade dos resultados e insistiu muito até reduzir sua participação ao mínimo possível, mesmo a contragosto de Bernardo. Christopher modestamente disse que não tinha qualquer interesse em exercer a profissão de advogado, que preferia ficar cuidando da casa e de Bernardo, além de esporádicos projetos de arquitetura que gostasse. Christopher mandou cancelar sua inscrição como advogado, pois disse que só a mantinha por poder ser útil em alguma conversão de héteros e, como não faria mais isso, não precisava de OAB. Christopher voltou a cuidar integralmente de Bernardo, a escolher suas roupas antes do arquiteto ir para o trabalho e escovar e engraxar pessoalmente os sapatos do marido, como fazia na cobertura. Bernardo tinha uma academia quase completa na mansão, treinando com uma personal trainner todas as manhãs, mantendo seu ritmo de exercícios. As vezes, Chrsitopher o acompanhava numa corrida, no entorno do jardim da mansão, mas não conseguia seguir todo o pique do amado. A rotina de Bernardo permaneceu inalterada nos horários. Acordava de madrugada, se exercitava na sua academia particular. Se vestia com as roupas sempre alinhadas e combinando perfeitamente escolhidas por Christopher, ia ao escritório, mas ficava sempre ansioso para voltar para a mansão. Quando chegava em casa, depois do trabalho, tomava um banho, jantava com Chrsitopher, que muitas vezes cozinhava pessoalmente o jantar. Depois viam um filme ou uma série abraçados na sala de TV, até a hora de deitarem, quando faziam sexo vários dias da semana. Bernardo e Christopher, ambos pela primeira vez na vida, viveram a plena felicidade naquela mansão.
Um ano depois, o irmão mais velho de Melisa informou Bernardo da piora dos problemas de saúde de dr. José e que estava pensando em uma clínica de repouso. Bernardo protestou e convenceu os dois filhos de dr. José que o casal de idosos voltasse para a mansão, onde teriam todos os cuidados da parte dele e de Christopher. Os demais familiares aceitaram. E dr. José e dona Rosa voltaram a mansão onde moraram décadas, ocupando a mesma suíte principal que ocupavam antes. Os dois idosos ficaram muito emocionados ao serem acolhidos por Bernardo, numa casa que já tinha sido deles. Christopher, mostrando como era prático e organizado igual a Bernardo, ajeitou a mansão com todo o conforto, com até mesmo um time de enfermagem. A mansão já tinha elevador desde sempre, então os deslocamentos de dr. José de cadeira de rodas eram fáceis. Dona Rosa especialmente ficou afeiçoada com a maneira carinhosa que Christopher cuidava dela e do marido e, com o tempo, passou a amar Chrsitopher tanto quanto amava Bernardo, como um filho.
Depois de quatro anos fora do Brasil, Melisa voltou, agora casada com o antigo namorado escocês. Apesar de verem Melisa periodicamente em fotos e video, toda a família ficou espantada em como Melisa estava mais bonita e mais radiante. Não estava magra, mas, mesmo mantendo a mesma compleição, era nitidamente outra mulher, mais feliz, fogosa, segura de si. Melisa e o marido ficaram hospedados na mansão todo o tempo que ficaram no Brasil. Melisa se deu muito bem com Christopher e até fizeram piadinhas sobre o fatídico dia do flagra. Todo o trauma estava no passado. Eram apenas família, se revendo depois de muitos anos. Foi considerado um golpe de sorte Melisa ter vindo naquele momento, pois meses depois dela voltar para a Europa o pai faleceu, de causas naturais, na mesma mansão que morou a maior parte da vida. A filha mais nova pode se despedir adequadamente do pai doente. Dr. José partiu feliz amparado em seu quarto por dona Rosa e Bernardo, que foi o filho que mais chorou a perda. Dona Rosa teve muito amparo e consolo pela viuvez da parte de Christopher, que era já muito mais que um genro para ela. Dois anos depois, dona Rosa também faleceu, de causas naturais. A família se conformou ao considerar que ela não aguentou ficar longe do companheiro de 60 anos de casamento.
Meses após o luto por dona Rosa terminar, Bernardo e Chistopher estavam correndo em volta da mansão, na pista do jardim. Pararam em um banco do jardim para se alongar, no que o advogado disse para sentarem um pouquinho para apreciar o sol às sete horas da manhã. Os dois ficaram sentados, Bernardo com o braço por cima do ombro de Christopher, acolhedor, olhando os reflexos dos raios de sol no jardim.
"Sinto falta dos dois, dr. José e dona Rosa, mas pelo menos eles viveram juntos nessa casa até a morte os separar e lhes juntar novamente", começou a divagar Bernardo.
"Eu me sinto afortunado em ser tão feliz ao seu lado. Tenho certeza que vamos repetir a história de amor dos dois, nessa mesma casa. Uma vida inteira juntos e se amando", respondeu Christopher.
Christopher se aproximou mais e apoiou a cabeça no ombro de Bernardo. Os dois ficaram vendo o sol se movimentar, fazendo luzes e sombra nas árvores e plantas, naquele jardim que Bernardo conhecia desde menino, mas que agora pertencia aos dois. E inebriados pela beleza do nascer do sol, os dois tiveram certeza que seriam felizes juntos para sempre.
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NOTA FINAL DO AUTOR: Espero que tenham gostado tanto quanto eu dessa jornada. Eu chorei de verdade. Para mim, esses personagens tiveram vida, especialmente Bernardo e sua trajetória. Eu pretendo voltar com spin offs dessa série, como por exemplo narrar como Christopher conquistou o sócio casado do famoso vídeo - e qual o fim do famoso video. Me sigam e aguardem nesse mesmo site por essas novas histórias. Depois de anos lendo e admirando esse site, escrevi minha primeira história e estou muito feliz de tanta aceitação e elogios. No momento, não estou namorando. Resido em Recife-PE. Quem quiser entrar em contato mande e-mail para christophercura@protonmail.com Só estou afim de conhecer pessoas que queiram no futuro um relacionamento sério e estável. Até breve com novos contos.