CAPÍTULO 2 – RAIO X
Aquela manhã ficou marcada em minha mente, como um daqueles momentos que você deseja guardar para sempre. Cada vez que a imagem do olhar intenso de Bruno surgia em minha mente, sentia um arrepio percorrer meu corpo. No entanto, eu sabia que era algo que nunca aconteceria. Um cara como Bruno jamais olharia para alguém como eu, muito menos se interessaria. Decidi ocupar minha mente com outras prioridades do trabalho e tentar esquecer a intensidade daquele encontro, embora soubesse que seria uma tarefa difícil, já que estávamos trabalhando no mesmo escritório.
Enquanto isso, Bruno adentrou a sala de equipamentos onde encontrou seu amigo Léo.
Bruno: Cara, aconteceu algo meio estranho comigo hoje. Não sei explicar, e acho que você não entenderia.
Léo: Mano, pode falar. Somos amigos desde sempre, sempre confiei em você, e acho que você confia em mim.
Bruno: Não é tão simples...
Léo: Conta, cara.
Bruno: Não me julgue...
Léo: Relaxa.
Bruno: Fui resolver um problema na equipe de desenvolvimento, e me deparei com o novo líder. Nossos olhares se cruzaram por alguns minutos, e eu nunca vi um cara tão hipnotizante. E, muito menos, jamais imaginei sentir algo tão intenso. Meu corpo tremeu, Léo.
Léo: Então quer dizer que meu amigo está apaixonado? Kkk.
Bruno: Olha aí, para, cara. Por isso não queria te contar.
Léo: Calma, relaxa. Isso fica entre nós. Mas você acha que ele sentiu algo ao te ver também?
Bruno: Não sei, mas acho que não. Tudo profissional.
Léo: Você nunca vai saber se não falar com ele, né?
Bruno: Melhor deixar quieto e esquecer esse assunto.
Enquanto eles conversavam, ouviram um burburinho vindo dos corredores. Um jovem adentrou na sala. Era Kauã, um loirinho de olhos verdes, magrinho e com um estilo descolado de jogador. Ele seria o novo estagiário a compor a equipe de Bruno.
Kauã: Oi, me chamo Kauã, sou o novo estagiário.
Bruno: E aí, cara, tranquilo? Seja bem-vindo.
Kauã: Você é o Bruno, certo? Ouvi falar muito de você, o melhor programador.
Bruno: Que nada.
Bruno começou a passar para Kauã todas as informações e competências necessárias para o cargo de estagiário.
A hora do almoço chegou, e foi quando Kauã esbarrou em mim sem querer. Nesse momento, ele segurou minha cintura para evitar que eu caísse. Foi um contato breve, mas que não passou despercebido pelos olhos atentos de Bruno. Um pequeno ciúme surgiu dentro dele.
Léo: Acho melhor você se apressar se não quiser perder o Noah.
Kauã: E aí, galera! Sem querer, esbarrei com um cara ali. Qual é o nome dele?
Léo: Noah, ele é da equipe de desenvolvimento.
Kauã: Ah...
Bruno se aproximou de Léo, visivelmente curioso.
Bruno: Por que você falou o nome do Noah?
Léo lançou um olhar significativo para Bruno antes de responder, entendendo a conexão que estava sendo estabelecida.
Léo: Bem, Kauã, o Noah é um colega de trabalho do Bruno. Parece que você teve um pequeno encontro com ele no corredor. Não é incrível como essas coisas acontecem?
Kauã: Interessante... Acho que preciso conhecê-lo melhor então. Bruno, você pode me apresentar a ele?
Bruno sentiu um misto de ansiedade e incerteza. Por um lado, a ideia de aproximar Kauã de Noah poderia trazer à tona seus próprios sentimentos. Por outro lado, poderia ser uma forma de se afastar do que parecia uma paixão impossível.
Bruno: Claro, posso apresentá-los. Mas não crie muitas expectativas, Kauã. Noah é um profissional muito focado no trabalho e pode não estar interessado em relacionamentos.
Kauã: Entendo, mas não custa nada tentar, certo? Afinal, temos que aproveitar todas as oportunidades que surgem em nossa vida.
O grupo seguiu em direção ao refeitório, onde sabiam que encontrariam Noah e a equipe de desenvolvimento. Bruno estava preocupado com as possíveis consequências dessa apresentação, mas ao mesmo tempo, sentia uma curiosidade crescente para ver como as coisas se desenrolariam.
Ao chegarem ao refeitório, avistaram Noah sentado em uma mesa com outros colegas de trabalho. Ele parecia imerso em uma conversa animada, com um sorriso leve no rosto. Bruno sentiu um nó na garganta, misturando-se ao nervosismo de apresentar Kauã a Noah.
Bruno: Noah está ali, naquela mesa. Vamos até lá e eu o apresento a você, Kauã.
Kauã: Claro, vamos lá. Não custa nada tentar, como eu disse.
Bruno respirou fundo e conduziu Kauã em direção à mesa de Noah. Os colegas de trabalho de Noah notaram a chegada deles e cumprimentaram Bruno e Kauã com sorrisos amigáveis. Olhei para cima, encontrando o olhar de Bruno e uma expressão de surpresa se espalhou em seu rosto.
Noah: Bruno, olá!
Bruno: Noah, gostaria de apresentar Kauã, nosso novo estagiário. Kauã, esse é o Noah, o líder da equipe de desenvolvimento.
Kauã: Prazer em conhecê-lo, Noah. Ouvi falar muito bem do seu trabalho.
Sorri de forma gentil e estendI a mão para cumprimentar Kauã.
Noah: O prazer é meu, Kauã. Seja bem-vindo à equipe. Espero que possamos trabalhar juntos em projetos interessantes.
Kauã: Com certeza, Noah. Estou ansioso para aprender com você e contribuir no que for possível.
Enquanto a conversa fluía entre Eu, Bruno e Kauã, Bruno não pôde deixar de notar o brilho nos olhos de Kauã enquanto interagíamos. Uma pequena faísca de esperança surgiu em meu coração, ao perceber que talvez a conexão que senti com Bruno não fosse tão unilateral quanto imaginava.
O almoço transcorreu em meio a risadas e conversas animadas, e a presença de Kauã trouxe uma nova energia para o grupo.
