Episódio 2 - Vicente recebe o pedido de Danilo
Júnior, filho de Danilo e da desembargadora, vinha cada vez mais ao escritório. Parecia que se interessava pelos assuntos jurídicos e passava muito tempo na sala de reunião com Vicente, tirando dúvidas com o estagiário. O estagiário por sua vez, nem sentia mais tantos ciúmes do rapaz de 14 anos agora, pois o garoto era muito bonzinho e o tratava muito bem. Sempre queria saber mais coisas, tirar mais dúvidas.
Um dia Vicente estáva no Fórum, tirando xerox de um volumoso processo, quando tocou seu aparelho celular, que também era um presente de Danilo. Era o chefe de gabinete da desembargadora, ex-mulher de Danilo. Ele estava transmitindo o convite da desembargadora para ele, Vicente, comparecer ao aniversário de 15 anos de Júnior, no apartamento da desembargadora. Vicente ficou impressionado, pois já tinha recebido telefonemas de outros servidores do TRT, mas receber um telefonema de um chefe de gabinete era outro patamar. Vicente prontamente confirmou que ia comparecer, pois já tinha se afeiçoado pelo garoto. Danilo, naturalmente, não foi convidado pela ex-mulher, ia comemorar com o filho depois, num almoço com os dois sozinhos.
No dia do aniversário, Vicente foi até o endereço da desembargadora. Ela morava na cobertura de um prédio de luxo em um dos melhores bairros da cidade. Ao entrar no apartamento, Vicente ficou impressionado com o luxo, nunca tinha entrado em uma casa que parecia "casa de rico de novela", como diria sua avó.
Ao entrar no salão, Júnior largou os convidados que estava falando e correu para dar um abraço em Vicente, pulando no seu pescoço. Vicente tinha trazido como presente um jogo de tabuleiro, assunto que já tinham conversado no escritório. Júnior adorou o presente. A festa era pequena, com poucos convidados. Vicente percebeu que eram uns poucos colegas de escola de Júnior e alguns primos e primas, apenas. Júnior deixou de dar atenção aos seus poucos convidados e passou a dar atenção quase que exclusivamente a Vicente.
Já no meio da festa, chegou mais um convidado. Quando Vicente olhou quem estava entrando, tomou um susto. Era o juiz do trabalho substituto que ele tinha visto Danilo enrabar seis meses atrás. Transcorreu mais meia hora de festa e finalmente Júnior deixou Vicente de lado e foi falar com outros dos convidados. O juiz substituto chegou perto de Vicente.
"Percebi que você não esperava eu aqui, né. Ainda mais vestido...", disse o juiz baixinho rindo.
"Excelência ...", começou Vicente, mas parou porque não sabia o que dizer.
"Vicente, querido, eu aqui não sou excelência, por favor, pode me chamar de você", devolveu o juiz.
"Mas acabei de ver você chamando a desembargadora de Excelência, é que ...", começou a dizer Vicente. O jovem juiz riu.
"É verdade, mas eu sou a minoria dos juízes que não sofrem de juizite... Deixa eu te explicar. Na faculdade, a desembargadora era minha professora. Eu era o monitor de todas as cadeiras dela. Ela foi minha mentora. É claro que ela não sabe que o ex-marido dela me come... O safado do Danilo só me contou que era ex-marido dela depois de ter me comido, aquele maldito. Por favor, não conte nada, pois, se ela souber, vai me dar uma surra aqui na frente das crianças", explicou o jovem juiz, falando baixinho, com um sorriso.
"Eu já disse para o Danilo que não ia contar para ninguém. Me desculpe pela invasão de privacidade naquela noite", disse Vicente.
"Desculpa por quê? Por mim, você poderia até participar... Mas Danilo depois disse que você não gosta da coisa, uma pena", disse o juiz, depois piscando. "Você sabia que eu e Danilo estamos quase que namorando. Isso faz de você o que meu? Meu enteado? Afinal, o Danilo fala de você como se fosse filho dele", disse o juiz.
Vicente ficou espantado com a informação.
"Ele fala assim de mim?", perguntou de sopetão, sem conseguir esconder a expressão de felicidade no rosto.
"Ora, depois do Juninho, ele só fala de você. É Vicente pra cá, Vicente pra lá. Se você Vicente não fosse tão alto, tão musculoso, tão másculo, eu ia ficar até com ciúmes, mas com certeza você não é o tipo de Danilo, então nem me preocupo mais quando ele desanda em falar bem de você e fica meia hora te elogiando. Ele queria ser seu pai, isso sim", disse o juiz do trabalho substituto.
Vicente ficou radiante com as palavras do juiz. Sentiu uma quentura no peito. Parecia que tinha ganho na loteria. Danilo pensava nele como um filho, assim como ele pensava em Danilo como o pai que nunca teve. A alegria de Vicente foi interrompida com Júnior puxando ele pelo braço, dizendo que queria mostrar algo no quarto dele.
Os parabéns foram cantados sem muito entusiasmo. Uma prima de Júnior começou a cantar a parte da música "com quem será que o Júnior vai casar...vai depender, vai depender...". Júnior ao começar a ouvir a prima ficou vermelho feito um tomate em um segundo. A prima parou de cantar, sem falar nenhum nome. Aparentemente, era só uma ameaça de brincadeira entre primos.
Depois dos convidados irem embora, Vicente ficou recolhendo os pratos, copos e talheres pelo apartamento e levando para a cozinha, onde a empregada já estava lavando. A desembargadora entrou na cozinha e pediu para conversar com Vicente.
"Meu rapaz, Júnior ficou muito feliz que você veio, muito obrigada. Imagino que um jovem como você tenha coisas mais interessantes para fazer que vir numa festa de um garoto de 15 anos", disse a desembargadora.
"Imagina, eu gosto muito do Júnior. Conversamos sempre no escritório", respondeu prontamente Vicente.
"Eu queria te pedir um grande favor. O meu filho é muito sozinho. Você viu que ele tem poucos amigos. Mas ele gosta muito de você, apesar da diferença de idade. Queria pedir para convidar ele para um cinema, um shopping, quando você puder. Eu ficaria eternamente agradecida se você pudesse dar essa atenção ao Júnior", disse a desembargadora, pela primeira vez falando em tom de certa humildade perto de Vicente.
"Mas claro, vou fazer isso semana que vem mesmo. Eu tenho o celular dele já, peguei o número no escritório. Vou mandar uma mensagem convidando ele para ir ao cinema", disse Vicente.
O estagiário contou para o chefe, pai do Júnior, o pedido da desembargadora. Danilo ficou maravilhado com a ideia e também agradeceu muito Vicente por ter se disposto a fazer mais companhia para Júnior. Danilo pegou um de seus cartões de crédito, escreveu a senha em um papel e deu para Vicente. "Fica com você, por favor, sempre que levar Júnior ao shopping pode usar para pagar tudo, cinema, lanches. Se o Júnior quiser comprar qualquer coisa no shopping pode passar o cartão também, por favor", disse Danilo. Vicente ficou feliz por ter a confiança total de Danilo, não somente para cuidar do filho dele, mas também pelo cartão, que Vicente sabia que era sem limite de despesas.
Os passeios no shopping e cinema começaram já na semana seguinte. Júnior ficou radiante com a nova amizade com Vicente. Ficavam horas conversando no shopping. Comiam na praça de alimentação. Iam juntos na livraria. Vicente passou a se afeiçoar a Júnior como se ele fosse um irmão mais novo. Como conscientemente já queria ter Danilo como pai, Júnior lhe tratar como um irmão mais velho, reforçava aquela fantasia de Vicente de querer que Danilo fosse o pai que nunca teve. Vicente ficava feliz de sentir que estava se inserindo entre o pai e o filho, como se os três fossem uma família. E Vicente ficou muito reconfortado com os constantes agradecimentos de Danilo pela atenção que o estagiário dava para Júnior. Não tinha mais ciúmes de Júnior, pois o garoto o tratava muito bem, da melhor forma possível e imaginável.
Em meio a essas atividades, Vicente chegou ao último ano da faculdade. Danilo matriculou Vicente no melhor curso preparatório para a OAB, pagando tudo. Vicente iria assistir as aulas, na época 100% presenciais, pela manhã. Iria ter que diminuir muito suas atividades no estágio para a acompanhar as aulas do cursinho, mas Danilo fez questão, absorvendo ele mesmo parte das já importantes tarefas do estagiário.
Depois de meses dedicado ao cursinho, a avó de Danilo teve um infarto e teve que ser buscada pelo SAMU e levada para um hospital público. Vicente saiu do cursinho e foi diretamente ao hospital, mas não havia vaga para internar a avó. Vicente e a mãe ficaram desesperados, pois a avó estava em uma maca improvisada, na enfermaria, a espera de vaga. Pela primeira vez, em todos aqueles anos, Vicente faltou ao estágio. Passou a noite com a mãe a espera de vaga. Pela manhã, recebeu uma ligação de Danilo e explicou o ocorrido. A avó, naturalmente, não tinha plano de saúde. Ao contrário de Vicente, que já estava no plano de saúde empresarial do escritório e tinha direito aos melhores hospitais.
No final da manhã, para surpresa de Vicente e da mãe, que tinham virado a noite no hospital público acordados, Danilo apareceu na enfermaria.
"Sua avó está sendo transferida para a UTI do hospital particular, a ambulância já está aqui", disse Danilo. A mãe de Vicente começou a chorar ruidosamente de tanta emoção, seguida de Vicente, com lágrimas de uma forma mais discreta.
A avó chegou em uma hora ao hospital particular e, no mesmo dia, foi salva de uma morte iminente. Danilo estava pagando todas as despesas por conta própria. Vicente ficou muito agradecido, mas não falou nada em dinheiro, pois já sabia que Danilo não gostava quando se falava em dinheiro, nessas situações. Até Júnior mandou mensagem no celular, perguntando da avó, o que deixou Vicente muito comovido.
A avó teve alta depois de uma semana, fora de risco, apenas tendo que manter a medicação e não fazer esforço. Vicente viu de relance o valor da fatura do hospital. Era um valor surreal. Danilo não fez qualquer comentário e pagou a conta como se fosse um cafezinho na padaria. A admiração e mesmo o amor filial de Vicente pelo chefe só aumentou, se é que isso era possível, diante do que Vicente já sentia antes pelo "pai" Danilo.
A mãe de Vicente, no dia da alta, se virou para Danilo.
"Doutor Danilo, eu nunca poderei lhe agradecer tudo que o senhor fez. Mas sou mulher muito trabalhadeira. Se o senhor quiser eu já passo a partir de amanhã a fazer a faxina da sua casa, passar sua roupa, de graça, tudo que o senhor precisar, pro resto da vida, enquanto Deus me der forças", disse a mãe de Vicente.
Danilo sorriu gentilmente.
"Não precisa se preocupar, minha querida. Seu filho já é uma benção em minha vida", respondeu Danilo, deixando Vicente ainda mais comovido.
Vicente foi aprovado na OAB. Das 80 questões objetivas acertou 70. Na prova discursiva, da área trabalhista, tirou 10, nota máxima. Danilo ficou especialmente orgulhoso, visivelmente era um orgulho de pai.
Ao chegar no escritório, depois do resultado da OAB, havia um contrato na mesa de Vicente. Era um contrato de advogado júnior. Vicente passaria a ganhar 3 vezes mais, mais uma participação nos honorários. O papel já estava assinado por Danilo e pelos dois funcionários do escritório como testemunhas. Só faltava a assinatura de Vicente para ser consumado. Vicente chorou cinco minutos de tanta emoção, antes de assinar o papel. Finalmente, sua mãe poderia parar de trabalhar e ficar em casa apenas, cuidando da avó doente. Mais que isso, ele poderia até alugar uma casa muito melhor, em um bairro com mais dignidade. Para Vicente, aquele contrato já significava que tinha vencido na vida. Assinou e foi até a sala de Danilo e chorando abraçou emocionado o agora colega advogado.
Vicente respondeu ao generoso contrato - totalmente fora dos padrões do início de carreira para um advogado júnior - trabalhando ainda mais. Agora, sem o compromisso da faculdade, era normal ele sair do escritório às 22 horas. Danilo disse até que ele estava exagerando. Uma vez, Danilo chegou no escritório às 20 horas, acompanhado do juiz do trabalho substituto. Vicente ficou constrangido e pegou suas coisas para ir saindo, em meio aos risos de Danilo e do juiz. O juiz chegou a brincar para Vicente "ficar um pouquinho, se quisesse", com uma voz maliciosa. Danilo riu e Vicente ficou vermelho, sem saber onde enfiar a cara. "Desculpe, Excelência, mas tenho que sair", respondeu Vicente ao juiz, quase gaguejando.
Vicente já estava morando em um apartamento alugado em um bairro muito melhor, de três quartos, com a mãe e a avó. Pela primeira vez na vida a mãe e a avó tinham um quarto só delas. O quarto de Vicente era uma suíte. Danilo foi o fiador do contrato de aluguel. Vicente já tinha dinheiro para dar entrada em um carro zero financiado. Aconselhado por Danilo comprou um carro médio, sem ostentação, mas muito bom. Depois de advogado, com o contrato, pela primeira vez em muitos anos Vicente comprou um terno novo e pagou com o próprio dinheiro. Ficou feliz pela conquista pessoal, mas ao mesmo tempo triste em pensar que não teria mais a companhia do "pai" Danilo, nessas sessões anuais de compras de roupas novas.
Com os honorários começando a entrar, Vicente pode finalmente convencer a mãe a parar de trabalhar e ficar apenas em casa, cuidando dos serviços domésticos e da avó. Para a mãe de Vicente, acostumada a dar 3 faxinas por dia em apartamentos muito maiores, eram praticamente férias permanentes, só cuidar do apartamento e da mãe. Ela ficou muito feliz e se esmerava também em cuidar do filho. Nem mesmo a cama ela deixava Vicente arrumar. No novo apartamento, Vicente nunca mais lavou um copo sequer. Os três receberam Danilo para um almoço no apartamento novo, depois que eles conseguiram terminar de mobiliar a sala e a cozinha. Foi um grande acontecimento para os três receber Danilo. A avó de Vicente chorou emocionada ao lembrar do infarto e de Danilo ter "salvado sua vida". Em meio a esse tempo, Júnior e Vicente continuavam na rotina de ao menos uma vez por semana irem ao cinema e passearem no shopping. Era o ponto alto da semana de Júnior. Para Vicente, Júnior era como um "irmão mais novo de outro casamento do pai" Danilo. Era assim que ele sentia. Já gostava muito do garoto que, visivelmente, o idolatrava.
Após ter sua situação financeira estabilizada, Vicente começou a sair para encontros com mulheres que conhecia no Fórum, ou até antigas colegas de faculdade. Durante os anos de faculdade, considerava que seria um crime gastar dinheiro com encontros amorosos, enquanto a mãe fazia faxina em casas de pessoas ricas. Seus intercursos com mulheres, durante os anos de faculdade, foram apenas com mulheres que quiseram partir logo para os finalmentes, sem encontros, restaurantes, etc. Aconteceram várias vezes e Vicente ficava satisfeito.
Já com um ano de formado, Vicente ligou para Júnior para tentar desmarcar um cinema, pois queria se encontrar com uma advogada que conheceu no TRT. Ao falar isso para o garoto, Júnior reagiu muito mal, quase gritando com Vicente e desligou na cara do advogado. Vicente ficou chateado com o comportamento de Júnior, mas mesmo assim preferiu pedir desculpas a Júnior por mensagem, que foram aceitas apenas depois de um dia. Devido a tudo que devia a Danilo, o jovem advogado não se atraveu a fazer qualquer queixa ou reclamação ao pai sobre o estranho comportamento de Júnior. Literalmente, escondeu o ocorrido. Na semana seguinte, Júnior pareceu se dar conta do erro de tratamento com Vicente e se esmerou em tratar bem Vicente, mais ainda do que já costumava fazer, abrançando e adulando Vicente a todo o momento.
Júnior completou 18 anos e prestou o vestibular para Direito. Nem cogitou escolher outra área. Dizia que seu sonho seria trabalhar com o pai e Vicente no escritório. O rapaz foi aprovado em primeiro lugar geral no vestibular da universidade pública mais importante do Estado. Foi um feito tão grande, que o colégio onde Júnior estudava espalhou outdoors por toda a cidade, comemorando com a foto do rapaz na propaganda nas ruas. O pai e a mãe do rapaz ficaram muito orgulhosos do inesperado feito do filho, que conseguiu esse destaque sem fazer cursinho, apenas estudando no colégio e em casa.
Júnior queria começar a estagiar já no primeiro período, mas os pais não deixaram. Disseram que, pelo menos, queriam ver as notas do primeiro período para avaliar melhor a possibilidade do estágio. Durante o semestre, Júnior intensificou suas ligações para Vicente, para "tirar dúvidas" de assuntos da faculdade. Era pelo menos uma vez por dia. Decorrido o primeiro semestre da faculdade, Júnior tirou nota 10 em quase todas as matérias, menos em uma, que tirou 9,5. Foi o melhor desempenho de toda a turma, de longe. Sem argumentos, os pais autorizaram ele começar o estágio tão almejado no escritório já nas férias da faculdade, entre o primeiro e segundo período. Júnior não quis viajar nas férias para poder começar logo o estágio.
Como o escritório em si era muito pequeno, Júnior e Vicente tiveram que dividir a sala de reuniões. Júnior adorou, mas Vicente ficou um pouco atrapalhado, pois o rapaz fazia muitas perguntas e queria sempre puxar muita conversa. Vicente teve que começar a trabalhar com um fone de ouvido, para não ser interrompido por Júnior de cinco em cinco minutos. Júnior adorava acompanhar Vicente aos fóruns. O interessante é que no TRT, Júnior nunca quis ir no gabinete da mãe. Preferia ficar o tempo todo acompanhando Vicente. Júnior mostrou que era realmente muito inteligente e, em semanas, já estava fazendo petições que Vicente protocolava sem nenhuma necessidade de correção. O que Vicente levou seis meses para aprender, Júnior aprendeu em semanas. O rapaz, agora com 18 anos, se derretia quando recebia um elogio de Vicente.
A faculdade de Júnior era pela manhã e a mãe não deixava Júnior ficar no escritório depois das 18 horas, então Vicente aproveitava a saída de Júnior para fazer o grosso de sua produtividade até as 23 horas quase todos os dias. O motorista da mãe levava Júnior para a faculdade e o deixava no escritório depois das aulas. Júnior e Vicente almoçavam juntos todos os dias. Agora era Vicente quem pagava a conta, com sua remuneração. No final da tarde, o motorista da mãe levava Júnior para casa. Não raro, a noite, mesmo tendo visto Vicente durante toda a tarde, Júnior ligava para Vicente. Algumas vezes o advogado não atendia, dizendo no dia seguinte que estava muito ocupado em um processo. Vicente intepretava que Júnior continuava sem ter muitos amigos, tentando compensar com a figura de Vicente, como "irmão" mais velho.
Na última semana do segundo mês do estágio de Júnior, o rapaz estava monossilábico, não perguntava mais nada a Vicente, não queria mais acompanhar Vicente aos fóruns. Vicente estranhou e perguntou se Júnior estava doente, sendo rispidamente respondido que não. Vicente não perguntou mais nada e deixou Júnior em paz. Na sexta-feira, Júnior não apareceu, mas Vicente não perguntou nada, pois Danilo não comentou sobre a falta e Júnior não tinha realmente tarefas obrigatórias ainda.
Na semana seguinte, Júnior faltou ao estágio todos os dias. Vicente mandou várias mensagens para Júnior, via que as mensagens eram visualizadas, mas Júnior não respondia. Vicente perguntou a Danilo, na sexta-feira, o que estava acontecendo, sendo respondido que Júnior estava doente.
Na próxima segunda-feira, na semana seguinte, Júnior não foi mais uma vez ao estágio. Danilo saiu no meio da tarde para ir na casa da ex-mulher ver Júnior.
Ao voltar, Danilo se trancou na sua sala por meia hora. Depois, chamou Vicente. Danilo estava com uma cara séria, abalado. Vicente preferiu não perguntar nada, esperando Danilo falar alguma coisa.
"Eu preciso pedir a você um grande favor, Vicente. Um favor enorme, que eu nunca imaginei que ia ter que lhe pedir na vida", começou Danilo.
"Qualquer coisa", se apressou em responder Vicente.
"Eu não aceito seu oferecimento sem você antes saber o que é. Não é um processo judicial ou uma petição, é coisa muito séria", rebateu Danilo.
Vicente ficou em silêncio, já contaminado pela seriedade e pesar de Danilo. "Pode dizer, se eu puder, eu juro que irei fazer", respondeu Vicente, tentando incentivar Danilo a falar.
"Eu preciso que você coma meu filho, por favor", disse Danilo, levando Vicente a arregalar os olhos.
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NOTA DO AUTOR: Agradeço a paciência de quem chegou até aqui, mas vocês devem ter percebido como era importante conhecer todos os personagens, antes de entrar na real ação. Passados estes dois capítulos sem sexo, conhecidos todos os personagens importantes, os próximos capítulos serão bem gostosos. Não percam, em breve. Eu sou um autor recente, escrevi recentemente a série "Apostando Converter um Hétero" que recomendo. Atualmente, moro no Recife e não estou namorando. Quem quiser contato pode mandar e-mail para christophercura@protonmail.com Procuro apenas conhecer pessoas para um futuro relacionamento sério. Aguardem o próximo episódio.