Acordei com meu celular despertando. Me levantei e fui até o banheiro fazer minha higiene. Voltei ao quarto pequeno nos fundos da casa do meu tio para me vestir e ir para mais um dia de trabalho. Passei na casa do meu tio e fiz o seu café. Provavelmente ele só acordaria mais tarde.
Depois de fazer o café, eu tomei um copo com leite e comi um pedaço de bolo. Voltei ao banheiro. Escovei os dentes e fui abrir a lanchonete. O sol ainda nem tinha nascido. Estava meio frio e provavelmente logo chegaria as primeiras pessoas para comer algo ou tomar um café antes de ir pro trabalho.
Assim que terminei de abrir, chegaram duas garotas que trabalham ali comigo. Ajeitamos tudo e logo chegaram os primeiros clientes. A maioria já era conhecidos e fregueses frequentes ali de manhã.
Lá pelas 8 horas o movimento foi acabando. Me sentei atrás do balcão e fiquei pensando na minha vida que não anda nada fácil.
Sou lésbica, mas nunca me assumi. Principalmente para minha família. Eu sabia que se fizesse isso seria expulsa de casa. Minha mãe é uma boa pessoa, mas depois que se casou de novo virou pau mandado do meu padrasto. Ele não é ruim para ela, mas é daqueles homens muito rigorosos. Eu sabia que ele jamais aceitaria uma lésbica dentro de casa e com certeza minha mãe ficaria do lado dele.
Ainda por cima tem o filho dele que é um idiota. Gabriel é muito machista. Do tipo que se acha pegador e fala de mulheres como se tivesse falando de um pedaço de carne. Quando ele foi morar com a gente, tentou ficar comigo, mas dei um passa fora nele. Depois disso ele começou a pegar no meu pé. Fazia tudo para me irritar, mas eu só ignorava para evitar conflitos dentro de casa.
Bom, eu namoro há um ano com a Márcia. A gente se conheceu na faculdade. Namoramos uns 7 meses escondidas até que ela se cansou e disse que ou eu assumia ela ou a gente terminava. Eu a amava muito e não queria perdê-la de jeito nenhum. Então me enchi de coragem e contei para minha família da forma mais calma possível. Tentei me explicar, mas o que eu temia aconteceu.
Meu padrasto ficou louco da vida. Só não me bateu porque minha mãe não deixou. Fui colocada para fora de casa só com a roupa do corpo. Ainda por cima tive que ouvir as barbaridades que o idiota do Gabriel falou. Minha mãe nem tentou impedir minha expulsão. Nossa eu chorei muito por ver ela ali sem fazer nada para me ajudar.
Bom, sem dinheiro, trabalho ou um lugar pra morar eu fui até a lanchonete do meu tio. Lá eu pedi ajuda a ele porque eu não tinha mais ninguém para pedir. Márcia não tinha como me ajudar já que na casa dela mal cabia ela e a família.
Meu tio não me deixou na mão. Me arrumou o cômodo nos fundos para eu morar. Arrumou um trabalho na lanchonete e ainda por cima me deu o maior apoio.
Eu estava no segundo ano da faculdade, mas tive que trancar minha matrícula porque eu não tinha como pagar meus estudos. Meu padrasto não quis mais pagar. Meu tio não podia ajudar porque ele tinha comprado um carro financiado. Seus lucros com a lanchonete era a conta dele pagar e manter seus gastos que não eram poucos.
Então eu perdi muita coisa me assumindo, mas mantive meu namoro e sinceramente agora eu me sentia livre.
Eu ganhava um pequeno salário para comprar o básico pra mim. Era bem pouco mesmo, mas meu tio não me cobrava aluguel nem nenhum tipo de despesa. Então estava ótimo.
O cômodo que ele me arrumou era pequeno mas estava ótimo para mim. Tinha um banheiro do lado de fora da casa que eu usava. Eu fazia minhas refeições com ele na sua casa. Eu também ajudava ele fazendo faxina na sua casa e cozinhando às vezes.
Meu namoro estava indo bem. Eu amava muito a Márcia. Mesmo não podendo mais ficar com ela na faculdade eu a via sempre nos finais de semana e quando dava ela vinha aqui na lanchonete. Meu tio era um amor comigo. Sempre que ela aparecia aqui ele me liberava para eu poder ir com ela pro cômodos dos fundos namorar um pouco.
Meu tio se chama Paulo. É um homem de meia idade bem bonito. Sempre anda muito bem arrumado. E sempre me tratou muito bem. A gente se via pouco enquanto eu morava com minha mãe. Ele é irmão do meu falecido pai. Não sei porque, mas meu padrasto não gostava que eu viesse na sua lanchonete de forma alguma. Mas eu dava um jeito de às vezes vir conversar com ele.
Ele sempre me deu ótimos conselhos. Eu tinha mais liberdade de contar as coisas da minha vida para ele do que para minha mãe. Ele nunca me julgou em nada. Quando mais precisei ele me acolheu. Talvez por ele ser meio solitário me quis ali para ter companhia.
Meu tio nunca se casou. A família meio que nunca quis ter contato com ele. Na verdade, sem ser eu, nunca vi ninguém da família dele aqui. Também nunca vi ele com namorada ou alguma mulher. Ele sempre trabalhou muito. Quando conseguiu abrir sua lanchonete em um dos melhores pontos de BH, ele diminuiu um pouco o ritmo. Ainda trabalhava muito, mas ter seu próprio negócio e ser seu próprio patrão dava a ele algum tempo mais de tranquilidade.
Ah esqueci de me apresentar. Meu nome é Ana Júlia, mas pode me chamar de Jú. Tenho 19 anos. Sou morena, cabelos pretos encaracolados que vão até o meio das costas. Tenho 1,78 de altura, olhos castanhos escuros, seios médios, cintura fina, bumbum redondinho e coxas grossas. Nunca fiz nenhum tipo de exercício físico, mas tenho um corpo legal. Tenho os lábios carnudos. Minha namorada diz que minha boca é linda e muito gostosa. 🤭
Bom, eram quase duas horas quando pedi ao meu tio se podia me liberar depois das 21 horas. Era aniversário de namoro meu e da Márcia. Eu queria ir na faculdade entregar um presente a ela. E quem sabe curtir um pouquinho com ela para comemorar. Meu tio falou que tudo bem, mas que era pra eu levar uma chave se caso fosse demorar a voltar. Pediu para eu tomar cuidado porque andar sozinha à noite é muito perigoso.
Eu falei para ele que eu ia levar uma chave sim e que iria tomar cuidado. Voltei para o balcão e vi entrar 4 garotas que iam sempre ali lanchar. Tinha uma delas que em particular me irritava muito. Ela era loira. Até bonita, mas era do tipo que só usava roupas caras. Uma verdadeira patricinha. Elas eram do tipo filhinhas de papai. Essa loira sempre que eu olhava de longe dava um sorriso pro meu lado tipo debochando. Isso me irritava, mas eu ignorava porque se não eu ia perder a paciência e quebrar ela no soco.
Eu nem fui atendê-las. Uma das outras meninas foi e eu evitei ficar olhando pro lado delas.
Quando chegou a noite eu me arrumei e fui para faculdade encontrar minha namorada. Eu não avisei nada a ela. Levava comigo um anel. Era bem simples, mas comprei para dar a ela de presente de aniversário de namoro. Era uma surpresa.
Eu só não sabia que eu que teria uma surpresa naquela noite.
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Continua.