Conversei mais um pouco com a minha nova tutora e, dado o horário, saímos para almoçar. Convidei-a para vir conosco e ela aceitou. No restaurante, minha tortura teve início:
- Fernanda will take the orders, Mr. Paulo. She needs to practice. (Fernanda fará os pedidos, senhor Paulo. Ela precisa praticar.)
- But… But… (Mas… Mas…)
- In English, Fernanda! (Em inglês, Fernanda!) - Ela me interrompeu e se corrigiu pouco depois: - Ah, you used English. Very well, dear. (Ah, você usou o inglês. Muito bem, querida.)
Perguntei os pratos que eles queriam comer, em inglês, naturalmente, porque ela não me deixava sequer respirar em português e chamei um garçom, fazendo os pedidos com um sotaque que ficava localizado entre o “bumpkin” (caipira) e o “desperate” (desesperado). O coitado conseguiu me entender, depois da terceira vez, mas conseguiu e trouxe os pedidos direitinho. As conversas na mesa, inclusive com o Paulo, foram todas em inglês, sugestão da minha carrasca, e aquilo começou a me deixar bastante tensa. Meu calvário estava apenas no início…
PARTE 20 - AMEAÇA DESCOBERTA
Meus dias seguintes seguiram um roteiro bastante esperado, mas nada agradável: estudar, conversar, estudar, adaptar meus costumes, estudar, reunião, estudar, tudo em inglês! Foram cinco dias nessa toada nos quais eu tive poucas chances de conversar com minha família em “Terra Brasilis”. Numa das últimas, se não me engano na última, quando eu fazia uma chamada de vídeo para o celular da Mary, mas agora conversando com a Miryan, ela me contou algo que eu já temia estar acontecendo há algum tempo:
- E o papai, amor, como ele está? Ele não tem conversado muito comigo ultimamente…
- Ah, ele tá bem, mãe. Tem uma moça bonita que tá ficando bem amiga dele e acho que ela é uma palhaça, porque ele tá sempre sorrindo pra ela.
- Ah é, mas que legal… - Falei, remoendo-me por dentro de ódio daquela biscate traidora da Denise: - E você já conheceu ela, querida?
- Já sim! Ela é bem legal e divertida. Gosta bastante de brincar de boneca comigo.
- É!? Aí em casa? - Perguntei já pensando em quebrar o pau com o Mark, afinal ele estava levando uma biscate para dentro da nossa casa sem sequer ter se divorciado de mim.
- Não, mãe, aqui não! Foi lá no sítio do vô.
- Uai, mas por que no sítio?
- Sei não. Só sei que foi lá.
Essa história estava mais estranha do que eu poderia supor, afinal, não haveria o porquê do Mark levar a Denise para o sítio de seus pais para que ela pudesse interagir com nossas filhas. Comecei a pensar se não seria caso de outra figura ter aparecido querendo carimbar o álbum do Mark e restavam duas pessoas poderiam me explicar direito essa história, mas uma delas certamente não iria querer falar. Pedi que a Miryan chamasse a Maryeva para mim:
- Oi, Mary, como você está, meu anjo?
- Tô bem, mãe.
- Credo, por que está tão seca assim comigo?
- Nada não. Tem mais alguma coisa em que eu possa te ajudar?
- Credo, Mary… Não, não tem. - Falei, mas não consegui me segurar: - Sim, tem, querida. Seu pai está namorando?
- Oxi, mãe, pergunte pra ele!
- Maryeva!? Olha o tom que fala comigo.
- Tchau, mãe. - Disse e encerrou a chamada sem me dar chance de dizer mais nada.
- Mas que filha da mãe! - Resmunguei em voz alta e comecei a rir em seguida: - E o pior é que a mãe sou eu!
Voltei a fazer uma chamada agora para o celular do Mark, eu iria para o tudo ou nada. Deu em nada. Meu marido negou qualquer namorico e ainda me mandou “plantar batatas no asfalto”, pois eu não tinha direito de cobrar nada dele, encerrando a chamada de vídeo em seguida. Fiquei possessa! Minha vontade era de estapear aquele filho da puta. Quem ele pensava que era para não esperar o meu retorno? Eu espumava de ódio e precisava tirar aquilo à limpo, então liguei para a Denise:
- Vai tomar no teu cu, sua filha da puta de uma figa! Quem você pensa que é para me cobrar alguma coisa? Vá para o inferno, está me ouvindo? - Denise explodiu logo após minha explosão, mas a dela foi bem mais bonita que a minha.
- Você disse que ia suspender o divórcio, sua biscate! Eu pedi para você, te confessei que iria lutar pelo Mark.
- Vá se foder! Teu processo está suspenso. Não sou eu quem está com ele, caralho! Eu até tentei, mas ele disse que não queria nada sério com ninguém e a gente só ficou duas vezes…
- Então, vocês ficaram?...
- Ficamos! E, por mim, estaríamos junto hoje e pelo resto de nossas vidas, mas ele me disse que não estava com cabeça para relacionamento.
- Mas, caramba, com quem ele está ficando então?
- Não sei! Mas se alguma mulher conseguiu, espero que ele seja muito feliz.
- Porra, Denise…
- Vá tomar no teu cu, Fernanda! Vê se me deixa em paz. - Interrompeu-me antes que eu pedisse desculpas e encerrou a chamada.
Denise era louca por ele e pela forma como me respondeu, seu tom de voz denunciou que havia outra égua naquele tabuleiro de xadrez tentando abater o meu rei. Fiquei com aquilo na cabeça e não consegui dormir direito. No dia seguinte eu era só o pó:
- Fernanda, está tudo bem com você? - Perguntou-me Paulo assim que me viu.
- Não, não tô! Acho que o Mark está namorando alguém.
- Mas vocês não estão divorciados?
- Sim e não! Só estamos separados, o processo ainda não terminou…
- Bem… O que vou falar é para o seu próprio bem: concentre-se no treinamento. Eu consegui evitar sua demissão naquela outra vez, mas não sei se consigo te proteger novamente se outro “imprevisto” acontecer, ok?
- Eu… Eu vou me concentrar, aliás, eu estou fazendo tudo o que posso, não estou?
- Sim, está sim. Mrs Thompson é só elogios para você.
- Então!
- Ah! Não sei se é o melhor momento, mas eu tenho novidades sobre o seu querido Rick.
- Ah, Paulo, não sei se quero saber dele. Minha vida já estava entrando no eixo, daí vem essa pancada do Mark, só falta eu saber que o filho da mãe do Rick é um bandido, falso, psicopata e que está atrás de mim aqui nos Estados Unidos…
- Então, as notícias não são tão ruins assim…
- Como assim “tão ruins assim”!?
- Ele não é um bandido, pelo menos não tem ficha criminal; também não é um psicopata aparentemente; falso eu já não saberia te dizer, porque é um conceito muito vago…
- Continuo não entendendo. O que é “tão ruim” então?
- Ele é bem rico mesmo, parece que tudo herança de família… - Concordei, balançando minha cabeça porque isso eu já sabia: - E parece que ele tentou usar esse poder dele para saber onde você estava e conseguiu.
- Como assim?
- Ele foi até a empresa na sua cidade natal e apesar de existirem normas sobre sigilo das informações de nossos colaboradores, ele conseguiu subornar uma secretária que informou onde você estava, endereços, etc. Então, não é difícil supor que ele apareça mais cedo ou mais tarde por aqui.
- Credo, Paulo, e isso não é coisa de psicopata? Esse cara não me deixa em paz!
- Fica calma, eu vou te ajudar. Aqui não é como no Brasil, assédio aqui é uma coisa muito grave e, se ele tentar, tem grande chance dele ficar preso.
Meu dia foi terrível, não rendi praticamente nada. Mrs Thompson bem que tentou tirar o melhor de mim, mas só conseguiu algumas lágrimas. Pela primeira vez, ela teve pena de mim e me dispensou mais cedo após uma conversa com o Paulo. Ele me levou ao meu “apart” e tentou ser mais amigo que patrão, mas eu queria ficar apenas eu comigo mesma e consegui. Nesse dia, eu só dormi porque entornei boas doses de um Whisky, senão teria passado a noite em claro.
No dia seguinte, eu não era eu. Uma dor de cabeça animalesca me derrubou, mas, por sorte, era sábado e não haveria expediente, nem treinamento, nem aula. Fiquei de bode na cama o dia inteiro. Por volta do meio dia, meu celular tocou e vi que o Mark tentava fazer uma chamada de vídeo para mim. “Filho da puta! Ficou com peso na consciência, né? Cê não sabe a vontade que tô de te por um chifre, mor!”, pensei comigo antes de atender aquela chamada. Quando enfim atendi, a imagem que surgiu acabaria com o restante das minhas forças:
- Bom dia, Fernanda.
- Iara!? O que você está fazendo com o celular do meu marido?
- Oxi! Que eu saiba é ex-marido, né não!?
Se ela estivesse na minha frente eu arrancaria na unha uma boa parte daquela farta juba encaracolada que ela ousava ostentar, tamanho o ódio que eu estava sentindo. Controlei-me não sei como enquanto ela voltava a falar:
- Só tô ligando para você porque sua miudinha me contou que você estava fazendo perguntas sobre quem tá com o Mark. Então, sou eu, visse.
- Ele é meu marido, Iara! A gente ainda não se divorciou.
- Divórcio só resolve o papel, Fernanda, seu casamento já acabou bem antes pelo que eu soube.
- Como assim “soube”? Quem te falou e o que falaram?
- Interessa isso não! Só tô te ligando porque não sou mulher de ficar acobertada. Eu e o Mark estamos nos acertando e se antes não tinha dado certo, agora vai dar.
- Mas… Mas ele é meu!
- Ih… Perdeu, binha! Teve sua chance, agora ele é meu e não vou desistir sem luta.
- Uai, onde será que tá essa merda? Iara, você viu o meu celular? - Ouvi a voz do Mark baixinho antes da chamada ser encerrada.
“Filha da puta do caralho! Biscate dos infernos!”, comecei a xingar em pensamento, tremendo de ódio e sem saber o que fazer, pois a dor de cabeça ainda me martelava os neurônios. Minutos depois outra chamada de vídeo do celular dele tentava se iniciar. “Vou acabar com essa biscate agora. Ah se vou!”, pensei e atendi a chamada. Antes que eu pudesse xingá-la, vi que a imagem que surgiu era do Mark:
- Fernanda…
- Oi, mor. - Respondi, certamente com semblante abatido: - É verdade o que essazinha aí me disse?
- E o que foi que ela te disse?
- Oxi! Já te contei, não contei? - Ouvi a voz da Iara atrás dele e depois a vi de relance no vídeo.
Ele a encarou, mas não parecia satisfeito com a resposta, pois voltou a olhar a tela. Não tive piedade e contei tudo, sem tirar uma vírgula e sem aumentar nada também. Assim que eu terminei, ele se voltou para ela e deu uma bela comida de toco que, resumindo, terminou com um belo “nunca mais tome uma decisão que me envolva sem me comunicar!”:
- Então, é verdade? - Perguntei.
- Apesar de eu não te dever satisfação alguma, eu ia te contar. Só que a baiana de sangue quente não conseguiu aguentar um dia mais e enfiou os pés pelas mãos, né, Iara?
- Oxi, oxi, oxi! - Ouvi novamente e vi que coçava a cabeça como se estivesse irritada.
- Poxa, amor… Mas Mark, e a gente? - Perguntei, quase chorando.
- A gente, o quê? - Ele me perguntou com uma expressão surpresa: - Você queria que eu fizesse o quê? Virasse um monge? Te esperasse de braços abertos?
- É! Braços abertos seria bem legal… Poxa, mor, pelo amor de Deus, eu só quero uma chance de te reconquistar, te provar que eu posso mudar, mas se você se aninhar com essa… essa… essa…
- Epa! Essa aí não, hein!? Não te xinguei, Fernanda. Não apela comigo que eu vou te mostrar o que a baiana tem.
- Você é paulistana, Iara, para de tacar fogo! - Mark a repreendeu.
- Mas tenho sangue baiano. Mexe comigo para você ver? Mexe!
- Mark… - Comecei a choramingar, porque vi que aquele acarajé ambulante já estava bem mal intencionada em se misturar com o meu queijinho Minas.
- Fernanda, para! A gente acabou e você sabe disso. Vamos só nos concentrar na criação das meninas e em manter um bom relacionamento, pode ser?
É claro que não podia, eu não queria isso! Eu queria o meu marido para mim e nunca na minha vida eu tive tanta certeza de querer uma coisa. Pensei rapidamente em minhas opções e nenhuma me agradava: se eu largasse tudo e voltasse, ele ficaria decepcionado, aliás, mais decepcionado do que já estava e minhas chances ficariam reduzidas; se eu concluísse meu treinamento, talvez, muito talvez, eu conseguiria reconquistá-lo com base nos meus méritos e conquistas, porque eu o conhecia como ninguém e sei o orgulho que um capricorniano tem de seu trabalho e daqueles que o cercam. Mesmo correndo um grande risco, decidi que deveria ficar e dar o meu melhor:
- Eu… Eu espero que você seja muito feliz, mor. - Falei, comendo boa parte do meu orgulho, sem chorar e conclui: - Você ainda vai ter muito orgulho de mim. Eu te prometo isso.
Minha resposta o surpreendeu, eu vi isso em seus olhos arregalados. Acredito que ele imaginasse que fosse espernear, ou me humilhar, ou brigar, ou xingar, sei lá, mas a resposta que lhe dei, o deixou calado, olhando para o celular sem qualquer reação. Eu própria tomei a dianteira:
- Posso só te pedir uma coisa?
- Uai, pode, sô!
- Só não casa com ela antes de eu voltar, por favor!?
Antes arregalados, agora seus olhos estavam esbugalhados e ele não conseguiu evitar uma alta risada, controlando-se pouco depois porque a baiana, brava, já o olhava e ele deve ter visto de soslaio ou presumido isso:
- Fernanda, casar é algo que não está em meus planos, pelo menos, não a curto prazo…
- OXI! - Falou a Iara, levantando-se e saindo de perto dele, realmente brava.
Ele deu uma olhava para trás, na direção para onde ela havia saído e balançou a cabeça negativamente, voltando a olhar para a tela do celular e não conseguiu evitar um sorriso malicioso:
- Você não presta, Mark! - Falei e ri de sua cara boba.
- Mulher é tudo igual, viu! Pode mudar a cor, o cabelo, o local, mas é tudo igual: mal acaba de começar um namorico e acha que já vai ficar para sempre com o homem…
- Eu vou, sabia!? Tenho certeza que vou reconquistar o meu homem e dessa vez será para sempre!
Ele me olhava e não negou minhas pretensões, mas também não as confirmou. Apenas sorriu e balançou a cabeça negativamente:
- Well, I need to end our call, mor, but I'd like to call you again, just to hear your voice, may I? (Bem, eu preciso encerrar nossa ligação, mor, mas eu gostaria de te ligar novamente, só para ouvir sua voz, posso?)
Ele me encarou surpreso e curioso, respondendo:
- Of course you can! I just didn't understand why you said that in English to me… (Claro que você pode! Só não entendi porque você falou isso em inglês comigo...)
- Hein!? - Falei surpresa comigo mesma e expliquei: - Nossa! Acho que estou tão atordoada com as aulas de inglês que nem me dei conta. Tem uma professora aqui que está arrancando meu couro, sem dó!
Ele sorriu e depois riu gostoso, de um jeito que eu gostava tanto de ouvir e saber que era por mim, por estar feliz por uma conquista minha, encheu-me de um ânimo que praticamente fez com que eu esquecesse da minha dor de cabeça:
- Well done, my dear! Really, really well... Keep it up and maybe on the next call we won't just talk in English, what do you think? (Muito bem, minha cara! Realmente, muito bem... Continue assim e quem sabe na próxima ligação não conversaremos apenas em inglês, o que acha?)
- I would love it, mor! (Eu adoraria, mor!) - Respondi, sorrindo: - Por favor, me espera. Eu vou voltar e vou consertar tudo. Juro que vou.
- A esperança é a última que morre, Fernanda…
- A minha está cada vez mais viva, “Vivinha da Silva”, mor.
Ficamos em silêncio, apenas nos olhando pela tela do celular e eu acreditava que teria alguma chance de resgatá-lo, pois seu olhar já não era mais o mesmo: não havia ódio ou indiferença. Eu conseguia ver o meu Mark ali e acho que ele próprio estava se re-encontrando, sei lá… Estava uma delícia olhá-lo, apenas paquerá-lo virtualmente e eu teria ficado um bom tempo, se não fosse a chata da baiana que voltou e o intimou a encerrar logo a chamada ou eles iriam se atrasar para alguma coisa:
- Já vou, Iara, já vou, calma mulher!
- Oxi, Iara, não! Anjinha, visse!
- Tá bom… Já vou… - Repetiu e sorriu, voltando a encarar o celular: - Vou desligar, Fernanda, a gente se fala outra hora, ok?
- Is it a promise? (É uma promessa?)
- Yes, it is! (Sim, é!)
- I love you, mor. I really love you so much! Kisses, kisses, bye, bye. (Eu te amo, mor. Eu realmente te amo muito! Beijos, beijos, tchau, tchau.)
- Okay, Xuxa, I believe. (Ok, Xuxa, eu acredito.) - Respondeu e gargalhou, desligando após.
Eu já não cabia mais em mim de tanta alegria e medo juntos. Uma ex-namorada, linda de morrer estava dando em cima descaradamente do Mark e havia declarado guerra aberta para mim. Ao mesmo tempo, pela primeira vez, senti que havia conseguido estabelecer um canal de comunicação entre eu e meu marido. A guerra estava declarada e eu me sentia pronta para qualquer parada. Se fosse necessário, eu atropelaria aquele acarajé baiano com uma grande roda de queijo da Serra da Canastra.
Estava tão feliz que decidi que sairia para passear pela cidade e experimentar meus novos dons linguísticos. Vesti-me de uma forma elegante, pois o frio era intenso e, pouco antes de vestir meu sobretudo, ouvi duas batidas na porta do meu “apart”, certamente Paulo tendo a mesma ideia e me convidando para passear. Fui toda serelepe atender a porta:
- Oi, Nanda!
- Rick!? O que você está fazendo aqui, caramba!
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO, EM PARTE, FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL NÃO É MERA COINCIDÊNCIA, PELO MENOS PARA NÓS.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DA AUTORA, SOB AS PENAS DA LEI.