Eu olhei pra Nikki, e ela começou a chorar novamente. Daí minha ficha caiu… Das duas uma, ou aquela menina deveria ser filha dela comigo ou com meu pai, e as evidências apontavam muito mais para o meu pai…
Pedro - FILHOS DA PUTA!!!
Nikke - Calma, meu amor. Eu posso explicar…
Quando Nikke ia começar a me responder, escutamos batidas na porta do quarto.
Pedrinho - Pai…Mãe,.. É o vovô no meu celular. Ele quer falar com um de vocês…
Nikke - Estamos nos vestindo filho. Já vamos abrir a porta.
Colocamos roupões e abrimos a porta. Eu já ia pegar o celular da mão dele, mas Pedrinho entregou pra Nikke e veio me abraçar…
Pedro - O que houve, filho? Algum problema?
Meu filho não me respondeu, enquanto eu olhava pra minha esposa, que conversava ao celular. Ela olhava pra mim com um olhar triste, e ouvia mais do que falava. Dizendo tudo bem, que havia chegado o momento, que ele fosse forte, que iria cuidar de tudo aqui e que cuidaria de mim. Acho que a ficha estava começando a cair, e quando as lágrimas começaram a rolar do rosto dela, eu tive a certeza…
Pedro - Eu quero falar com ele!
Nikke - Desculpa, meu amor. Ele não está em condições no momento. Vem aqui!
Pedro - Vamos nos arrumar! Eu quero ver minha mãe!
Pedrinho - Pai… Não dá…
Nikke - Amor, sua mãe teve um mal súbito e foi levada pra emergência e os médicos já avisaram que nada mais pode ser feito.
Pedro - Eu quero ir vê-la! Quero me despedir dela!
Nikke - Eles estão na Grécia, meu amor…
Pedro - O QUE?
Pedrinho me abraçava forte, e minha esposa veio me abraçar. Eu estava a ponto de explodir…
Pedro - O QUE DIABOS ELES ESTÃO FAZENDO NA GRÉCIA?
Pedrinho - Pai, se acalme! A vovó queria conhecer alguns lugares da Europa antes de morrer.
Pedro - Pedrinho, você sabia disso?
Nikke - Ele não tem culpa, querido. Nós pedimos a ele. Sua própria mãe pediu.
Pedro - PORRA!!! COMO SEMPRE, O CORNO É O ÚLTIMO A SABER…
Pedrinho - Pai, não fica bravo comigo! Eu falei com todos eles, que você não iria gostar.
Pedro - Eu não esperava isso de você… Não esperava isso de vocês…
Nikke - Foi sua mãe que pediu… Ninguém queria isso. Nem o seu pai…
Pedro - Nikke, faça as suas malas. Iremos agora pro aeroporto.
Nikke - Mas, Pedro…
Pedro - PEDRO É O CARALHO!!! É A MINHA MÃE, NIKKE… É a minha mãe…
Comecei a chorar e saí de perto dos dois… Se vocês não querem ir, irei sozinho…
Pedrinho - Pai, eu vou contigo… Vou arrumar uma mochila…
Nikke - Pedro, me perdoa… Eu não queria…
Pedro - A gente fazia vídeo chamada todo dia…
Nikke - Meu amor, não vai dar tempo… Seu pai me disse que ela está ligada a vários aparelhos e é isso que está mantendo-a viva.
Pedro - Não tô acreditando nisso… Como que ela resolve de uma hora pra outra fazer uma viagem assim…
Olhei pra Nikke, e vi que ela virou o rosto e baixou a cabeça…
Pedro - Nikke, olha pra mim e me conta tudo.
Nikke - Eles já estão viajando há mais de um mês… Sua mãe tinha planejado essa viagem, mas quando houve o incidente na praia, ela ficou muito preocupada contigo e resolveu falar da doença. Pensou até em desistir pra te dar um suporte, mas como você procurou ajuda profissional e começou a melhorar, decidiu então que poderia viajar sem culpa.
Pedro - Eu estava tão feliz com a nossa relação, que eu nem percebi nada… Sempre que eu queria vê-la, ela inventava uma desculpa… Agora tudo faz sentido.
Nikke - Ela estava feliz, meu amor. Seu único arrependimento era não poder falar que estava amando conhecer os lugares que sempre teve vontade de conhecer. Ela queria te mostrar as fotos e falar sobre as coisas que estavam acontecendo.
Pedro - Nikke, você sabia de tudo isso… Como você pôde?
Nikke - Por isso, é que a partir de hoje, eu nunca te esconderei mais nada… Sempre que eu tento ajudar alguém, eu me ferro… Porque eu sou a pessoa que está mais próxima da bomba quando ela explode…
Pedro - Obrigado, pelo elogio…
Ela riu um pouquinho e veio me abraçar…
Nikke - Quando você morou na França e falava com ela sobre os outros países que você visitou, ela ficou com vontade de fazer a mesma coisa. Ela foi em Portugal, Espanha, Itália, Vaticano, Alemanha, França e tiveram que parar na Grécia pois a saúde foi piorando. Vários lugares que você falou onde comeu e que eram interessantes, ela foi… Seu pai tirou muitas fotos…
Eu ouvia esse relato, e meus olhos estavam cheios d'água, e acho que um pouco da raiva e da decepção que eu sentia, foi se dissipando… Nikke me contou que ela foi conhecer o lugar que eu morei, onde eu estudei e trabalhei… Era tanta informação, que em alguns momentos eu ria e noutros eu chorava. Meu filho apareceu com a mochila pronta, e eu disse a ele que não iríamos mais…
Pedrinho - Tudo bem então se eu chamar a Regina pra vir aqui?
Nikke - É um momento só da família, Pedrinho…
Pedro - Deixa ele, Nikke. Você está aqui me consolando e ele deve estar precisando de um carinho também.
Nikke - Eu posso dar carinho aos dois.
Pedro - Eu quero você só pra mim nesse momento. Pedrinho, pode chamar a Regina.
Pedrinho - Obrigado, Pai. Vou lá falar com ela…
Nikke - Essa menina vai fazer o meu filho sofrer mais ainda. Tô sentindo isso. Coração de mãe não se engana…
Pedro - Continue… Quero saber mais da viagem…
Ela continuou a falar sobre várias coisas que aconteceram e uma que inclusive eu não queria acreditar…
Nikke - É verdade, meu amor…
Pedro - Minha mãe nunca faria isso…
Nikke - Sua mãe quis aproveitar ao máximo o que podia…
Pedro - Eu entendi isso, mas pagar um garoto de programa pra transar e com o aval do meu pai?
Nikke - Seu pai queria fazer todas as vontades dela. Ele me confessou que ficou puto, mas na frente dela, disfarçou…
Pedro - Que Loucura!!!
Nikke - Ela adorou o amante italiano. Você disse que os homens e mulheres italianos são muito belos e ela procurou um.
Pedro - E como ela teve coragem de te contar isso?
Nikke - Amor, não fica com raiva de mim, mas eu meio que plantei a idéia e dei força pra ela…
Pedro - Caralho!!!
Nikke - Não vou te contar os detalhes disso, mas ela adorou a experiência. Sabia que seu pai foi o único homem da vida dela, até então?
Pedro - Ela sempre falava disso com orgulho… Parece que o velho tomou galhada nos acréscimos do segundo tempo kkkkkkkk
Nikke - Poxa, Pedro… Eu não devia ter falado isso contigo. Deixa isso quieto, tá? É um segredo nosso! Seu pai não vai gostar de saber que eu te falei isso e nem sua mãe iria gostar… Deixa isso só entre nós. Estou confiando em você, porque prometi que não iria nunca mais te esconder nada.
O celular da Nikke toca novamente e eu vejo que é meu pai. Ela pega o celular pra atender, mas eu tomo da sua mão e atendo…
Marcelo - Ô, minha flor… Já contou ao meu filho?
Pedro - Oi, pai. Aqui é o seu girassol. Já estou sabendo de tudo…
Marcelo - Oi, filho… Desculpa a brincadeira com a Nikke, mas eu costumo falar assim com ela…
Pedro - Pai, cadê a minha mãe?
Marcelo - Sua mãe enfim descansou, filho. Enfim, descansou…
Pedro - Você é um filho da puta! Você não devia ter feito isso comigo…
Marcelo - Porra, Pedro!!! Você quer discutir isso agora? A mulher que eu amo acabou de morrer… Vai tomar no seu cu!
Pedro - Você tirou ela de mim nos momentos finais. Eu não pude nem me despedir…
Marcelo - Caralho, até quando você vai agir como um molecote? Eu só fiz o que ela me pediu.
Pedro - E desde quando o todo poderoso machão acata as ordens dos outros? Você só faz o que quer. Sempre foi assim! Todo valentão, e me diz agora, que seguiu ordens? Tinha que ter convencido ela a desistir disso? Viagens longas, passeios cansativos… Ela precisava de repouso… Você matou ela! Abreviou a vida dela! Tirou de mim os momentos que eu poderia ter passado com ela.
Marcelo - Seu bostinha de merda! Você está se ouvindo? Eu vou te encher de porrada quando eu voltar! Você não tem direito de falar nada… Você é que tirou ela de mim, no momento em que nasceu. Me roubou os melhores anos de vida dela, quando ainda era cheia de vida e vigor e no final, eu que tive que cuidar dela porque você estava com problemas no restaurante, na família, e com os medinhos de sempre.
Pedro - EU TE ODEIO! VOCÊ PRA MIM É UM LIXO! SEU CORNO MANSO DE MERDA!
Desliguei a chamada e comecei a chorar.
Nikke - Puta que pariu, Pedro! Você não devia ter falado isso.
Pedro - Agora já era, meu amor. Ela se foi…
Sentei no chão e comecei a chorar de soluçar… Nikke se aproximou fazendo um cafuné em mim e me abraçando. Eu não estava bem. Era muita tristeza e muita raiva dentro de mim. Eu só queria poder gritar e sumir pra um lugar bem longe. Quando de repente ouvi algo que me deixou com muito medo…
"Isso é só o começo. Você e sua cadelinha ainda vão sofrer muito"
Olhei em volta e pensei… Eu devo estar ficando louco… Eu precisava de ajuda e a única pessoa ou pessoas que poderiam me ajudar nesse momento eram Dra. Abigail e seu irmão Estevão.
Pedro - Nikke, eu preciso sair.
Nikke - De forma alguma você vai sair assim. Você não está bem…
Pedro - Eu vou fazer um pouco de terapia. Preciso conversar com a Dra. Abigail e Estevão.
Nikke - Não acho bom você dirigir sozinho. Eu te levo até lá. Faz tempo que quero conhecê-los
Pedro - Eu te agradeço.
Nikke - Só tem um problema. Teremos que deixar nosso filho sozinho com a namoradinha…
Pedro - Confio mais na Regina do que em nosso filho.
Nikke - Não estou gostando disso, mas eu quero que você se acalme.
Pedro - Nikke, quem é aquela garota? Pela aparência, parece ser sua filha.
Nikke - Depois a gente conversa sobre isso. Vamos tratar de resolver os problemas mais urgentes primeiro.
Me despedi do meu filho e dei um beijo em sua testa. Nikke fez o mesmo e o encheu de recomendações. Falou pra ter juízo e não fazer besteira.
Pedro - Voltamos em duas ou três horas, meu filho. Se quiserem pedir alguma coisa pra comer, tem dinheiro lá na caixinha da cozinha.
Mandei mensagem para a Dra. Abigail e ela me respondeu para eu ir à sua casa e ir conversar com seu irmão. Ela ainda estava fazendo o último atendimento do dia. Seguimos pelas ruas da Barra da Tijuca e depois do Recreio, até chegar à casa dos irmãos.
Estevão me recebeu de braços abertos e eu apresentei minha esposa a ele. Após um elogio que deixou minha esposa contente, ele nos convidou a entrar.
Nikke - Sua casa é muito bonita, Sr. Estevão!
Estevão - Fico feliz que tenha gostado.
Nikke - Meu marido me disse que você e sua irmã são espíritas, mas a casa tem espírito? Ela é mal assombrada? Estou com um pouco de receio…
Estevão - Hahahahaha Pode ficar tranquila, que os espíritos que estão aqui são do bem.
Pedro - Nikke, você tem cada idéia…
Nikke - Sei lá… Eu tenho medo dessas coisas de espírito… Eu só deixei você frequentar aquele Centro Espírita, só porque aparentemente está fazendo bem pra você.
Estevão - Se me permite, a Senhora é francesa, não é mesmo?
Nikke - Mais ou menos. Tenho dupla cidadania.
Estevão - O espiritismo foi codificado por um pedagogo francês. Um homem muito culto que deu a vida pela doutrina espírita. Digo doutrina, pois além de religião, ainda tem a parte filosófica e científica.
Nikke - Interessante…
Pedro - Eu estou lendo o livro. Já estou na metade, mas tem coisa que não entendo.
Estevão - Por isso costumamos estudar o livro em grupo. Duas ou mais cabeças pensam melhor que uma.
Pedro - Quando eu posso, frequento. Realmente é melhor.
Estevão - Pedro, me conte o que houve? Você não me parece bem.
Pedro - Minha mãe faleceu…
Estevão - Sinto muito… É um momento difícil para nós que continuamos aqui com as memórias e saudades daqueles que amamos, mas é um momento especial para quem está finalmente liberto das amarras terrestres.
Nikke - Meu esposo ficou muito sentido pelas circunstâncias desse falecimento.
Pedro - Toda a minha família armou pelas minhas costas. Todos me enganaram.
Nikke - A mãe dele, se o Senhor não sabe, estava muito doente e quis realizar o desejo de viajar e conhecer os lugares que o Pedro tanto falava a ela.
Estevão - Fascinante!
Pedro - Ela deveria ter se poupado. Estava doente e precisava descansar. Se ela não tivesse viajado, eu teria tido mais tempo de me despedir, de cuidar, sei lá, fazer alguma coisa pra ela.
Estevão - Então você está me dizendo que o melhor para ela seria propiciar a você o que fosse melhor pra você. É isso?
Eu fiquei meio desconcertado com o que Estevão disse. Será que eu estava pondo os meus interesses na frente dos dela? Eu só queria estar presente nos momentos finais. Queria ter feito alguma coisa.
Estevão - Pedro, meu amigo, você está com tanta mágoa assim? Sabe que isso que você está fazendo agora, pode causar perturbação a ela?
Nikke - Como assim? Ela vai virar um encosto? Vai assombrar a gente?
Estevão - Não, minha cara… Sua sogra amava vocês, não é mesmo?
Ambos balançamos a cabeça afirmativamente.
Estevão - Pronto. Ela vai se sentir um pouco triste, culpada. Ela já estava sofrendo em vida e você deseja que ela continue a sofrer?
Pedro - Lógico que não. É que…
Estevão - Eu sei, eu sei… Procure somente pensar coisas boas dela. Deixa essa mágoa pra lá. Você será o primeiro que vai sofrer se continuar assim, com gastrite, úlcera ou dor de barriga. Essa mágoa reprimida pode causar muitos transtornos. A gente somatiza isso tudo e acaba botando pra fora fisicamente como se fosse uma doença.
Nikke - A nossa imunidade pode abaixar também. Isso tudo tem a ver com energia. Eu acredito muito nisso.
Estevão - Você tem razão…
Ficamos conversando mais alguns minutos, quando a Dra. Abigail chegou. Ela nos fez companhia, enquanto seu irmão foi fazer um café.
Abigail - Meus pêsames, Pedro. Temos que agradecer a Deus, que o sofrimento dela não se arrastou durante muitos anos.
Nikke - Hein?
Abigail - Existem pessoas que sofrem durante anos. Quando você está doente, você não deseja que a dor acabe?
Nikke - Claro, mas que acabe a dor e eu fique viva…
Abigail - E se você continuasse viva, mas com dor pelos próximos vinte anos talvez?
Nikke - Não sei…
Abigail - Com a dor aumentando a cada ano, e tirando sua qualidade de vida.
Nikke - Acho que eu preferiria a morte.
Todos nós nos calamos. Eu contei a sacanagem que fizeram comigo de esconder a viagem e que estava chateado com a atitude de todos. Abigail me fez ver por outro ângulo e que talvez ela estivesse querendo proporcionar ao meu pai momentos de felicidade para que ele tivesse bons últimos momentos com ela. Que talvez tivesse feito isso pra não atrapalhar esse novo momento de lua de mel que eu estava passando. Eu comecei a enxergar muitas possibilidades e me senti envergonhado com o meu egoísmo.
Ficamos ali um tempo e eu pedi uma sessão de regressão para a doutora. Eu precisava parar de pensar nisso tudo. E a verdade é que eu estava fascinado pela vida de Pierre e queria saber cada vez mais. Ela me desaconselhou devido ao momento em que eu estava passando, mas eu insisti dizendo que isso me faria bem.
Nikke - Sempre tive curiosidade sobre isso. Eu posso assistir essa sessão?
Abigail - Não creio ser uma boa idéia. São assuntos muito pessoais e delicados.
Nikke - Eu e meu marido não temos segredos. Ele me conta tudo!
Abigail - Se o Pedro concordar…
Pedro - Não sei… Uma coisa é eu contar um filme e a outra é você ver o filme, entendeu?
Nikke - Por favor, mon amour.
Pedro - Tudo bem, mas fique quieta em todo o processo.
Estevão - Eu cuidarei dela. Pode ficar tranquilo.
Fomos ao escritório, e Estevão providenciou mais uma cadeira. Começamos mais uma regressão e agora Pierre estava mais velho. Era um comerciante de respeito e rico. Também estava casado com Desirée, uma mulher fascinante que o amava muito.
Então comecei a me lembrar do meu amigo Luc. Era o meu melhor amigo. Meu confidente e estava sempre disposto a me ajudar. Eu estava desesperado e preocupado em vê-lo, porque na carta falava que ele estava muito doente e sem recursos financeiros. Fui até o Marrocos onde ele supostamente estaria, mas não o encontrei. Decidi voltar em Carcassone procurando por ele e lá eu o encontrei. Foi aquela alegria. Nós nos abraçamos e eu fiquei aliviado em ver que ele gozava de plena saúde. Comecei a explicar o ocorrido e ele ficou admirado.
Expliquei que também não entendia, mas que pelo menos agora poderia voltar pra casa sossegado. Ele me perguntou sobre Desirée e eu disse que ela estava cada vez mais linda, mas estava me enchendo o saco pra nos mudarmos para Paris, mas eu detesto aquela cidade. Um bando de esnobes.
Ele me perguntou sobre o que achei de Carcassone, pois fazia um tempo que eu não vinha aqui e eu disse que continuava muito parecida com o que eu lembrava. Falei que encontrei Francine e sua filha pelo caminho. Luc me explicou que a situação delas não era nada fácil, pois o velho Antoine vivia perturbando as duas.
Depois de muitas despedidas, tomei meu rumo e voltei pra casa. Já havia se passado 3 semanas e eu nunca tinha ficado tanto tempo fora de casa. Estava morrendo de saudades da minha esposa. Foram mais dois dias intermináveis de viagem e finalmente eu estava em Montpellier. O cheiro da brisa vindo do mar mediterrâneo era um perfume que eu conhecia muito bem.
Cheguei em minha casa e meus empregados me recepcionaram com uma cara estranha. Tentei falar com alguns, mas foram saindo de fininho falando que o serviço estava meio atrasado. Achei isso muito estranho. Fui até o meu quarto e ouvi gemidos. Com certeza era de Desirée pois eu conhecia muito bem o gemido de minha mulher. Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Ouvi barulhos de pancada e mais gemidos. Comecei a ficar com raiva e dei um chute na porta.
Simplesmente não pude acreditar no que meus olhos viam. Minha esposa Desirée, a mulher que eu amo, estava de quatro e meu irmão Jacques estava atrás dela segurando sua cintura. Seu enorme cacete estava enfiado nas entranhas de minha Desirée e o mais perturbador era o olhar dela, que era de pura felicidade. Ela gemia de prazer, de uma forma como nunca tinha feito comigo.
As únicas palavras que conseguiu me dizer foram "Me perdoa".
Eu estava em choque. Meus olhos cheios d'água. Tentei falar alguma coisa, mas a minha voz não saía. Foi quando meu irmão Jacques disse que até que enfim eu tinha voltado de viagem. Falou para eu me sentar, pois já estava quase acabando e que nós tínhamos muito que conversar.
Minha esposa xingava o desgraçado do meu irmão, e ele xingava de volta, dando tapas em suas ancas e pequenos socos nas suas costas. Ela gritava e gemia, mas continuava com um sorriso no rosto. Como ela podia fazer isso comigo? Era muita tortura ver os dois assim. Num ato impensado, eu me levantei e fui na direção dos dois, mas meu irmão com uma voz séria e firme disse que se eu o interrompesse, que ele enfiaria o pau em mim e depois me mataria.
Eu agora era um pouco mais forte, mas também estava um pouco mais gordo. Provavelmente eu iria perder nessa briga. A minha vontade era de matar o desgraçado, mas ele era muito mais forte do que eu. Ver os dois ali estava me causando dores de cabeça e me dando ânsia. Resolvi sair dali e fui até um outro aposento beber. Eu precisava relaxar…
Um tempo depois meu irmão entra no aposento pelado exibindo aquele cacete flácido e que mesmo assim era maior que o meu.
Jacques - Como foi de viagem, irmãozinho? Eu já estava ficando preocupado… Só um pouco, pois eu estava muito bem acompanhado. Sua esposa é fantástica. Nunca vi uma mulher gostar tanto de sexo… Melhor que muita puta que eu já tracei. Acho que o meu cacete está até mais fino de tanto que ela mamou… Você acertou na mosca. Foi uma boa escolha.
Pierre - Eu vou te matar, seu filho dos infernos. Por que Jacques? Por que me odeia tanto?
Jacques - Se eu te odiasse, já estaria morto há muito tempo. Eu só peguei o que é meu por direito.
Pierre - Você está maluco? Ela é minha esposa.
Jacques - Nossa esposa! Depois que voltei à Carcassone fiquei sabendo da sua artimanha. Que foi você que iniciou o boato que eu estava traçando a esposa do velho.
Pierre - Mas você estava…
Jacques - Tudo bem. Não era boato, mas não era pra você ter espalhado. Marie sumiu no mundo com a minha filha. Sabe se lá o que elas têm passado e nem sei se ainda estão vivas. Tens noção disso?
Pierre - Você destruiu a vida dela, quando cometeu adultério com ela. Você é o culpado.
Jacques - Talvez, mas a menina não tem culpa. Isso me deixou com muita raiva e eu fui te procurar em casa. Aí fiquei sabendo que o molecote vendeu tudo que era NOSSO, e se mandou de lá com uma esposinha linda e prosperou na vida.
Pierre - É dinheiro que você quer? Por que não disse logo?
Jacques - Claro que eu quero dinheiro. Veja bem, eu quero o que é meu por direito. Quero a metade de tudo que é seu e aliás o dote da sua esposa foi pago com minha parte também. Metade dela me pertence.
Pierre - Você está louco? É isso! A guerra te enlouqueceu…
Jacques - Vamos fazer o seguinte… Você chegou de viagem e deve estar cansado. Melhor conversarmos isso outra hora.
Pierre - Quero que você vá embora daqui.
Jacques - Eu vou, mas ainda ficarei uns dias. Precisamos nos acertar, irmãozinho.
Pierre - O que você quer realmente?
Jacques - Eu quero que você sofra mais um pouco, e mais uma coisa. Não brigue com a Desirée. Ela bem que resistiu no início. Foram 3 dias que eu fingi ser um homem mudado, que estava arrependido e que tinha sido ferido na guerra. Ela cuidou de mim durante 3 dias e resistiu bravamente. Eu sei que com mais alguns dias, eu teria conquistado a sua esposinha, mas como eu não sabia se o meu plano de te afastar iria dar certo e nem sabia quanto tempo você ia demorar, eu tive que acelerar o processo e acabei estuprando a coitadinha kkkkkkkk
Pierre - Seu desgraçado!
Jacques - No quarto dia, nós transamos um dia inteiro. Não paramos nem para nos alimentar direito. Sabia que as frutas ficam muita mais saborosas com o melzinho da sua esposa? Dois dias foi o tempo necessário para que ela viciasse no meu cacete. Portanto, não brigue com ela. Por incrível que pareça, ela te ama, mas também ama o meu cacete.
Pierre - Você me paga!
Jacques - Ao contrário, você é que vai me pagar, molecote. Vá ver a sua esposinha. Depois a gente conversa.
Fui até o meu quarto e ela estava sentada na cama chorando, com os olhos bem vermelhos. Ela veio em direção para me abraçar, mas eu a rejeitei.
Desirée - Me perdoa, Pierre! Ele me dominou… me bateu… me estuprou… Tive que fazer coisas horríveis pra não continuar a apanhar. Ele falava que você não iria mais voltar. Que tinha contratado uns homens pra te matar na estrada, mas que se eu fosse boa para ele, deixaria você viver. Me perdoa, Pierre!
Pierre - Eu vi bem a sua cara de sofrimento. Sorriso de orelha a orelha. Como você pôde?
Desirée - Eu fui forçada. Eu não tive culpa.
Pierre - Você não estava amarrada, ou as cordas eram invisíveis?
Desirée - Sei que deve ter sido aterrorizante a cena que viu, mas assim que ele for embora, nós poderemos dar um jeito em tudo. Eu te amo muito e não quero te perder.
Pierre - Ele não irá embora. Ele vai me atormentar até o fim dos tempos.
Desirée - Então você terá que matá-lo.
Pierre - Não sei se consigo. É meu irmão e ele ainda é mais forte do que eu.
Desirée - Nós daremos um jeito.
Pierre - Não existe nós… Eu vou te devolver aos seus pais. Não consigo nem olhar na sua cara.
Desirée - Meus pais irão me matar. Eu seria a desgraça da família. Não faça isso meu amor.
Pierre - Acabou, Desirée… Acabou…
Desirée - Você é um frouxo mesmo! Estou aqui disposta a esquecer o trauma todo que eu passei nessas semanas e você não quer se vingar do seu irmão. Prefere a desonra e me desonrar. Seu covarde!
Pierre - Cala a boca, sua puta!
Desirée - Quem vai me calar? Você? Mais fácil o seu irmão me calar com aquela pica gigante na minha boca.
Pierre - Sua desgraçada, eu vou te matar!
Dei um tapa em sua cara, mas ela nem se abalou. Disse que eu precisava bater com mais força pra ela sentir. Dizia que tinha se acostumado com os tapas do meu irmão. Aquilo foi me enchendo de raiva e eu pulei por cima dela, arrancando o resto de roupa dela. Eu estava extremamente excitado com isso e já estava teso, e talvez por instinto animal resolvi meter meu cacete nela. Entrou fácil, pois ela já estava aberta por ter levado vara durante vários dias seguidos.
As provocações continuaram, e ela dizia que eu não estava fazendo nem cócegas nela… Eu aguentei o máximo que eu pude, mas a minha raiva era tanta, que eu queria matar os dois e mataria ela agora com as minhas mãos. Segurei o seu pescoço e ela olhou com uma cara assustada, mas conforme eu ia enforcando-a, eu aumentava também a velocidade das minhas estocadas. Seu olhar assutado foi se transformando em prazer, e ela gozou tanto, que eu achei que eu é que tinha gozado. Parecia que ela tinha se mijado, pois ela me molhou até às pernas. Eu nunca tinha visto ou escutado alguém falar nisso.
Era tão surpreendente, que acabei gozando junto, mas eu ainda estava perplexo com o ocorrido. Nesse instante meu irmão aparece no quarto e diz que finalmente os pombinhos estavam se entendendo.
Eu e minha esposa ficamos escravos do meu irmão. Eu tinha que tomar alguma atitude, mas meu irmão era forte e esperto o que era uma combinação muito perigosa. Aquilo não iria acabar bem de jeito nenhum. Eu provavelmente acabaria morto e meu irmão teria o meu dinheiro e minha mulher.
No dia seguinte, meu irmão veio conversar comigo e de uma forma bem direta disse que eu tinha duas opções.
Jacques - Você sabe que errou comigo, não sabe? Você tinha que me pagar com a vida, mas eu passei algumas semanas aqui comendo do bom e do melhor. Descansei e trepei bastante. Por isso serei benevolente contigo, irmãozinho. Vou te dar duas opções. A primeira é você me dar o que é meu por direito. Metade de todos os seus bens. Entendeu? Todos os bens.
Pierre - Acho que você está se referindo à Desirée, não é?
Jacques - Exato!
Pierre - Isto está fora de questão. E como ela seria dividida pela metade?
Jacques - Muito simples. Eu moraria aqui contigo, porque metade de sua casa também é minha. Como você trabalha muito, ela ficaria comigo durante o dia inteiro e quando você chegar à noite, seria sua.
Pierre - Qual a outra opção?
Jacques - Na segunda opção eu abriria mão da sua esposinha, mas você teria que me dar todo o resto do seu patrimônio, inclusive a casa. Você vai embora daqui com ela, e não voltaria nunca mais. Só não sei se ela iria continuar a gostar tanto de você nessas condições…
Pierre - Eu tenho uma terceira opção, seu canalha.
Jacques - Vai por mim, irmãozinho… Essa opção não é boa pra ninguém. Você me encarar, acabaria resultando na sua morte.
Pierre - Tenho uma outra proposta. Eu te dou metade do que eu tenho e vou embora. Pode ficar com a casa e fazer o que quiser com Desirée. Amanhã eu irei embora.
Jacques - Não sei… Eu particularmente gostaria que você aceitasse a primeira opção. Preciso de você pra cuidar dos negócios…
Pierre - Você cansou de me roubar, quando morávamos em Carcassone. Várias vezes tentei te ajudar e te ensinar, mas você sempre preferiu ir pra guerra ou farrear.
Jacques - Agora eu mudei. Sou uma nova pessoa. Tanto é que estou te dando opções. Antigamente eu teria simplesmente tomado de você. Só quero o que me é justo.
Pierre - Foder minha esposa era o justo?
Jacques - Nossa esposa! Já disse que metade do dote era meu também. Vamos ser realistas, irmãozinho. Ela é muito bonita pra você. Mais cedo ou mais tarde iria te trair com outro. Eu te fiz um favor e tudo vai ficar em família. Pensa assim, comigo aqui, ela nunca mais terá vontade de procurar outro. Porra! Eu ainda estou resolvendo o seu problema.
Pierre - Em no máximo uns dois dias estarei indo embora. É o tempo que preciso pra fazer a partilha e resolver a nossa pendência.
Jacques - Como quiser, irmãozinho… Ficarei triste aqui, mas se você prefere assim…
Encerrei a conversa com ele e fui falar com Desirée. Eu não sabia como dizer minha decisão a ela, pois no fundo eu ainda a amava, mas era muita humilhação. O meu orgulho ferido nunca deixaria que isso acontecesse. Resolvi ir trabalhar e encerrar todas as minhas pendências em Montpellier. Mais tarde, vou criar coragem pra falar com ela.
Com muita tristeza no coração, fui fechar meu estabelecimento. Conversei com meus ajudantes, que gostavam muito de mim e entenderam a minha situação. Deixei uma boa quantia a eles para que não passassem necessidade e disse que me procurassem em Carcassone se um dia precisassem de trabalho.
Depois de um longo dia, voltei pra casa pra ter a minha conversa final com Desirée, mas nem isso consegui fazer. Meu irmão já estava montado nela novamente. Pelos gritos dela, provavelmente estava levando no traseiro. Nem tive coragem de ir lá.
Fui falar com meus empregados e expliquei a minha situação. Eles além de empregados, eram pessoas justas que me queriam muito bem. Todos me prometeram sigilo sobre o que estava acontecendo. Inclusive estavam até envergonhados por terem permitido a entrada do meu irmão, mas no início ele se mostrou uma boa pessoa e só depois revelou o verdadeiro caráter.
Eles me confirmaram tudo que aconteceu e ficaram com pena de Desirée e de mim. Só que eles disseram que ela aos poucos foi se transformando, ficando com o comportamento mais libertino. Disseram que meu irmão era uma péssima influência a ela, mas que no fundo era uma boa pessoa e que foi vítima das circunstâncias.
Fui fazer outras coisas na casa, pois era muita coisa pra arrumar. Quando cheguei perto do quarto de hóspedes, notei que o barulho tinha cessado e fui falar com eles.
Desirée - É nossa única alternativa. Eu tenho coragem de fazer isso. Resta saber se você tem…
Jacques - Você é mesmo uma ordinária! Meu irmão não sabe com quem se casou… Eu deveria te matar agora, sua puta. Ele é meu irmão. Por mais que eu não goste daquele covarde borra botas, ele é meu irmão. Sangue do meu sangue. Jamais iria matá-lo desse jeito.
Desirée - Mas estou apaixonada por você. Eu quero você. Eu amei seu irmão, mas agora que eu senti você dentro de mim, nada mais importa. Você é o meu homem.
Jacques - Eu não irei matá-lo.
Desirée - Você é um covarde borra botas também. Tem o mesmo sangue, não é mesmo? Sangue fraco…
Jacques - Você quer levar um tapa nesse rostinho lindo? Vai ficar roxo vários dias…
Desirée - Deixa que eu faço então. Eu consegui um veneno que é infalível. Hoje a noite na hora do jantar, colocarei em seu vinho e ele irá morrer.
Filhos da puta!!! Estão tramando a minha morte. O que fazer? Melhor eu sair daqui, antes que…
Jacques - Irmãozinho! Chegou agora?
Pierre - Mais ou menos. Eu estava conversando com os empregados. Explicando a situação de como vai ser daqui pra frente. Espero que você fique com eles.
Jacques - Não sei…Vou ter que pensar. Desirée está no meu quarto. Se quiser falar com ela, pode ir lá. Agora é o seu turno de ficar com ela. Vai lá… Estou faminto. Não vai dar pra segurar até o jantar.
Jacques foi andando pelo corredor enquanto eu abri a porta bem devagar e vejo minha esposa terminando de se vestir. Ela me vê e fica bem constrangida.
Desirée - Meu amor, você voltou mais cedo. Tudo bem contigo?
Pierre - Vamos ao nosso quarto. Temos que conversar.