A semana começou e eu não tive mais notícias da minha mãe. Rebeca continuou a ir à lanchonete todos os dias, Clara manteve contato diariamente, mas não a vimos durante a semana por causa do trabalho e do curso que ela fazia. Ela raramente tinha tempo no meio da semana.
A namorada da May voltou para São Paulo, e May passava mais tempo conversando comigo e com Rebeca do que com suas amigas, exceto a patricinha, que parecia ser mesmo muito querida por ela.
May disse que ia organizar outras festas, que queria virar promoter e, no futuro, abrir sua própria boate. Ela nos contou mais sobre a vida dela também: era filha única de um empresário japonês muito rico, tinha perdido a mãe ainda quando era criança, e que as duas amigas delas eram filhas de empregados dos seus pais. Ela realmente sabia que elas não gostavam muito dela, mas sim do dinheiro dela, e nem ligava.
Disse que conheceu a Paola na faculdade e que se deram muito bem, mas Paola não gostava de sair muito porque era focada nos estudos. Era uma garota legal, porém muito tímida.
Eu ouvi aquilo e, sinceramente, não sei onde aquela patricinha metida é arrogante e legal. Quase perguntei a May por que ela ficava rindo da minha cara, mas preferi deixar para lá. May é um amor de pessoa e, por mais que eu não gostasse da patricinha, as duas eram amigas.
Os dias foram se passando, as semanas, e o tempo começou a passar muito rápido para o meu gosto.
Tivemos mais quatro noites de sexo naquele mesmo motel: eu, Clara e Rebeca. Era muito bom; o sexo era incrível, a conversa e as risadas também. Mas Clara começou a sair com uma amiga do trabalho, e aí a farra acabou. Continuamos amigas e ela continua vindo aqui na lanchonete conversar com a gente.
Rebeca já tinha voltado à faculdade e estava mais focada nos estudos porque estava fazendo as provas finais. Nossa amizade tinha se tornado muito forte, mas infelizmente estava chegando perto do dia da sua partida. Eu e ela evitávamos falar disso porque o assunto deixava as duas tristes.
Marcos se tornou uma pessoa constante na minha vida também, porque o namoro com meu tio ficou bastante sério e ele sempre estava por perto. Além disso, ele era um homem legal, divertido e me tratava muito bem.
Nunca mais vi Márcia nem Rogério, graças a Deus. Na verdade, raramente eu lembrava de Márcia. Com certeza meu coração estava livre de novo e, se dependesse de mim, ficaria assim por muito tempo.
Clara disse que Rogério andou por muito tempo atrás dela, mas que ela nem quis ouvi-lo, e, por fim, parece que ele se cansou, perdeu a namorada e a amiga por causa de uma vagabunda. Quero mais que ele se dane.
Bom, e o fim do ano se aproximava. Com ele vieram os dois últimos dias que Rebeca teria ali comigo. Ela passou a sexta-feira o dia todo na lanchonete. À noite, a gente foi jantar juntas em um restaurante, depois fomos para o motel. Passamos a noite inteira lá. O sexo foi diferente, mais calmo, com mais carinho. Parecia que a gente era realmente um casal de namoradas apaixonadas. Na manhã seguinte, ela me deixou em casa e foi para seu apartamento arrumar suas malas e passar as últimas horas com seu pai. Disse que, quando fosse embora, viria à lanchonete se despedir.
Esse com certeza seria um dos dias mais tristes da minha vida. Minha melhor amiga iria embora e, o pior, não ia voltar, a não ser para visitar. Claro que a gente ia manter contato, mas não era a mesma coisa. Meu peito doía muito; eu não queria chorar, mas durante a espera agonizante que foi até eu vê-la chegar, algumas lágrimas já tinham molhado meu rosto.
Quando eu vi o carro dela parar em frente à lanchonete, já pude ver suas malas no banco de trás. Ela entrou e eu já peguei sua mão e a levei para o meu quarto.
Rebeca: "Eu tenho um presente para você, ou melhor, um presente para nós duas."
Ela pegou uma caixinha e abriu. Tinha duas pulseiras lindas com um pingente com o símbolo do infinito. Ela colocou uma no meu braço e eu coloquei a outra no dela.
Rebeca: "Eu amo muito você, nunca vou esquecer os momentos que passamos juntas. Você sempre vai ser minha amiga especial, e nunca se esqueça que pode me chamar ou pedir ajuda a qualquer momento, ok? Vou estar longe, mas o sentimento que tenho por você nunca vai mudar."
Ju: "Você apareceu na minha vida no momento que mais precisei. Você me ensinou e me ajudou tanto que vou ser grata a você o resto da vida, e pode contar comigo sempre também, ok? Te amo muito, ruiva."
A gente deu um beijo com muito carinho e nos abraçamos. Eu chorei e, pela primeira vez, vi Rebeca chorar. Aquela despedida doía nela da mesma forma que doía em mim.
Logo, ela falou que precisava ir para não ficar tarde. Ela não queria dirigir à noite. Passou na lanchonete e se despediu de May e do meu tio. Antes de sair, ela foi ao banheiro. Vi que ela demorou um pouco. Quando olhei, vi ela saindo junto com a patricinha e vi que Paola falou algo com ela e as duas deram um abraço. Provavelmente estavam se despedindo. Nunca vi elas conversando antes, mas sempre estavam ali no mesmo ambiente.
Ela veio e eu a levei até o carro. Demos nosso último abraço e ela falou:
Rebeca: "No meio do ano venho te ver ou você vai para a minha casa. Se cuida, gostosa."
Ju: "Combinado, se cuida também, delícia. Te amo, tchau."
Rebeca: "Também te amo muito. Tchau."
Ela ligou o carro e se foi.
Eu voltei para a lanchonete e não conseguia parar de chorar. Meu tio veio e disse para eu ir para o quarto me acalmar um pouco, que eu não estava em condições de ficar ali. Fui sair e May veio e me abraçou, disse que ia comigo. Eu aceitei. No meu quarto, ela sentou na minha cama, eu me deitei no colo dela e chorei muito.
Não sei como vai ser minha vida agora sem minha ruiva. Vai ser difícil me acostumar sem minha amiga.
Continua..