Minhas Duas Metades #14

Um conto erótico de Ju
Categoria: Lésbicas
Contém 2380 palavras
Data: 31/08/2023 15:30:57
Última revisão: 10/12/2024 15:54:09

Acordei cedo no outro dia. Quando saí para ir ao banheiro, vi o carro do meu tio na garagem. Ele e Marcos provavelmente chegaram de madrugada. Fui ao banheiro, fiz minha higiene e vesti minha roupa de trabalho. Fiz um café na cozinha do meu tio e fui abrir a lanchonete.

As horas passavam devagar. Eu estava muito ansiosa para falar com a May; eu precisava muito me desculpar com ela. Não podia perder a amizade dela por causa da minha idiotice.

Era umas nove horas quando meu tio apareceu na lanchonete. Marcos estava com ele, mas só me deu um abraço e logo saiu para ir para casa. Meu tio perguntou como estavam as coisas e disse que estava tudo bem. Conversamos bastante e ele percebeu que eu estava meio triste. Conteinei a besteira que eu tinha feito, e ele concordou que foi mesmo um vacilo meu, mas que certamente May não ia ficar com raiva de mim.

Era quase duas horas quando vi May entrar na lanchonete. Falei com meu tio que ia sair por uns minutos e já voltava. Ele disse que tudo bem.

Fui até ela e pedi para ir comigo até meu quarto. Ela concordou com uma expressão amigável. Aquilo já me aliviou um pouco; pelo menos ela não estava irritada como no dia anterior.

Sentamos na minha cama e eu já fui dizendo:

Ju: Olha, mil desculpas pelo que fiz ontem. Eu estava irritada por outras coisas e, quando vi minha ex aqui, explodi e acabou sobrando para sua amiga. Me desculpe mesmo, May. Eu gosto muito de você e não quero, de maneira alguma, perder sua amizade.

May: Tudo bem, você está desculpada. E me desculpe também. Eu fui muito dura com você. Acho que nós duas estávamos com muita raiva e passamos do ponto nessa situação. Vamos esquecer isso. Também gosto muito de você e pode apostar que vamos continuar sendo amigas.

Ju: Nossa, que alívio! Eu fiquei com muito medo de você não querer mais falar comigo.

May: Está tudo bem, de verdade. Mas queria te perguntar uma coisa que me deixou intrigada.

Ju: Acho que sei o que é, mas pergunta aí.

May: Por que você tem tanto preconceito com as meninas? Tipo a Paola.

Ju: Não é uma desculpa pelo que fiz, que certamente foi errado, mas eu já sofri muito por ser pobre. Na escola, sempre tinha os "filhos de papai" que pegavam no meu pé por causa das minhas roupas, que eram sempre as mesmas, e por eu não ter dinheiro para comprar um lanche. No ensino médio, era pior. As piadas, os risos. Aí, quando entrei na faculdade, piorou mais porque a maioria dos alunos é rica ou de classe média alta. Eu nunca era convidada para as festas; as meninas não gostavam de falar comigo. Eu, além de lésbica, era pobre, então tive muita dificuldade de fazer amigos e, quando fiz, quebrei a cara. Eu olhava para suas amigas e elas eram o retrato das pessoas que sempre me zuaram. As outras duas nem me olhavam; era como se eu não existisse. Era ruim, mas a Paola olhava e ria, e eu entendi errado o motivo do riso por julgar ela mal. Então fui pegando raiva dela. É isso.

May: Olha, eu não sei pelo que você passou, porque eu tenho uma vida financeira alta, mas acho que te entendo porque a Paola me disse umas coisas.

Ju: Tipo o quê?

May: Que quando foi estudar na mesma faculdade que eu, ninguém falava com ela. A única que falou com ela e não a olhou julgando foi eu, mas depois que ela começou a ir de carro bom e a usar roupas de marca, tudo mudou. Todos começaram a se aproximar dela.

Ju: Entendi, mas então ela é mesmo pobre?

May: Sim, ela é, mas vai por mim, ela é muito gente boa, e mesmo se ela fosse rica, tenho certeza de que ela nunca seria esse tipo de pessoa que você achou que ela era.

Ju: Você tinha toda razão. Eu fui preconceituosa com ela. Acho que com suas amigas também.

May: Com as outras, você não errou muito no seu julgamento, infelizmente, mas com a Paola, sim, você errou muito feio.

Ju: E por que você anda com as outras? Eu não gosto de dizer não para as pessoas. Tipo, elas ficam em cima de mim, onde vou elas querem ir e acabo levando, mas sinceramente não gosto muito delas não. Mas vou me afastar antes que uma hora que Estefânia estiver perto, as coisas saiam do controle e ela dê na cara delas. Kkkkk

Ju: Kkkkk entendi, por isso gosto da Estefânia. Kkkkk Ah, só mais uma coisa: como você conheceu a Márcia?

May: Eu e a Paola estávamos no shopping de bobeira, aí vi uma galera da minha faculdade. A gente foi lá e ficou conversando. A Márcia estava no meio e ficou puxando papo comigo. Eu tratei ela bem; me parecia ser muito simpática, mas eu não fazia ideia de que era a sua ex, porque até então eu conhecia sua história, mas não a conhecia. Quando resolvi vir aqui te ver, chamei a Paola para vir comigo para a gente comer um lanche. A Márcia perguntou se não podia vir com a gente porque estava morrendo de fome. Eu disse que tudo bem e ela veio, mas não falou nada quando eu parei o carro aqui perto. Quando a gente desceu, meu pai ligou e fui falar com ele e disse que elas podiam ir pedindo que eu já entrava. Bom, aí o resto você já sabe.

Ju: A Márcia sabia muito bem que eu estaria aqui e sabia que eu iria me irritar com ela. A vagabunda fez de propósito, eu aposto.

May: Eu falei para ela que ela deveria ter falado que era sua ex, aí ela falou que achou que você já tinha superado e que foi você que terminou com ela. Aí eu disse que conhecia bem a história e que você estava mais que certa. Entrei no carro e fui levar a Paola em casa porque ela estava bem mal e deixei a sua ex aí. Nem sei que rumo ela tomou.

Ficamos conversando mais um pouco. Ela disse que o carro e as roupas que a Paola usava eram da irmã, mas não entrou muito em detalhes. Eu chamei ela para voltar para a lanchonete e ela concordou, mas antes falou algo que me deixou pensativa.

May: Ju, legal da sua parte se desculpar comigo, mas sinceramente acho que não é para mim que você deve desculpas. E outra coisa: quando a gente gosta de alguém, tudo que ela faz tem muito mais impacto. Eu fiquei chateada com você por ter gritado com a Paola, mas ela ficou muito triste. Ela saiu daqui chorando ontem. Acho que nunca mais ela vai querer voltar aqui, mas se algum dia você a ver de novo, acho que deveria falar com ela, mas isso é com você, tá bom?

Ela falou e foi saindo. Eu ia falar algo, mas desisti. Ficamos mais um pouco na lanchonete conversando, mas logo ela se foi. Eu fiquei pensando no que ela falou, e ela tinha razão; eu tinha que me desculpar com a Paola.

No domingo, May não apareceu. Aí, à tarde, mandei mensagem perguntando por que ela tinha me abandonado. Ela falou que estava arrumando as coisas para voltar a estudar e que aproveitou para dar uma estudada também para começar focada desde o primeiro dia de aula.

Aí contei que eu também iria voltar a estudar, na mesma faculdade dela, mas só que na parte da manhã, porque à noite o trabalho na lanchonete era mais puxado.

Ela disse que ia tentar passar para a parte da manhã, já que a Paola também ia estudar de manhã porque iria fazer um estágio das 14h até as 20h. Disse que, já que suas duas melhores amigas iam estudar de manhã, iria tentar mudar seu horário também e seria bom, assim teria como tomar distância das outras duas amigas.

Na segunda, acordei cedo e fui para a faculdade. Meu tio deixou eu ir no carro dele, já que provavelmente logo eu voltaria. Lá, eu olhei meus horários e quais professores eu teria. Não conheci ninguém por nome. Fui na sala que eu iria ficar e tinha poucos alunos; não conheci nenhum deles. Como era o primeiro dia, ia ter só três aulas e provavelmente nada de importante, mas resolvi ficar e assistir a todas.

Quando terminou, eu vi a Paola perto do portão de saída. Resolvi ir falar com ela, mas logo veio uma garota loira e abraçou-a. Não deu para ver quem era, mas deu para perceber que eram íntimas. Eu resolvi deixar para outra hora a conversa.

Fui embora e, depois de guardar o carro e trocar de roupa, fui trabalhar. Depois do almoço, May apareceu, me cumprimentou, pediu dois refrigerantes para uma das meninas e veio até onde eu estava. Disse que a partir da outra segunda iria estudar de manhã. Fiquei muito feliz; ia ter alguém para conversar durante os intervalos. Ela disse que depois voltaria, que só tinha ido pegar um refrigerante para ela e para a Paola e já estava indo.

Ju: Ela não vai mais vir aqui?

May: Não, Ju. Eu tentei fazer ela mudar de ideia, mas ela está bem magoada mesmo.

Ju: Ela está no carro sozinha?

May: Sim, ficou lá me esperando. Por quê?

Ju: Por favor, deixa eu ir lá falar com ela. Prometo que daqui a 10 minutos estou com ela aqui.

May: Tá bom, mas por favor não conta que eu disse que ela é afim de você ou das coisas da vida dela que te contei, por favor.

Ju: Prometo.

Peguei o refrigerante e fui até o carro. Paola estava olhando para alguma coisa nas mãos dela, provavelmente o celular, e não me viu chegar. Abri a porta e entrei; ela nem olhou, bloqueou o celular e disse:

Paola: Nossa, você demorou... Você!?!

Ju: Desculpe aparecer assim, mas a gente precisa conversar. Ou melhor, você precisa me ouvir..

Paola: Preciso mesmo?

Ju: Por favor, só me dá uma chance de falar o que tenho para falar. Depois vou embora.

Paola: Tudo bem, só não grita comigo de novo.

Ju: Prometo, sem gritos.

Paola: Então, tudo bem.

Ju: Olha, eu sei que fui uma idiota com você, não só da última vez que nos vimos, mas durante todo esse tempo que você vem aqui na lanchonete. Você nunca fez nada de errado comigo; pelo contrário, toda vez que eu te olhava, você sorria para mim. Mas mesmo assim, e mesmo depois de algumas pessoas que temos amizade em comum falando para mim que você era uma pessoa legal, eu te julguei mal sem te conhecer. Então eu quero muito que você me desculpe e me dê a chance de te conhecer. Sei que talvez seja pedir muito, mas te juro que é um pedido sincero e de coração, por favor.

Paola: Tudo bem, eu te desculpo. Não guardei mágoa de você; só fiquei muito triste pelo que houve.

Ju: Eu realmente sinto muito de verdade.

Paola: Eu acredito em você. Dá para ver nos seus olhos que está sendo sincera.

Ju: E estou mesmo. Bom, então a gente pode começar do zero?

Paola: Acho que podemos sim. Na verdade, eu queria muito poder te conhecer melhor também, mas sua ex deve ter te falado.

Ju: Como assim minha ex? Eu não falo com a Márcia, não.

Paola: Não, essa não, a ruiva.

Ju: Ah, entendi. Kkkkk Rebeca não é minha ex, não; é minha amiga e sempre foi. Te explico depois, mas ela não me falou nada, não.

Paola: Amiga!?! Sei.. Kkkkk Bom, se não falou, deixa pra lá.

Ju: Amiga sim, te juro. Na verdade, melhor amiga. 🤭 Bom, mas deixa pra lá então. Que tal a gente ir para a lanchonete? May está nos esperando.

Paola: Eu não sei se devo entrar.

Ju: Por favor, vai, vem comigo.

Paola: Tá bom, vamos lá, mas antes me fala: o que fez você mudar de ideia sobre mim?

Ju: Sua amiga May disse algo que me fez repensar as coisas. Ela disse que eu fui preconceituosa com você, que te julguei sem te conhecer. Aí eu fui pensar direito e percebi que eu realmente tinha feito isso, mas quero mudar as coisas, não só com você, mas mudar isso na minha vida; não julgar ninguém antes de conhecer a pessoa.

Paola: Entendi e você faz bem em fazer isso. Mas ela falou mais alguma coisa sobre mim?

Ju: Não muito, só que você é uma pessoa legal, uma ótima amiga e que gosta muito de você, mas não entrou muito em detalhes, não.

Paola: Muito bom saber disso, porque a May também é uma amiga incrível.

Ju: Eu sei bem disso. Bora lá?

Paola: Vamos sim.

Saí do carro e ela veio comigo. Eu olhei para o seu rosto e ela sorriu. Dessa vez, não me irritou; na verdade, o sorriso dela era lindo, e ela também. 🤭

Quando May viu a gente entrando com uma expressão boa, ela veio correndo nos abraçar. A gente contou que tinha tudo corrido bem e ficamos ali conversando. Eu comecei a reparar mais na Paola; ela tinha um sorriso fácil, falava manso, tinha olhos lindos e, para ser sincera, era muito gata. Eu realmente me enganei feio com ela. Poucos minutos ao lado dela conversando e já vi que, de patricinha, era só a roupa mesmo; ela era muito humilde.

Ela saiu para ir ao banheiro e May perguntou como foi a conversa. Aí falei que tinha me desculpado, que disse que queria começar do zero com ela e que não tinha contado nada do que ela tinha me falado sobre a Paola. Ela disse que a gente daria um casal bem bonito. Eu só ri e a Paola apareceu logo depois.

Logo elas foram embora e eu fiquei pensando naquela loirinha. Ela era tudo de bom, mas eu não iria tentar nada com ela, já que eu sabia que ela gostava de mim. Não iria ficar com ela por ficar, mas com certeza eu iria querer ser amiga dela.

Continua...

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Foto de perfil de Forrest_gumpForrest_gumpContos: 380Seguidores: 85Seguindo: 93Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

Foto de perfil de Jubs Oliver

Parabéns pelos 100 contos publicados, Beto! 👑😌

😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂

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Foto de perfil de Jubs Oliver

Aposto q vão ficar sim 🗣️

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Foto de perfil de Forrest_gump

Não crie expectativas porque se der errado eu que vou ter que encarar a Juh malvada de novo 😳

🤭 🤭

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Foto de perfil de Jubs Oliver

Desculpaaaa, me exaltei 😂❤️

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Foto de perfil de Paulo Taxista MG

Que incrível até que enfim, a Ju foi conversar com a Paola, tomara que essa amizade de torne algo mais.

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