Alguns leitores cogitaram o que poderia ter acontecido se eu tivesse me separado do Mark para ficar com o Rick.
Achei curiosa a proposta e como meu marido está num período sabático sem previsão de retorno, eu decidi escrever a respeito, imaginando como teria sido minha vida com o Rick, Mark, minhas filhas e como nossas famílias reagiriam a respeito.
Postarei textos mais enxutos, pequenos e, se tudo der certo, serão diários.
Quero deixar bem claro que ESTA OBRA É TOTALMENTE FICCIONAL!
Continuo casada com o Mark, cada vez amando mais o meu carequinha e, no que depender da gente, acho que ficaremos juntos para o resto de nossas vidas, e, SIM, TENHO TOTAL APOIO DELE, que inclusive está me ajudando na revisão.
Pegarei parte do final da versão que escrevi da história do Mark para dar impulso, apenas adaptando alguns trechos e continuarei dali em diante. Quem o segue, irá se lembrar de imediato. Quem não for leitor, aconselho a ler todas as partes do último capítulo para entender.
Beijão para todos.
Da Nanda, para sempre do Mark
PARTE 1 - PERDENDO-NOS...
Apesar do medo demonstrado pela Denise, eu sabia que o Mark não brigaria num ambiente público, desde que não provocado e o Rick já havia dado várias demonstrações de que não era chegado num embate cara a cara, então, seria risco quase zero.
Concordei com a proposta do meu marido e ela, muito a contragosto, algum tempo depois. Fomos nos arrumar em sua suíte e lá não tive um segundo sequer de paz, pois ela tentou a todo o momento me convencer de que aquela não era uma boa ideia. Eu estava quase concordando com ela, mas nesse momento o Mark chegou na porta da suíte com meu celular: Rick estava me ligando:
- Adivinha quem é? - Ele brincou, sarcasticamente.
Eu não precisava adivinhar, pois já sabia, dado o horário e o meu atraso para um certo jantar. Depois de algumas orientações passadas pelo meu estrategista e claramente chateado marido, conversei brevemente com ele e disse já estar a caminho. Mark não sabe, mas o Rick vibrou do outro lado da chamada, parecendo um adolescente que sabe que irá comer sua namoradinha em breve. Mal sabia ele o que o esperava…
Fomos de Uber até o restaurante, pois ninguém queria dirigir. Mark parecia ansioso, talvez nervoso, Denise estava em frangalhos e eu estranhamente apática, sem saber como me portar naquele tabuleiro de xadrez. Chegamos rapidamente ao restaurante, apresentei-me e fui convidada a acompanhar um serviçal até uma mesa, onde o Rick já me esperava. Dei um último olhar para o meu marido, torcendo para não ser o último. Quando cheguei à mesa, Rick me recebeu com o maior e melhor sorriso possível, e um abraço apertado:
- Você está maravilhosa, Nanda! - Falou e se corrigiu: - Aliás, você é sempre maravilhosa. Se bem que não me canso de elogiá-la, sabia?.
- Fica tranquilo, Rick.
- Senta. Quer beber alguma coisa?
- Não, por enquanto não. Obrigada.
Ele sentou-se de frente para mim e tomou um gole de seu praticamente inseparável whisky, sem tirar os olhos de mim. Depois, disparou impiedosamente:
- Que história foi aquela de sonífero para o seu marido? Você me deixou impressionado, sabia?
- Tô me sentindo péssima por ter feito aquilo… Sem contar que não posso demorar muito. Vai que ele acorda, né?
- Fez por um bom motivo, meu amor, fica tranquila, e com o tempo não precisaremos mais viver nessa correria, não é!? - Disse, sem tirar os olhos de mim e propôs: - Eu estava pensando em, ao invés de jantarmos aqui, irmos para o meu apartamento e comermos algo por lá mesmo. O que acha?
Eu entendi suas intenções de imediato, mas precisava ganhar algum tempo. Não precisei me esforçar muito, pois em seguida Mark se aproximou com Denise a tiracolo. Mesmo eu sabendo de todo o plano, não pude esconder minha surpresa, Rick então começou a gaguejar e vi que aquela pose toda de homem macho dominador era só com as mulheres, pois, frente a frente com outro homem, ele fraquejava fácil, fácil. Se bem que ali não era somente um homem, mas o meu homem, especialmente objetivado em defender a sua mulher…
Depois de gaguejar e arrumar uma desculpa mais que insuficiente para convencer sequer uma criança, o Rick aceitou conversar com o Mark e pediu que nossa mesa fosse adaptada. Eu nem sabia que isso era possível num restaurante daquele tipo, mas após o pedido, uma equipe adaptou a mesa em questão de minutos, talvez segundos. Logo, Mark estava sentado ao lado dele com cara de poucos amigos, dentes cerrados e olhar penetrante. Após sermos perguntados sobre o que queríamos beber, Mark pediu um whisky, idêntico ao do Rick e nós duas água. Mal o garçom se afastou e o Mark bateu forte:
- Certo! Vou direto ao assunto porque não quero perder meu tempo ou de minhas digníssimas aqui presente: que porra de história é essa de voltar a perturbar minha esposa?
Rick, o machão, ao invés de responder sua pergunta, se virou para mim, passando a responsabilidade sobre a situação:
- Eu te perturbei, Nanda?
Já que ele queria minha opinião, fui sincera:
- Rick, perturbou sim! Eu já te expliquei que quero tocar a minha vida com meu marido e filhas. Só que parece que você não entende ou não quer entender!
Ele se recostou em sua cadeira, olhando para mim, claramente inconformado com minha resposta, mas, ao invés de resolver a situação na mesa, convidou o Mark para conversarem a sós. “Fodeu!”, pensei, já imaginando meu mozão dando uma escorraçada nele, longe do controle que poderíamos eu e a Denise exercer sobre ele. Acho que ela pensou a mesma coisa, pois conforme eles se afastavam em direção ao bar, seus olhos se arregalavam mais e mais:
- Nanda, isso não vai prestar!
- Eu conheço o meu marido, eu confio nele. Vamos esperar. - Falei tomando um pouco da minha água e concluí: - E torcer pelo melhor…
- Não acredito que deixei vocês me convencerem a virmos aqui. Tá tudo errado, tudo errado…
- Calma, Denise, calma! Eles estão conversando tranquilamente, olha lá, ó. - Pedi, indicando a direção com a minha cabeça.
Eles realmente conversavam aparentemente de forma tranquila. Vez ou outra, olhavam para onde estávamos, mas pareciam, aliás, estavam se portando muito bem. Num certo momento, estranhei um olhar mais incisivo do Mark para mim. Sabem quando se está na beira da morte e um filme de sua vida passa diante de seus olhos? Pois eu vi um filme dos bons e maus momentos de meu casamento com ele. Decidi ali que resolveria aquela situação naquele mesmo dia e já tinha a solução pronta na minha mente. Bem, pelo menos, eu achava…
Denise era um poço de nervos, o que demonstrava que, como advogada, ela ainda precisava aprender a se controlar e muito! Eu tentava disfarçar, mas também estava, com o perdão da expressão, com o cu tão apertado que “não passava nem agulha”. Algum tempo depois, eles retornaram. Rick tinha um semblante cansado, chateado, inconformado até; já meu Mark mantinha a mesma postura impositiva, forte, decidida de quando chegou à mesa. Entretanto, vendo a situação em que estávamos, tentou aliviar um pouco a tensão:
- Calma vocês duas! Nós conversamos, estamos vivos e bem.
Rick sorriu, um sorriso amarelo, é verdade, e também brincou:
- Somos adultos, moças, relaxem.
“Relaxar!? Ah, vá tomar no meio do teu cu, Rick!”, xinguei-o mentalmente, passando a olhar, mais do que curiosa para o meu marido, esperando uma explicação que veio logo em seguida:
- Conversamos civilizadamente, ponderamos as situações envolvidas e acho que o Rick entendeu tudo bem direitinho, Nanda, inclusive, ele concordou em te deixar em paz.
Um silêncio dominou aquela mesa: ninguém sorria ou comemorava nada. Só a Denise deu soltou um suspiro de alívio ao ouvir aquilo, seguido de um “desculpa”, bem baixinho. Eu me sentia incomodada com toda a situação e foi o Rick quem quebrou o silêncio:
- É, mas eu poderia te pedir uma coisa, Mark? - Perguntou e olhou no fundo dos olhos do meu marido, com uma expressão esperançosa de conseguir algo praticamente intangível.
A expressão do Mark mudou de imediato: de aparente tranquilidade, voltou a ficar tensa! Parecia que ele não esperava nada mais que aquela solução já combinada entre eles:
- Diga! - Falou, quase mordendo os lábios.
- Será que eu poderia manter contato com a Nanda, sei lá, cultivar só uma amizade? Aliás, com ela e com você?
Os olhos do Mark se arregalaram por um momento, pois estava surpreso, claro; mas rapidamente se semicerraram em sinal de desaprovação e ele, embora educado, foi rápido na resposta:
- Já que você está sendo sincero, também serei com você: não! Hoje, não! Você está muito ligado a ela e ela a você. Acho que seria bom vocês dois se afastarem por um bom tempo, colocarem a cabeça no lugar antes de qualquer…
- Espera um pouquinho aí! - Interrompi os dois, meio que sem saber por que ou para que: - Ninguém quer saber a minha opinião? Será que os machistas aí vão querer decidir tudo sem me ouvir?
Denise tentou me interromper, mas eu a ignorei, encarando meu marido e esperando dele algo que nem eu mesma sabia o que era:
- Uai, diga Nanda! - Meu Mark me falou.
Suspirei fundo e, encarando-o no fundo dos olhos, passei a falar, numa vã tentativa de convencê-lo de algo que não me parecia tão errado assim:
- Não vejo problema algum sermos amigos, mor. Nós somos adultos e podemos muito bem conviver, desde que ele saiba o seu lugar e respeite o nosso relacionamento. Não é assim que funciona com a Denise? Olha só como tem dado certo! Ela é uma grande amiga nossa e vocês curtem bastante. Por que não poderia funcionar com o Rick e comigo também?
Por que eu fui propor isso para ele até hoje eu não sei! Por muito tempo, perguntei-me que sandice fora aquela. A idiotice foi tão grande que até mesmo a Denise, sempre tão cordial e controlada, “desceu a língua” em mim. Novamente, decidi ignorá-la. Meu marido ficou atônito, me olhando desconsertado com aquela proposta até então inimaginada. Sinceramente, acredito que tenha ficado decepcionado, desapontado comigo, e com razão. Ele ainda tentou mostrar de uma maneira educada, quase paternal, que a culpa de estarmos ali sofrendo aquele desnecessário constrangimento era minha, mas alguma coisa dentro de mim me empurrava ladeira abaixo, e o Rick fez questão de ajudar na minha queda, insistindo em concordar comigo:
- Olha, gente, eu também acho que a Nanda deveria opinar e decidir sobre isso, afinal, manteríamos contato apenas para cultivar uma amizade saudável.
- Obrigada, Rick! Pelo menos, alguém aqui concorda comigo.
- Eu nunca te proibi de nada, Nanda! - Mark chamou minha atenção, inconformado e constrangido com a minha insistência: - Só que a sua indecisão deixou a situação chegar onde chegou. Ele talvez tenha desenvolvido esse sentimento por você justamente por você nunca ter deixado claro que queria apenas sexo e nada mais.
- Talvez você esteja certo, eu posso ter errado, mas agora não: eu sei o que quero e eu não quero que você tome todas as decisões, praticamente me colocando de lado, sinto como se me tratasse como uma criança ou uma retardada. - Insisti, agora querendo ganhar uma discussão em vão, mesmo sabendo lá no fundo, bem lá no fundo, lááááá no fundinho, que eu era a errada.
- Uai, então haja como uma mulher e decida: o que você quer da sua vida? - Mark falou.
Um lampejo de sanidade me fez dizer o que eu sentia pelo meu marido:
- Eu quero você, mor, todos os dias, sempre. - Expliquei, olhando nos seus olhos, mas daí minha língua grande me traiu novamente: - Mas não vejo porque não poderia ter o Rick uma vez ou outra também.
Se no dicionário tivesse uma imagem para a palavra decepção, lá estaria o rosto do meu marido naquele momento. Ele se encostou em sua cadeira, olhando-me, talvez procurando sua esposa, e chegou a correr os olhos na direção da Denise que não o viu, pois me encarava com olhos arregalados e uma mão tapando sua boca. Ele voltou a me olhar, abismado comigo:
- É essa a sua decisão? - Perguntou-me, quase com a voz embargada.
- Se você concordar…
- E se eu não concordar?
Eu queria que ele concordasse, pois eu imaginava que, com respeito e concordância de todos, aquilo poderia dar certo; mas, ao mesmo tempo, alguma coisa dentro de mim me dizia que eu deveria confiar na decisão dele, pois ele sempre lutava pelo nosso bem, mesmo que não fosse bom para mim. Deixei isso bem claro para ele:
- Vou ficar chateada, triste talvez, mas acho que vou respeitar. Você é o meu marido e até hoje não errou comigo.
Ele ficou em silêncio, pensativo, olhando-me como que custando a acreditar que estava enfrentando a própria esposa após ter derrotado o inimigo. Seus olhos buscavam uma resposta para tudo, mas eu não tinha uma resposta convincente para mim mesma, quiçá para ele. Rick quis desviar o foco de cima de mim, convidando-nos para escolhermos os pratos, certamente no intuito de ganhar tempo e conseguir convencer o Mark de que minha proposta era viável, mas meu marido foi seco, recusando:
- Não, Rick! Não para o jantar e não para a amizade. - Falou e voltou sua atenção para mim: - Sinto muito, mas eu não concordo com isso.
Aquilo me doeu por dentro e se tem algo que eu não sei fazer é fingir: minha dor e mágoa certamente apareceu em meu rosto. Quem ele imaginava ser para recusar uma solução que eu entendia ser a melhor possível? Será que ele se achava melhor ou superior a mim? Por que ele podia ter a Denise e eu não o Rick? Cansada de tudo e todos, decidi dar um basta naquilo:
- Tá bom, Mark. - Respondi de maneira seca, inconformada e balançando minha cabeça negativamente, virando na direção do Rick pouco depois: - Vamos jantar, Rick. O que você me sugere para a noite de hoje?
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