Duas da tarde de uma quarta-feira, eu de folga em casa, a campainha tocou e lá fui eu atender, mania de não olhar pelo olho mágico, abri.
- Beleza irmão!
Era ele com uma mochila nas costas e um sacola de plástico numa das mãos.
- Ric, Ricardo!
Deixei entrar tentando não encarar pra ele não perceber o meu susto.
- Cadê os velhos?
- Foram num cinema assistir Barbie.
- Barbie! Seu Antunes, topou? O que deu na dona Bertha, ela nunca teve bonecas, ainda mais Barbie?
Sentamos no sofá, liguei a TV, alguém falando de política.
- As amigas, pelo jeito virou o assunto da turma deles no momento.
- E ela levou o velho a tira colo? Vida de marido é duro, quando elas querem é melhor nem discutir. Só piora, eu que o diga.
Lembrei do sábado no quarto deles, o filme passou na cabeça, Suzana gemendo comigo na cama. Depois trepando com ele e eu escondido no armário. Se vergonha matasse eu caia duro ali na hora. Tive que rebobinar e pensar rápido no que eu ia falar.
- Então pra que tudo isso, sacola, mochila, vai viajar?
- Humhum. Nem posso demorar, a mala tá no carro e daqui a Marília tem chão.
- Você tinha é que largar essa vida de vendedor. Não sei como você aguenta. Aposto que a Suzana não gosta.
- Que nada! Adoro, você não faz ideia. Tá no sangue, ainda mais que eu posso dar meus pulos sem ter que ficar com a Suzy me enchendo a paciência.
- E você e a Suzy fizeram as pazes? Foi no sábado que você apareceu por lá?
Cara de pau! Como é que eu conseguia mentir daquele jeito? Mas também imagina se o Ric desconfiasse, me quebrava cara.
- Cheguei de surpresa! Bixo nem te conto, cara!
Ricardo arrumou o cabelo e depois colocou os dedos da mão em concha junto a boca, como se fosse contar um segredo.
- Que foi?
- Eu quase peguei os dois, você acredita? Foi por muito pouco, cara. Eles tinham acabado de transar.
- É? É!
- Foi cara, uma loucura! Lembra que você falou que era pra chegar de tarde. Quem disse que e aguentei, resolvi ir direto da rodoviária pra casa. Quase peguei os dois.
Engoli em seco, tentando pensar em alguma coisa pra falar, mas não me vinha nada, fiquei com a boca seca.
- Ainda bem que você não pegou, né? As coisas podiam ficar... complicadas.
- Aposto que Suzana queria, foi planejado, igual da outra vez, transou com o cara só pra me provocar. É muito atrevida aquela minha esposa, tá cada vez pior.
- Nem me fale.
- Pois é, mas que dá um tesão dá. Na hora, mesmo puto da vida, é muito bão saber que sua mulher foi fodida por outro sujeito. Deus que me perdoe, mas eu a-doro, simplesmente adoro. Mas não conta nada pra Suzana, vê lá hein? Aquela mulher é muita safada.
- Que isso Ricardo! Não fala assim, é sua mulher porra! Ela não é uma vagabunda.
Ele ficou me encarando com um sorriso no canto da boca, parecia um adolescente contado uma sacanagem.
- Defendendo a cunhadinha? Tá certo, é isso mesmo que tem que fazer. Mas que a Suzy é uma tarada, na cama, ah! Isso é, e ainda bem que é. O perigo é alguém descobrir.
- Então separa cara? Se você está sentindo um corno? Melhor acabar logo antes que o pessoal desconfie.
- É já pensei nisso, mas ela me viciou, ainda mais depois do que aconteceu no sábado.
Ele deu a deixa para que eu perguntasse o que aconteceu no sábado, mas eu sabia o que aconteceu, não precisava perguntar. Ele é que não sabia que eu sabia.
- E o que foi que aconteceu... no sábado?
Haja cara de pau, tentando fazer a pergunta olhando na cara dele e eu sem piscar.
- Transamos depois que ela deu pro outro, a noite inteira. Ah, foda-se! Comi Suzana depois do tal do bombeiro.
- Ric! Manera, poxa é a Suzy.
- Porque? Fiquei bravo sim, mas dessa nem foi tanto, até finji, e deu pra ver Suzana gosta. Gosta mesmo de ser xingada durante a foda. Ainda mais depois que transou com outro. Sei lá que merda é essa. Como é que se chama, fetiche? É assim que fala?
Eu não parava de esfregar as mãos. Elas já estavam suando e ele pelo jeito percebeu.
- Até parece que você é que é o marido da Suzy. Se eu que sou não fico assim, ainda mais você que é só o cunhado. Até parece, tem o que pra beber?
- Tem guaraná.
- Esquece. Daqui a pouco eu tenho mesmo que sair.
- E se o cara voltar? Quer dizer, cê sabe?
Ele me olhou com desleixo, fungou e tossiu.
- Já deixei um recado pra Suzy, ela sabe muito bem das consequências. Cada um faz a sua parte.
- Certo, é isso mesmo. Nem você, nem ela arranjam com ninguém mais.
- Huh! Hãhã!
- Sério Ricardo, você também tem que colaborar. Se ela não vai mais ver o tal... bombeiro, você também devia parar de pular a cerca.
- Bom, deixa eu cair fora. Tá na minha hora.
Ric, puxou a mochila que estava no chão ao lado da sacola, colocou nas costas e nós fomos em direção a porta.
- E você já foi ver Barbie, Gilberto?
- E eu lá posso, imagina, ir num cinema com a turma vestida de rosa e eu lá sozinho?
- Devia ter ido com os velhos!
- Fui ver o Indiana e a Missão Impossível. Já tá bom demais.
Abri a porta e foi saindo.
- Tem um outro, um tal de Oppen não sei o que?
- Heimer!
- Isso, dizem que é muito papo cabeça. Vai nesse, você gosta desses assuntos. Bom, é isso. Fui cara, um abração! Só volto a segunda.
- Boa viagem.
- Tchau!
Nem esperei ele entrar no carro. Tranquei a porta e fui na cozinha pegar um copo de guaraná. Quando eu volto pra sala dou de cara com a sacola do Ricardo jogada ao lado do sofá.
Diabos! Corri até o portão, mas o homem já tinha saido. Busquei meu celular, liguei, e nada. Caiu na caixa postal, uma, duas vezes.
Quando eu estava terminando de escrever a mensagem pra ele, o celular tocou.
- Alô!
- Oi sumido!
Parecia que ela estava mastigando alguma coisa.
- Suzana?
- Huuuh! Oi! Uuunn!
- O que você está comendo?
- Umm doce? Bombom de cereja, foi o Ric que me deixou. Uma gracinha seu irmão. Adoro quando ele fica romântico.
- Me ligou pra falar isso?
- Uuhhh! Não! É que com a caixa de bombons ele deixou um recado, pra você e pra mim.
- Pra mim!? Suzana, ele acabou de sair daqui? Não vai dizer que ele desconfiou, ele falou alguma coisa pra você?
- Não! Ele deixou o recado pro bombeiro, o outro que por caso é você.
- Que bombeiro? Ah, o bombeiro, lembrei.
- Que homem nervoso você! Vai ter um treco assim. Mas o que ele foi fazer? Que coisa estranha?
- Graça a Deus nada muito sério. Papo de homem.
- Eu? Foi aí falar de mim, por acaso?
- Veio aqui, não ficou quase nada e ainda esquceu uma sacola. E agora não atende o celular.
- E o que ele falou de mim? Conta lógico Gil, agora tô curiosa!
- Nada, nada Suzana. Sabe como é o Ricardo.
- Por isso mesmo. Me chamou de putinha ou safada?
- Nem uma coisa nem outra.
- Mentiroso!
- Tá bom! Você é pior que ele. Disse que ficou com um tesão no sábado, sabendo que eu, quer dizer que o outro tinha... cê sabe.
- Transado comigo? Fodido a esposinha na nossa cama? Ele por caso disse que gostou de saber que você comeu o meu cuzinho antes dele chegar?
A voz dela ia ficando cada vez mais lenta, cínica, dava pra imaginar ela fazendo caras e bocas. Rindo baixinho.
- Eu não, o tal bombeiro.
- Háhá! Medroso. Você é muito medroso e mentiroso, Gil! Hummh! Esse é de licor, melhor de todos.
Dava pra ouvir ela mastingando.
- Que recado Suzana? Que foi que ele deixou escrito pra você?
- Huuuff! Ah é, quase esqueci. Peraí. Aqui, olha só que safadeza desse seu irmão. Vê se isso é coisa que se peça. Escreveu assim: "volto segunda Suzy, aproveita enquanto você come os bombons e chama o seu bombeiro. Tá na hora de dele te "barbear" a xoxota. Gostei do jeito que ele fez da outra fez. Beijos. Te amo." Olha que safado! Isso é coisa que se peça? Háhá!
- Pelo menos nisso nós dois concordamos. Não é coisa nem se pense, quanto mais que se peça.
- Mas olha que ele tem razão. Tá mesmo na hora de me depilar. Tô peludinha de novo Gil. Tá na hora de você... me limpar. Seu irmão é que mandou.
- Suzana não começa, você está dando sopa pro azar.
- Tô fazendo o que meu maridinho quer. Uai! E ficou tão bonitinha, me deixou igual uma virgem, e o safado do gostou. Hummh! Vem no sábado, você dorme aqui e eu faço seu nhoque, que tal?
- Suzana!
Eu já estava de pau duro, ainda mais com ela falando com aquela voz arrastada mordendo os bombons.
- Mmmm! Ai que delícia, chocolate com melzinho.
- Melzinho, seu?
Deixei cair a sacola no chão. Sentei no sofá louco de tesão, apalpei o cacete, corpo vibrando, o coração pulando. Imaginei Suzana abrindo as pernas, mostrando a bucetinha, os dedos abrindo os lábios, passando o chocolate nos pentelhos.
- Uuumm! Delícia, bombom de uva com um bouquet de gata no cio.
- Bem o que Ric te chama de vagabunda.
- Mas só na cama, querido. Na cama eu sou putinha. Ai que vontade Gil, não demora cara! Vem logo tô te esperando. Tchau!
- Suzy, não! Espera, porra!
O celular ficou mudo e eu me livrei do calção. Suzy surgiu sorrindo deitada na cama, o rosto lambuzado de chocolate, e ela se tocando. O dedo brincando com grelo, a outra mão esticando a ponta do bico.
"Gil, aaah!, putinho" - Suzy gemeu com os dentes cerrados, siriricando olhan pra mim. Avcara de dor e desejo, os dedos entrando no meio da xaninha molhada. "Gil, aaah! Caralho, me come, me comeee."
Respondi como se ela estivesse ali.
- É pra te depilar todinha, é! Putinha! Suzy, Suzy... Enfia o dedo, enfia, enfia tudo, até fundo, mais mais!
A punheta ganhando ritmo, a cabeça do pau ficando melada. E Suzana gemendo gostoso me mostrand os gomos suados da bucetinha.
- Você é muito safada.Vou de dar um banho de porra, te inundar o cu Suzana! Putinha gostosa.
Ela sorriu encatanda vendo a punheta na cara dela. Vi Suzy ajoelhada, boca aberta, mostrando a língua. Os olhos brilhando como menina ansiosa.
- É isso que você quer, na boca? Então bebe, bebe tudo cunhada. Agora engole, deixa eu ver, engole tudo. Aaaah! Suzy! Ooooooh!
Os jatos brancos começaram a sair, a escorrer, uma porra quente descendo pelo cacete, molhando os dedos, respingando no calção. E Suzy com a cara melada engolindo a minha porra.
Ela mandou um beijo e foi sumindo da minha frente. A loucura saindo como um nuvem no céu. Fui voltando ao normal, pensando em como me limpar.
- Ufa!
Fui levantar e foi aí que me dei conta de que na sacola do Ric havia uma caixa cinza, tombada no chão, meio aberta de onde se via a sola de um tênis. Um pé só. Na tampa pregado com durex um bilhete. Fui ficando desconfiado.
- Que merda...
Estiquei e puxei o bilhete, era a letra do Ric numa única frase.
"Cara, você esqueceu lá em casa."
- Filho da...