Meu coração acelerou, sinto Isaac segurar minha mão com firmeza, sei que depois de sair desse quarto não tem mais volta, sinto medo dentro de mim crescer, não pelo que pode acontecer comigo, mas o que pode acontecer com Isaac caso o meu pai tenha outra acesso de fúria como teve no dia em que pegou minha mãe e seu irmão na cama, um filme passou em minha mente, uma coisa era certa dessa vez faria alguma coisa, naquele dia fiquei chorando e assistindo meu pai quase matar o irmçao, spo que dessa vez seria diferente, se caso ele fosse para cima do amor da minha vida faria alguma coisa, mesmo que isso me custasse minha relação com meu pai de forma ainda mais definitiva.
Isaac estava ao meu lado, respirei fundo e saí do quarto de mãos dadas com ele, minha mãe foi a primeira a ver, ela ia dizer algo, mas paralisou assim que viu Isaac, meu pai veio brigando comigo da cozinha, mas também ficou surpreso quando viu que não estava só e ainda mais quando se deu conta que nossas mãos estavam entrelaçadas.
— Isaac? O que está acontecendo aqui Jonas? — Sua voz era carregada de ódio, era a primeira vez desde quando tinha chegado que ele falava diretamente comigo.
— Oi Pastor. — Isaac respondeu sem desviar o olhar do meu pai.
— Jonas, o que está acontecendo, porque esse rapaz está aqui? — Minha mãe tentava apaziguar a tempestade que estava por vir.
— Pai, mãe Isaac e eu estamos juntos. — Fui o mais firme que consegui ser.
— Você não tem vergonha de desviar o Isaac que sempre foi um menino maravilhoso. — Para meu pai ninguém era tão ruim quanto seu filho.
— Pastor o senhor me desculpe, mas o Jonas não me desviou de nada, eu amo ele e nos amamos a muito tempo já. — Isaac disse segurando minha mão ainda mais firme.
— TE DISSE PARA NÃO TRAZER SUAS IMPUREZAS PARA MINHA CASA! — Meu pai esbravejou.
— Não se preocupe porque já estou indo embora nem se dê o trabalho de me expulsar.
— Eu tenho nojo de você, Jonas sempre te eduquei e olha aí o que aconteceu com você, isso é culpa da sua avó que não soube de educar direito. — Meu sangue ferveu quando ele atacou minha vó.
— Não fale assim dela, você nunca foi um bom pai, eu é que tenho nojo de ser filho de um monstro como você, vocês se merecem mesmo, não ligam pros próprios filhos e querem pagar de corretos. — Explodi e enfrentei meu pai, mas ele não me recebeu bem e me acertou um tapa na cara.
Tudo aconteceu tão rápido, meu pai acertou meu rosto com um tapa e me empurrou, mas antes que ele vinhesse sobre mim uma sombra o arrastou para longe de mim, minha respiração acelerou, meus ouvidos zuniam e de repente não era mais capaz de entender o que aconteceu, os gritos da minha mãe me puxaram de volta para a realidade, meu pai estava no chão com o nariz sangrando enquanto a voz do Isaac era alta como o som de um trovão.
— SE ENCOSTAR NELE DE NOVO EU TE MATO SEU FILHA DA PUTA, ENTENDEU!
Me vi puxando Isaac para longe do meu pai antes que o pior acontecesse, saímos de casa, estava com uma cueca e uma camisa na rua sem saber o que fazer, por sorte as coisas do Isaac — celular, carteira e chave do carro — estavam no bolso da sua bermuda, ele estava transtornado, achei melhor pegar a chave do carro e não deixá-lo dirigir, sai sem rumo e quando vi estávamos no lugar onde ele comprar sua droga.
— Sempre venho para cá quando estou perdido. — Falo.
— Você começou a usar? — Ele pareceu preocupado.
— Não, minha única droga é amor. — Ele riu.
Ele assumiu o volante e saímos de lá indo para o apartamento dele.
— Não quer aproveitar que estamos aqui e comprar algum. — Perguntei.
— Tenho em casa, na verdade mal tô usando, nem sei a ultima vez que fumei um sozinho todo.
— Fico feliz por você. — Falo segurando sua mão.
— Jonas maconha sempre foi uma fuga para mim, mas já tem um tempo que não fujo mais e com você aqui espero ficar ainda mais seguro. — Ele beijou minha mão.
— Isaac me desculpa, não devia ter sumido.
— E eu não devia ter deixado você ir, mas o importante é que estamos juntos agora.
Isaac me beijou e agradeci por não ter perdido ele, sabia que tinha sido por pouco, ele poderia ter reagido de outra forma e não ter me aceitado afinal cinco anos é muito tempo, agora estamos escrevendo um novo capítulo deixando tudo que nos afastou no passado de lado, está com ele ali seria minha liberdade, finalmente me veria livre dos meus pais e do mau que eles me causaram, pensar na sorte que tive me fez pensar que meu meio irmão não pode não ter tido e que talvez ele estivesse passando pelas mesma questões que eu passei, para ele talvez estivesse sendo pior, pois ela o abandonou bem mais velho do que eu, ele como adolecente deve ter tido questões mais pesadas nesses cinco anos.
— Onde você está? — Me perguntou Isaac percebendo que estava aéreo.
— Pensando no meu meio irmão que nunca conheci.
— Entendo, olha espera que você tenha mais sorte. — Percebi uma mágoa grande dentro dele ao falar do Davi.
— Isaac, você realmente não falou mais com Davi?
— Não e quando pensei em falar aconteceu de vocês ficarem.
— Isaac, por mais que me doa dizer isso, Davi não me forçou, eu vacilei com você também, por que não pode tentar perdoá-lo? — Ele ficou pensativo.
— Jonas, é mais complicado que isso, lembra a casa daquele amigo que te levei quando ficávamos. — Fiz que sim com a cabeça. — Ele era namorado do Davi, quando ainda era amigo do Davi uma vez tomamos todas e chapamos de ficar muito loucos, nesse dia Davi colocou na cabeça que eu tinha ficado com o namorado dele, mesmo eu nunca ter beijado outro cara na vida, ele se convenceu disso acho que porque éramos amigos próximos, eles terminaram por causa disso.
— E foi por isso que vocês brigaram?
— Não exatamente, ele ficou tão louco com essa história que começou a brigar com meu amigo, ele insistia na história que éramos amantes até que meu amigo não aguentou mais e terminou com ele, como continuamos amigos Davi me culpou mais ainda, um dia ele estava chapado e me procurou para me chamar de traíra e mentiroso, tentei me explicar e foi aí que ele contou a verdade sobre sermos irmãos e ele disse na minha cara que preferia que não fossemos irmãos e que me odiaria para sempre.
— E como você reagiu a isso. — Fiquei curioso.
— Cara fiquei sem chão, Davi era meu melhor amigo e além de desconfiar de mim ele era meu irmão e me enganou, enganou todo mundo na realidade, ninguém sabia desse segredo entre nossos amigos e o namorado dele, no fim ele não queria falar comigo e eu muito menos, com o tempo ele se deu conta que tinha feito merda e me procurou.
— E aí o que aconteceu? — Estava mesmo curioso.
— Bem ele disse que queria conversar, aceitei, nós marcamos e conversamos, ele falou sobre como tinha descoberto que éramos irmãos e que se aproximou de mim para me conhecer e depois não sabia como me contar a verdade, quase ficamos de boas, mas aí ele não conseguiu esquecer a paranoia de que eu estava com o ex dele, principalmente quando ele me viu usando a moto ai foi a gota d'água para mais um barraco, ele foi na casa do meu amigo e deu um escândalo, quebrou coisas dentro de casa, no fim não tinha o que fazer a raiva em mim só cresceu, lembro que a última vez que nos falamos foi por mensagem e ele disse que se vingaria de mim por ter traído ele e tomado o namorado dele, só que para nossos amigos em comum ele sempre se fez de vítima.
— Nunca pensei, então ele deu em cima de mim por sua causa? — Fiquei incrédulo.
— Sendo sincero eu não sei, mas pelo que eu conheço dele acredito que sim.
Ficamos em silêncio refletindo sobre o ocorrido até chegarmos no apartamento dele, era um lugar bem simples e pequeno, típico apartamento de solteiro, só que tudo muito bem arrumado, a sala e cozinha eram juntas, um corredor que dava para um quarto de hóspedes, um banheiro e o quarto dele, a decoração lembrava muito ele, fotos por todo lado e alguns instrumentos de corda na sala.
— Esse apartamento é a sua cara. — Falei.
— A intenção é que ele seja a nossa cara daqui pra frente. — Disse me puxando e me beijando.
— Isaac eu te amo.
— Claro que ama, sou perfeito.
Rir da piadinha dele, ele me mostrou o quarto, me deu uma toalha e fui tomar banho enquanto ele ia providenciar nosso almoço, ele teve de me emprestar uma roupa pois sai com a roupa do corpo, nem meu celular estava comigo, sentamos na mesa de centro da sala para almoçar já que ele não tinha mesa de jantar.
— Onde aprendeu a cozinhar assim. — A comida dele estava ótima.
— Larica já ouviu falar. — O sorriso dele me fez esquecer todo o estresse que senti todos esses anos.
— Você não tem jeito e sua mãe?
— Mudou para casa das minhas tias, agora moram todas juntas e toda segunda visito elas.
— Porque segunda?
— Não consigo folga no fim de semana, é quando mais vendemos no sushi.
— Você é o dono do melhor sushi da cidade que loucura e a igreja largou mesmo.
— A igreja sim, mas minhas crenças não, ainda leio e faço minhas orações.
— Também, nunca consegui deixar.
Isaac tinha muito em comum comigo, era incrível está com ele, depois do almoço o ajudei com a louça e aproveitamos um pouco na cama namorando, mas ele teve que sair, tinha que comprar umas coisas pro sushi, até me chamou, mas precisava ficar sozinho um pouco e refletir sobre os novos rumos da minha vida, ele tinha um celular extra que deixou comigo pro caso de precisar falar com ele ou até mesmo com minha mãe para conseguir pegar minhas coisas na casa dela.
Acabei pegando no sono, estava tenso por tanto tempo que era estranho não sentir medo, fiquei olhando para o celular pensando em que diria para minha mãe, cheguei a conclusão que não tinha o que fazer, era só ligar e pedir para ela levar minhas coisas até a praça — não queria que ela soubesse onde estava morando — entrei na minha conta no ig e liguei para ela pelo aplicativo mesmo já que não tinha o numero dela de cabeça.
— Mãe preciso das minhas coisas. — Fui objetivo.
— Filho onde você está, volte para casa vamos conversar, peça desculpas ao seu pai. — A cortei e repeti o que queria, mas ela exitou e achei estranho.
— Mãe, o que ele fez com minhas coisas? — Ela ficou calada e só ouvi sua respiração no fundo. — Mãe?
— Eu vou lhe dar tudo de novo filho, onde você está estou tão preocupada.
— Como assim me dar tudo denovo, não quero nada novo quero só o que é meu mãe.
— Filho seu pai estava com raiva e com razão você não podia ter trazido um homem para casa sabendo como seu pai é.
— Não acredito que você está defendendo esse abusador, mãe Isaac não é um homem estranho, ele é meu namorado.
— Jonas.
— Quer saber foda-se, ele pode queimar tudo meu que ficou ai se é que ele já não o fez, eu não ligo, mesmo que tenha que recomeçar do zero ainda é melhor do que olhar na cara de vocês de novo.
— Jonas filho. — Desliguei o telefone e em seguida bloqueie o contato dela, como ela pode deixar que aquele monstro destruísse minhas coisas, não quis nem pensar nele destruindo minhas coisas, a pior parte era que até meus documentos estava lá, pensei em chamar a polícia e ir lá tentar pegar o que quer que tivesse sobrado, mas no fim era isso que ele queria algo para se vitimizar na igreja “meu filho depravado chamou a polícia para o próprio pai” ele diria e seu bando de fiéis sem consciência ficando horrorizados com isso, conservadores hipócritas, fariseus eu não daria a ele o gosto, ele me agrediu, ele foi o errado e a punição divina será a única resposta que ele teria, por mim ele teria de se entender com seu chefe lá em cima.
Quando Isaac chegou ele tinha um tempinho até ir abrir o sushi, contei a ele tudo que meu pai fez e ele ficou puto de raiva, mas falei para ele que daria um jeito, mas ele me corrigiu dizendo que nós daríamos um jeito.
— Fica com esse celular, tenho notebook aqui em casa pode usar para estudar, roupas a gente pode comprar, tenho uma grana guardada para emergências não vai ser nada de março ou chic, mas vai ser um começo, tudo que for meu vou compartilhar com você Jonas.
— Isaac, eu te amo sabia, não esquenta também tenho uma reserva que estava guardando para ir embora, mas agora decidi que quero você, quero ficar, vou fazer o mestrado daqui mesmo, assim que pegar minha OAB vou procurar trabalho, posso dar consultoria tenho uns contatos da época da faculdade.
— Tão responsável.
— Alguém aqui tem que ser.
Namoramos mais um pouco até ele ir pro trabalho, assim como planejamos aconteceu, fui, os dias se passaram e já parecia que nunca havíamos nos separado, nos conhecíamos tão bem que às vezes nem era preciso falar nada, sabia a cara que ele fazia quando perdia a chave do carro e ele a minha quando queria um abraço.
Fiz a prova da ordem e deu tudo certo, com minha carteirinha falei com uns amigos e peguei uns freelancer, um mês depois de ter feito a OAB fiz a prova do mestrado e passei com bolsa o que me ajudou muito, o começo foi meio apertado, mas Isaac e eu seguramos as pontas até melhorar, sempre que dava ajudava ele no sushibar e fomos levando a vida.
Meu pai e minha mãe se tornaram estranhos para mim, ela ainda tenta falar comigo, mas não consegui falar com ela e nem perdoa-la, ainda queria conhecer meu irmão, mas a correria do mestrado trabalho e coisas da casa não tive muito tempo para pensar nisso, o importante era que finalmente minha vida estava indo bem com Isaac e com minha carreira de advogado.
EM BREVE ESSA HISTÓRIA TERÁ UMA SEGUNDA PARTE!!!