Eu sou o número 4

Um conto erótico de Larissa de Astorga
Categoria: Heterossexual
Contém 2305 palavras
Data: 15/08/2023 19:40:52
Última revisão: 15/08/2023 21:03:16

Sou a Larissa de Oliveira, nascida em Astorga-Pr. Sou uma morena clara, e vim para Londrina afim de estudar geografia, sendo isso depois dos meus 21 anos de idade. Já se passaram 6, e agora formada, estou com 27. Hoje, finalmente vou contar uma história minha, ou pelo menos, uma relacionada a mim. Trabalho como paisagista e conheci um rapaz, técnico em enfermagem, com 35 anos já, mas ainda solteiro. Vamos lá, que eu vou tentar ser, o máximo fidedigna nos detalhes.

O seu olhar me fascina; parece que ele quer me penetrar com os olhos. Do seu cabelo espetado, que ele deixa crescer um pouco mais do que o costume, vislumbra um mistério. É que, quando ele fala com ela, me vem à mente, que é para impressioná-la bastante, que tem esse costume. O seu nome é W..., e a moça em questão, Carina Oliveira. Ele me disse que sonhou com ela, que a arrastava pelos corredores. Os corredores eram numerados, uma série deles. De cada um não se poderia ver o fim, mas Carina conseguia surgir entre eles, passar pelas paredes, e por fim, chegou onde estava W..., o corredor número 4.

Eu o encontrei em uma das mansões em que trabalhei, na qual ele também fez uns bicos de enfermeiro particular. Era o ano de 2018, e ele, a conhecendo do trabalho desde de 2014, descobriu a paixão em 2015, justamente quando ela se casava com outro. Pelo que sabia, era o terceiro marido dela. Quando estávamos na varanda da casa, e com eu mexendo nas samambaias, ele me contou deste sonho retroativo a 2016. Fiquei olhando para ele, parecendo me antecipar ao que diria. Garanto que ele estava sendo confidente comigo pelo fato de eu gostar de misticismo (todo mundo percebe), e também, por ser mulherengo, já querendo me cativar.

Meu ciúme me domina, me atrapalha as ações. Sou muito emotiva, e quando me dou conta, já fiz algo que não devia. Pedi-lhe uma foto da tal Carina de Oliveira (sobrenome comum ao meu), e ele me trouxe, logo uma dos dois juntos, que era do casamento dela em 2015. A foto inspira “Romeu e Julieta”. Do vestido branco dela, com a borda inclinada para ele, e a sua cara de safado, vestido em social, etc e tal, parecia que...

Ainda no ano de 2018, W... me contou que teve outro sonho. Ele assistia o filme “Eu sou o número 4”, mas de repente, a tela mudou sozinha para um antigo filme de terror: “Sexta-feira 13 – Parte 2”, na cena da cabeça da mãe do Jason. Pior que não parou, e foi para outro filme da mesma saga: “A parte 8, quando Jason ataca em Nova York (só no final)”. Ahh peraí, meu amigo tá ficando louco! Ele acha que vai ser o 4º marido dessa mulher, tá no ano 2, e vai acontecer no ano 8?

Pior que a Carina de Oliveira se separou, e foi quando o Brasil era eliminado pela Bélgica na copa do mundo. Ele vinha mantendo esse segredo, mesmo quando a gente se reunia com um grupinho de amigos para ir à churrascaria nos sábados à noite. Até que no fim do ano de 2018 ficamos em frente a um quiosque, e eu encantada com o seu olhar meio diferente, arrisquei um beijinho. Ele retribuiu, e fomos ao delírio naquele beijo. Acho que eu merecia, após longos meses de paquera inútil. Logo após o beijo, o clima se dissipou com a sua sinceridade. W... me contou que Carina tinha se separado, e que tinha interpretado o sonho do número 4 e... De repente, involuntariamente, bati no seu rosto, uma bofetada até moderada para a ocasião. Ele se assustou com o tapa, e eu lhe pedi desculpas imediatamente. Ele fez sinal com a mão, que estava tudo bem, mas foi embora sem se despedir.

Passei uma semana ligando, até que finalmente ele atendeu. Eu perguntei se ele tinha falado com ela, quando ele disse que tentou. Passou-se mais 2 meses e entrou o ano de 2019, quando a gente continuou se comunicando mais pelo watts-App do que pessoalmente. W... aproximou-se mais de Carina, e começaram a finalmente, conversar mais sobre romance. Ela lhe revelou que aquele, o casamento de 2015, era o seu segundo casamento, e apesar de ter duas filhas, com o pai da primeira não tinha sido casada. Daí, eu falei:

− Mas, e agora? Se você vai ser o número 4, como pode ser o próximo? Ela só teve 2 até agora.

Estávamos no salão da Upa onde ele trabalha, e ficou pensativo. Parecia querer ignorar os próprios pensamentos. Já tinha feito inúmeros favores por essa mulher, e afim de manter o segredo, ele se desdobrava em projetos mirabolantes, do tipo mudar o local de trabalho, começar outra faculdade para espairecer, etc. Começamos a namorar.

Não sei disputar por amor e, sempre entrego o jogo por w.o. Neste caso da Carina de Oliveira, e por estar namorando em segredo o W..., tive oportunidade, e fui conhecê-la. Isso foi possível graças ao fato de ela trabalhar com ele. Me dispus a vender paçoquinha na parte interna da Upa, só para observar a Carina melhor. E ela, mesmo um tanto dislexa, não era burra, e percebeu alguma intimidade entre eu e o seu colega W... Porém, se fazendo de desentendida, até me convidou para tomar um café na padaria, durante o seu intervalo. Foi lá que ela me contou:

Carina de Oliveira foi mãe solteira aos 17 anos. E com uma mãe que a deixava percorrer as ruas sozinha, uma irmã mais velha que a tinha como rival, quis procurar o pai para um apoio maior. Mas o pai separado de sua mãe, já envolvido com uma outra mulher, por mais que a amasse, não pôde socorrê-la. Aguerrida que era, Carina depois de um ano, colocou a filha numa creche e foi trabalhar em um escritório. E lá, o chefe era muito brincalhão, mas que a “de mãe solteira” está na liquidação, que ele decidiu cantá-la, e foi pra valer! Namorar o chefe não é nada demais, mesmo que esteja no mesmo ambiente de trabalho. Só que não contou ele, que era casado. Sendo tarde, e todos dali lhe dando como piranha amante de homem casado, alguma coisa dizia aos ouvidos de Carina, que tinha que ser assim.

Carina passou a ser amante, não só daquele chefe, mas de outros 2 homens que a paqueravam no condomínio onde morava. Chegou a dar para os 3 no mesmo dia, claro que um de manhã, outro à tarde, e o terceiro à noite (este último, estando em presença da esposa dele). Me disse que era uma mulher 10 anos mais velha que ele, feia, gorda, com manchas na face, e só assim, conseguia segurar o marido. Carina acostumou-se com essa vida, de biscate, pois até lhe rendia uma boa grana extra. Mas, a filha ia crescendo, e lembrando de como ela própria cresceu, decidiu arrumar um marido. E foi, logo um do próprio escritório onde trabalhava, onde rondava a sua fama de puta. Com ele, evidentemente sabendo de tudo que ocorria, mas naquele fatídico ano de 2004, com a sua filha indo para os 5 anos, teve que ser esse mesmo.

A segunda filha de Carina Oliveira nasceu no ano de 2006, e o marido indo para as baladas, principalmente durante a sua “dieta de recuperação”. E ainda chegava contando tudo que ocorreu por lá, que ele não queria, mas seus colegas o empurraram, e acabou comendo uma puta para não desfazer, e que foi acidente de percurso, etc e tal. Ela se enchia de raiva com isso, e pensava que, ainda bem que o casamento foi no cartório, onde não se promete muita coisa. Com efeito, após 6 meses foi dito e feito: meteu a primeira galhada no infeliz. Aproveitou mais uma escapadinha do marido, botou as duas meninas para dormir (a maior cuidando da menor) e foi para o boteco de frente ao condomínio. Lá, tinham conhecidos de sua mãe, mas como esta só ajudava, de vez em quando com um chequizinho, decidiu botar as pernas para funcionar.

Carina tem umas pernas de provocar inveja. Já chegou no bar, levantando a saia, colocando o pezinho no joelho de um compadre da mãe, pagando calcinha para outro truta da mesma senhora. “Você quer tomar com a gente?”, perguntou um deles. “Aqui não! Só se for no Máscara de Eros.”, respondeu.

O Máscara de Eros é um motelzinho meia-boca, que fica a um quarteirão de sua antiga residência. Lá, ela entrou com 2 amigos de sua mãe, apesar de já estar casada. Os 2 caras bem mais velhos do que ela foram gentis, mas nessa noite ela não faria biscate, mas seria de graça, e “em graças” à sua vingança ao marido safado. Com um pau na boca, e a outra pica lhe esfregando nas partes de trás, foi nessa ocasião que Carina perdeu a virgindade do cu. Pegou gosto pela prática, foi enrabada por quase todos daquele condomínio onde morava. Era o maridão vacilar, e sair para jogar sinuca, que ela botava pra quebrar, com algum macho em sua casa. As crianças estavam na escola, evidentemente.

Quando as duas meninas estavam maiores, ela voltou a trabalhar no mesmo escritório, mas agora, sendo rejeitada por todos (devido ao marido machão que tinha arrumado). Aguentou por um ano e resolveu sair novamente. Arrumou emprego no Banco Itaú, de recepcionista, e logo começou um caso com o chefe. Aprendeu a mentir, e omitiu o fato de ser casada. Com isso, recebia regalias no trabalho, e este, começou a lhe pagar um curso de Técnico de Enfermagem, já no ano de 2012. A mentira deu merda, uma vez que Carina nunca levava o patrão/namorado à sua casa. Ele resolveu surpreendê-la com umas flores, em data que, sequer era seu aniversário. Daí, o marido ficou sabendo que pertencia à “classe dos Zebunáceos”, instalou-se a crise do casamento, que foi acabar no fim de 2012. Com a confusão, o chefe não quis mais saber de Carina, e ainda iniciou uma perseguição que culminou na demissão dela.

Largada do marido, com uma pensão medíocre de 350 reais, uma ajuda miserável da mãe, teve que ir atrás de outro emprego. Mas agora, Carina de Oliveira era uma técnica de enfermagem e, arrumou emprego num Hospital Santa Casa em 2013. Aprendeu a fazer boquetes, e fazia, na vizinhança por dinheiro. Muitas vezes, até de graça, se o cara fosse bonitão, ou pelo menos simpático. Foi numa dessas rondas pelo antigo bairro de Bandeirantes, que ela reencontrou o Victor, um antigo namorado de sua adolescência. Já era o ano de 2014, e ambos tinham novidade. Ele tinha ganhado algum dinheiro com a carreira de modelo, que só declinou depois dos 30, e ela, tinha passado em um concurso municipal, e começaria trabalhar pela prefeitura.

O romance correu rápido, com festas para lá, esbanjamentos para cá, que até seu colega W... foi convidado em uma dessas festinhas. Na verdade, Carina já percebia o interesse deste por ela. Me disse isso, não com palavras claras, mas eu entendi assim. Já tinha se envolvido com colegas de trabalho por tantas vezes, e agora, achou melhor não. O casamento ocorreu em meados de 2015. Durou apenas 3 anos, porque o antigo “modelo” só sabia desfilar nas passarelas e mais nada. Carina estava sustentando a casa. Os bicos de instalador de janelas, que ela arrumou ao Victor, não dava para o fumo dele. Também rolou uns boatos de que estava usando drogas, isso porque a segunda casa de Carina não ficava tão longe da primeira, e as amigas que conheceram ambos, lhe alimentavam as fofocas.

Foi conturbado aquele início de 2018, e com o seu amiguinho/paquera da Upa lhe falando aos ouvidos, Carina de Oliveira resolveu chutar o balde: era o fim do segundo casamento, este em vestido de noiva, véu e grinalda como manda o figurino.

− Você está namorando o W...? − Perguntou Carina, me olhando nos olhos.

Eu não sei mentir, mas tinha que fugir daquela situação. Por um lado, W... estava numa paixão cega, por uma mulher, digamos... volúvel, para não dizer outra coisa. Por outro lado, eu sentia que ele estava certo, que Deus escreve certo por linhas tortas e, eu não devia interferir.

− Não! Somos apenas amigos. – respondi.

Carina terminou o suco, ainda olhando para os meus olhos, com a desconfiança estampada no rosto.

Depois de uns dias, eu tive um sonho: O Jason carregava a cabeça de Carina, que ainda se mexia, tendo convulsões. As minhas noites eram só pesadelos, até que eu cheguei para terminar com o W... Ele estava triste, e era o dia dos namorados de 2019. Não me deixou falar, e ainda me mostrou a tela do facebook, que dizia “Carina está com Luiz Gustavo”. Eu já entendi, ou melhor, nós dois entendemos juntos: ele não conseguia se desvencilhar desse sentimento alucinado. Sentei ao seu lado, e ele me abraçou calorosamente. Depois, demos um selinho, que era mais amizade do que namoro.

Passou-se mais 2 anos, e irrompendo a Pandemia do Covid, ficamos distanciados: eu e ele (Larissa e W...), que deixamos esfriar a relação; W... e Carina, que trocou de turno na Upa. Em setembro de 2021 Carina pediu demissão da prefeitura daqui, e mudou-se com o namorado Luiz Gustavo para outra cidade. Em parte, era loucura! Pois com ele sem profissão definida, essa mulher, novamente iria ser a base forte da casa, se bem que terminou a graduação de enfermeira.

Meu amigo W... soube agora, que Carina conseguiu evoluir na carreira, e está trabalhando de enfermeira desde o ano passado. Disse ainda, que rumores garantem que ela já deixou esse terceiro marido, e que agora está separada novamente. Daí, eu lembrei do sonho do número 4 e pensei: “Será?”

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