Os dias foram se passando e eu estava em uma guerra comigo mesma. Minha mente dizia para eu continuar com o meu relacionamento que era algo seguro, mas meu corpo queria outra coisa. Rodrigo era um homem carinhoso. Me tratou sempre como uma princesa. A gente se dava bem. Tínhamos planos para o futuro e eu tinha muita segurança com ele. Mas meu corpo queria sentir os toques daquela mulher de novo. Meus lábios queriam seus beijos. Sem dúvida aqueles momentos que tivemos ali naquele cômodo foram incríveis. Ela foi minha melhor transa disparado. Nunca senti tanto prazer na minha vida.
Já era terça e eu ainda não tinha decidido o que fazer. Conversei todos os dias com minhas mães que me deram muitos conselhos, mas sempre deixando claro que eu que teria que decidir o que fazer. Minha vida, minhas escolhas, elas sempre deixavam isso claro.
Sobre o assalto fiquei sabendo de outras coisas através de notícias na TV. Um dos guardas que trabalhava na joalheria foi encontrado morto no seu apartamento. Ele era um dos homens de confiança do meu patrão e era quem ficava tomando conta das câmeras e sistema de segurança. Tudo indicava que ele que tinha ajudado os bandidos durante o roubo pois eles conseguiram entrar sem nenhum problema. As câmeras e o sistema de segurança foram desligados 2 minutos antes deles entrarem. Provavelmente os ladrões que fugiram o mataram. O caso era tratado como uma queima de arquivo. Na quarta eu iria voltar ao trabalho. Tudo já tinha sido arrumado. Como quase nada foi roubado e nem o cofre de segurança foi aberto, tudo estava pronto para voltar ao normal.
Falei com Rodrigo todos os dias. Eu tentava ser o mais normal possível com ele, mas sinceramente eu não consegui muito. Claro que ele percebeu. Perguntou o que estava acontecendo e falou que eu estava meio distante durante as conversas. Que às vezes ficava muda no telefone. Falei que eu estava bem e que provavelmente era por causa do assalto. Que mesmo não tendo sofrido nada físico, eu tinha passado por momentos de muito medo. Mas que nada que o tempo não fizesse esquecer e logo eu estaria de volta ao normal. Ele disse que tudo bem, mas que seria bom eu procurar um psicólogo para me ajudar. Eu concordei com ele para não discutir.
Fui cedo para o trabalho na quarta. Todos estavam lá, menos o guarda que tinha sido morto. Conversei com algumas pessoas e a maioria parecia bem. Bruno falou comigo e me disse algo que me deixou intrigada. Ele disse que ficou na frente o tempo todo. Que por mais que estivesse vendado ele sabia que os bandidos ficaram um bom tempo com meu patrão e a Julia no escritório. Assim que voltaram eles saíram. E que saíram com calma. Não houve correria nem nada. Que a polícia só chegou depois de uns 10 minutos que eles tinham saído. Mas mesmo assim os bandidos não levaram quase nada. Poucas peças foram levadas das várias que tinha na vitrine e as do cofre de segurança nem foram tocadas. Ele disse que achava isso muito estranho. Eu concordei com ele, mas disse que era melhor a gente nem ficar falando sobre isso pra não arrumar problema. Ele concordou e disse que só me falou porque confiava em mim. Achei legal ouvir isso dele. Depois que pedi ajuda com a mulher a gente meio que se tornou mais amigos. Ele era legal apesar de ser um galinha. 🤭
Notei que tinha uns guardas novatos e mais câmeras de segurança que antes. Meu patrão provavelmente resolveu mesmo reforçar a segurança. Outra coisa que notei era que Júlia não estava na sua mesa. Ela foi a única que sofreu alguns ferimentos e provavelmente vai demorar um pouco mais para retornar. No mais estava tudo como antes. Eu ainda ficava com Bruno no balcão de atendimento. Às vezes cobria a menina do caixa que era afilhada do meu patrão e de total confiança dele.
Minha rotina voltou ao normal. Trabalho, academia e depois faculdade. Só faltava o Rodrigo e ele chegaria no sábado a tarde. Isso era um problema porque eu ainda não tinha resolvido nada e aquela mulher ainda tomava conta dos meus pensamentos o tempo todo. Principalmente durante o banho e quando me deitava. Eu tinha me masturbado várias vezes pensando nela. Era o único jeito de acalmar meu corpo, que só de lembrar daqueles momentos com ela pegava fogo.
Não trabalhei no sábado. Ganhei o dia de folga. Todo mês eu tinha um sábado livre e esse era um deles. Fiquei o dia todo pensando na minha vida e por fim resolvi o que fazer. Minhas mães estavam certas. Eu tinha que terminar com o Rodrigo. Não era justo eu continuar com ele se eu não sabia o que eu queria. Eu sei que talvez eu possa estar perdendo o homem da minha vida, mas ficar com ele pensando e desejando outra pessoa não era justo com ele. Sei que provavelmente eu não vou ver aquela mulher de novo. Ela uma hora dessas deve estar longe daqui e não deve retornar tão cedo. Se é que algum dia ela volte. Porém na minha mente ela estava em todo momento e por isso eu precisava ficar sozinha.
Era umas 18 horas quando saí e fui para casa do Rodrigo. Ele já tinha avisado que tinha chegado e eu disse que iria até lá para a gente conversar.
Quando cheguei na porta eu respirei fundo e pensei; É agora que vou ter a conversa com ele. Preciso terminar, é o certo a fazer. Então chamei. Ele abriu e assim que entrei ele me entregou uma rosa. Me deu um beijo rápido e disse que estava com muita saudades. Antes que eu pudesse falar algo ele me puxou para a copa. Ele tinha preparado um jantar à luz de velas. Estava tudo muito lindo. Aquilo me quebrou. Eu não tive coragem de terminar com ele ali.
Eu sentei e nós jantamos. Ele contou como foi seu trabalho. Eu disse que ia procurar um psicólogo. Não quis falar muito do assalto. Acho que ele percebeu e não insistiu. Continuamos em um papo bom. Ele tentando falar de coisas boas e por um momento eu esqueci dos meus problemas. Consegui relaxar e sorrir com as brincadeiras de Rodrigo. O clima estava bom. Comemos uma comida leve e bebemos um pouco de vinho.
Depois de comer a sobremesa sentamos no sofá da sala e ficamos abraçados vendo um filme na TV. Quando terminou ele me levou para o quarto. O clima estava bom. Eu estava com saudades dele. Da segurança que ele me dava. Do carinho que ele me tratava.
Ele me abraçou por trás. Foi beijando meu pescoço. Meu corpo conhecia aqueles toques e reagiu a eles. Eu soltei um pequeno gemido. Ele me deitou. Me beijou com muito carinho. Voltou a beijar meu pescoço. Desceu a alça do meu vestido deixando meus seios à mostra pois era a única coisa que os cobria. Foi chupando um de cada vez. Fechei os olhos e veio a imagem daquela mulher na minha cabeça. Imaginei a boca dela ali chupando meus seios. Meu corpo queimava de tesão. Era como se ela estivesse ali. Eu coloquei a mão na sua cabeça. Forcei para baixo e pedi; Me chupa por favor.
Rodrigo tirou as minhas mãos da sua cabeça e levantou o rosto. Falou que não seria uma boa ideia porque ele tinha jantado a pouco e não se sentia muito bem fazendo isso. Quando ouvi a voz dele, abri os olhos e vi ele ali na minha frente. Então percebi a besteira que eu estava fazendo. Eu queria a boca dela. Eu estava imaginando ela, mas era ele ali. Em um gesto rápido eu saí de debaixo dele sentei na beirada da cama. Arrumei meu vestido. Olhei para ele que não estava entendendo nada e disse;
Carla: Desculpe Rodrigo, mas não dá. Eu não consigo mais ficar com você. Me perdoa.
Naquela hora senti uma lágrima correr pelo meu rosto.
Rodrigo: Não estou te entendendo. Você não quer ficar mais comigo, é isso? Está terminando comigo porque não quis fazer um oral em você?
Carla: Não. Não é por isso. É porque não posso ficar com você mais. Não consigo. Eu estou muito confusa no momento e não posso fingir que está tudo bem. Não dá. Eu sinto muito.
Rodrigo: como assim confusa? Você não me ama mais? Tem outro homem?
Carla: Não tenho outro homem. Eu juro. Eu te amo sim. Não duvide disso, mas não te amo como eu amava antes. Acho que te amo como amigo. Por favor não me odeie.
Rodrigo: Eu não te odeio. Só estou tentando entender o porquê disso. A gente estava bem até eu ir viajar. Aí eu chego e você simplesmente quer terminar comigo.
Carla: Me perdoe. Você é um homem incrível. Eu fui muito feliz ao seu lado. Você não fez nada de errado. O problema sou eu. É comigo.
Rodrigo: Mas qual é o problema? O que aconteceu para você ficar confusa?
Carla: Eu não posso te contar. Eu podia mentir, mas não vou. Aconteceram algumas coisas sim, mas não posso te contar agora. Por favor não insista.
Rodrigo: Você ficou com outro homem? É isso?
Carla: Eu já te disse que não tem outro homem na minha vida. Eu não fiquei com outro homem. Eu te juro.
Rodrigo: Tudo bem. Eu realmente não estou entendendo nada. Mas se você não pode me contar e não quer ficar comigo eu não posso te obrigar. Eu te amo muito. Não tem nada que eu mais queira do que me casar com você e ter uma família. Mas se você quer jogar isso fora pode ir. Espero que não se arrependa.
Carla: Talvez eu me arrependa sim. Talvez eu esteja fazendo a maior besteira da minha vida, mas não posso ficar com você no momento. Me perdoei.
Me levantei e tirei o anel de noivado. Deixei no criado mudo. Não tive coragem de olhar no Rodrigo. Limpei as lágrimas que nesse momento cobria meu rosto e saí dali.
Quando cheguei no meu apartamento eu caí na cama e chorei. Rodrigo era um homem incrível. Me doía muito ter machucado ele. Ele não merecia sofrer, mas continuar com ele era impossível para mim naquele momento. Quando eu tirar aquela mulher da cabeça, quem sabe a gente volte. Eu não sei se vou conseguir amar ele como homem de novo. Se ele vai me querer de volta. Eu não sei o que vai acontecer. Só sei que eu precisava ficar longe no momento.
Passei o domingo muito mal. Estava triste por tudo que aconteceu. Provavelmente Rodrigo não vai me perdoar. Se eu contasse sobre a mulher provavelmente ele iria me odiar. Como sei bem o homem correto que ele é, a primeira coisa que ele faria era querer que eu a entregasse à polícia. E se eu não fizesse a chance dele fazer era bem grande. Não queria ter omitido isso dele, mas não queria correr o risco dele me odiar. E dele entregar aquela mulher. Sei que era o certo, mas eu simplesmente não podia fazer isso.
Os dias foram passando e eu mal conseguia me concentrar direito nas coisas. Comecei a ter problemas na faculdade por falta de atenção nas aulas. No trabalho as coisas iam bem. Minhas mães sempre me ligavam para tentar levantar minha moral, mas sinceramente eu estava bem para baixo
Assim se passou um mês e depois outro e as coisas não mudaram muito. Tentei sair algumas vezes para esquecer aquela mulher que ainda vivia nos meus pensamentos, mas não resolveu muito. Bruno percebeu que eu não estava muito bem, mas eu disse que era porque tinha terminado o noivado. Só não contei o real motivo. Eu confiava nele, mas não ao ponto de contar tudo.
Encontrei Rodrigo no bar que a gente ia na sexta duas vezes. Ele foi muito simpático e educado comigo como sempre. Não tocou no assunto do nosso término e não tentou uma volta. Mas dava pra ver que ele estava triste. Tivemos conversas rápidas e cada um foi pro seu canto. Eu na verdade sentia muita falta dele. Das conversas, do sorriso e da forma carinhosa como ele me tratava. Mas depois que terminamos ficou mais claro pra mim que eu fiz o certo. Eu não sentia falta dos beijos, do sexo ou da nossa vida de casal. Mas sim do amigo que ele era. Da pessoa boa que ficou comigo nesse tempo todo.
A justiça tinha liberado todos pra poder deixar a cidade. As investigações tinham acabado. O ladrão que estava preso foi morto dentro da prisão por seu companheiro de cela durante uma briga. Ele não entregou os outros que tinha escapado porque não sabia quem era. Mas sabia que eram três. Dois que estavam na joalheria e 1 tinha ficado do lado de fora de vigia. Ele só conhecia os italianos mortos que eram seus companheiros. As joias roubadas foram recuperadas. Os bandidos na maioria mortos e o guarda que era cúmplice morto, o caso estava praticamente encerrado. As buscas pelos outros 3 continuavam. Mas como nenhum dos outros funcionários levantou qualquer tipo de suspeita foi descartado que mais alguém tivesse envolvimento com o assalto.
Eu queria muito sair dali e voltar pra casa. Mas minhas mães me imploram para eu tirar essa ideia da cabeça e deixar para ir no meio do ano já que faltava pouco tempo. Assim eu não precisaria trancar minha faculdade. Depois eu decidiria se voltava ou não. Acabei concordando com elas.
Eu não andava prestando muita atenção nas aulas. Minhas notas em algumas provas caíram muito, mas nas aulas de pintura eu recebi muitos elogios do meu professor. Ele disse que eu sempre fui boa com os pincéis, mas que nos últimos dias eu estava me superando. Que minha última pintura era muito boa. Digna de ser exposta.
Fiquei muito feliz com aquilo já que pintar era meu sonho. Resolvi focar mais nisso e comecei a fazer algumas pinturas em casa durante meu tempo livre.
Já fazia quase três meses do assalto. Faltava só mais um para eu entrar de férias e ir ver minhas mães. Estava no balcão de bobeira conversando com o Bruno quando escutei o barulho de uma moto. Olhei rapidamente para a rua. Sim, era a mesma moto. Ela desceu, retirou o capacete e olhou diretamente para onde eu estava. Eu gelei na hora, vi que ela hesitou um pouco naquela hora. Parecia estar em dúvida se entrava ou não. Mas ela veio em direção a porta. Guardou o capacete e entrou. Era ela com certeza. Eu não sabia como reagir. Uma mistura de sentimentos conflitantes tomou conta de mim e eu simplesmente travei.
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Continua.
Desculpe pelos erros e obrigado por quem vem acompanhando a história até aqui.