Hanna ficou chocada com a pergunta de Carla. Como ela podia pensar aquilo depois de tudo que ela acabou de falar!!!
Hanna: Como você pode achar que eu fiz algo assim depois de tudo que acabei de te contar!?! Não acredito nisso.
Hanna tirou os braços de torno de Carla. Empurrou suas costas e saiu de onde estava. Se sentou na beirada da cama. Colocou os cotovelos sobre os joelhos e apoiou seu rosto entre suas mãos.
Clara: Olha me desculpe se chatiei você, mas eu tinha que perguntar.
Hanna: Tudo bem. Você não me conhece. Para você eu sou uma bandida que roubou seu local de trabalho, abusou de você e está envolvida em um assassinato. Tem todo direito de não acreditar em nada do que te falei e de fazer essa pergunta. E eu tenho o direito de não responder. Já que você pensa isso de mim, por favor vá embora. Foi um erro eu achar que você entenderia o que fiz.
Carla: Você quer que eu vá embora!?!
Hanna: Sim, por favor.
Hanna não conseguia olhar no rosto de Carla. Uma dor enorme tomou conta do seu peito. Algumas lágrimas já escapavam dos seus olhos. Ela não queria chorar, mas já era um pouco tarde para impedir.
Carla não sabia o que fazer. Devia ter pensado direito antes de perguntar aquilo. Mas ela queria saber. Ela precisava. Só não esperava que Hanna tivesse aquela reação.
Carla: Olha eu só preciso saber se você está envolvida nisso.
Hanna: Então porque não me perguntou quem fez aquilo. Ou se eu sabia quem teria feito!?! Mas olha o que me perguntou. Você já me condenou sem nem mesmo saber a verdade. Mesmo depois de falar que só fiz o que fiz para te manter segura.
Hanna já falava aquilo entre soluços. O choro não podia mais ser escondido, é claro que Carla notou.
Carla: Meu Deus você está chorando. Me desculpe, eu não queria que as coisas terminassem dessa maneira.
Hanna: Nem eu. Agora por favor pode ir. Vou ficar bem...
Carla se levantou, mas não conseguia sair dali. Olhou para onde Hanna estava e viu que algumas lágrimas tinham caído ao chão. Ela sentiu um aperto enorme no seu peito então ouviu Hanna dizer entre soluços.
Hanna: Mesmo se sua resposta fosse um não eu não iria te levar para frente de novo. Se eu visse uma lágrima se formar nos seus olhos eu iria parar e sair. Se você tivesse qualquer tipo de sinal de repulsa eu iria sair dali. Foi errado, mas foi um blefe para ter certeza absoluta do que eu vi nos seus olhos naquele dia que te vi pela primeira vez. Eu tive a certeza, mas se eu estivesse enganada eu sairia dali te deixando salva e nunca mais você me veria
Carla: O que você viu nos meus olhos.
Hanna: Seu desejo por outra mulher. Mas agora eu só queria ter me enganado, porque assim eu teria te deixado segura ali. Teria ido embora e hoje eu não estaria sentindo essa dor que estou sentindo agora.
Carla: Me desculpe. É que eu precisava mesmo saber. Nunca quis te machucar.
Hanna: Tudo bem. Mesmo com todos os motivos para você acreditar em mim. Motivos óbvios que não sei porque você não quis enxergar, no fundo eu te entendo.
Carla: Motivos óbvios. Como assim!?! Realmente eu fiquei confusa.
Hanna: Porque eu deixei você saber que era eu ali debaixo daquela máscara Porque eu voltei na joalheria para te procurar correndo os risco que corri Porque você acha que te passei meu endereço? Porque você acha que estou aqui chorando agora? Porque eu faria isso se tudo que falei fosse mentira?
Carla: Porque você se apaixonou por mim?
Hanna: Não é paixão. O que sinto por você é muito maior. Eu amo você Carla. Eu nunca tinha amado ninguém, mas sei que o que eu sinto por você é amor.
Carla não sabia o que dizer, mas ouvir aquilo com certeza foi maravilhoso porque ela também sentia o mesmo. Mas era a única coisa que ela tinha certeza. Tudo foi acontecendo muito rápido. Sua cabeça estava confusa. Ela realmente queria acreditar em tudo que Hanna falou. Mas não era assim fácil para ela.
Carla ouvia os soluços de Hanna ali chorando. Respirou fundo para criar coragem de sair dali, mas não conseguia. Ao invés disso sentou novamente na cama. Fechou os olhos e tombou o corpo para trás. Ficou ali deitada e começou a relembrar de tudo que aconteceu. Das coisas que Hanna tinha lhe contado. Ela ouviu Hanna se levantar e sair do quarto. Mas ela não falou nada. Ficou ali deitada tentando ver a situação de todos os ângulos.
Quando Hanna voltou, Carla abriu os olhos e falou. Por favor senta aqui. Hanna já não chorava mais. Tinha lavado o rosto, mas estava com os olhos bem vermelhos por causa do choro.
Hanna: Acho melhor não. Você não acredita em mim. Então prefiro que você vá e assim evitamos de se machucar mais.
Carla: Por favor. Me dá uma chance de refazer a pergunta que te fiz. Eu fui injusta com você mesmo. Tudo que você me falou faz muito sentido. Eu realmente quero acreditar em você. Por favor me ajuda.
Hanna: Tudo bem. Eu não tenho mais o que perder mesmo.
Carla: Obrigado. Então me fala. Você sabe quem matou o guarda?
Hanna: Não sei, mas tenho quase certeza que foi seu patrão que está por trás da morte dele.
Carla: Meu patrão!?! Mas porque?
Hanna: Porque não foi o Paulo, nem o pai dele, muito menos eu. O guarda não sabia quem a gente era. Mesmo se ele fosse preso não tinha como ele nos entregar. Meu patrão só falou com ele por celular e com um número que não tinha como rastrear. Ele nunca viu nenhum de nós. Mas o seu patrão ele podia entregar. Se ele conta tudo para polícia seu patrão estaria preso agora provavelmente. Ou você esqueceu que o guarda sabia dos diamantes contrabandeados. Foi exatamente esses que foram roubados.
Carla: Eu não tinha pensado nisso. Então foi mesmo queima de arquivo, mas não foi vocês. Faz todo sentido. E o outro bandido preso que foi morto? Será que foi coisa do meu patrão também?
Hanna: Sim. Faz muito sentido, mas como disse não tenho certeza. Mas não tem outra explicação. Aquele guarda era o braço direito do seu patrão. Era o único ali dentro da loja que sabia dos diamantes. E quanto ao outro bandido, eu não duvido nada que foi seu patrão que deu muito dinheiro para o outro preso matar ele.
Carla: Pode ter sido mesmo. Que coisa horrível. Hanna me desculpe. Eu devia ter te perguntado de outra forma. Eu realmente sinto muito.
Hanna: Tudo bem. Sua cabeça deve estar uma confusão só com tanta informação. Bom era só isso?
Carla: Não. Eu também quero agradecer pelo que fez por mim. Você arriscou sua liberdade, sua vida, e eu fui injusta com você. Então obrigado e me desculpe.
Hanna: Isso quer dizer que você acredita em mim.
Carla: Sim. Eu acredito e queria dizer que eu também amo você desde que te vi pela primeira vez. Demorei muito a enxergar isso também. Acho que sou devagar para perceber as coisas.
Hanna: Poxa, minha linda, você não sabe o quanto fico feliz de ouvir isso e não precisa se desculpar.
Carla: Mas e agora!?! O que vai acontecer? Eu não quero te perder.
Hanna: Também não quero te perder, mas não posso ficar aqui. É muito perigoso.
Carla: Você acha que a polícia pode ligar vocês ao roubo.
Hanna: Não. É quase impossível, mas não vou me arriscar. Mas meu medo mesmo é do seu patrão. Ele tem muito dinheiro e tem algumas conexões no mundo do crime. Acho muito difícil, mas se ele descobrir a gente vai virar queima de arquivo também.
Carla: É pra onde você vai?
Hanna: Ainda não sei, mas preciso decidir até amanhã ao meio dia.
Carla: O que achar de um lugar lindo, tranquilo e com belas praias? Onde a língua nativa é o português e de brinde você poderia ter minha companhia pro resto da vida. O que acha?
Hanna: Nossa seria perfeito. Mas onde é esse lugar minha linda?
Carla: Na minha cidade Natal. No Brasil.
Hanna: Agora entendi esse sotaque. você é brasileira. 🤭
Carla: Sou sim. Então o que acha?
Hanna: Eu amei a ideia, mas me explica melhor.
Carla: Você vai amanhã, eu vou daqui a um mês. Vou pedir conta do meu trabalho. Trancar minha faculdade e voltar pro meu país. Só não vou amanhã mesmo porque pode levantar suspeita no meu trabalho. Então é melhor ter cuidado.
Hanna: Mesmo não gostando da ideia de ter que ficar sem você por um mês, eu concordo com você.
Carla: Então vamos mesmo fazer isso?
Hanna: De depender de mim vamos sim. Na verdade eu quero muito fazer isso!
Carla: Ótimo. Só preciso fazer uma ligação. Mas vai ter que ser lá pelas 4 horas da manhã, porque minhas mães já devem estar dormindo. Se aqui é quase 10 da noite, lá já é quase duas da manhã. Então lá pelas 4 horas daqui elas já vão estar acordadas lá.
Hanna: Mães? Entendi direito mesmo?
Carla: Sim amor. Eu tenho duas mães. Uma portuguesa e uma brasileira. Resumindo, minhas mães são lésbicas. Vivem juntas e resolveram ter um bebê. E aqui estou eu, um bebê lindo. 😂
Hanna: Kkkkk Eu amei saber disso. Amei mais ainda você me chamar de amor.
Carla: Mas é isso que você é. Meu amor. Agora vem cá que vamos ter que fazer algo para matar o tempo até as 4 da manhã.
Hanna: Ah, tenho certeza que vou amar isso.
Carla:
Eu quase morri de tanto prazer naquelas horas que passei ali. A gente se acabou de tanto fazer amor. Mas não foi só isso. Trocamos muitas juras de amor entre carinhos e beijos. Eu contei tudo sobre a história das minhas mães. Conhecemos mais dos gostos uma da outra. A gente tinha muita coisa em comum e outras coisas nem tanto. Eu estava muito feliz e com certeza ela também.
Quando deu 4 da manhã eu liguei para minhas mães. Na verdade eu estava um pouco preocupada com a reação delas, mas resolvi arriscar.
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Continua.