Chamou duas vezes. Minha mãe Raquel atendeu já perguntando se tinha acontecido algo para eu estar ligando aquela hora.
Eu disse que sim, mas era uma coisa boa, pelo menos no meu ponto de vista.
Eu perguntei se minha mãe Cleusa estava perto e ela disse que sim. Falei para ela pôr o celular no viva voz que eu tinha algo pra contar. Falou que tudo bem e depois de um tempinho disse que eu podia falar que elas estavam ouvindo.
Eu contei para elas tudo que tinha acontecido. Tudo mesmo. Umas coisas que esqueci a Hanna me lembrava. Depois falei o que a gente tinha resolvido fazer, mas que para isso eu precisava saber se estava tudo bem para elas Hanna ir ficar na pousada até eu ir e a gente arrumar um lugar pra morar.
Quando fiz a pergunta foi minha mãe Cleusa que respondeu. Disse que por ela estava tudo bem. Que se eu confiava na Hanna ela também iria confiar e que a história era bem plausível. Que podia contar com o apoio dela. Tanto eu quanto a Hanna. Aí perguntei para minha mãe Raquel se ela também concordava. Ficou um silêncio até que minha mãe Cleusa respondeu que a minha mãe Raquel não poderia falar no momento porque ela estava chorando.
Nessa hora eu gelei. Olhei para Hanna e ela fez uma cara triste. Eu sabia que seria mais difícil da minha mãe Raquel aceitar porque no início ela até falou para eu entregar a Hanna e ficou com raiva dela por ela ter forçado a situação quando ficamos durante o assalto. Saber que ela estava chorando por eu querer levar Hanna para viver comigo no Brasil me deixou preocupada.
Logo escuto ela pelo celular. Sua voz era de choro. Ela disse que ficou muito emocionada com a história da Hanna e por tudo que ela fez para me deixar segura. Disse que Hanna seria recebida de braços abertos e que estava doida pra dar um abraço nela.
Nossa eu fiquei muito aliviada e surpresa por ouvir aquilo. Eu a agradeci e Hanna também. Ela se despediu da gente porque estava indo abrir a galeria. Conversamos mais um pouco com minha mãe Cleusa e nós despedimos dela também. Falei que depois ligava avisando que dia Hanna iria, mas que provavelmente era na segunda.
Hanna me olhou sem entender, mas não falou nada. Quando desliguei ela perguntou o porque eu disse na segunda já que ela iria ao meio-dia no sábado. Eu pedi pra ela ficar o final de semana comigo. Eu iria trabalhar e conversar com meu patrão sobre a demissão. Depois eu voltaria para o apartamento. A gente passaria a noite de sábado, o domingo e a noite de segunda juntas. Aí na segunda de manhã ela viajaria.
Ela disse que tudo bem. Que ficar mais um dia ali não ia fazer diferença e que gostou da ideia de ficar grudada comigo esse tempo.
Eu nem dormi, tomei banho e fui pro meu apartamento. Levei Hanna comigo. Ela colocou um boné e óculos escuros para evitar que alguém nos visse juntas. Fui direto pro estacionamento e subimos pro meu apartamento. Quando deu sete horas tive a ideia de mandar uma mensagem pro Bruno perguntando se ele não poderia me cobrir já que nesse sábado era folga dele. Achei que ele nem iria responder, mas respondeu e perguntou o que eu ele ganharia com isso. Eu perguntei o que ele queria. O infeliz pediu uma garrafa de vinho que custava os olhos da cara. Mas Hanna que via a conversa falou para eu aceitar que ela pagava.
Eu disse que não, aí ela tirou o celular do bolso, abriu o aplicativo do banco e me mostrou a conta dela. Havia muitos números em sequência no saldo. Então aceitei e falei pra Bruno que tudo bem. Ele iria no meu lugar e na segunda eu levaria o vinho pra ele.
Perguntei a Hanna de onde era aquele dinheiro. Eu já imaginava, mas queria ouvir da boca dela.
Hanna: Esse dinheiro é 25% da minha parte dos diamantes.
Carla: Só 25!?!
Hanna: Sim. Eu dividi em 4 bancos diferentes.
Carla: Nossa então é muito dinheiro. Você está milionária!!!
Hanna: É muito sim. Se tudo der certo, é nosso dinheiro, porque você vai ser minha esposa e tudo que é meu vai ser seu e vise versa.
Carla: Amor, mas é dinheiro de roubo. Eu não sei se vou gostar disso não.
Hanna: Eu sei. O dinheiro nunca foi meu objetivo no roubo. Mas os outros ladrões morreram, meu ex patrão me mandou, o que você quer que eu faça? devolver pro dono?
Carla: Pensando por esse lado, é melhor ficar com você mesmo. 🤭
Hanna: Se seu patrão fosse um homem honesto eu até devolveria, mas ele não é e você sabe. Com esse dinheiro a gente pode viver tranquilas por muitos anos. Se a gente souber como investir, dá para viver a vida toda com ele.
Carla: Mas esse dinheiro não pode te trazer problemas com a justiça?
Hanna: Não. Meu ex patrão faz esse tipo de coisa há muito tempo. Ele comprava e vendia produtos de roubo. Ele também lavava dinheiro para algumas quadrilhas. Esse dinheiro está limpo. Não vou ter problemas. Só preciso fazer o que todos que tem muito dinheiro fazem. Declarar, pagar impostos e essas coisas.
Carla: Entendi. Você está certa, mas agora vamos dormir um pouco que estou caindo de sono.
A gente foi dormir. Eu acordei já eram quase duas da tarde. Quando abri os olhos e a vi ali dormindo do meu lado foi incrível. Eu nunca estive tão feliz de acordar com alguém.
Ficamos o sábado e o domingo no meu apartamento. Passamos quase o tempo todo na cama, conversamos, assistimos filmes, fizemos muito amor e no domingo à noite seguimos pra casa dela. Dormimos juntas e na segunda de manhã nos despedimos. Eu chorei, mas ela chorou muito mesmo. Doeu o coração deixar ela ali sabendo que só a teria de novo nos meus braços quando eu fosse pro Brasil.
Fui pro trabalho. Hanna disse que enviaria o dinheiro para mim comprar o vinho na hora do almoço para entregar a Bruno. Quando cheguei no trabalho falei com ele e ele disse que tudo bem. Que podia deixar para o outro dia ou até sexta, já que ele só ia precisar no sábado a noite.
Quando recebi a notificação da transferência no meu celular, levei um susto. Mandei mensagem para Hanna na hora. Dizendo que ela tinha errado o valor. Logo ela respondeu dizendo que sem querer colocou um 0 a mais.
Sem querer o caramba pensei. Só agradeci e fui trabalhar. Na hora do almoço saí e comprei o vinho e entreguei a Bruno. No final do dia fui falar com meu patrão. Eu disse que depois de 30 dias eu iria viajar pro Brasil e não voltaria. Falei que depois que terminei o noivado eu fiquei meio para baixo e que queria voltar a viver perto das minhas mães porque eu sentia muita a falta delas.
Ele disse que seria uma pena eu sair, mas que entendia minha situação. Foi muito simpático comigo. Ele também pediu para eu treinar a menina que ele iria por no meu lugar. Eu disse que tudo bem e que teria um mês para eu fazer isso.
Sinceramente ele era muito gente boa comigo e com todos os funcionários. Nem dava pra imaginar que ele estava envolvido no mundo do crime. Provavelmente mandante de duas mortes. Isso que eu sabia.
A noite fui na minha faculdade e tranquei minha matrícula. Antes de sair fui me despedir de alguns amigos e professores. O meu professor de pintura foi o que ficou mais contrariado por eu trancar minha matrícula no meio do último ano. Mas falei pra ele que talvez no futuro eu voltaria e terminaria meus estudos ou talvez eu terminasse no Brasil mesmo.
Ele disse que era para eu não parar de pintar porque eu tinha muito talento e que com a ajuda de alguém mais experiente eu poderia me tornar uma grande pintora.
Agradeci e prometi que não iria parar de pintar. Me despedi dele e fui embora pro meu apartamento. Liguei para minhas mães e elas não atenderam. Logo recebi uma mensagem dizendo que elas estavam chegando em casa e Hanna estava com elas. Logo ligariam pra gente conversar.
Fiquei muito feliz em saber disso. Fui pro banho e depois preparei algo para comer. Logo recebo uma chamada de vídeo no meu notebook. Atendi e vi meus amores ali na tela. Eu abri um sorriso enorme ao vê-las. Ficamos ali de papo enquanto jantava. Depois, minhas mães se despediram e eu fui pro meu quarto. Fiquei conversando com meu amor até o sono bater.
Os dias se seguiam muito lentamente. Eu falava com minhas mães e Hanna todas as noites, mas quando eu me despedia delas a tristeza e a saudade faziam meu peito doer.
Hanna estava bem diferente. Tinha pintado o cabelo de vermelho. Fez uma tatuagem mas não quis me mostrar. Disse que era surpresa. Estava bronzeada. Ela estava muito linda na verdade!
Ela estava ajudando minha mãe Cleusa na pousada. Ela disse que tinha amado o lugar e que minhas mães eram ótimas. Ela tinha se dado muito bem com elas.
Quando faltavam 15 dias para eu sair do trabalho, meu patrão me chamou no escritório. Disse que tinha notado que eu andava meio triste e que se eu quisesse sair naquele final de semana mesmo que tudo bem pra ele. Que ele iria me pagar o mês completo e acertar comigo tudo direitinho. Disse que eu sempre fui uma ótima funcionária e que se pudesse fazer algo mais dentro do alcance dele para me ajudar, ele faria.
Eu agradeci a ele e disse que já que ele estava me liberando eu iria sair sim, porque minha vontade era já estar com minhas mães. Que só não tinha saído antes para não deixar ele na mão, porque eu sempre fui muito bem tratada ali durante o tempo que trabalhei com ele.
Estava muito feliz com isso. No final de semana eu iria pro Brasil. Mas não iria falar nada para Hanna ou minhas mães. Eu queria fazer uma surpresa para elas.
No fim do dia eu fui ao shopping comprar alguns presentes para levar para meus amores. Depois de escolher os das minhas mães, fui escolher algo pra Hanna. Não sabia o que comprar. Me lembrei do anel que ela tinha comprado e provavelmente me daria. Então tive uma ideia.
No outro dia fui direto falar com meu patrão quando cheguei no trabalho. Expliquei para ele o que eu queria e se ele poderia me ajudar. Ele disse que poderia sim e então coloquei minha ideia em prática. Hanna com certeza iria adorar o presente.
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Continua.