Olá, me chamo Jackson.
O ano de 2015 estava apenas começando. E tinha tudo pra ser um dos melhores anos da minha vida. Havia acabado de me formar em publicidade, na cidade de Cuiabá - MT. Sempre fui destaque na faculdade e também em meu período como estagiário.
Nesse período estava com 29 anos de idade, cheio de disposição, com muita vontade de crescer na profissão.
No começo, confesso, estava difícil de arrumar algo fixo, estava apenas fazendo alguns bicos como publicitário
Porém, certo dia, um de meus professores na época da faculdade, Cláudio Portella, me ligou em junho de 2015, e me perguntou se eu estava trabalhando em alguma agência. Eu disse que não, estava fazendo alguns “freelas” apenas.
Então, sabendo do meu potencial, Cláudio me perguntou se eu tinha interesse em me mudar para São Paulo para trabalhar na agência do sobrinho dele, Felipe, e que agência estava em franca ascensão, e que poderia me indicar.
Confesso que fiquei com um pouco de medo, pois a minha vida iria mudar de forma drástica, me mudando para uma cidade daquele tamanho, e que pouco conhecia.
Cláudio me informou que nos primeiros 6 meses eu não iria gastar com aluguel, pois poderia ficar no apartamento do filho dele, que estava fazendo intercâmbio na Austrália, e que no referido período, eu só iria arcar com luz, agua, etc...tempo suficiente para juntar uma grana e conseguir pagar um aluguel em outro lugar.
No dia seguinte, Felipe, sobrinho de Cláudio, me telefona, e realiza uma entrevista ali mesmo pelo telefone. Fiquei bastante animado com a nossa conversa, e percebi que Felipe viu potencial em mim, e me ofereceu um bom salário inicial, com perspectiva de melhora, mais bonificações.
Após refletir por dois dias, tomei coragem e me mudei para São Paulo duas semanas depois. Na cara e na coragem.
Cheguei no dia 05 de julho de 2015 na capital Paulista. Com medo, porém muito ansioso e feliz pelo novo desafio que eu tinha pela frente.
O apartamento do filho de Cláudio Portella era extremamente bem localizado, no Itaim Bibi, região até certo ponto segura.
Logo no primeiro dia, ainda mexendo com a mudança, parei para descansar. Coloquei uma cadeira próximo à janela, e fiquei tomando um café olhando o movimento na rua.
Bem na frente do apartamento, havia uma clínica veterinária, quando de repente vejo um carro estacionar, um belo de um carro, um Mercedes SUV (não lembro o modelo), e de lá desce uma loira simplesmente espetacular, por volta de 1,70, bunda estonteante, toda de branco, de jaleco, chegando para trabalhar. Fiquei paralisado na janela, pois queria ver mais dessa loira, olhar de perto.
Mas lógico que naquele momento já me veio à cabeça: ‘’ÓBVIO QUE UMA MULHER DESSA É CASADA. DE ONDE QUE DARIA MORAL PARA UM MERO PUBLICITÁRIO.’’
No dia seguinte, logo pela manhã, vou ao supermercado a duas quadras do AP. Na sessão de frios, acabo dando de cara com a loira. Tomei um susto. Ela era mais do que imaginei. Loira natural, parecia ter mais de 30 anos, mas com um corpo que nunca vi igual. Olhos azuis, peitos aparentemente naturais, com aquela calça branca que deixava a bunda dela simplesmente deliciosa, daquelas que é impossível não olhar. Ela percebeu, me olhou rapidamente e seguiu fazendo as suas compras.
Após alguns minutos, saindo de lá, vejo ela conversando com um rapaz na frente de sua clínica. O rapaz também todo de branco, que depois fui descobrir que trabalhava ao lado de sua clínica veterinária. Porém este rapaz era dentista. Pareciam ser amigos próximos, e este rapaz era sem dúvidas homossexual.
Passaram-se alguns dias, eu já trabalhando na nova empresa, cada vez mais adaptado e curtindo bastante a cidade e o trabalho. Mas não conseguia tirar a loira da cabeça. Eu precisava pelo menos saber o nome dela, se era solteira, idade, qualquer coisa. Até que um dia, tomei coragem e marquei um horário para o fim de semana com o tal dentista que ela estava conversando.
Chegando na consulta, logo quando fechei a porta já fui interrompendo ele e falando o real motivo de estar ali:
- Doutor Fernando, me desculpa tomar o teu tempo, mas na verdade não quero consultar com você. O real motivo de estar aqui hoje é só porque eu quero saber o nome daquela loira veterinária aqui do lado. Vi você conversando com ela. Ela é casada?
Ele riu e me disse:
- Sim, e muito bem casada. O nome dela é Lívia. E nem adianta tentar se aproximar. Nunca vi uma mulher tão séria igual a ela.
- Tudo bem, Dr, eu imaginei que uma mulher daquela fosse casada mesmo, queria pelo menos descobrir o nome dela. Agradeço pela atenção..vc sabe a idade dela?
- Sim. 35 anos.
- Valeu Dr.
Fui embora aliviado, porque pelo menos o nome e a idade da loira dos sonhos eu já sabia.
Na segunda-feira, saindo para o trabalho, indo pegar meu ônibus, vejo os dois conversando na frente da clinica dela novamente, e percebo que ele comentou algo com ela quando eu estava saindo, e vi que ela riu. Fingi que não percebi, e continuei descendo a rua rumo ao ponto de ônibus.
Passei o dia intrigado, pensando no que ele podia ter falado com ela. Voltando pra casa, quando chego na frente do apartamento, vejo ele entrando em seu carro. Eu dou um grito do outro lado da rua e peço pra ele esperar:
- Boa tarde, Dr, desculpa te parar assim. Mas preciso perguntar uma coisa pra você que me deixou um pouco intrigado.
Ele me interrompeu:
- Já sei o que é. Quer saber o que eu comentei com a Lívia, né? Falei que você marcou uma consulta comigo, gastou R$60 só para saber dela.
- E ela falou alguma coisa?
- Falou que achou você bonitinho, e que reparou em você lá no mercado, quando você arregalou os olhos quando a viu.
- Só isso, Dr?
- Sim, só isso. Pelo jeito você tá meio apaixonado, não é mesmo?
- Apaixonado eu não sei. Mas eu nunca vi uma mulher igual a ela.
Ele respira fundo e me fala:
- Olha, se eu fosse você eu deixaria isso pra lá. Ela é uma grande amiga minha, mas ali você vai estar se envolvendo em uma grande confusão, vai por mim. Não digo por ela, ela é incrível, mas tudo o que gira em torno dela. Então deixa isso pra lá, falo isso pro teu bem.
- Marido dela é perigoso?
- Prefiro não comentar.
Fui embora para o apartamento, pensativo. Aquilo me deixou curioso, mas, ao mesmo tempo, querendo ela ainda mais.
Pode parecer exagero, mas naquela noite eu mal dormi pensando nela. Um misto de curiosidade e tesão. Precisava saber mais, me aproximar de alguma forma. Antes de ir para o trabalho, vou ao consultório do Dr. Fernando. A secretária avisa que ele está atendendo, e me pergunta se era urgente. Eu disse que sim.
Esperei algo em torno de 20 minutos, quando ela avisa que estou lhe esperando. Quando entro na sala dele, ele já me olha com uma cara do tipo “o que você quer dessa vez’?
- Doutor, devo estar apaixonado mesmo, porque mal consegui dormir essa noite após nossa conversa.
Ele estende a mão e pede para eu sentar, respira fundo e me fala:
- Olha, Jackson, o que vou te contar agora não pode sair daqui. Na verdade eu nem poderia estar contando isso pra você, mas vou te falar antes que você faça alguma besteira...Como eu disse, a Lívia é casada, mas eu menti. Falei que ela era muito bem casada, mas é bem longe disso. Ela é casada com um dono de uma madeireira, com filiais em todo Brasil. O nome dele é Aldo Weber. Mas não é só isso. Ele também mexe com coisas ilícitas..sabe o que quero dizer, né? Ele é extremamente rico, poderoso, perigoso, ciumento.. quando ele viaja, deixa seguranças na porta da clinica dela, pra seguir todos os passos dela...e não raras vezes, quando ele fica bêbado e cheirado, espanca ela sem motivo algum. Isso mesmo que você ouviu..ele espanca ela. Quando ela fica de 2 a 3 semanas sem aparecer no trabalho, já sei que foi por conta disso. Não quer aparecer pra trabalhar com olho roxo ou dente quebrado, que inclusive eu já tive que arrumar umas 4x.
- Meu deus, Dr, e ela nunca tentou largar dele?
- Claro que já...mas ele sempre ameaçava ela. Falava que quando ela fizesse isso, ele mataria a família toda dela. Teve um dia que ela apanhou tanto que tomou coragem e fugiu de casa no outro dia. Pegou um ônibus e foi para Campinas, casa dos pais. Após ela chegar lá, coisa de 1 hora depois, o Aldo aparece por lá. O pai dela tentar intervir, mas ele saca a arma, derruba ele no chão, enfia a arma dentro da boca dele e pergunta se ele iria fazer alguma coisa...e ela desesperada pede pra ele parar, avisando que iria voltar para casa e que nunca mais fugiria.
- Meu deus, como pode isso?
- Pois é. É um psicopata. Ela tem medo até de olhar para os lados. Nunca teve caso com ninguém. Odeia ele, mas sabe que se tentar largar, a família dela que vai sofrer. Então, por isso que estou te contando, nem pensa em se meter com ela.
- Entendi. Fiquei com o coração partido agora. Uma mulher dessa não merece isso.
- Eu sei que não. Concordo com você. Meu sonho é ver minha amiga se livrar desse bandido, mas vai ser difícil.
- Que situação...mas enfim...mesmo assim, te peço um favor, Dr, avisa ela que eu vim aqui conversar com você?
- Tô falando pra você não mexer .....mas ok, vou avisar ela.
Fui embora transtornado. Mesmo sabendo do perigo, eu queria algo com ela, ajudá-la de alguma forma. Mas sei que seria muito difícil isso acontecer.
Porém, no outro dia, quando chego do trabalho por volta das 17h30, o meu celular toca. Vejo que é o Dr. Fernando.
- Pois não, Dr.?
- Me responde rápido, onde você está?
- Acabei de chegar em meu apartamento.
- A Lívia quer te ver agora, neste exato momento......
