Amor no Paraíso - Cap 3: Sem formalidades

Da série AMOR NO PARAÍSO
Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1734 palavras
Data: 29/09/2023 00:59:23

Armação dos Búzios, também conhecida apenas como Búzios, está imersa em uma península exuberante, banhada pelas águas azul-turquesa do Oceano Atlântico. Como um paraíso tropical, suas praias de areias douradas e enseadas recortadas oferecem um espetáculo de beleza natural.

À medida que o sol brilha intensamente no céu claro, os visitantes se entregam aos prazeres de Búzios. A Praia de Geribá, ampla e repleta de surfistas que deslizam sobre as ondas, é um convite ao lazer e à diversão. Na Praia de João Fernandes, as águas calmas e cristalinas são ideais para um mergulho refrescante.

As ruas de paralelepípedas e coração pulsante da cidade cativam com sua energia vibrante. Lojas sofisticadas, boutiques de moda praia, galerias de arte e restaurantes charmosos competem pela atenção dos passantes. O aroma tentador de pratos frescos de frutos do mar e a música animada vinda dos bares criam uma atmosfera única.

Foi neste paraíso particular que Hugo Martins se criou. Diferente dos seus amigos surfistas, Hugo se apaixonou pelo skate, inclusive, ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais. Porém, a morte de sua mãe e a doença do seu pai acabaram parando os seus planos. Sem parentes próximos, ele precisou fazer diversos trabalhos para suprir as despesas do pai e de sua casa.

Não pense que Hugo deixou o amor pelo skate para trás. Ele ainda participa de eventos locais e sempre conquista alguma espécie de prêmio, seja como atleta principal ou em equipe.

Sabe quem é a sua fã número 1? René. Ela acompanhou de perto toda a luta e dores do atleta, e foi também a responsável por conseguir a entrevista para o amigo no Hotel Trajano.

— E o seu Horácio? — questionou René, enquanto vestia o terno do trabalho.

— Cada dia pior. — confessou Hugo, sentando para calçar os tênis. — Sabe, eu fico muito triste quando alguém tão brilhante se perdeu na própria mente.

— Realmente, eu lembro quando o teu pai nos ajudava no dever de casa. — René recordou com carinho e acariciou os cabelos do amigo. — Eu vou visitá-lo na minha próxima folga.

— Obrigado, ruiva. Bem, eu tenho quartos para limpar. — Hugo suspirou fundo e seguiu para mais um dia de trabalho.

Se tem uma coisa que César Trajano entende é de crise familiar. Recentemente, o seu tio Henrique se meteu em um esquema de lavagem de dinheiro. Por sorte, o negócio mal sucedido não afetaria a Rede de Hotéis Trajano. Naquela semana, por exemplo, o empresário participou de 20 chamadas de vídeos com vários membros da família Trajano, afinal, o Hotelaria era o ramo principal de negócios, mas haviam outros empreendimentos como salões, supermercados e lojas de eletroeletrônicos.

A maioria dos primos de César seguiram os seus sonhos. Haviam diversas profissões na família Trajano como médicos, advogados, pesquisadores e artistas plásticos, até mesmo influenciadores, só que poucos decidiram entrar no empreendedorismo.

— Tio Henrique, não adianta fazer barraco. Estamos no mesmo barco aqui. — pediu César, após um piti do tio.

— Estou sendo enganado! Isso é culpa deste governo atual e...

— Isso não tem nada haver com política, tio. São apenas as consequências das suas decisões. — César disse.

— Você fala isso porque é...

— O que eu sou, tio? — quis saber César com um tom seco. — Viado?

— César! — exclamou Joana, que estava no jatinho particular da família a caminho de São Paulo, pois acompanharia o caso do irmão de perto. — Henrique, contenha-se. César, sem baixaria.

— Enfim, mãe. Eu já dei a minha opinião. Acho que a equipe de Relações Públicas podem ter outras diretrizes, mas eu começaria a me preparar, tio. Se as investigações avançarem, o senhor vai ter suas contas bloqueadas. Mãe e tio Carlos, acho melhor alguém assumir os supermercados. — sugeriu César, que fazia um desenho do tio na forma do diabo. — Eu não posso, porque estou cheio de trabalho, infelizmente ou felizmente, não nasci um polvo. — tirando o seu da reta.

— O que isso quer dizer?! — Henrique gritou do outro lado da ligação.

— Isso que você ouviu, seu velho gagá. — uma voz conhecida por César ecoou na chamada. — O senhor vai ter que arcar com todas as consequências. — Angy, a prima influencer de César apareceu na câmara de Henrique.

— Me respeita, menina. — pediu Henrique, pegando um lenço e limpando o suor do rosto.

— Oi, Cé! Como estão os gatinhos do Rio de Janeiro? — perguntou Angy, pegando o celular do pai e assumindo o comando da conversa.

— Bem, dessa conversa não vai mais sair nada. Beijo, Angy. Adorei o piercing no nariz. — soltou Joana, desligando a chamada.

— Boa sorte, irmão. — desejou Carlos, também desligando.

— Os boys estão aqui, prima, mas não tenho tempo para eles. Inclusive, poderia dar uma forcinha para o empreendimento do primo aqui. — pediu César de uma maneira diferente, quase que infantil.

— Claro, primo. Vou te mandar o meu Media Kit (tabela de preços). Bem, eu tenho uma bagunça para arrumar aqui. — disse Angy, deixando o celular em cima da mesa. — Seu velho babão, se isso respingar em mim, eu juro que vou....

— Delicada como uma flor. — brincou César, antes de desligar a chamada de vídeo.

Existem pessoas que são especiais em nossa vida. Para César, que cresceu sem irmãos, Angy se tornou uma espécie de parceiro no crime. A moça conseguiu ganhar fama na internet por causa do seu jeito extrovertido, algo que César nunca conseguiu ser.

Pelo fato de ser homossexual, César sempre se viu dentro de uma redoma de vidro e tinha medo que o vidro quebrasse. Por causa do julgamento dos tios, principalmente, de Henrique, o empresário decidiu ser o melhor no âmbito profissional. Ele nunca esqueceu o dia em que o tio disse: "César, você não serve para o oficial. Vai envergonhar o nome da família Trajano. Onde já se viu um empresário bicha!".

— Quem é a vergonha da família, seu velho mesquinho. — César pensou, segurando um papel tão forte que o mesmo rasgou no meio. — Droga.

— César, com licença, — pediu Eliezer entrando na sala de reunião. — só para avisar que tem alguém limpando o seu quarto. Então, se puder enrolar um pouco.

— Ah, claro. Obrigado, Eliezer. — agradeceu o empresário, que logo imaginou quem seria a pessoa que estava arrumando o seu quarto.

Como diz o ditado popular: o escondido é mais gostoso. Temeroso, mas curioso, o dono do Hotel Trajano decidiu ir até o seu quarto. Ele apertou o botão do quinto andar e cumprimentou alguns funcionários que entraram no elevador. Por ser o chefe, César sempre sentia que as pessoas paravam de conversar perto dele. Medo? Talvez.

Ele saiu no quinto andar, mas parou por alguns segundos, pensando na desculpa ideal para entrar no quarto. Ainda sem um plano brilhante, César passou o cartão na porta do seu quarto. O seu coração bateu forte, mas algo dentro dele o impedia de ser racional.

— Amuados, reflexivos. E dá-lhe antidepressivos. Acanhados entre discos e livros, inofensivos! — a voz de Hugo ecoava pela suíte.

Calado. César se aproximou do funcionário, que terminava de arrumar a cama. Em todo atendimento, Hugo gostava de moldar as toalhas no formato de ganso. Essa foi uma das diversas técnicas que ele aprendeu no seu treinamento para trabalhar no Trajano. Porém, a sua voz destoava completamente da música que tocava em sua caixinha de som.

Ao se virar, o camareiro engoliu as palavras e quase sofreu um ataque do coração. Ele se desequilibrou e caiu por cima de sua obra de arte, mas logo se recompôs e ficou em pé.

— Sr. Trajano. — soltou Hugo, que esqueceu de desligar a caixinha de som.

— É uma boa música. Quem canta? — César questionou, ainda mantendo uma pose misteriosa, mas amigável.

— Deus. — disse Hugo desligando o celular. — Sr. Trajano, eu sinto muito, eu...

— Eu perguntei quem canta a música, sr. Martins?

— É o Emi-Emicida, senhor. — Hugo respondeu gaguejando.

— Alexa, — falou César, esperando o sinal do sistema de som. — tocar Emicida.

— Tocando Emicida no Spotify. — disse a voz robótica.

— Sr. Martins, não fez nada de errado. Eu amo música. — revelou César, enquanto a canção 'AmarElo' tocava. — Eu trabalho ouvindo música, mas acho bom expandir os horizontes. Obrigado pela dica.

— De, de nada, senhor...

— Ah, não. Me chame de César. Afinal, não sou tão velho assim. — César sorriu e o coração de Hugo bateu mais forte, ele não sabia se era por causa do susto ou outra coisa.

Às vezes, são pequenos sinais que fazem toda a diferença. No fim do dia, Hugo percebeu que o patrão não é um bicho de sete cabeças. Ele é um ser humano, que ri e chora. Outra coisa que o deixou feliz foi espalhar a música do Emicida, o seu artista favorito.

No fim do expediente, Hugo seguiu para mais uma competição de skate, que aconteceria em uma praça próxima ao hotel. Por esse motivo, ele levou todo o equipamento necessário para arrasar na disputa. Neste mesmo instante, Eliezer levou César para beber em uma praia, afinal, ninguém é de ferro.

Por alguns instantes, os empresários deixaram o negócio de lado e aproveitaram o pôr do sol, que se formava timidamente no horizonte. Após algumas latinhas, Eliezer teve que responder uma demanda da esposa e, para não perder o passeio, César percorreu a orla.

De repente, uma aglomeração chamou a sua atenção. Cauteloso, o empresário andou até a pista de skate, onde os jovens gritaram e aplaudiram as sequências de manobras produzidas pelos atletas. Dentre tantos rostos, um chamou a atenção dele.

— Ora, ora. Sr. Martins, um homem cheio de surpresas. — pensou César, que se escorou em uma mureta e observou Hugo voar com o seu skate.

O entardecer de Búzios. Existe coisa mais bonita? Enquanto o sol pinta o céu com tonalidades quentes de laranja e rosa, a paisagem ganha um ar mais romântico. Enquanto torcia pelo funcionário, César se deu conta que não era só uma paixonite.

Uma brisa suave tocou a pele de Hugo. Ele olhou em volta e viu César, que usava um look casual e não tinha toda a pose de chefe. Depois da sua participação na competição, o skatista procurou César no meio da multidão.

— Droga. — esbravejou Hugo, pegando o skate e passeando entre as pessoas. Olhando em volta, ele esbarrou em uma pessoa. — Nossa, mano, desculpa...

— Oi, Sr. Martins. Ótimo na pista, mas um terror entre os transeuntes. — disse César sorrindo e seus olhos ganharam uma cor especial ao pôr do sol.

Sim. Existe magia na cidade de Búzios. Fagulhas pulavam entre dois rapazes. Se eles vão ficar juntos, bem, isso só o futuro vai nos dizer.

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Na minha opinião, eles já estão juntos ❤️.

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