A conversa demorou um pouco. May voltou primeiro, estava com uma carinha boa. Acho que para ela foi tranquilo, já que sabia do lance a três com a Clara.
Ju: Tudo bem, May?
May: Está sim. Eu meio que já tinha certeza, e nunca vi minha amiga tão feliz. Se está tranquilo para ela, está para mim. E eu também sei que você e Rebeca são boas pessoas. Gosto muito de vocês, então, se está todo mundo bem com isso e feliz, é o que importa.
Fiquei muito aliviada de ouvir isso, mesmo já imaginando que essa seria a reação da May. Ter a certeza me deixou aliviada de vez.
Já Paola e Suzy ficaram lá fora mais uns 15 minutos. Imaginei que Suzy iria querer saber mais detalhes, já que para ela era novidade. Além do mais, Paola, além de amiga, era prima dela, e ela estava afim da Rebeca. Tomara que dê tudo certo.
Logo elas entraram. Vi que as duas estavam sorrindo uma para a outra, e aí fiquei mais aliviada. Paola sentou do meu lado e Suzy foi para perto da ruiva.
Perguntei bem baixinho para Paola se estava tudo bem. Ela disse que sim e depois me explicava tudo.
Continuamos ali conversando, rindo e zuando umas às outras. Nem vi a hora passar. May e Suzy conversando normalmente, e eu estava muito feliz ali no meio delas.
Era umas 19 horas quando May resolveu ir embora. Suzy ficou mais um pouco com a gente e depois Rebeca se ofereceu para levar ela em casa.
Eu e Paola ficamos até as 20 horas. Aí resolvemos ir embora, mas meu tio pediu para a gente esperar um pouco. Ele iria fechar e chamou a gente para jantar com ele e com minha mãe. Seguimos para a cozinha para começar a fazer a janta antes mesmo de ele fechar.
Logo ele e minha mãe chegaram, foram tomar banho e depois vieram ajudar a terminar. O jantar foi muito bom, conversamos bastante. Minha mãe estava com uma cara ótima e, pelo visto, tinha gostado muito de Paola.
Saímos dali para ir para a casa de Paola. Já era quase 22 horas, nem passamos no apartamento. Quando chegamos, tomamos um banho e sentamos na sala. Paola já estava com um pote de sorvete na mão. Eu nem quis, porque estava realmente satisfeita.
Ju: E aí, como foi a conversa?
Paola: Bom, com May foi tranquilo. Ela só ouviu e depois perguntou se eu estava feliz. Eu disse que sim, e ela disse que era o que importava, me zuou um pouco e saiu.
Ju: Eu meio que já esperava por isso. Kkkk
Paola: Eu também. Kkkkk Mas com Suzy foi um pouco mais complicado. Ela ficou assustada no início, acho que mais pelo fato de não esperar que eu tivesse coragem de fazer isso, já que fui sempre quieta e bem tímida.
Depois, ela me encheu de perguntas e eu respondi todas com calma, mas vi que ela estava um pouco triste. Imaginei o que era e perguntei. Ela disse que não tinha nada contra e não contaria a ninguém, mas ficou meio triste porque tinha se interessado na Rebeca. Aí eu expliquei que uma coisa não atrapalharia a outra, que se ela estivesse afim da ruiva deveria ficar com ela, até porque a gente dava a maior força para isso e que a ruiva também tinha interesse nela.
A carinha dela mudou quando eu disse isso, mas depois veio mais um monte de perguntas. Mais uma vez, respondi com calma. No final, ela entendeu, até pediu uma força com a Rebeca.
Ju: Que bom que deu tudo certo, amor.
Paola: Verdade, Suzy é gente boa. Eu já esperava que ela iria entender.
Ju: Por falar nisso, eu mandei mensagem pra Rebeca quando saímos da lanchonete e até agora nada dela responder.
Paola: Pelo que conheço dela e da minha prima, uma hora dessas estão transando em algum lugar por aí. Kkkkkkkk
Ju: Provavelmente estão mesmo. Depois a gente fica sabendo. Kkkk
No outro dia, ficamos sabendo que estávamos enganadas. As duas até trocaram uns beijos e conversaram bastante, mas não rolou sexo. Mas Rebeca disse que, com certeza, se dependesse dela, ainda iria rolar.
As semanas foram passando rápido. Quando a gente está se divertindo, parece que o tempo voa. Já estávamos na última semana que Rebeca passaria com a gente. Nesse tempo, ela e Suzy já tinham transado e, sempre que dava, estavam juntas, mas Rebeca não deixou a gente de lado. Às vezes, saíamos as três e, outras vezes, com Suzy junto. Nos divertimos muito juntas, mas não ficamos mais. Rebeca ficou só no papel de amiga mesmo e estava ótimo.
Eu e Paola iríamos para o Rio ficar uma semana com Rebeca. Nós três queríamos muito que Suzy fosse com a gente, mas ela não poderia por causa do trabalho dela. Eu consegui a semana de folga graças ao meu tio, que sempre é um amor comigo.
Na sexta, arrumamos tudo para a viagem. Rebeca passou a noite toda com Suzy no apartamento da irmã da Paola. Era a última noite das duas juntas, então Paola ofereceu o apartamento para elas poderem curtir à vontade.
No sábado, ao meio-dia, passamos no apartamento e Rebeca já nos esperava. Suas malas estavam no carro, ela já tinha levado Suzy, pegado suas coisas no apartamento dela e se despedido do pai. Colocamos nossas malas no carro de Rebeca, Paola guardou a dela e saímos em direção à lanchonete. May e Estefânia estavam lá. Rebeca se despediu delas, do meu tio e da minha mãe.
Depois, seguimos viagem para o Rio. O trânsito estava até tranquilo. Paola se ofereceu para dirigir no início da viagem e Rebeca aceitou.
Eu percebi que Rebeca estava diferente, mais calada que o normal.
Ju: Está tudo bem, ruiva? Já está com saudades da Suzy? Kkkk
Rebeca: Não é isso, palhaça. Kkkk
Ju: O que é então? Você está muito quieta pro meu gosto.
Rebeca: É que eu prometi para mim mesma que não iria me apaixonar por ninguém, que iria me formar primeiro, arrumar um bom emprego, me estabilizar e aí, depois sim, me apaixonar por alguém.
Ju: Não acredito!!! A Suzy conquistou seu coração de pedra, é? Kkk
Rebeca: Não, ela é uma garota incrível e a gente se deu bem em tudo. Acho que isso poderia acontecer se ficasse com ela mais vezes, mas por enquanto isso não aconteceu.
Paola: Não estou gostando dessa conversa!
Rebeca: Kkkkkk Ciúmes, loira? Kkkkk
Paola: Não, mas se não é a Suzy, tenho medo de quem seja.
Ju: Estou confusa também, ruiva.
Rebeca: Não foi a Suzy, e nem uma de vocês duas. Fiquem tranquilas, tá?
Paola: Graças a Deus!!!
Rebeca: Kkkkkkkkk
Ju: Quem foi então? Me explica isso.
Rebeca: Não me apaixonei por uma pessoa só, mas por várias, e a maior culpada é você, Ju.
Ju: Acho que estou começando a te entender.
Paola: Eu estou mais confusa que antes. Por favor, me explica isso.
Rebeca: Tinha que ser loira mesmo. Kkkkk
Paola: Vai se fuder, palhaça. Kkkkkkk
Ju: Kkkkkkkkkkkkkkk
Rebeca: Eu nunca me apeguei muito às pessoas. Além do meu pai e da minha mãe, nunca me senti presa a alguém por causa de sentimentos. Mas aí nós nos conhecemos, Ju, de um jeito meio estranho, mas você se tornou minha melhor amiga. Quando voltei pro Rio, foi bem complicado ficar longe de você. Eu sentia muito sua falta.
Aí você veio me ver e conheci melhor a loira. Mesmo quando vocês foram embora, eu continuei conversando muito com ela. Acabou que nos tornamos ótimas amigas. Além da sua falta, eu sentia a falta dela também. Agora vou sentir falta da Suzy, da May, da Estefânia, fora as outras pessoas que conheci através de vocês que são muito gente boa, como seu tio e Marcos, sua mãe. Ainda tem a Clara e a Paula. Além de tudo isso, tem meu pai, que é também meu melhor amigo. Todos estão em BH.
No Rio, não tenho amigos assim. Minha mãe e meu padrasto quase não ficam em casa, são viciados em trabalho e, quando estão de folga, geralmente vão pro sítio curtir só os dois.
Resumindo, eu me apaixonei por vocês, e ficar longe dói muito, sabe...
Os olhos dela estavam cheios de lágrimas. Rebeca raramente fala de sentimentos. Eu entendi o que ela estava tentando explicar, e meu coração doeu de ver minha amiga assim.
Paola: Rebeca, por que não vem morar em BH?
Rebeca: Por causa da minha mãe. Não quero deixar ela sozinha.
Ju: Por que não conversa com ela? Você disse que vocês se dão bem. Ela tem seu padrasto que vai cuidar dela. Acho que ela vai te entender.
Rebeca: Vou pensar sobre isso, mas vamos mudar de assunto. Não quero revelar meu lado frágil pra vocês. Kkkk
Paola: Te amo, ruiva. Você é uma amiga incrível.
Ju: Também te amo muito, você sabe disso!
Rebeca: Eu também amo vocês duas. Vocês são as melhores amigas que uma pessoa poderia ter.
Eu fiquei muito triste por um tempo. Eu também sentia muita falta da ruiva e com certeza Paola também, ainda mais depois de tudo que aconteceu nessas férias. Mas logo Rebeca voltou ao normal e me alegrou de novo com suas palhaçadas. Chegamos no Rio já era bem tarde, só tomamos um banho, jantamos e fomos dormir.
Rebeca não quis que a gente ficasse no quarto de hóspedes. Ela disse que talvez fossem as últimas noites que a gente ia dormir juntas, porque ia falar com a mãe dela. Se ela voltasse pra BH, provavelmente o lance dela e Suzy ia ficar sério, e se ela fosse ficar no Rio, muita coisa podia acontecer até nós vermos de novo.
Não tinha nem como dizer não pra ela, então ficamos as três no quarto dela. Na primeira noite, só dormimos, mas nas outras rolou muito sexo, conversas e muitas risadas.
Saímos bastante também: praia, shopping, lugares turísticos, restaurantes, balada na sexta. No sábado, ficamos na piscina e fizemos um churrasco. Na verdade, só comemos, porque o padrasto de Rebeca que fez tudo.
No sábado à noite, Rebeca conversou com sua mãe. Ficaram nessa conversa um bom tempo e depois ela nos contou que sua mãe falou que só queria ver ela feliz, que não ia prender ela ali. Se ela quisesse ir morar com o pai, não tinha problema, desde que ela desse notícias sempre e viesse pro Rio nas férias. Então Rebeca ligou para seu pai, que ficou muito feliz com a notícia. Ela iria voltar a morar em BH na outra semana.
No domingo, eu e Paola voltamos pra BH de avião. Rebeca ficou porque tinha uma mudança pra arrumar e ainda tinha que resolver as coisas da sua transferência.
A viagem foi tranquila. Na terça, Rebeca chegou. Eu estava muito feliz por ter minha amiga ali na minha cidade de novo. Não só eu, mas as meninas também amaram a notícia, principalmente Suzy.
Minha mãe resolveu vender sua antiga casa. Meu padrasto tentou fazer ela voltar com ele, mas ela não aceitou, porque ele não mudou nada em relação à forma como trata o filho. Aí resolveram se divorciar. Ele vai comprar a casa, vendeu um terreno que tinha, pagou 80% do valor e o restante minha mãe dividiu pra ele em 10 vezes.
Eu continuava morando com Paola. Minha mãe resolveu construir outro cômodo no fundo da casa do meu tio. Seria como um segundo quarto. Iriam fazer também uma varanda, e assim o banheiro ficaria mais acessível e daria para a gente ir até ele sem se molhar durante os dias de chuva. Isso tudo com autorização do meu tio.
As aulas voltariam na quarta e eu teria minha rotina normal: estudar de manhã, trabalhar o resto do dia. Mas eu estava feliz, porque tive as melhores férias da minha vida!!!
Continua..