Convidou-nos então a nos sentar e vi que a Lilly comentou algo com ele ao pé do ouvido, sorrindo, mas deixando-o ainda mais inquieto. Sentamo-nos eu e Mark, lado a lado e eles idem. Cora, por fim, se sentou à esquerda do Callaghan, chamando a atenção do Mark:
- Ela precisa participar? - Mark perguntou.
- Quem? Cora!? Ela é a minha Rainha de Ouros e além disso está aqui como minha convidada. Não vejo porque não possa.
- Ok, ok… - Mark concordou: - Eu queria entender melhor essa história de…
- Por favor, doutor Mark. - Lilly o interrompeu: - Eu gostaria de, antes de qualquer coisa, brindar esse momento, afinal, vocês estão…
- Por favor, digo eu, dona Lilly! - Mark a interrompeu num tom repreensivo, inclusive levantando uma mão e fazendo referência a mim continuou: - Ainda não tenho nenhum motivo para brindar, nem sei se terei, afinal, já degustaram o prato principal sem sequer me convidar. Quero entender melhor essa história toda de Casa de Cartas. Quem de vocês irá explicar?
PARTE 29 - CARTAS NA MESA
- Rapaz! Digo rapaz porque você é bem mais novo do que eu, meu caro Mark. - Começou a falar Callaghan, olhando-o de uma forma intensa, mas nada amigável: - Peço que respeite minha esposa. Viemos aqui amigavelmente para explicar tudo o que quiserem saber, mas respeito é primordial.
- Devo respeitá-la como respeitou a minha esposa ontem, senhor Callaghan? Por que se for esse o caso, eu preciso conseguir mais dois rapazes bem dispostos e dotados, não é mesmo? - Respondeu o Mark, sem desviar de seu olhar.
- Mark!? - Falei e belisquei sua costela, mas sorrindo por tê-lo ouvido me chamar de esposa.
- Ok, doutor Mark, se teremos que disputar na base da força, então, eu vou…
- Não, Callaghan! - Lilly o interrompeu: - Você não vai fazer nada! Ele está certo, totalmente no direito dele de marido preterido e enganado. Controle-se você, meu querido.
Tanto eu quanto o Mark a encaramos surpresos e agora bastante curiosos. Ela viu que havia conseguido nossa atenção e continuou:
- Doutor Mark, se achar necessário que eu me entregue ao senhor para corrigir esse lamentável equívoco de ontem, eu o farei tranquila e feliz por saber que vai acalmar seu coração. Só peço que nos ouça antes de tomar qualquer decisão, por favor.
- Como assim se entregar? - Mark perguntou, parecendo confuso ou não tendo entendido o contexto, afinal, conversávamos em inglês que não é a nossa língua mãe.
- Sexo, meu querido. Uma noite de sexo entre eu, Cora e você. Uma noite de sexo, por uma noite de sexo. Simples assim.
Mark se encostou em sua cadeira e se uma imagem representasse a palavra surpresa no dicionário, teria o rosto dele naquele momento. Ele me encarou como se dissesse: “onde foi que você se enfiou dessa vez, sua maluca!”, mas nenhum som saiu de sua boca. Voltamos a encarar a Lilly e vimos que ela e Callaghan conversavam baixinho entre si: ele falando que ela não podia fazer aquilo, ela falando que ele havia errado e que as regras existiam para separar os seres humanos dos animais, portanto, como ele havia quebrado as regras, a compensação seria justa, caso meu marido quisesse assim:
- Ahamm! - Mark resmungou, chamando a atenção deles: - E então, quem vai começar?
Acho que o Callaghan não estava acostumado a ser peitado assim de frente como o meu marido estava fazendo. Aliás, eu não sabia sequer se isso era seguro, porque nós não sabíamos quase nada sobre ele, nada além de que era podre de rico. O que me trouxe uma certa tranquilidade foi a presença da Lilly que pareceu ter ficado encantada com o Mark desde o primeiro momento e mais ainda agora por ele não ter se rebaixado ou demonstrado temor algum do Callaghan. Na verdade, ela o olhava de uma forma que eu conhecia bem: aquela distinta senhora estava desejando o meu marido e bem ali, na minha cara:
- Querido, você explica ou eu explico?
Callaghan ainda olhava meio inconformado para o Mark, mas depois de uma suspirada e de ter virado uma boa dose de whisky, começou a falar:
- Cometi um equívoco sim e peço desculpas por isso, porque quando se trata da admissão de um casal, ambos devem ser convidados ou entronados ao mesmo tempo. Ainda assim não sei se estou de acordo com essa compensação proposta pela Lilly.
- Falaremos sobre isso depois, querido. Agora, por favor, explique tudo para o casal.
- Meus caros, naturalmente tudo o que vou falar deverá ser mantido sob o mais completo e irrestrito sigilo. - Falou e fez sinal para um garçom: - Espero poder contar com a discrição de ambos.
Mark o olhava e nada respondeu. Nesse momento, um garçom se aproximou e ouviu seu pedido, indo e voltando pouco depois, colocando um copo sobre a mesa e servindo uma boa dose de whisky para o Mark e novamente para o próprio Callaghan, deixando a garrafa do Royal Salute 62, bem como colocou uma taça para mim, servindo-me um vinho que a Lilly estava bebendo. Callaghan prosseguiu assim que ele se afastou:
- Então… Nós criamos e patrocinamos um grupo fechado conhecido como Casa de Cartas. Por isso, a brincadeira de nos referirmos como rei disso, rainha daquilo… Aliás, as únicas posições permanentes são os reis e rainhas, naturalmente casados, e os valetes, homens ou mulheres, que servem seus respectivos reis e rainhas enquanto forem solteiros. Assim que se casam, tornam-se cartas fora do baralho ou se tornam números.
Nós os olhávamos interessados e curiosos, ele continuou:
- E há os números. Esses são convidados esporádicos em nossos encontros, normalmente escolhidos por nossos valetes, conforme as vontades de seus reis e rainhas.
- Mas e os ases? - Perguntei, curiosa.
- Ah, querida, esses são os melhores! - Lilly falou, sorrindo maliciosamente: - São convidados surpresas de cada naipe que tem o poder de subjugar a todos no encontro. Eles escolhem quem e como querem usá-los, mas naturalmente sem violência física, de orientação sexual, ou de qualquer espécie. O mais gostoso é que estes costumam ser figuras famosas, exóticas ou extremamente poderosas. É sempre uma surpresa.
- Sim, mas mesmo o poder deles não é absoluto: se dois pares, rainhas, reis, valetes, etc., se unirem, o ás perde seu poder para um determinado desejo.
- E quem escolhe esses ases se são surpresas? - Insisti.
- Cada rei e rainha escolhe o seu e o valete se encarrega de convidá-lo. A surpresa, na verdade, fica para os outros naipes. - Ela explicou: - Mas ainda assim é uma delícia.
Mark chamou o garçom e pediu um suco de laranja, deixando o Callaghan inconformado:
- Doutor Mark, por favor, não aprecia um bom whisky? Esse é um dos melhores. Beba, faço questão.
- Agradeço, mas não, senhor Callaghan. Não se trata de desfeita, mas hoje ainda voltarei para minha casa e não gosto de beber e dirigir. É só uma questão de segurança mesmo.
O garçom retornou com o suco pedido pelo Mark que depois de prová-lo e sem tirar os olhos do Callaghan, falou em seguida:
- Poker!
- Isso, meu caro! Lembra bastante o poker. - Concordou Callaghan, também tomando um gole de seu whisky, mas mudando um pouco o rumo daquela conversa: - Eu patrocino todos os encontros, como uma forma de retribuir tudo o que a vida me concedeu, e são encontros bastante animados, imaginem vocês…
- Verdadeiros bacanais! - Lilly entrou novamente na conversa, rindo e chamando a atenção do Callaghan: - Não adianta me olhar assim, essa é a verdade.
- São encontros em que nós promovemos o desafogamento de nossas tensões diárias, explorando a intimidade com outra ou outras pessoas. - Callaghan voltou a explicar: - Mas somente com pessoas selecionadíssimas!
- É mesmo!? E como funciona a sua seleção? O senhor chega numa festa universitária, se encanta com uma morena, leva ela para cama, a submete a uma suruba com seus amigos e lhe dá um diploma? - Mark voltou a falar, inconformado.
Pela primeira vez, vi o Callaghan fraquejar. Ele pigarreou, gaguejou e quem acabou tomando a frente foi sua esposa:
- Doutor Mark, por favor, meu marido errou. Isso é fato, incontroverso! Ele poderia sim se encantar com sua esposa e é mais do que justificado porque eu também adorei ela assim que a conheci, mas, sabendo que ela é casada, deveria obrigatoriamente conforme as regras da Casa, ter convidado vocês dois para uma conversa, inclusive comigo presente, depois para um encontro e se o casal estivesse disposto, daí sim, fazer um convite formal para participar.
- Ou seja…
- Ou seja! - Ela interrompeu o Mark: - Ele errou, tanto que eu estou disposta a, como lhe disse, compensá-lo da mesma forma que seu erro, entregando-me ao senhor, juntamente da Cora, para compensá-lo. Só lamento que a Hana não esteja aqui também para o acordo ser plenamente justo, afinal, foram três para a Fernanda, e hoje só consigo propor duas para o senhor.
- Gente, isso é loucura…
- Não é, Fernanda. - Ela me interrompeu: - Isso é justo pelas nossas regras. É somente uma releitura da Lei de Talião: olho por olho, dente por dente.
- Mas eu não disse que concordava, Lilly… - Resmungou o Callaghan.
- Você errou! - Ela o interrompeu: - Eu vou consertar o seu erro e não ouse me desautorizar, querido. Você sabe muito bem o que aconteceria se alguém te denunciasse para o conselho dos reis, não sabe?
- Espera um pouco! - Tive um “insight” naquele momento e a indaguei: - Então, o Peter e o Dong…
- São os maridos da Cora e da Hana, querida. - Ela concluiu, balançando afirmativamente sua cabeça: - Exatamente, o Rei de Ouro e o Rei de Espadas.
Callaghan apenas baixou sua cabeça, chateado, mas não a retrucou, voltando a beber seu whisky. Mark não perdia um movimento de cabeça deles, analisando a todo o momento tudo o que falavam e como reagiam. A Lilly novamente tirou o Mark de seu transe:
- Doutor Mark, a decisão é sua: nós duas estamos à sua disposição.
Mark a olhou, depois a mim e sorriu maliciosamente. Depois voltou a encará-la, olhando também para a Cora e para o Callaghan. Então, tomou um novo gole de seu suco, como se quisesse puni-los com um suspense, falando em seguida:
- Dona Lilly, sua proposta, como a senhora mesmo disse, não é justa…
- Por favor. - Ela o interrompeu novamente: - Se o senhor concordar, podemos ficar as duas com o senhor hoje e eu ficarei ainda amanhã, compensando todo esse erro cometido pelo meu marido.
- Não, por favor, não é isso. Vocês reconheceram o erro e um erro não se conserta com outro. - Falou calmamente, fazendo com que eles se surpreendessem: - Eu não vou impor essa solução à senhora e a senhora Cora. Eu não acho que seja uma solução justa.
- Rapaz, mas… mas o que você quer então? - Perguntou Callaghan: - Dinheiro, propriedades, ou você está pensando em me denunciar pura e simplesmente?
- Não, não, nada disso! O que passou, passou. Eu realmente não gostei exatamente da forma como se deu, mas não penso em retaliar. Eu vou pensar e conversar com a Nanda sobre tudo o que ouvimos de vocês aqui hoje e… - O Mark se calou, como se também tivesse tido um “insight”, voltando a falar: - Se eu entendi direito, e se for como no poker, existe uma hierarquia, estou correto?
Callaghan estava calado, mas pareceu ter entendido onde ele queria chegar. Mark continuou:
- Então, se for como no poker, a Rainha de Paus perde apenas para o Rei e o Ás de Paus, correto? Afinal, não existe hierarquia entre os naipes.
- Sim… - Resmungou o Callaghan: - Ou a dois reis unidos em par.
- Mas três damas superam dois reis, não é isso, mor? - Perguntei, aproveitando para entrelaçar os dedos da minha mão nos dele.
- Exatamente… - Lilly tomou um gole de seu vinho, sorrindo para a gente: - Mas a união das cartas não se dá senão em encontros previamente combinados entre os quatro naipes, entendem? Então, no dia a dia, a vida segue normal e somos apenas bons amigos.
- Então, aquela festa de ontem, foi um encontro? - Perguntei.
- Não, querida, aquele foi só um evento universitário mesmo. Para os encontros da Casa de Cartas acontecerem, precisamos ter os quatro reis e rainhas investidos, como temos agora, afinal, baralho incompleto não dá jogo. - Ela complementou.
- Um jogo de poder, relações e conchavos. - Mark resmungou alto, olhando para mim e depois para eles: - Esses encontros servem apenas para reafirmar que quem tem mais influência e bons relacionamentos, consegue as melhores oportunidades.
- Touché, mon amour! (Em cheio, meu amor!) - Confirmou a Lilly: - Assim como na vida…
- Nossa! Tô passada! - Cochichei para o Mark, assombrada com essa brincadeirinha de gente grande que eles haviam criado: - Sei não se dou conta disso, mor.
Ele confirmou com a cabeça e voltou a falar com eles:
- Bem, senhor e senhora Callaghan, acho que nós entendemos, a princípio, como tudo funciona. Entretanto, como os senhores mesmo reconheceram que o senhor Callaghan começou de forma errada, nós vamos conversar e nos reservamos o direito de decidir se queremos ou não fazer parte desse… Como é o nome mesmo?
- Casa de Cartas, querido. - Disse Lilly que ainda insistiu: - Por favor, pensem com carinho. Meu marido foi afoito, é verdade; mas vocês realmente nos impressionaram positivamente, tanto ela como o senhor, e ter o sangue brasileiro assumindo os assentos representativos de Alexandre, o Grande, e da grande deusa Argia, ainda mais no naipe que representa o verão, o calor, a sensualidade, será uma grande e inestimável honra.
Fizemos menção de nos levantar, mas o Callaghan tomou uma iniciativa que nos surpreendeu:
- Por favor, fiquem. Conversem um pouco conosco agora como amigos. Perguntem o que quiserem sobre nós, porque também queremos conhecer um pouco mais de vocês.
Nós nos entreolhamos e decidi deixar claro o que pensava a respeito, apertando ainda mais minha mão na do Mark:
- Senhor Callaghan, o que o meu marido decidir, eu concordarei, sem ressalvas.
Mark ainda me olhava e suspirou chateado, cochichando em meu ouvido:
- Agora, você respeita a minha decisão, não é!?
- Desculpa! Mas nunca mais vou cometer aquele erro em minha vida novamente, mor.
Ele sorriu para mim e pareceu ser sincero. Sacou seu celular, olhou as horas e falou:
- Bem, acho que podemos ficar mais um pouco…
Daí se desenvolveu uma conversa mais amistosa entre todos. Eles pareciam outros daquele momento em diante, perguntando sobre a nossa vida, nossas filhas, empregos, etc. Inclusive, nesse momento, lembrei-me de uma promessa:
- Gente, eu preciso voltar amanhã. Prometi a Cora que ela assistiria a apresentação de seu filho na escola…
Lilly se surpreendeu com aquilo e olhou o Callaghan, depois para Cora e perguntou a respeito do que eu havia falado. Ela confirmou, mas disse que ficaria a disposição deles pelo tempo que fosse necessário. Lilly discordou e pediu que Callaghan a liberasse, afinal, poderiam se virar sozinhos ali no Brasil, inclusive se socorrendo com os “novos amigos” se tivessem alguma eventualidade. Callaghan, o típico ricaço que não parece querer resolver nada sozinho, não gostou muito, mas atendeu o pedido da esposa, liberando Cora para retornar que não aceitou. De qualquer forma, eu também precisaria retornar na terça por causa do início de meu treinamento e avisei a todos que voltaríamos juntos. Pela primeira vez, vi que o Mark pareceu ter ficado triste e, depois de falar algo sobre as filhas ficarem tristes, notei que eles nos observavam, constrangidos:
- Quem é o CEO da empresa em que trabalha, Fernanda? - Perguntou-me o Callaghan.
- É Carl… Carl William Gottschalk. Acho que é isso, por que?
- Conhecemos ele, Cora? - Ele perguntou em seguida.
Cora passou a olhar seu tablet novamente e confirmou que sim, inclusive, mostrando-lhe algo. Ele sacou seu celular e fez uma chamada em nossa frente. Conversaram alguns minutos, entre amenidades e aparentes interesses empresariais, passando depois a falar sobre a minha situação e pedindo que me desse mais alguns dias para resolver alguns assuntos pessoais no Brasil. Após um breve silêncio, ele sorriu e agradeceu:
- Pronto! Seu treinamento começará apenas na próxima segunda. Terá mais alguns dias para aproveitar aqui, minha querida rainha. Sua! Sua querida rainha, meu caro doutor Mark. - Corrigiu-se em seguida, constrangido: - Conversando com o Carl, eu o reconheci: ele é filho de um amigo que participou de um ou dois encontros anteriores do Casa de Cartas. Ele é um bom rapaz.
- O que aconteceu com o casal anterior de Rei e Rainha de Paus?
- Ah sim, Tobias e Isabelle… Foram realmente uma perda lamentável. - Disse Callaghan.
- O que aconteceu? Morreram!? - Perguntei.
- Ah não, querida, eles se divorciaram. Acontece que, pelas regras da Casa, quando um casal efetivo se divorcia, eles são imediatamente defenestrados.
- Ahhh… - Resmungou Mark, certamente já imaginando o que eu não queria que ele imaginasse.
- Inclusive, estamos sabendo que vocês estão passando por um momento delicado em seu relacionamento… - Ela falou, olhando fixamente para o Mark e suas reações: - Mas se não houvesse sentimento entre vocês, certamente seu marido não estaria aqui te protegendo de dois estranhos, não acha, Fernanda?
Sorri com aquela conclusão e olhei para o Mark que também me olhou de soslaio. Aproveitei para confessar novamente que eu cometi um imenso erro com o meu marido, do qual eu me arrependia todo o santo dia, mas que estava fazendo de tudo para reconstruir a confiança dele em mim para resgatar nossa família:
- Exato! Inclusive, esse é um dos motivos pelos quais precisamos conversar, porque, a princípio, iríamos nos divorciar, inclusive já demos andamento nos papéis…
- Que já foram suspensos! - O interrompi.
- Sim, mas porque eu concordei. Eu posso dar andamento a qualquer momento.
- Poxa, Mark… - Resmunguei, chateada, mas respirei fundo e voltei a falar deixando bem claro para todos ali o que eu pensava: - Tá, tá… Olha só, gente, para mim, hoje, há três questões que devem ser resolvidas: a primeira e mais importante é que preciso salvar o meu casamento e sei que vou conseguir, eu tenho certeza disso, eu sinto isso no fundo do meu coração, mesmo que o Mark não tenha a mesma certeza, ainda; a segunda é que o Mark não gostou da forma como tudo aconteceu entre a gente, senhor Callaghan, e apesar de eu não ter sido obrigada, conheço o meu marido e sei que ficou chateado; e, a terceira é que, assim que nos entendermos, conversaremos sobre a possibilidade de entrar nesse clube de vocês, mas não criem expectativas, ok?
Eles me olharam surpresos, mas melhor foi ver a cara que o Mark fez para mim, inclusive fazendo um biquinho bobo que eu conhecia bem e que só fazia quando realmente algo o surpreendia. Melhor ainda foi ele ter sorrido na sequência e ter levado nossas mãos, as mesmas cujos dedos estavam entrelaçados há tempos, até sua boca, beijando a minha, num sinal de carinho que ainda tinha por mim. Meus olhos marejaram, mas de uma alegria imensa, e também beijei a dele. Quando olhei para minha frente, eles nos olhavam surpresos, mas com sorrisos no rosto, sendo que o da Lilly brilhava de tão contente que estava, tanto que propôs:
- Ah, gente, fiquem aqui, jantem conosco. Adoro esse clima de romance e… - Sorriu maliciosamente: - Fernanda, depois desse olhar dele para você, acho que a sua primeira questão está respondida.
- Também acho que poderiam ficar. Posso pedir para reservarem uma suíte para vocês. - Callaghan insistiu.
- Se eu ficar, o senhor dormirá sozinho, porque serei obrigado a fazer uma conferência com as três rainhas presentes. - Mark brincou.
- Ora… E por que não? Foram três reis para a rainha Fernanda, é justo que sejam três rainhas para o rei Mark. - Lilly concordou.
- Lilly!? - Callaghan resmungou.
- Se ele nos quiser, nós três seremos dele nesta noite! Lembre-se, querido: olho por olho, dente por dente. Estou fazendo isso para espiar a sua culpa, mas acho que será com extremo prazer que o farei.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO, EM PARTE, FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL NÃO É MERA COINCIDÊNCIA, PELO MENOS PARA NÓS.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DA AUTORA, SOB AS PENAS DA LEI.