**Alguns anos depois**
Muitas coisas mudaram nesses anos que se passaram. Eu me formei em Administração e hoje cuido da lanchonete do meu tio. Ele e Marcos moram juntos agora, mas vivem mais viajando do que em casa. Marcos se aposentou e os dois resolveram aproveitar um pouco mais a vida. Estão mais do que certos, já que trabalharam muito durante suas vidas.
Minha mãe ainda continua trabalhando na cozinha e morando nos fundos da casa onde eu morava. Ela reformou o lugar e construiu mais um cômodo. A gente se dá super bem; ela praticamente se tornou outra pessoa, tratando minhas amigas da melhor maneira possível e chamando Paola de "minha norinha" 😍. Na verdade, eu acho que nunca vi minha mãe tão feliz e de bem com a vida como ela está agora.
Bom, mas nem tudo são flores. Gabriel foi preso há um ano por tráfico de drogas. Ele foi pego com vários comprimidos de ecstasy na porta de uma boate. O pai entrou em desespero, vendeu tudo para pagar advogados, mas não adiantou muito. Ele foi condenado a cinco anos de prisão. Duas semanas depois da sentença, o pai sofreu um infarto fulminante e faleceu. Minha mãe ficou bastante triste com tudo isso, mas superou. Infelizmente, as pessoas nem sempre fazem as escolhas certas e pagam por isso, às vezes com sua liberdade ou, pior, com a própria vida.
May abriu sua própria boate há dois anos e realizou seu sonho. Ela também é sócia de uma agência de modelos junto com Estefânia. Esta, depois que se formou, parou de modelar e veio viver com sua amada. As duas formam um dos casais mais excêntricos que já vi: uma mulata alta com uma japonesa baixinha. Porém, as duas são perfeitas juntas, um casal muito fofo que se ama muito.
Rebeca se casou! Isso mesmo, a ruiva de coração de pedra engatou um namoro com Suzy logo que voltou para BH. Eu já esperava por isso, mas as duas simplesmente ficaram noivas um ano depois e se casaram logo após se formarem. Rebeca trabalha na mesma empresa que o pai, e Suzy continua trabalhando em uma loja de roupas muito famosa, mas não é mais vendedora; hoje ela é gerente de vendas e responsável pelo planejamento e estratégias da loja, que é uma das maiores de BH.
O casamento delas foi muito lindo. Eu e Paola fomos madrinhas. Eu tive uma crise de choro de tão emocionada que fiquei, e Rebeca teve que me acalmar antes de eu ir para o altar. Parecia até que eu era a noiva! A ruiva me zoa por causa disso até hoje.
Bom, as noites de férias no Rio foram a última vez que transamos. Acho que Rebeca já sabia disso e por isso quis ficar com a gente no mesmo quarto. Já falamos sobre isso e pensamos da mesma forma: foi incrível o que vivemos, mas ficou no passado como boas memórias que jamais serão esquecidas. Não faz falta; nossa amizade, que é o importante, ficou intacta e, na verdade, só fortaleceu com isso.
Meu amor se formou em Direito e trabalha em um escritório muito bom aqui na cidade. Ela está indo muito bem e, quando tem algum problema ou dúvida com algum caso, a irmã da cunhada a ajuda.
Ela acabou me enrolando e eu nunca mais saí da casa dela, exceto para me mudar para nossa casa nova. Não nos casamos, nem noivamos, nem temos um anel de compromisso. Nunca demos importância a isso, mas nossa parceria e nosso amor estão cada dia mais fortes. A gente se ama muito, se respeita e, principalmente, confia muito uma na outra.
Clara e Paula se mudaram de BH e estão morando no interior de São Paulo, onde a família da Paula mora. Estão bem e felizes. Clara vai ser mãe; está grávida de seis meses. A gente mantém contato e, logo que a criança nascer, vamos visitá-las: eu, Paola, Rebeca e Suzy.
Nunca mais vi Márcia ou Rogério. Não sei o que aconteceu na vida deles, mas espero que estejam bem. Apesar de tudo, não tenho mais mágoas deles. Às vezes vejo Mariana, mas ela disse que não sabe deles e que se afastou depois do que houve. Ela se desculpou por não ter me contado o que sabia, e eu a perdoei, até porque a gente não era tão amigas assim. Hoje continuamos da mesma forma; às vezes conversamos quando ela vem aqui na lanchonete ou a encontro em algum lugar, mas não nos tornamos amigas de verdade.
Hoje eu estava sentada na sala, nua, tentando me recuperar de um furacão loiro que passou por cima de mim. Era domingo e eu não abro mais a lanchonete aos domingos; no sábado, só das 13h às 19h.
Paola estava no banho; a gente tinha acabado de fazer amor no tapete da sala. Aí escuto o interfone, levanto com dificuldade, nua mesmo, e fui atender. Era Rebeca, falando que tinha algo para me mostrar. Abri o portão e disse para ela entrar. Fui no quarto, vesti uma camiseta e um short e voltei para a sala. Rebeca já tinha entrado e se esparramado no sofá.
Ju: O que você tem para me mostrar, ruiva?
Rebeca: Olha aí em cima da mesinha.
Quando olhei, vi um anel. Peguei e vi que era o anel que eu tinha dado a ela no dia em que a peguei com minha ex.
Ju: Você tem isso até hoje? Achei que tinha jogado fora.
Rebeca: Eu ia jogar, mas esqueci. Ele ficou no porta-luvas do carro. Hoje fui olhar se tinha esquecido algo dentro dele porque resolvi vendê-lo e comprar outro para mim. Aí achei esse anel lá no fundo; nem lembrava dele mais.
Ju: Nossa, faz tempo isso! Mas por que me trouxe ele?
Rebeca: É que comecei a relembrar de tudo que aconteceu com a gente depois do momento em que você me entregou esse anel. Sei lá, deu vontade de vir aqui te ver e trouxe ele.
Ju: Você está ficando muito sentimental, ruiva! kkkkk
Rebeca: Vai se foder! kkkkk Eu sempre fui, só não demonstrava tanto como agora.
Ju: Eu sei disso.
Rebeca: Aquele dia mudou nossas vidas, né?
Ju: Mudou sim, isso porque você foi atrás de mim. Você sempre teve um coração gigante, ruiva.
Rebeca: Valeu a pena ter ido. Eu ganhei a melhor amiga do mundo e vários orgasmos também! kkkkk
Ju: Você nunca vai mudar; mesmo casada, ainda continua muito puta! kkkkk
Continuamos conversando ali, relembrando o passado. Logo, Paola se juntou a nós e ficamos recordando tudo que vivemos.
Não sei por qual motivo, mas Paola e Rebeca começaram a discutir. Eu fiquei olhando as duas ali, se xingando e provocando uma à outra. Parecia duas crianças; elas sempre faziam isso. Parecia uma diversão para elas. Eu nem me metia mais, só observava e ria das palhaçadas delas. Na verdade, era divertido.
Olhei para elas e pensei comigo mesma: eu sou muito sortuda. Dizem que cada pessoa tem sua metade, mas o destino foi muito generoso comigo e me deu duas: as duas mulheres mais incríveis do mundo, minhas duas metades!
**FIM**
(Obrigado por quem acompanhou a história até aqui! Espero que tenham gostado. Desculpe pelos erros e até a próxima! 😁)