As Irmãs Ferreira #2

Um conto erótico de Ceci
Categoria: Lésbicas
Contém 2250 palavras
Data: 09/09/2023 10:23:46
Última revisão: 12/12/2024 17:19:23

Do casarão, o carro seguiu para o centro da cidade. Paramoss ao lado da praça e começamos a entrar em algumas lojas. Experimentei várias roupas e calçados; algumas foram compradas e levadas até o carro. Clara não parava de sorrir e conversar comigo; a menina parecia amar fazer compras.

Entramos em uma loja de brinquedos, onde a Sra. Ferreira comprou algumas bonecas e outros brinquedos para mim. Eu gostei muito dessa parte, mas depois seguimos para um consultório médico, onde marcaram vários exames e também fui levada ao dentista. Essa parte eu odiei.

Entramos em um prédio grande, e a Sra. Ferreira entrou em uma sala. Eu e Clara ficamos do lado de fora conversando. Eu não sabia que lugar era aquele; depois de alguns anos, vim a saber que era o escritório do advogado da família.

Ainda ficamos na cidade por um tempo. A Sra. Ferreira comprou várias coisas na mercearia e, depois de colocar um monte de sacolas no carro, seguimos para a saída da cidade. Entramos em uma estrada de terra e, depois de um tempo, chegamos a uma fazenda muito bonita, com pastos verdes cheios de gado. Quando chegamos à sede, pude ver uma casa branca enorme cercada por árvores, um grande curral e outras pequenas casas mais ao fundo, além de um grande celeiro e um barracão enorme ao lado.

Eu estava admirada com tudo aquilo. Logo, chegamos na frente da casa e alguns empregados vieram ajudar com as sacolas. Assim que saímos do carro, Clara me puxou para dentro, sua mãe gritando pedindo calma, mas Clara parecia não ouvir. Ela começou a me mostrar o lugar; era tudo diferente para mim.

Clara me mostrou tudo e depois me levou para onde seria nosso quarto. Era bem grande, com duas camas e dois guarda-roupas enormes de madeira. Era muito bonito e bem arrumado. Logo, entraram duas mulheres com algumas sacolas.

Minhas novas roupas foram guardadas, e eu e Clara abrimos os brinquedos, ficando ali algum tempo brincando. Escolhemos os nomes das minhas bonecas e ela me mostrou as dela. Nos divertimos muito ali; eu me sentia feliz. O sorriso de Clara era contagiante, e eu sorria junto com ela o tempo todo.

O tempo foi passando e eu fui conhecendo cada vez mais a fazenda. Não tenho lembrança de tudo, mas nunca vou esquecer do primeiro Natal que passei ali. Nunca tinha visto tanta comida e tanta gente reunida em um lugar só. Eu e Clara nos divertimos bastante junto com algumas outras crianças que estavam ali.

Também não vou esquecer o dia em que Clara entrou no quarto correndo e me abraçou, dizendo que agora eu era sua irmãzinha de vez. Sua mãe tinha chegado da cidade com os papéis da adoção; a partir dali, eu era uma Ferreira oficialmente.

No início daquele ano, começamos a frequentar a escola. Eu, na verdade, não gostava muito de ir, mas era obrigada. Clara, ao contrário, parecia amar o lugar. Clara só me chamava de Ceci, e assim passei a ser chamada por todos, exceto por alguns que me chamavam de "indiazinha".

Os anos foram passando e eu e Clara já não éramos mais duas meninas, mas sim duas adolescentes que frequentavam o colégio. Eu chamava a Sra. Ferreira de mãe e conhecia a fazenda como a palma da minha mão. Aprendi a montar e amava andar a cavalo e mexer com o gado.

Clara, a cada dia, ficava mais bonita. Seu corpo foi ganhando formas e ela já chamava a atenção dos garotos. Nós éramos muito grudadas, porém um pouco diferentes uma da outra. Eu gostava de ficar no meio dos empregados da fazenda, cuidando das tarefas. Clara já gostava de ler e estudar; ela dizia que queria ser médica, era o sonho dela.

Clara sempre usava vestidos bonitos, cuidava muito do cabelo, começou a usar maquiagem e sempre estava muito bem cuidada. Eu já não ligava para isso; não gostava de vestidos, só os usava quando não tinha jeito mesmo. Na maioria do tempo, eu estava de calça jeans, camisa e um boné na cabeça.

Minha mãe falava que tinha uma filha que ia ser médica e outra que ia ser fazendeira, igual a ela.

Nessa idade, eu já sabia que minha mãe era muito rica. A fazenda em que morávamos era enorme e perto da cidade, mas havia mais três na região, todas grandes e com muito gado. Minha mãe cuidava de todos os negócios depois que o marido faleceu de um infarto, há 12 anos. As vendas e compras de gado, as vendas de leite e queijos que eram produzidos na fazenda, tudo era negociado por ela.

Ela tinha uma pessoa de confiança em cada fazenda para tomar conta do gado. Na que morávamos, era o Sebastião, que cuidava do gado e dos peões que trabalhavam na fazenda. Ele também ia às outras fazendas com minha mãe conferir como estavam as coisas.

Foi o senhor Sebastião que me ensinou a montar, a tirar leite e a lidar com o gado. Eu e ele nos dávamos muito bem. Eu era muito amiga da sua filha Patrícia, que era uns dois anos mais nova que eu, e de sua esposa Ana, que era quem tomava conta da casa e das empregadas.

Eu e Clara começamos o último ano de colégio, e esse ano marcou nossas vidas para sempre; foi um divisor de águas em nossas vidas.

Eu estava doida para que o ano passasse rápido e eu pudesse parar de estudar. Clara só falava em terminar e ir estudar na capital. Eu não gostava dessa ideia porque não queria ficar longe dela. Só de pensar nisso, eu ficava triste. Mas ela disse que me levaria junto para eu poder estudar também. No entanto, ficar longe da fazenda não estava nos meus planos, e isso gerou algumas discussões entre nós. Nada grave, mas nossos planos para o futuro eram bem diferentes.

Clara tinha algumas amigas que moravam na cidade. Eu não gostava muito delas porque só falavam de roupas, novelas e garotos. Eu não me interessava por nada daquilo e sempre saía de perto quando elas vinham conversar com Clara.

Clara começou a sair com elas à noite para algumas festas de aniversário ou na casa de amigos. Eu ia em algumas por insistência de Clara, mas não gostava e ficava doida para que acabassem logo para eu poder ir embora.

Foi em uma dessas festas que vi Clara ser apresentada a um garoto chamado Henrique. Ele era filho de um médico da cidade, estudava no mesmo colégio que a gente, mas em salas diferentes. Nesse dia, vi os dois dançando juntos e aquilo me incomodou muito. Senti raiva do garoto; não sabia bem o porquê, mas fiquei chateada o resto da festa.

Daquele dia em diante, percebi que tinha ciúmes de Clara, não era só com meninos, mas também com meninas.

Em março daquele ano, a gente completaria dezoito anos. Minha mãe preparou uma grande festa, que seria no mesmo dia do nosso aniversário. Como eu não tinha documentos quando minha mãe me adotou, foi feito um novo registro de nascimento para mim, e minha mãe escolheu a mesma data de nascimento de Clara.

A casa estava cheia; vieram pessoas da cidade e das fazendas vizinhas. Eu, sinceramente, não gostava desse tipo de festa porque tinha que usar vestido e me arrumar toda. Clara estava linda como sempre e eu também recebi muitos elogios.

Eu não tinha tantas curvas no corpo como Clara, mas tinha um corpo bonito. Clara vivia dizendo que eu era linda. Eu gostava de receber seus elogios, apesar de ficar com muita vergonha.

A festa prosseguiu, ganhamos muitos presentes, cantaram os parabéns para nós, partimos o bolo, que por sinal era lindo. Tudo corria bem até uma das amigas de Clara tirá-la de perto de mim. Eu fiquei ali conversando com algumas pessoas e nada de Clara voltar. Então olhei e vi que ela estava no meio de suas amigas e alguns garotos, inclusive Henrique. Saí e fui para perto do pessoal da fazenda, que estava do lado de fora da casa. Eu gostava mais de ficar perto deles.

Logo, o pessoal da fazenda foi embora; todos tinham que levantar cedo, então dormiam cedo. Eu voltei para dentro da casa. Minha mãe estava conversando com pessoas mais velhas e, ao olhar, vi Clara no mesmo lugar, rindo e conversando com seus amigos. Henrique estava ao lado dela. Eu não gostei muito daquilo; ela parecia nem lembrar da minha existência.

Aquilo me deixou com raiva. Saí dali e fui para o meu quarto, tirei aquele vestido que me incomodava e me deitei. Queria dormir, mas não consegui. Depois de um tempo, alguém entrou no quarto; era minha mãe, perguntando por que eu tinha saído da festa, que era falta de educação. Pedi desculpas e disse que estava muito cansada.

Minha mãe disse que era para eu vestir o vestido e voltar, que tinham colocado música e estavam dançando. Aquilo já me fez imaginar que, lógico, Clara iria dançar com Henrique. Eu disse que não sabia e nem gostava de dançar e pedi a ela, por favor, para me deixar ficar ali porque queria dormir. Ela não gostou, mas concordou. Comecei a ouvir a música vindo da sala, minha raiva se transformou em tristeza e eu senti algumas lágrimas escorrerem dos meus olhos. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas era ruim; meu peito doía.

Não sei por quanto tempo fiquei ali com aqueles sentimentos ruins, até que mais uma vez ouvi a porta do quarto se abrir. Era Clara, que tinha vindo me procurar.

Clara —Ceci, por que você sumiu? Minha mãe falou que você saiu da festa sem dizer nada.

Pensei em não responder, mas a raiva me fez abrir a boca.

Ceci —Eu ia ficar fazendo o que lá? Meus amigos se foram, mamãe só fica dando atenção para os fazendeiros e suas esposas. Você simplesmente não lembra que eu existo quando está com seus amigos.

Clara —Não é assim, Ceci. Eles são visitas, minha mãe tem que dar atenção a eles, e meus amigos nunca vêm aqui. Eu não podia deixá-los sozinhos.

Ceci —Então volta para lá e fica com eles e me deixa sozinha, já que fez isso a noite toda.

Clara —Credo, o que você tem? Olha, vamos lá ficar com a gente. Vamos dançar um pouco.

Ceci —Vai você; eu não vou ficar me esfregando em homem como você. Me deixa aqui.

Clara —Quem você acha que é para falar comigo assim?!?

Ceci —Eu sou a irmãzinha que você pediu para sua mãe arrumar para você, mas agora que você não precisa mais de mim para brincar, me deixou de lado. Agora me deixa em paz.

Clara —Eu vou deixar mesmo, sua ingrata!!!

Ela se levantou e saiu rápido, batendo a porta. Eu chorei de raiva e acabei adormecendo.

No outro dia, acordei com minha mãe me chamando para ir para o colégio. Eu disse que não queria ir, mas ela me obrigou a levantar e me arrumar. Assim eu fiz. Clara já não estava no quarto. Desci e a vi na cozinha tomando café. Eu nem fui lá e saí para fora com minhas coisas para esperar o ônibus escolar. Depois de um tempo, ela saiu e a gente se juntou às pessoas que moravam ali e iam estudar também.

A gente não trocou uma palavra; eu nem olhei para ela. Quando o ônibus chegou, não sentei ao seu lado como sempre fazia. Fui para o fundo do ônibus e sentei lá. Logo, o ônibus chegou à cidade e nos deixou na porta do colégio. Eu fui direto para a sala e me sentei lá no fundo. Quando o sinal tocou, Ceci entrou com suas amigas.

Eu sempre sentava na frente, logo atrás dela, mas dessa vez fiquei o mais longe possível. Durante o intervalo, fui para trás do colégio. Fiquei ali sozinha, sentada debaixo das sombras de algumas árvores, até dar horário de voltar para a sala.

A aula acabou e voltamos para a fazenda. Eu só guardei minhas coisas, troquei de roupa e fui ajudar o Sebastião. Assim passaram-se dois dias e eu não olhei na cara de Clara, não falava com ela e não a respondi duas vezes que ela tentou falar comigo. Eu evitava ao máximo ficar perto dela.

Na sexta-feira, fui para o meu canto atrás do colégio durante o intervalo. Estava sentada entre duas árvores quando escutei vozes. Olhei e vi Clara e Henrique conversando a alguns metros de mim. Eles não me viram porque uma das árvores me escondia. Clara estava de pé, encostada na parede, e Henrique na sua frente. Começaram a falar baixo, como se não quisessem que alguém ouvisse. Eu queria sair dali, mas se eu saísse, eles me veriam.

Não sabia o que fazer. Olhei de novo e vi Henrique se aproximar de Clara e beijar seus lábios. Nossa, aquilo foi demais para mim. Senti uma dor tão forte no meu peito que não consegui aguentar. Meus olhos se encheram de lágrimas e, para não ser pega ali chorando, me levantei e tentei sair rápido para não ser vista. Saí em outra direção, pensando que não me tinham visto, mas assim que me virei na outra saída, ouvi Clara me gritar. Com certeza ela me viu.

Não olhei para trás; fui direto para a saída do colégio. Deixei minhas coisas todas para trás; eu não queria que ninguém me visse chorar.

Continua...

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Comentários

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Terminei Minhas duas Metades e iniciei as Irmãs Ferreira. Dei uma olhada tb na serie atual O Ultimo Disparo.

Vc ta publicando um capitulo por dia, mais ou menos as 17h.

Me fez lembrar uma escritora da internet chamada Stephanie Bond, ela escreve romances com alguma coisa de misterio no meio e publica um capítulo ´por dia no mesmo horário, mas so fica disponivel para ler de graça por 24 horas.

Agora a leitura vai ficar mais devagar para mim, esse final de ano vai ser corrido, mas pretendo ler todas as suas séries.

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Irmãos que fazem aniversário no mesmo dia? Queria falar uma coisa mas vou ficar quieta! 😩

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Não são gêmeas viu 🤣 🤣 🤣

Fala, não se cale nunca 🤭

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Deixa ela quietinha 😌

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Apenas coincidências da vida! 😂

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No caso delas foi a mãe da Clara que resolveu fazer assim quando adotou Ceci sem documentos, mas irmão de sangue sem ser gêmeos fazer aniversário no mesmo dia eu nunca vi não 🤭

Mas deve ter 🤷🏻‍♂️😅😅

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Nossa que triste esse fatos acontecendo, e a Ceci tentando entender tudo que estava acontecendo com ela. Agora sim tô curioso pra saber o restante dessa história. Será que ela vai conseguir falar tudo que sente pela Clara.

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