J e seu melhor amigo Fred estavam eufóricos para curtir aquela balada. Era janeiro de 2009, eles estavam em Berlim, na última semana daquele mochilão que, por sua vez, coroava um semestre de intercâmbio universitário na Europa. Eles tinham lido muito sobre a fama berlinense das baladas insanas, a cena alternativa da capital alemã, e tinha chegado a noite de vivenciar tudo aquilo. "Porra mano, que frio da porra", Fred disse, "Nem me fale, vamo comprar uma vodka no caminho pra esquentar" - sim, na época J bebia e bebia bem, como é bom ter 20 anos e não precisar se preocupar muito com a saúde. Os dois, como bons mochileiros, estavam num hostel, de uma dessas redes alemãs enormes, prédio novinho, perto da Alexanderplatz, num quarto compartilhado - mas pelo menos eram 3 beliches, muito melhor que os galinheiros que eles tinham pego no leste europeu, naquela viagem que já durava 1 mês.
Berlim estava passando por um frio intenso, a neve cobria as ruas (para deleite de J, que tinha conhecido neve naquela viagem), e obviamente J e Fred não tinham roupas apropriadas para aquele clima (e nem iam comprar, claro, a grana era contada), então tinham que improvisar com várias camadas de roupa. Ficavam meio ridículos, parecendo os bonecos da Michelin, mas era o que tinha. Fred passou um perfume, deu uma penteada naquele cabelo castanho claro, olhou-se no espelho, os olhos esverdeados se destacavam, deu um sorriso e soltou um "Vamos". J já estava pronto, e desceram para enfrentar o frio congelante lá fora.
Chegaram de metrô à estação mais próxima da balada, que ficava numa antiga zona industrial. Eles viram o galpão, que ficava no meio de um terreno vazio, e o jogo de luzes e o som que dava pra escutar mesmo à distância já os deixaram animados. A vodka, que eles consumiam escondida num saco de papel, ajudou, claro. J já estava um pimentão, eita coisa ruim aquilo de ficar vermelho enquanto bebia. Os dois estavam sorridentes, e saíram confiantes em direção à festa que tanto prometia.
A decisão de viajarem só os dois tinha sido natural. Ao longo daquele semestre fora, J e Fred tinham se aproximado muito. Lá em São Paulo já eram amigos, faziam os trabalhos juntos e frequentavam a casa um do outro, mas passar tantos meses longe e tendo que se virar num outro país tinha feito aquele laço se estreitar. Eles tinham decidido não dividir um dormitório, mas tinham escolhido cursar as mesmas matérias, além de dividir as compras e fazer as refeições juntos para economizar. Era um convívio intenso, que só cessava na hora de dormir. Quem olhasse de fora perceberia a química que rolava entre eles, a cumplicidade, o querer bem, os valores compartilhados que alimentavam aquela amizade.
Fred era um cara bonito. Rosto delicado, cabelo castanho claro ondulado, olhos entre o castanho claro e o verde ("depende da luz, J!"), corpo magro, esguio, levemente definido, e alto. Fazia um sucesso imenso entre as garotas, pois além de tudo tinha uma lábia feroz. J aproveitava, claro - eles chegavam nas garotas juntos, rapidamente Fred tirava uma delas para um canto e J aproveitava a amiga que tinha sobrado. Falando assim parece que J só aproveitava a raspa do tacho, mas não era assim não tá, ele também tinha (tem?) seus atributos. Mas, nos últimos meses do intercâmbio e especialmente naquele mochilão, em que o convívio estava no extremo, J estava se sentindo estranho. Meio com ciúmes do Fred, coisa doida, por que ele estava assim?
Fazia quase dois meses tinha acontecido uma coisa que o deixara encucado. Eles estavam estudando no quarto do Fred, os dois de meia, quando o pé de Fred tocou no de J. O instinto natural seria um dos dois - ou ambos - afastar o pé, mas J decidiu não se mexer. Fred - vejam só - também não. Parece coisa boba, mas essa intimidade de tocar um no outro era novidade; Fred começou a roçar o pé no de J, que só respondeu retribuindo. Os dois pés roçando embaixo da mesa, enquanto lá em cima os dois faziam cara de paisagem sobre os livros e os notebooks, como se nada estivesse acontecendo. Talvez por ser algo novo, nenhum deles tomou iniciativa de fazer mais. Mas aaahhh que delícia estava aquela carícia...cada vez que J sentia Fred encostando na planta de seu pé, ele vivia um misto de cócegas e tesão, um calor subia até sua virilha e de lá invadia seu corpo todo. Ele devia estar vermelho. Seu pau já estava quase duraço dentro da cueca, era um esforço enorme se concentrar nos estudos.
Fred de repente tirou o pé daquela posição, falou "preciso mijar" e ficou no banheiro por mais tempo do que o necessário para um xixizinho. Quando ele voltou, J foi ao banheiro, com o pau duro ainda, e ao erguer a tampa do vaso, viu que tinha um jato de porra escorrendo. Caralho, o Fred tinha batido uma punheta e não tinha limpado direito a tampa. Ao ver aquele leitinho descendo pelo plástico, ainda quente, J não aguentou, punhetou forte e gozou na tampa toda. Tentou limpar tudo certinho e voltou. Os pés de ambos estavam retraídos dessa vez, eles não mais tocaram no assunto, terminaram de estudar e J voltou para seu quarto. Mas, na falta de verbalizar aqueles pensamentos, a cabeça de J explodia pensando o que aquilo significava. Um momento erótico, sem dúvidas, mas com o Fred...? Ele gozou pensando em mim?, matutava J, o que foi aquilo?? E foi desse pequeno acontecimento que uma coisa grande floresceu, pelo menos em J. Um desejo por Fred que ele não sabia existir, uma vontade de ir além daquelas carícias no pé, e - ele desconfiava - o Fred estava sentindo algo parecido. Sem uma atitude, porém, nada aconteceu, mas J agora torcia para que o amigo não pegasse mais nenhuma garota nas baladas. Mesmo que isso significasse zerar a noite ele também. Ele queria o Fred, e o queria só pra ele. Caceta, tenso hein. Era esse pensamento que sobrevoava a cabeça de J quando eles entraram naquela balada em Berlim.
A noite prometia. Mas começou esquisita - ao passar pela chapelaria, onde os frequentadores deixavam seus sobretudos e casacos pesados, J e Fred deixaram várias blusas e casacos de meia estação, pareciam duas cebolas sendo descascadas. O atendente, e alguns frequentadores também, olharam meio torto - po, dois estudantes, queriam o quê? Ao entrar, ficaram impressionados com o ambiente grandioso, uma antiga fábrica que tinha recebido um sistema de som e luz de primeira, a galera já doida dançando na pista e lotando os bares. "Aaahh garoto, hoje vou foder gostoso hein", Fred disse, e J no íntimo torcia para que não - mas ele conhecia o amigo, para quem terminar a noite sem nem um beijo era uma derrota sem tamanho. Então foram à caça. E a esquisitice da noite continuou - depois de algumas tentativas, Fred ainda não tinha conseguido nada, o que era incomum. "Vamos beber mais, as minas aqui são mais enjoadas", e puxava J para o bar. Eles focavam nos destilados - não iam gastar os euros preciosos em drinks cheios de gelo ou em cerveja quente -, então ficaram bêbados rapidinho. Mais algumas tentativas, e nada. Fred estava visivelmente desapontado. "Cara, não sei o que tá acontecendo", e olhava para o chão. "Já tentei de tudo, todas as minhas cantadas, mas sei lá, acho que a gente tá parecendo muito mochileiro tá ligado?", ele começou a falar mais alto e próximo do ouvido de J, pois o volume da música tinha aumentado. "Lá no Brasil eu já teria pegado umas três, J, to começando a sentir falta de lá sabia?" - era o que faltava, ter uma crise de saudade de casa no meio da balada, a poucos dias de voltarem. "Do que adianta essa puta balada se as minas são um cubo de gelo?", ih caramba, aquilo não ia dar certo. Então J decidiu agir. Comprou dois shots de Jägerbomb, puxou Fred pelos braços e falou "Chega disso, vamos pra pista".
Ah, aquela pista, aquele som, aquelas luzes e o álcool surtindo efeito fizeram com que os dois se soltassem e dançassem como nunca. "Valeu J!!", vira e mexe gritava Fred no ouvido do amigo, às vezes perto demais, e J só curtia aquela proximidade. Será que algo pode rolar aqui, ficava pensando, mas logo afastava aquilo da cabeça. "Sonho meu...", concluía, como se faltasse um sinal de que algo a mais poderia acontecer. E, senhores, o sinal veio. Depois de uma pausa estratégica que deixou todos gritando pedindo mais, o DJ colocou uma música que fez a galera surtar. Mas não era qualquer música, de qualquer DJ. Era Beautiful Life, do Gui Boratto, o DJ brasileiro que estava fazendo sucesso na Europa naqueles tempos. Fred e J enlouqueceram e pularam muito. "Caraaaalho mano, é música brasileira em Berlim!! Cê tá loco!!", gritava Fred, "Tá com saudade de casa mesmo hein??", falou J, "Pra caralho! Muita saudade, quero voltar logo, quero sentir o gostinho brasileiro de novo cara!". Pausa. J pensou, pensou, pensou. Virou a outra Jägerbomb que tinham comprado e arriscou. "Tem um gostinho brasileiro bem na sua frente, Fred". Fred arregalou os olhos, encarou J, que não desviou o olhar, um sorriso se abriu nos dois rostos, e (pausa)...o beijo veio. Intenso, doce, quente, alcoólico, gostoso, proibido, delicioso. Parecia que o mundo tinha parado. O calor, que estava em falta na balada, surgiu ali, no meio da pista, entre os dois melhores amigos, naquele beijo tão inesperado quanto desejado. Por ambos. E, no fundo, a música bombava. I can see lights / I can feel love / I can see the sun / What a beautiful life / What a beautiful life / What a beautiful world...
Eles entraram no banheiro chutando a porta. Trancaram-se na cabine para pessoas com deficiência sem se desgrudar por um segundo sequer (depois de terem dado uma bela gorjeta ao fiscal do banheiro). O beijo já descia da boca para o pescoço, para a chupada no cangote, a mordida na orelha, os gemidos saíam sem pudor algum. Ficaram só de cueca, as roupas foram jogadas no chão, foda-se, o tesão era mais forte, J admirava aquele corpo que já tinha visto tantas vezes, mas que estava diferente, tinha se tornado um objeto de desejo, o peitoral definido, o abdômen sarado com uns gominhos em formação, alguns pelinhos descendo até a virilha, aquela delícia toda que seria dele. J chupou e mordiscou o mamilo de Fred, que gemeu alto, seu pau já estava estourando na cueca. J adora descer pelo corpo lambendo, e quando chegou lá embaixo, a cueca já estava manchada de pré-gozo. Quando a abaixou, aquele pau melado, que ele nunca tinha visto ereto, saltou e bateu na sua cara, deixando sua bochecha melada também. Que pau lindo - a cabecinha querendo sair da pelinha, aquele mastro branco com veias marcadas, pulsando, babando, apontando para o alto, "Vai logo J, senão eu vou morrer aqui", e J abriu a boca, colocou a língua para fora e abrigou aquele membro rijo, sentindo aquele gosto de macho, de pré-gozo, de desejo, Fred gemeu alto, "Aaahhhh caraaaalhooo", J tentou enfiar o máximo possível na sua boca, até quase sentir os pentelhos no seu nariz.
Olhou para cima, Fred o encarava meio abobalhado, e ele amou ver sua expressão incorporar um prazer intenso quando ele começou o vai e vem. Era a primeira vez que ele chupava um pau, mas por experiência própria ele sabia o que tinha que fazer, com o que tinha que tomar cuidado, e o que faria seu amigo se contorcer de prazer. Girar a língua na cabecinha foi um acerto, Fred se desarmou todinho, e subir e descer girando a língua por aquele pau, subir e descer, subir e descer, fez com que o amigo tampasse os olhos com a mão, começasse um movimento de foda com a bunda, ele começou a foder aquela boca gostoso, até J sentir a cabecinha crescer e soltar jatos e mais jatos de porra quentinha. J engoliu uma parte, mas guardou outra e subiu para beijar o amigo, "sente seu gosto, Fred", e o amigo pirou de vez. "Fred...me deixa te comer vai...", Fred o encarou assustado, "como pagamento pelo melhor boquete da sua vida". Demorou um pouco, mas Fred aceitou e virou-se de costas, abaixando-se um pouco para abrir aquele rabinho lindo, lisinho, com o botãozinho piscando. J cuspiu na mão e passou a mistura de saliva e porra no seu pau e naquele buraquinho que ia ser desvirginado lá mesmo.
Ao encostar a cabecinha, Fred piscou um pouco, "relaxa vai Fred", e J o abraçou por trás, chegou à sua nuca, deu uma chupada e falou no ouvido do amigo, "vai ser gostoso, confia em mim", sentiu que Fred relaxou, aproveitou e enfiou a cabecinha. "Aaaiii cacete, será que melhora cara? Tá doendo", "Melhora sim, aproveita o momento Fred", "Vai devagar cara", "Relaxa". E J foi entrando gostoso, ele nunca imaginava que faria sexo com Fred, muito menos que o amigo seria o passivo, tudo muito doido, será que era sonho?, mas quando ele sentiu a bunda do amigo bater na sua virilha, ele voltou à realidade. Fred gemia baixinho, num misto de dor e prazer, e J esperou o amigo se acostumar com seu pau dentro dele. "Pode vir J", e J foi gostoso, primeiro devagarinho, depois aumentando o ritmo, aos poucos, até ele ouvir Fred gemendo com puro prazer. Aí, leitores, o J começou a bombar com força, pegou aquela cintura e a jogava para frente e para trás, enquanto seu quadril fazia a mesma coisa. Fred estava com as mãos na parede da cabine, a estrutura tremia, a porta batia, mas nada daquilo importava, J e Fred estavam entregues ao mais puro prazer, ao mais intenso tesão, à mais insana loucura. Plaf plaf plaf, Mais forte, vem J, plof plof plof, Que delícia de cuzinho Fred, Aaahhhh, vem mais rápido, mais fundo vemmm, Caramba que rabinho guloso Fred, seu cuzinho tá engolindo meu pau todinho, seu safado, plaf plaf plaf...o gozo veio forte, grosso, CARALHOOOOOOO FRED!!!!, em tantos jatos que a porra vazava antes mesmo de J tirar o pau, cacete que gozada foi aquela. A melhor que J tinha tido até então.
Fred sentou-se no vaso sanitário, ainda com a porra vazando de seu cuzinho, quando J percebeu que o amigo estava com aquela pica dura, toda babada de pré-gozo de novo. "Não foge não J...vem cá vem". J cuspiu naquele pau, pegou um pouco da porra que estava saindo do buraco do amigo, passou no seu próprio e sentou naquela pica deliciosa, cuja cabecinha estava pulsando e brilhando. Foi entrando devagar, mas J não aguentou segurar as pernas e caiu de uma vez. AAAAHHHHHHHHH CACETE SEU SAFADO PUTINHOOOO, Fred urrou de prazer, J urrou de dor, aquele misto de dor e prazer mais uma vez invadiu os dois, que se entregaram àquela foda, J estava de frente para Fred, que chupava os mamilos de J, beijava sua boca, seu pescoço, e metia gostoso enquanto J subia e descia freneticamente. Seu pau endureceu, e naquele sobe e desce, ele roçava no abdômen e peitoral de Fred, soltava um pré-gozo que lubrificava o caminho, sobe-desce, sobe-desce, sobe-desce, pau que entra, pau que sai, o pau de J roçando no corpo de Fred, o suor ajudando a deslizar ainda mais, os gemidos de um e de outro tomando o ambiente, foda-se que os outros estejam ouvindo, eles queriam mais é aproveitar aquele momento, sobe-desce, sobe-desce, até que os dois gozaram ao mesmo tempo, e muito. Nem parecia que tinham gozado há alguns minutos, era muito tesão envolvido. Até que ouviram o fiscal do banheiro bater na cabine, "It's enough, eh? Enough guys". Os dois se olharam, beijaram-se mais uma vez, limparam-se com o papel higiênico e se trocaram.
*
No metrô de volta para o hostel, os dois estavam extasiados. Nem parecia que aquela conversa ia rolar.
"J", disse Fred, "esse foi o melhor dia da minha vida", e J sorriu, consentindo. "Mas tem que ficar por aqui. Nunca mais vamos repetir ou falar disso, vamos fazer esse acordo?", J desfez o sorriso, o encarando sem entender. "Eu adorei, mas isso só aconteceu porque estamos aqui, agora, só nós dois. No Brasil isso não tem espaço, combinado, J?". J teve vontade de chorar, mas tinha medo de demonstrar fragilidade e isso afetar a amizade com Fred. Ele poderia lutar por aquele sentimento, por aquele desejo, por aquela vida, mas sabia que seria derrotado no fim das contas. A vontade era enorme, mas a realidade era bem diferente, mais complexa, e ele sabia bem. E foi ali, naquele momento, que ele tomou uma das (melhores? piores?) decisões da sua vida.
"Combinado, Fred. Nossa amizade acima de tudo".
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Por que mesmo aquela cena tinha ressurgido na sua cabeça??, pensava J, encarando a folha de papel em branco à sua frente. Tomou um tempo para ele voltar à realidade, retornar a 2023, e deixar aquele turbilhão de sentimentos, de desejos, de memórias, de fatos acontecidos e de coisas que ele queria que tivessem acontecido. Por que, depois de tantos anos enterrados?, suspirava J, sentindo o gostinho gostoso e amargo da nostalgia, essa sensação agridoce que vem sem pedir licença. Seria porque alguns sentimentos ressurgiram depois da foda com o André e o Bento no hotel algumas semanas atrás, deixando-o nocauteado por um tempo? Seria por outro motivo?
Ah sim, lembrou-se ele. Ele tinha que escrever uma cartinha convidando Fred e sua esposa para serem seus padrinhos de casamento. "Foda-se", pensou J, largando a caneta sobre o papel. Ele não podia redigir aquela carta com a cabeça toda girando, não depois de relembrar e desenterrar tudo aquilo.
"Vou escrever um conto sobre essa noite", pensou ele, já abrindo o notebook, "quem sabe ajuda a recolocar as coisas no lugar".
Quem sabe fica bom?
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Pessoal, deixem comentários e estrelas.