No sábado, May e Paola foram à lanchonete. Eu estava um pouco mais animada porque meu tio deixou que eu começasse no mesmo horário dos dias de semana. Assim, dormi até mais tarde e descansei um pouco. A gente conversou bastante. May adorou o que Paola fez para me ajudar, mas me falou um monte por eu não ter avisado antes, pois ela poderia ter me dado carona também. No entanto, como o caminho dela era um pouco diferente do meu, a carona de Paola era mais prática.
Quando Paola saiu para atender uma ligação da irmã, May disse que estava adorando ver suas melhores amigas se aproximando, mas me pediu para eu não magoar Paola. Eu disse que jamais faria isso, que a gente ia passar o dia juntas para se conhecer melhor e só isso. Que éramos amigas, pelo menos da minha parte, era isso e que não iria fazer nada para estragar isso ou magoar Paola.
Logo elas foram embora. Eu trabalhei o dia todo e, à noite, liguei para Rebeca. Conversamos bastante, depois tomei um bom banho e fui dormir.
Acordei no dia seguinte com meu celular tocando. Olhei e era Paola. Olhei a hora e já eram quase 9 da manhã. Atendi e disse que já abria o portão para ela.
Levantei do jeito que estava e fui abrir o portão. Ela estava linda como sempre. Dei meu melhor sorriso quando a vi e a convidei para entrar. Seguimos para o meu quarto. Arrumei minha cama mais ou menos, pedi para ela sentar, pedi desculpas pela bagunça e fui ao banheiro. Fiz minha higiene e voltei. Perguntei se ela queria beber algo, mas ela não quis. Fui à cozinha, peguei um copo com café e voltei. Sentei na cama e ela logo perguntou:
Paola: Então, Ju, como veio parar aqui?
Comecei a contar para ela tudo que aconteceu comigo até eu ser expulsa de casa e ser acolhida pelo meu tio.
Paola: Essa sua namorada da época é aquela que você colocou pra correr naquele dia, né?
Ju: Sim, ela mesma. Me assumi por causa dela e fui expulsa de casa. Aí meu tio me acolheu e estou aqui desde então.
Paola: May me contou que aquela garota te sacaneou muito, mas não me contou os detalhes. May é muito reservada. Pode me dizer o que houve? Se puder, claro.
Eu contei para ela o que Márcia tinha aprontado comigo e ela ficou de boca aberta.
Paola: Nossa, ela não vale nada mesmo! Que sacanagem o que ela fez. Eu sinto muito, Ju.
Ju: Tudo bem, já passou. Doeu muito, mas hoje, graças a Deus, não sinto nada por ela. Está tudo bem.
Paola: Bom, ainda não entendi uma coisa. A Rebeca que estava com sua ex na hora do flagra é a mesma que é sua melhor amiga agora?
Ju: Sim, ela mesmo. Kkk.
Paola: Me explica isso porque não sei como pode ter acontecido.
Expliquei tudo o que aconteceu, praticamente contei minha história com Rebeca para ela.
Paola: Nossa, que loucura! Acho que isso é demais para a minha cabeça.
Ju: Eu já esperava essa sua reação.
Paola: Olha, não me entenda errado, eu não estou julgando você nem a Rebeca, não é isso. Só acho que eu não conseguiria fazer isso, sabe?
Ju: Eu pensava assim também. Nunca passou pela minha cabeça que eu faria isso, mas simplesmente foi acontecendo. E, sinceramente, não me arrependo de nada. Rebeca foi uma das melhores coisas que me aconteceram, e nossa amizade é algo que quero para o resto da vida.
Paola: Entendi... Ah, outra coisa. Vi que tinha uma loira que vinha aqui às vezes e ficava conversando com vocês. Desculpe se estou sendo indiscreta, mas ela parecia ser bem íntima de vocês duas.
Ju: Ah, é a Clara. Ela era sim bem íntima, mas agora está namorando e é só uma boa amiga.
Paola: Ela era bem íntima como? Desculpe, mas sou meio curiosa. Mas se não quiser falar, tudo bem.
Ju: Sem problemas, não é segredo. May e Estefânia sabem, não que a gente contou, mas meio que descobriram. Kkk.
Contei para ela como Clara entrou na história, detalhei tudo e ela ouvia atentamente.
Paola: Nossa, eu achei que iria ter uma história interessante para te contar, mas acho que a sua superou muito a minha.
Ju: Isso não é uma disputa. A gente se propôs a nos conhecer melhor. Eu podia ter escondido algumas coisas, mas não quero que nossa amizade comece assim. Se a gente vai ser amigas, quero que seja uma amizade verdadeira e não quero esconder as coisas, entendeu?
Paola: Eu entendi. Gostei disso, até porque desejo o mesmo. Por isso eu já tinha decidido contar minha história para você sem esconder nada.
Ficamos ali conversando mais um pouco. Ela fez mais algumas perguntas sobre mim e eu ia respondendo. Conteis sobre a briga com Gabriel, a conversa com minha mãe, falamos sobre algumas preferências minhas e dela, e contei um pouco da minha infância. Aí ela me chamou para ir à casa dela almoçar. Aí que me dei conta que já se passava das 11 horas. Nem vi a hora passar ali conversando com ela.
Então fui me arrumar, mas precisava trocar de roupa e ela estava ali no meu quarto. Resolvi pegar as roupas e ir trocar no banheiro.
Paola: O que você está fazendo?
Ju: Vou no banheiro me trocar.
Paola: Tem vergonha de mim?
Ju: Na verdade não, só não queria te deixar desconfortável.
Paola: Se quiser eu saio e você se troca, mas se quiser pode se trocar na minha frente. Por mim não tem problema.
Então comecei a tirar minha roupa ali mesmo no quarto. Fiquei de costas para ela, semi nua porque durmo sem sutiã. Vesti uma calça jeans e uma blusinha. Quando me virei, ela deu uma mordida nos lábios e disse:
Paola: Nossa, você é muito gostosa!
Acho que ela falou aquilo meio que sem querer. Dei um sorriso e disse "obrigado". Ela ficou toda vermelha e abaixou a cabeça. Peguei meu tênis e sentei ao lado dela para calçar. Ela estava de cabeça baixa, com certeza estava com muita vergonha. Levei a mão no queixo dela e levantei o rosto, dei um beijinho na sua face e disse:
Ju: Ei, não fica assim, não precisa ter vergonha. Eu também te acho muito gostosa e linda, ainda mais quando sorri.
Ela deu um sorriso lindo e eu disse:
Ju: Desse jeito mesmo, não precisa ter vergonha de falar as coisas, combinado?
Paola: Você fala isso, mas ficou com vergonha aquele dia que eu te acordei e você ficou me olhando com cara de boba e me disse que eu era linda.
Ju: Verdade! Kkkkk. Bom, mas era mais vergonha de ter sido pega dormindo no serviço do que vergonha do que te falei, até porque você é linda mesmo.
Rimos e saímos para ir para a casa dela. Quando saí, lembrei de Marcos. Paola o conhecia e ele pediu segredo, mas o carro dele não estava na garagem e não tinha movimento na cozinha, então não teve problema. Saímos pelo portão e, assim que entramos no carro, eu disse:
Ju: Eu escondi uma coisa de você. É tipo um segredo, mas tem outras pessoas envolvidas e não posso te contar ainda. Vou falar com as pessoas e, se elas autorizarem, eu te conto.
Paola: Tudo bem, te entendo. Mas fiquei curiosa. Kkk.
Ju: Posso te adiantar algumas coisas: meu tio é gay e tem um namorado que você provavelmente conhece.
Paola: Se você quer me matar de curiosidade, você está conseguindo! Kkkkk.
Ju: Desculpe, juro que não foi essa a minha intenção! Kkk.
Ela riu, ligou o carro e seguimos para sua casa. Saímos do centro e seguimos rumo a uns bairros mais humildes, na direção de onde eu morava com minha mãe. Não demorou e ela entrou em uma avenida, depois em uma rua. Eu conhecia aquele bairro mais ou menos, era perto da minha mãe. Logo ela virou em outra rua e parou, me entregou um chaveiro com algumas chaves, me mostrou um portão e pediu para eu abrir. Desci do carro, abri o portão, ela guardou o carro e disse que ali era a casa dela e me chamou para entrar.
Era uma casa simples, todas as casas eram parecidas porque era um bairro de casas populares. Quando entrei, vi que os móveis eram simples, mas tudo muito limpo. A casa tinha seu charme, me lembrou da casa onde eu morava com minha mãe, deu uma certa nostalgia.
Ela falou para eu ficar à vontade que ia só trocar de roupa. Quase pedi para ir com ela, era justo já que ela me viu trocar de roupa, mas só concordei e sentei no sofá.
Logo ela voltou, cabelo preso, blusinha e um short meio folgado, de havaianas e sem maquiagem. Nossa, ela estava muito diferente, nada a ver com a garota de maquiagem bem feita, roupas caras e cabelo perfeito, mas continuava linda. Na verdade, eu achei ela mais linda do que antes.
Paola: O que foi?
Ju: Desculpe, é que ver você assim é meio diferente para mim.
Paola: Pois essa sou eu. Se acostume! Kkk.
Ju: Pode deixar, na verdade prefiro você assim.
Paola: Jura?
Ju: Sim, eu amei! Você ficou mais bonita, na verdade gosto mais das coisas simples.
Paola: Depois de tudo que aconteceu, eu já esperava por isso. Agora fica à vontade aí, pode ligar a TV se quiser, vou fazer um almoço pra gente.
Ju: Se você acha que vou ficar aqui esperando, está enganada! Vou te ajudar, ou pelo menos vou para a cozinha com você, nem que seja pra dar palpites! Kkk.
Paola: Você sabe cozinhar?
Ju: Sei sim, não sou nenhuma maravilha na cozinha, mas me saio bem.
Paola: Então vem e me ajuda que assim termina mais rápido, e ter sua companhia sempre é muito bom.
Me pegou pela mão e seguimos rumo à cozinha. Não pude deixar de reparar nela andando na minha frente. Bem que ela podia ser a sobremesa. Eu realmente estava me interessando por ela, e isso estava começando a me preocupar.
Continua...
