Ma Petite Princesse - 3a Temporada - V

Um conto erótico de Ana_Escritora
Categoria: Heterossexual
Contém 9869 palavras
Data: 20/09/2023 20:13:56
Última revisão: 23/08/2024 03:59:50

Sinopse: Pizza entre amigos, a história de uma família e o início do relacionamento de um dos irmãos Martin com direito a final feliz. Ou talvez nem tanto.

Nívea presencia o seu pai em um momento de fúria e isso a assusta. Tendo um pressentimento ruim sobre o que vê, será que ela terá ajuda para lidar com tal situação?

E por fim, teremos um presente da Nívea para alguém especial.

***

As ruas residenciais do bairro de Ipanema possuíam prédios de diferentes estilos e tamanhos. Muito parecido com os prédios de Laranjeiras.

Era o que eu observava em todas as vezes que ia passar os sábados na casa do Felipe quando eu e o Eric decidíamos ficar por lá. A janela da sala tinha a vista para a rua e o prédio de frente era bem maior com cinco andares, onde cada andar possuía dois apartamentos espaçosos cujas varandas, cada uma delas, eram seguras o bastante para que nenhum acidente acontecesse. No entanto, à noite, não se podia ver muito além da varanda pois algo que existia em excesso naquela rua eram árvores e mais árvores. Altas, repletas de folhas e que com isso, escondiam a rotina de cada família em seus lares.

- Tem certeza de que quer ficar aqui? - a voz do Eric no meu ouvido e seus braços me envolvendo pela cintura me tiraram daquele momento de distração enquanto um carro branco passava devagar pela rua - Estou com medo do que a Melissa vai aprontar hoje... - E sua boca afundou no meu pescoço, arrepiando a minha pele.

- Está com medo de um rodízio caseiro de pizzas? - me virei para ele ficando encostada na janela.

- Um pouco - rimos juntos - Mas confesso que é bem a cara dela mergulhar nesse mundo gastronômico.

- Ela está muito empolgada e faz este rodízio também por causa do Felipe que finalmente pode relaxar neste fim de semana.

- Na semana passada ele estava bem tenso. Mas espero que tenha se saído bem na prova.

No domingo anterior, Felipe havia realizado a primeira fase da prova para delegado de polícia. Estava tão nervoso que, mesmo não se importando em ficarmos, Eric e eu decidimos deixá-lo na companhia da Melissa ainda no sábado. Eu torcia por ele pois era algo que queria muito.

De onde estávamos, podíamos ouvir a ruiva na cozinha discutindo com o meio irmão sobre a receita ou algo parecido. Ruídos de potes, panelas, a água saindo da torneira ajudavam na pequena confusão que acontecia entre eles dois.

- Prontinho! - Melissa apareceu na sala usando avental e com as mãos cobertas com luvas transparentes de plástico e sujas de massa - A primeira pizza de tamanho broto, quase médio, já está no forno. É de muçarela pra não assustar vocês - Ela limpava as mãos no avental - Enquanto isso vou no banheiro me limpar.

Felipe arrumava a mesa para quatro pessoas com os pratos e os copos, guardanapos e talheres colocando-os bem no meio. Melissa falava desta noite de pizza há dias e desde a véspera já estava em Ipanema preparando as massas, deixando os recheios para serem preparados ao longo do sábado. Fui para lá no final da tarde e o Eric chegou logo depois no início da noite.

- Se a massa não for boa eu posso falar? - Eric quis saber.

- Pode e deve! - ela confirmou ao voltar com as mãos limpas - Vocês são os meus críticos mais importantes. Essa receita de massa é feita com uma legítima farinha zero zero que significa o grau de peneiramento. Quanto mais peneirada, menos farelo de trigo fica dentro da farinha. Este zero zero é o grau máximo.

- Uau, tô impressionado.

- E eu com fome - Felipe acrescentou no instante que terminou de arrumar a mesa - Mas como eu e os nossos pais já experimentamos essa pizza na sexta-feira passada, eu posso esperar.

- Melhor sentir fome do que estar tenso como você estava - Eric brincou com ele - Quando será o resultado?

- O gabarito ainda não foi divulgado. Na verdade, as próximas etapas serão realizadas ao longo do ano então será um passo de cada vez.

- Entendi.

- Estamos chegando no fim de março e a próxima fase será no início de junho. Até lá, só me resta continuar estudando.

- Meli, eu e o Eric seremos suas cobaias? - achei melhor mudar de assunto para descontrair.

- Não, vocês serão os meus primeiros clientes caso eu abra o meu primeiro restaurante.

- Então, decidiu mesmo pela gastronomia?

- Sim, é o que eu vou estudar mas só no ano que vem depois do meu presente de formatura.

- Vou ficar aliviado se este restaurante durar um mês - o meio irmão debochou fazendo eu e o Eric cairmos na gargalhada.

- Muito obrigada pelo apoio - Melissa fechou a cara e recebeu um beijo no rosto do mais velho - Bom, vou lá no quarto me ajeitar e em poucos minutos a pizza ficará pronta. Deixei no forno em temperatura média para que a borda não fique tão torrada - Saiu em direção ao pequeno corredor e Felipe foi logo atrás.

Eric sentou-se no sofá convertido em cama onde dormíamos juntos e me sentei por entre as suas pernas. Meu celular estava ao lado dele e quando vi a notificação no Instagram, eram notícias recentes do Festival de Cannes que aconteceria em maio cujo perfil do evento eu comecei a seguir dias antes.

- Já se preparando para a formatura? - com o queixo apoiado no meu ombro direito e abraçado a mim, os olhos do Eric estavam na tela do meu aparelho e líamos juntos o post.

- Tenho que ficar por dentro do que vai acontecer no evento.

- Uhum - e beijou o meu ombro.

O aroma conhecido de queijo começava a tomar conta do ambiente. Não demoraria muito para que a pizza tão falada pela Melissa ficasse pronta. Terminei de ler a postagem e fui até o Google.

- Vai procurar o quê?

- Me veio uma curiosidade...

E então digitei: Vencedor da Palma de Ouro ano 2005.

Imediatamente surgiu o título A Criança e a imagem de divulgação do filme.

- Esse foi o filme vencedor no ano em que eu nasci... Você assistiu? - perguntei ao Eric.

- Não. Em 2005 eu só respirava a Sorbonne. Mas posso dar um jeito de baixar e assistirmos juntos. - e encheu o meu pescoço de beijos.

- A história é bem triste - Comecei a ler o enredo e fiquei um pouco chocada - Certeza de que vou chorar.

- Digita pra mim o vencedor da Palma de Ouro no ano que eu nasci. Em 1985.

Fiz o que o Eric me pediu e troquei os anos na barra de pesquisa. Surgiu o título Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios.

- É esse o título? - perguntei com estranheza, rolando a tela e visualizando os resultados de pesquisa.

- Pelo que parece, é sim. É um filme da antiga Iugoslavia e tem base política.

- Hum... Parece ser bom. - Me virei para encará-lo - Então vamos combinar um dia e assistir aos dois! - sorri e trocamos um beijo apertado.

Ficamos mais alguns minutos lendo as informações sobre o filme quando a Melissa levou a pizza já pronta no tabuleiro redondo para a mesa usando uma luva de cozinha grossa e colorida.

- Tá na mesa, gente!

- Só vou lavar as mãos. - deixei o celular de volta no sofá e saí dos braços do Eric indo em direção ao banheiro. O cheiro da pizza estava maravilhoso e fez meu estômago roncar.

Quando voltei e me sentei ao lado do Eric, Felipe, de frente pra mim, já cortava a pizza em quatro fatias grandes e cada um se serviu. A massa era bem fina e o recheio nada muito elaborado uma vez que muçarela sempre fora um sabor comum.

- A aparência está ótima - Eric observou enquanto cortava a fatia no seu prato e deu a primeira garfada, mastigando em seguida.

- E aí? - Melissa o olhava com expectativa - Ficou boa ou não?

- É... - Eric falou logo depois de engolir - Acho que não vou passar mal esta noite... - e sorriu.

- Uhuull - ela bateu palmas - Se o Eric gostou, então fiz a massa direito.

- Está mesmo uma delícia, amiga - elogiei logo após provar o primeiro pedaço - Vai se sair muito bem se for mesmo estudar gastronomia.

- Meu pai na semana passada que nem é tão chegado assim em pizza comeu uns cinco pedaços.- Felipe comentou enquanto também comia.

- Eu não convidei você e os seus pais, Ní porque fiz o teste com a massa na sexta-feira e apenas um sabor.

- Tudo bem. Agora estamos aqui entre amigos.

Observei a jarra com suco de uva e o que, até então, pensei que eram os copos na verdade eram taças para que pudéssemos nos servir com a bebida junto da pizza. Peguei a minha taça e me servi um pouco. Após dar um gole, a deixei de volta ao lado do prato e fiquei observando a semelhança da bebida com vinho tinto.

- Foi uma boa ideia o suco de uva, Meli...

- Vamos fingir que estamos na Itália, tomando vinho e comendo pizza. Por isso comprei o suco.

- Pensei no meu tio Jeróme. Ele ficou todo feliz quando enviei as fotos pra ele dos vinhos daquele restaurante em Búzios.

- A Mel já tinha comentado comigo. Ele é dono de uma loja de vinhos em Lyon?

- Sim, negócios herdados da família. A loja é bastante conhecida na cidade.

Eric apenas ouvia enquanto terminava de comer sua fatia de pizza e bebia do suco. Com o semblante sério, talvez ele estivesse incomodado com o assunto em torno de bebida alcoólica.

- Ah Ní, então conta a história da sua família! Seus avós moraram no Brasil não foi?

- Sim, eles viveram em São Paulo.

- Então espera porque assim que eu tirei a pizza de muçarela do forno coloquei uma de margherita e vou ver se está pronta - e se levantou indo até a cozinha.

- Fiquei surpreso naquele dia que passamos juntos nos Alpes seus avós conversando comigo em português.

- Pois é - e comecei a rir sem parar.

- Qual é a graça? - Eric quis saber.

- Eu nunca contei isso pra vocês - e continuei rindo.

- Contou o quê? - Melissa perguntou da cozinha em voz alta - Espera aí, deixa eu voltar pra mesa!!!

Esperei ela tirar a segunda pizza do forno e rapidamente ela voltou, colocando a pizza de margherita no centro da mesa e Felipe mais uma vez cortou em quatro.

- Pronto, pode contar! - ela se sentou novamente.

- Quando eu e os meus avós voltamos de Chamonix, já estávamos em casa, minha avó ficou encantada com o Felipe.

- Sério? - ele continuava a cortar a pizza.

- E não foi só isso. Só de lembrar dá vontade de rir.

- O que mais?

- Ela pensou que o Felipe era o meu namorado.

Silêncio entre nós quatro. Felipe ficou paralisado com o cortador no meio da massa, me encarando, sem acreditar no que ouvia.

- Tá de brincadeira?

- É sério, Ní? Ela pensou isso?

- Não só pensou como te colocou em um altar. Disse que te achou lindo, simpático, educado... Nossa... Só faltou te adotar.

- Mas você precisou decepcioná-la - Eric beijou o meu rosto.

- Sim, expliquei pra ela que o Felipe era apenas meu amigo e vizinho de apartamento. Falei de você, Meli, que era a irmã e minha melhor amiga...

- E ela?

- Ficou um pouco sem graça, mas que adorou ter conhecido você, Lipe.

- Eles são muito simpáticos.

- Tá, mas agora conta - Melissa pediu empolgada enquanto pegava sua fatia - Queremos saber a história da Família Martin!

- Bom - logo que comecei a contar, Eric gentilmente serviu o meu prato e em seguida o dele - O meu avô Jean Martin é formado em Relações Internacionais.

- Caramba, que legal! - a ruiva cortava sua pizza, dando a primeira garfada, levando à boca e mastigando com prazer.

- Muito. E nessa profissão você pode trabalhar em vários lugares que tenham relação com política, economia e comércio exterior. Foi assim que ele veio parar no Brasil com a minha avó e os meus tios ainda bem pequenos.

- Trabalhando no Consulado? - Felipe questionou.

- Exato. No Consulado da França em São Paulo.

- E eles gostaram do Brasil logo que chegaram? - Melissa perguntou.

- Como eles não vieram morar aqui no Rio, a cidade que sempre foi uma referência maior para o Brasil no turismo por causa das imagens do Cristo Redentor, que sempre correram o mundo, eles estranharam um pouco viverem em São Paulo no início. Mas a adaptação aconteceu naturalmente pois o clima de lá era mais ameno do que o calor daqui.

- Isso é verdade.

- E a sua avó sentiu muito por deixar a França? - Eric quis saber.

- Ela ficou um pouco receosa com a mudança por causa dos meus tios. Meu tio Jeróme tinha quatro anos e minha tia Sophie ainda ia completar dois. E meu avô não queria ficar longe da família, então trouxe todo mundo.

- Entendo - ele voltou a cortar um pedaço da pizza e continuou a comer.

- Meu avô procurou uma casa em um bairro próximo ao trabalho pra não atrapalhar na mobilidade - peguei minha fatia de pizza com a mão e ao invés de cortar, usei um guardanapo, dei uma mordida e continuei a história depois de terminar de mastigar e engolir - E uma coisa que a minha avó conta, que sempre chamou a atenção dela aqui, era a receptividade dos brasileiros, a natural simpatia das pessoas. Não que as pessoas na França sejam antipáticas, mesmo com a fama de serem. Na verdade os franceses são apenas mais reservados.

- Isso são mesmo. Por isso me adaptei muito bem por lá. - Eric sorriu em deboche e Melissa fez caras e bocas debochando do mesmo modo.

- E seus tios aqui foram educados nos dois idiomas? - Felipe perguntou.

- Foram sim - dei mais uma mordida na pizza - Em casa, meus avós sempre se comunicaram em francês com eles mas a escola escolhida era de método bilíngue felizmente no mesmo bairro em que eles moraram na Vila Mariana*.

- Nossa, tudo se encaixou direitinho, Ní!

- Sim, foi como eu disse, o início em um país estrangeiro sempre causa estranheza mas, apesar disso, felizmente tudo deu certo para eles. Tão certo que minha avó engravidou do meu pai no mesmo ano em que chegaram aqui. Meus tios já estavam estudando, ela descobriu a gravidez em maio e já estava de dois meses.

- Então a infância do seu pai e seus tios basicamente foi toda aqui?

- Foi, a infância e parte da adolescência deles - concordei com a conclusão do Eric - Meu avô trabalhando normalmente, minha avó optou por ser dona de casa para se dedicar melhor aos três filhos... Tudo estava indo muito bem até o momento que meu pai estava na antiga sexta série, o tempo que meus avós moraram aqui.

- E o que aconteceu?

- Espera aí - Melissa me impediu de continuar - Querem a terceira pizza da noite? Antes de trazer a margherita, pus a de calabresa no forno.

- É a minha favorita, óbvio que eu quero! Mas acho que será a minha última.

- Tu é muito fraca pra rodízio, Ní. Naquele meu aniversário não sei qual foi o milagre pra tu comer de tudo.

- Tinha massas também então foi mais fácil.

Melissa foi ligeira para a cozinha e trouxe mais um tabuleiro com a pizza de calabresa. E os tabuleiros das pizzas anteriores foram se acumulando na bancada que separava os dois ambientes.

- Só uma pergunta, quantos sabores de pizza você preparou? - Eric perguntou enquanto olhávamos o sabor na mesa com o queijo, a cebola e a calabresa crepitando com a fumaça.

- Depois desta tem mais três. Frango com catupiry, quatro queijos e portuguesa.

- Frango com catupiry eu vou passar, Meli. Sério, já estou ficando satisfeita - me servi com mais um pouco de suco de uva e dei um pequeno gole.

- Tá bom, pelo menos você vai comer a sua favorita.

Começamos a nos servir da mesma forma que antes e a massa preparada pela Melissa estava realmente deliciosa. Ela era boa de garfo, sem frescura para comer mas jamais poderia imaginar que estava se saindo excelente no que se dizia sobre o preparo. E muito menos que ela um dia teria o próprio restaurante.

- Não é porque calabresa é a minha favorita mas tenho que dizer é a melhor de todas até agora - elogiei depois de engolir o primeiro pedaço.

- É verdade - Eric concordou - Não precisa mudar em nada na receita.

- Que bom, fico aliviada em saber que vocês realmente gostaram!

- Continua Nívea - Felipe pediu em meio a uma mordida - A história da família do seu pai está interessante.

- O meu avô tinha um irmão, Joseph Martin, que fundou a loja de vinhos e se dedicou à ela integralmente. Quando o meu pai chegou na pré adolescência ele infelizmente faleceu.

- Poxa, que pena - Melissa comentou com o semblante entristecido - Ele ficou doente?

- Pelo que o meu pai contou, foi de repente. Aquelas mortes que não tem explicação, sabe? E o meu avô, sendo o irmão, era o único parente próximo - fiz com os dedos os sinais de aspas - Meu pai fez aniversário em dezembro e este tio dele faleceu em janeiro do ano seguinte. Meu avô viajou pra Lyon às pressas pra resolver todas essas coisas de enterro. E aí veio a surpresa.

- Que surpresa?

- O tio Joseph deixou um testamento onde o meu avô herdara absolutamente tudo.

- Esse tio não se casou? - Felipe perguntou surpreso.

- Não - neguei com a cabeça - Não se casou e com isso não deixou herdeiros. Meu avô levou um susto quando foi revelado no testamento que ele seria dono de tudo incluindo a loja de vinhos.

- Esse tio de vocês era totalmente dedicado ao trabalho? Bem se vê que isso é algo de família - Eric ironizou com um meio sorriso e eu fechei a cara, dando um beijo no seu rosto em seguida.

Novamente, Melissa interrompeu a história e foi até a cozinha trazendo a pizza de frango com catupiry que eu não quis comer.

- Então você leva a sua fatia pra casa, amiga - todos se serviram novamente sendo que o Eric pediu e Felipe cortou uma fatia menor para ele.

- Levo sim. Mas continuando - me servi com mais um pouco de suco - Meu avô voltou para o Brasil com um dilema. Se iria vender tudo que herdou ou se continuaria com a loja. Ele e minha avó conversaram bastante porque era muita coisa para eles dois decidirem.

- Eles já estavam há anos aqui...

- Sim Lipe, totalmente estabilizados, meu pai e meus tios estudando e então eles retornariam para a França e recomeçariam do zero?

- Não precisamos pensar muito sobre o que o seu avô decidiu - Eric acrescentou.

- Sim - suspirei de leve - Meu avô se sentiu na obrigação, em memória ao irmão, continuar com a loja e assim, toda a família Martin retornou para Lyon.

- Cara, ele deixou o emprego foda que tinha aqui no Brasil para se dedicar à loja? - Melissa questionou incrédula.

- Exactement ! - confirmei - Não era apenas pelo irmão mas também tinha os funcionários que perderiam o emprego se o meu avô vendesse a loja.

- Verdade.

- E além da loja, o apartamento onde meus avós vivem também fazia parte da herança. Ele é enorme com três quartos porque assim, mesmo o tio Joseph vivendo sozinho ele recebia estudantes de intercâmbio que iam estudar na universidade em Lyon, entendem? Mesmo vivendo para o trabalho, ele nunca estava totalmente sozinho.

- E com isso, seu avô recomeçou do zero na loja?

Fiz que sim com a cabeça à pergunta do Eric.

- Meu avô estudou, se tornou um sommelier e com a ajuda do gerente da época deu continuidade aos trabalhos na loja. Anos depois, meu pai e meus tios estudaram na Sorbonne e o meu tio Jeróme se formou em Administração e fez o mesmo quando meu avô se aposentou. Continuou com a loja. Mas meu avô recebe a parte dele pelas vendas.

- E seu tio ama o que faz não é, amiga?

- Nossa, aquela loja é a vida dele. Nas nossas férias de verão ele só dedica alguns dias de descanso pra gente viajar. Sete, dez dias, com sorte quinze.

- Já sabem quantos dias pretendem ficar na Sardenha?

- Talvez uma semana, Lipe. Meu tio é padrinho do Henry e esse vai ser o presente para ele. Verão e primavera na Europa são as duas épocas em que a loja fatura menos então ele aproveita uns dias de descanso e coloca em prática sua segunda maior paixão que é viajar em família.

- Ah tem essa questão também? A loja vende mais em épocas específicas do ano?

- Tem. Meu tio conversou uma vez comigo e disse que sempre terá um carinho muito especial pelo anos que viveu no Brasil. Mas que talvez nunca daria certo se tivesse que trabalhar com a loja aqui.

Nisso, Melissa veio da cozinha com mais um sabor de pizza.

- Por quê, amiga? - e colocou o tabuleiro de sabor quatro queijos na mesa - Penúltimo sabor da noite! - anunciou.

- Por causa do clima - cortei para mim uma fatia bem pequena - O outono e o inverno são as épocas em que a loja mais vende vinhos. Entre setembro e março o faturamento aumenta. Na primavera e no verão, as vendas diminuem. Então meu tio projeta tudo de acordo com estas estações do ano. Por acaso nós vivemos certinho as estações como elas realmente são?

- Não! - todos responderam juntos.

- É isso que ele se queixa. Para a loja, o Brasil não seria favorável por causa do clima. Sabem com o que ele está mais irritado ultimamente? Olimpíadas de Paris.

- É mesmo? - Eric pôs uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Entre julho e agosto a loja não vende muito e com o evento, as pessoas vão sair de Lyon rumo à Paris para assistirem as competições. Ou seja, a cidade irá desertar.

- Então ele nem quer ouvir falar do evento.

- Ele tá tão irritado com isso, Meli, que se ouvir algum funcionário comentando vai tomar advertência. É brincadeira, óbvio, mas não quer nem saber de Olimpíadas.

- Agora eu consigo entender aquela conversa dos seus pais na sua festa de aniversário - Eric comentou.

- Qual delas? Foram tantas - e ri.

- Seu tio quer o seu primo assumindo a loja futuramente.

- Vocês entenderam? Tudo em família - e sorri.

- Mas e o seu primo? Ele quer isso também?

- O Henry não tem grandes ambições, ele gosta de viver em Lyon então está disposto a encarar o trabalho na loja - dei um gole do suco - Meu tio disse pra mim que se eu quiser me unir a ele, serei muito bem vinda. Mesmo sendo pai de duas meninas, ele tem um carinho muito especial pelo meu primo. Quando minha tia Beatrice engravidou ele se encheu de expectativa se seria um menino mas veio a pequena Louise.

- Ficou frustrado?

- Um pouco mas agora ela é a alegria da casa.

- Pequena torcedora do Olympique Lyonnais? - Felipe ironizou.

- Ah, com certeza. Isso desde berço. Meu avô, meu tio e meu primo são torcedores apaixonados.

- Eu só conheci mais o time por sua causa, Nívea.

- Que honra - pus as minhas duas mãos esticadas embaixo do queixo e sorri - Eu não entendo nada de futebol sou apenas uma torcedora útil. Tenho camisa do clube na casa da minha avó. Meu avô e meu primo, eles dois têm foto com o jogador Juninho Pernambucano que na época foi ídolo do clube.

- Isso eu me lembro bem - Eric disse - Na Ligue Un, o campeonato francês de futebol, quando eu descansava nas férias da faculdade, quero dizer, descansar mais ou menos, porque eu arrumava um trabalho, quase sempre ele estampava as capas do jornais sobre futebol.

- São três as paixões da família Martin - contei com os dedos - O trabalho, viajar no verão e o Olympique Lyonnais.

- O seu pai nem tanto, não é?

- É Meli, meu pai é meio que a ovelha negra da família.

- Como assim?

- Seu pai? - Felipe ficou parado com a sua fatia de pizza em direção à boca - Ele é todo certinho.

- Essa é a outra parte da história que também é longa - terminei de comer minha fatia e me servi com mais suco.

- Pois tempo é o que nós mais temos esta noite - Felipe sorriu fechado.

- A minha avó por ter se dedicado tanto aos três filhos, acabou desenvolvendo a tal síndrome do ninho vazio. Vocês já ouviram falar?

- Mais ou menos - Eric pegou na minha mão direita e começou a beijá-la no dorso - É quando os filhos crescem, se tornam independentes e com isso a mãe passa a sentir falta deles só que de forma excessiva.

- Isso mesmo. Ela nunca me falou mas eu acho que as crises de depressão que ela tem é por causa disso. Meu pai e meus tios cresceram, cada um foi admitido na Sorbonne e então eles passaram a estudar em Paris.

- E então ela sentiu essa ausência? - Eric perguntou, observando cada detalhe do meu rosto.

- Sentiu mas ela sabia que era para o bem deles e todos nós sabemos também que Paris e Lyon não ficam tão longe uma da outra.

- No dia que eu fui te visitar quando você ficou com febre - Eric suspirou um pouco triste e falando com a voz baixa - Seu pai contou que eles três moraram juntos durante os anos que estudaram em Paris...

- O apartamento em Paris também foi herança?

- Foi sim, Lipe. O irmão do meu avô comprou um apartamento na capital para não precisar se hospedar em hotel quando viajava para lá por causa do trabalho. Ele é um pouco menor do que o apartamento em Lyon mas dá pra receber visitas.

- Bacana.

- Tá legal e onde que o seu pai se torna a ovelha negra nisso tudo, Ní?

- Bom, eles moraram e estudaram em Paris e quando se formaram, meus tios voltaram a morar em Lyon. Menos o meu pai.

- Eita! E sua avó sentiu mais ainda mais?

- Muito. Meu pai quando estava perto de se formar começou a estagiar na Beau et Luxueux, a empresa de cosméticos que ele trabalha até hoje. Era uma oportunidade que ele não podia deixar passar e foi a melhor decisão que tomou porque meses depois já formado em Engenharia de Produção, ele foi contratado pra valer.

- Nisso, eu concordo. Mas antes de continuar, vocês vão querer a última pizza?

- Eu estou satisfeita, amiga. É sério.

- Eu também estou - Eric me acompanhou - Mas elas estavam ótimas.

- Ai que bom que gostaram! - ela se levantou da mesa recolhendo os pratos e eu fiz questão de ajudar, levando o meu e o do Eric até a cozinha - Vou congelar a massa da pizza de portuguesa. Ou você vai querer levar?

- Posso levar e comer em casa com os meus pais?

- Pode. Eu congelo e amanhã você leva. Mas não esquece, tem que colocar no forno em temperatura média.

- Tá bom.

Terminamos de ajeitar a mesa e deixamos os pratos e talheres na pia da cozinha. Melissa disse que iria lavar tudo no dia seguinte e seguimos para a sala onde o Eric fez questão de me colocar sentada entre as suas pernas e me abraçar por trás, chupando e beijando o meu pescoço.

- Mas você é mesmo um grude, hein! - comecei a rir, sentindo as cócegas na minha pele.

- Ficamos pouco tempo juntos, então tenho que aproveitar... - e me apertou em volta da cintura.

- Chato!

- Gostosa... - sussurrou baixo no meu ouvido.

- Então, pombinhos - Felipe jogou um pequena almofada na nossa direção - A história da família da Nívea tá interessante, deixa ela continuar - e se jogou no sofá. Melissa fez o mesmo, deitando a cabeça e espalhando os cabelos ruivos no colo do meio irmão.

- Onde eu parei? - me ajeitei entre as pernas do Eric.

- Seu pai trabalhando em Paris.

- Isso! Ele então permaneceu morando na capital por causa do trabalho. Minha avó ficou triste com isso mas o meu pai fazia questão de pegar o trem às sextas-feiras e passar o fim de semana em Lyon.

- E seu avô entendeu? - Eric perguntou.

- Meu avô deu todo apoio, ele sempre apoiou as decisões profissionais dos filhos. Estava feliz vendo o filho caçula dele construindo a vida profissional.

- Mas onde que o seu pai se encaixa em ser a ovelha negra da família? Isso eu ainda não entendi.

- Acontece Meli, que em um destes fins de semana na casa dos meus avós, ele conheceu uma linda estudante de intercâmbio no frio de janeiro.

- Ah, meu Deus! É sério? - ela se levantou, ficando sentada no sofá - Ele conheceu sua mãe em Lyon???

- Sim. E o que eu sempre achei mais engraçado na história é que eles se conheceram no lugar que o meu pai mais detesta no mundo. Uma casa noturna.

- E por que ele foi?

- Porque meu tio Jeróme praticamente arrastou ele pra lá. Era noite de sábado e todos os amigos tinham combinado de sair. Nada a ver o meu pai ficar em casa.

- Mal sabia ele que iria conhecer o amor da sua vida... - Eric brincou.

- Uhum... Minha mãe conta que a boate estava lotada, mal dava pra dançar. Mesmo assim, ela sentiu duas mãos firmes na sua cintura. Era o meu pai, ele apenas queria passar em meio ao tumulto e quando rolou a troca de olhares...

- Ah, que lindo! - os olhos da Melissa brilharam - Parece cena de fanfic.

- É pura fanfic, Meli. Totalmente.

- Fanfic? - Eric encarou nós duas - Sério mesmo que vocês leem essas porcarias?

- Porcaria nada! - ela jogou outra almofada nele - Tem histórias muito legais, tá bom?

- Vocês precisam ler os clássicos, isso sim - resmungou.

- Mas eu leio. Tenho Literatura Brasileira como matéria no colégio e tenho prova de livro igual a Ní tem com você.

- Então precisam ler por prazer e não pra conseguirem uma boa nota na prova.

- Aí você já está me pedindo muito. Continua Ní! Quero saber mais da história de amor dos seus pais. Foi à primeira vista, não foi?

- É... Os olhares dele se cruzaram mesmo no meio de tanta gente. Mas como o meu pai era tímido, foram apenas os olhares e ele conseguiu passar por ela pra voltar até onde os amigos dele estavam. Foi o meu tio que fez a ponte entre eles.

- Ah, que legal!

- Eles brincam sobre isso até hoje. Ficam imaginando o que teria acontecido se meu pai não quisesse ter saído de casa e minha mãe não conseguisse entrar na boate porque na época ela só tinha vinte anos.

- E a maioridade plena na França pra entrar em bares e boates é a partir dos vinte e um. Como ela conseguiu entrar? - Felipe perguntou.

- Ela estava com o grupo de amigas do intercâmbio e uma delas conhecia um dos caras que trabalhava na boate e aí ela entrou. Ela conta que se sentiu criminosa também igual como aconteceu comigo e os meus primos quando entrei na festa da universidade de Lyon - e comecei a rir.

- Você achou lindo o que fez, não é mocinha? - Eric me puxou pra perto dele, me apertando pela cintura - Saindo escondida de mim.

- Saí escondida do meu pai, é diferente. Eu ia te contar sim - e me virei, ficando de lado, fazendo um carinho no seu rosto, sentindo a barba macia - Mas a minha mãe fez isso primeiro...

- Sei... - E beijou o meu ombro.

- Voltando à fanfic - Melissa chamou minha atenção - Seu tio foi o cupido e os seus pais ficaram juntos a noite toda?

- Resumindo bem, foi isso, Meli. Eles não se desgrudaram pelo resto da noite, ainda mais quando minha mãe contou que era brasileira, meu pai ficou mais encantado com isso, contou que morou no Brasil e aí... Pronto. A tal história envolvendo almas gêmeas.

- E isso faz dele ser uma ovelha negra? Ter se apaixonado pela sua mãe?

- Essa foi a parte complicada da história, Lipe. Meu pai se apaixonou pela minha mãe de um jeito tão intenso que quando o período de intercâmbio acabou, no final de janeiro, ele praticamente implorou pra ela não voltar para o Brasil.

- Caramba...

- E ela não podia ficar na França. Primeiro porque a minha bisavó que a criou desde pequena era a única família que a minha mãe tinha e segundo porque a Marina tomou conta da clínica recém inaugurada poucos meses antes e já estava com clientes em lista se espera. Ela só interrompeu os trabalhos porque o intercâmbio foi uma boa oportunidade de estudo. Minha mãe ficou em Paris e estudava todos os dias. Além de se encontrar com o pai também algumas vezes durante as semanas de estudo.

E continuei:

- E agora sim vem a parte complicada da história. Meu pai ficou inconformado com a distância entre eles e veio atrás dela em julho, pra desespero da minha avó.

- Meu Deus, Ní...

- Eles acham que eu não sei disso até hoje, mas nas minhas férias de verão do ano passado, minha madrinha Sophie me contou a história toda. Essa parte eu não sabia. Que a minha avó se desesperou com essa decisão do meu pai.

- Realmente são situações complicadas - Eric ponderou - Uma coisa é saber que o filho mora há duas horas de distância de trem, outra diferente é ele jogar tudo pro alto e cruzar o oceano em nome do amor. Sei bem o que é isso.

- Own... - dei um selinho nele - Mesmo deixando tudo pra trás na França, a parte boa é que a empresa tinha filial aqui no Rio e ele conseguiu ser transferido para cá. E minha mãe sem saber de nada. Ele e a minha tia vieram juntos e ficaram escondidos aqui na cidade por alguns dias até o dia em que ele apareceu na primeira clínica dela com um buquê de rosas e a pediu em casamento na frente das clientes.

- Aaahh, que lindo! É história de fanfic, sim!

- Demais.

- E eles se casaram naquele mesmo ano? - Felipe quis saber.

- Sim, em outubro logo depois que ela compleou vinte e um anos.

- E a sua avó nessa história toda? Surtou de vez?

- Foi muito difícil pra ela aceitar que o meu pai ficaria no Brasil. Minha tia me contou que foram meses muito complicados. Meus pais tiveram todo o apoio do meu avô e dos meus tios mas com ela... Por isso o apelido dele de ovelha negra. Ele se desgarrou da família e passou a morar longe.

- E por que eles escondem isso de você, Ní? Sua mãe e sua avó na verdade se detestam e vivem de aparências?

- Não, Meli. Acho que eles não querem que eu saiba desta parte mais tensa da história. Minha avó gosta da minha mãe, de verdade. Admira tudo o que ela conquistou nestes anos todos, sabe? Mas para a Dona Amelie tudo seria perfeito se as conquistas da minha mãe tivessem sido lá na França, perto dela. O trabalho como esteticista, essas coisas...

- É a síndrome do ninho vazio mesmo... - Eric observou - E ela veio para o casamento?

- Veio sim. Quando meus pais se casaram ela ainda tentou convencer os dois a irem morar lá mas a minha mãe não ia deixar a minha bisavó aqui sozinha. Elas sempre foram muito unidas. O meu nome eu herdei dela - expliquei - E aos poucos ela foi aceitando ou tentando aceitar.

- E quando você nasceu?

- Ela ficou feliz porque naquele ano ganhou dois netos. Nasci em fevereiro e o Henry em abril. Mas para ela seria muito melhor se eu tivesse nascido lá, entendem? E quando tudo parecia estar tranquilo, um ano depois que eu nasci minha bisavó faleceu e minha mãe ficou devastada.

- Que triste, Ní...

- Demais. Minha mãe conta que foi o pior ano da vida dela. Que ela só conseguiu forças para seguir em frente por minha causa. Eu ainda era bebê.

- O bebê mais lindo que eu já vi - Eric falou no meu ouvido me deixando arrepiada.

- E tem mais. Vocês acham que depois de alguns meses tudo voltou ao normal?

- Ué, não voltou?

- Não, Meli. Depois do período de luto, minha avó de novo tentou convencer os meus pais de irem embora de vez para a França.

- Ah, não brinca?

- É sério. Como a minha bisavó era o único motivo da minha mãe morar no Brasil, na cabeça da minha avó nada mais impedia da gente ficar aqui. E de novo se instaurou a crise na família.

- Sua mãe quis ficar no Brasil?

- Quis ficar porque os atendimentos dela na clínica começaram a aumentar. Então, depois do tempo de um ano de luto, minha mãe se mudou do Centro da cidade para a Barra. Boa parte das clientes dela moravam lá.

- E de novo sua avó não se conformou? - Felipe tentou adivinhar e acertou.

- Exato. Minha avó é muito apegada à família, aos filhos e netos por perto. E depois que minha madrinha me contou esse outro lado da história, eu passei a entender algumas coisas...

- Como o quê? - Eric me perguntou.

- O período do ano letivo que você detesta.

- As férias - ele respondeu e eu fiz que sim com um balançar de cabeça.

- Quando eu era criança, mais ou menos da idade da minha prima caçula, eu viajava para a casa dos meus avós mas ficava no máximo uma semana. Era um vale de lágrimas por parte da minha avó porque os dias passavam muito rápido. E então quando eu fiz onze anos, meu pai conversou comigo e perguntou se eu gostaria de passar as minhas férias inteiras em Lyon.

- Ah, ele não decidiu por você?

- Não, Meli. Meu pai nunca impôs nada por mim. Ele conversou, querendo saber o que eu achava. E sendo criança, como eu gostava de ficar com os meus primos e eles também pediram pra eu ficar, acabei aceitando. Foi aí que eu percebi o quanto a minha avó ficava feliz com todos os netos reunidos.

- História bonita, Nívea - Felipe elogiou - Desde a época dos seus avós aqui no Brasil até o casamento dos seus pais...

- Tirando a parte da minha avó, a história deles é linda sim. Achava meio loucura o meu pai vir atrás da minha mãe e pedi-la em casamento.

- Não julgo seu pai por isso - Eric disse, deixando beijos no meu braço, passando pelo ombro até o pescoço - Fiz quase o mesmo, menos a parte do casamento.

- Só pediu pra eu voltar - e ri sentindo cócegas, me afastando um pouco, ficando de frente pra ele e segurando o seu rosto - Agora você entende os meus motivos de não passar as minhas férias aqui? É pela minha avó e porque eu gosto de lá.

- Fico chateado mas entendo - e pegou na minha mão, deixando um beijo na palma - Se você não voltasse em janeiro eu teria enlouquecido...

Um beijo entre nós e senti seus braços em volta da minha cintura. Eric se aproximou de mim e me deu um abraço apertado com suas mãos firmes na minha pele. Tudo era tão hipnotizante que quando percebi, eu estava por cima do seu corpo e meus braços envolvendo o seu pescoço e o beijo se tornou mais caloroso.

- Se vocês passarem a noite aqui, o quarto de hóspedes está arrumado - ouvi a voz da Melissa em meio às reações do meu corpo que implorava por mais. Porém, não podíamos ir além pois não estávamos na casa dele.

- Eu e a Nívea vamos ficar aqui na sala... - fiquei aninhada no ombro dele, sentindo as pontas dos seus dedos deslizando pela minha coluna.

- Só preciso ir no banheiro... - pedi e saímos do momento "grude".

- Eu vou depois - e me deu um selinho apertado.

Fui ligeira até o banheiro apenas para escovar os dentes e lavar as mãos. Eric me esperava no corredor e entrou no momento que eu saí. Melissa pegou um lençol, dois travesseiros e um edredom que estava no outro quarto e deixou no sofá da sala para nós dois. Apenas arrumei tudo e esperei por ele.

Mais uma noite entre amigos. Dois casais vivendo seus romances escondidos dos olhos do mundo. Casais incomuns, sentimentos reais.

***

Deveria ser mais uma sexta-feira normal no instante que cheguei do colégio...

No entanto, ouvi uma voz bastante alterada vinda do fim do corredor enquanto caminhava pela sala em direção ao meu quarto.

- Pai? - disse para mim mesma.

Da porta do meu quarto, tive a certeza: sua voz não estava alterada, ele estava aos berros e aquilo me assustou. Não lembro nunca de ouvi-lo falar tão alto e muito menos gritando comigo ou com a minha mãe. Entrei, deixei minha mochila na poltrona e tirei meus sapatos e meias, deixando-os perto da porta que abre para a varanda e pus meus chinelos. Continuei de uniforme e fui calmamente até o quarto dos meus pais quase andando na ponta dos pés.

Ao chegar no quarto deles, a cena que presenciei me deixou um pouco confusa. Meu pai gritava em francês pelo telefone e minha mãe cuidadosamente colocava roupas em uma mala grande de viagem que estava em cima da enorme cama de casal. Ela estava estranhamente calma enquanto dobrava uma calça social e ajeitava em um canto da mala.

- Filha! - minha mãe me chamou no momento em que percebeu que eu estava ali e meu pai, de costas, se virou na minha direção com o rosto alterado pela raiva.

- Eu cheguei agora do colégio - falei sem jeito - Ouvi os gritos... Mas eu vou pro meu quarto - E dei meia volta, caminhando ligeira.

- Nívea, espera!

Não fiz o que minha mãe pediu. Fechei a porta do quarto atrás de mim e sentei na minha cama, esfregando minhas mãos uma na outra. Era sempre assim quando ficava tensa ou até mesmo nervosa.

- Nívea! - ainda sentada, ouvi as batidas e olhei na direção da porta junto da voz da minha mãe - Posso entrar, meu anjo?

- Po-pode... Pode sim!

Ao abrir, ela entrou seguida do meu pai. A raiva dele e a calma dela foram substituídas pela preocupação em seus rostos.

- Desculpa, eu não queria incomodar vocês.

- De jeito nenhum, minha vida - minha mãe se sentou do meu lado e me abraçou e meu pai pegou minha cadeira da mesa de estudos sentando-se de frente para mim, segurando na minha mão - Eu e o seu pai que pedimos desculpas.

- Não queria que você tivesse presenciado isso, mon chère...

- Aconteceu alguma coisa?

- Um problema na empresa mas não é nada com que você deva se preocupar - e apertou sua mão na minha com a intenção de me passar conforto.

- Mas é um problema grave?

- Filha, vai ficar tudo bem. - minha mãe beijou os meus cabelos mantendo o abraço.

- Viajo amanhã bem cedo para Montreal e resolver isso.

- É sério? Por quantos dias?

- Em uma semana no máximo estarei de volta.

- Entendi. Espero que você resolva tudo...

- Vou sim - e sorriu pra mim.

- Acho que foi a primeira vez que te vi assim, papa... Tão nervoso.

- Foi porque eu nunca me permiti isso. Perder o controle na sua frente.

- Mas é normal, todo mundo tem seus momentos de raiva.

- Não igual o seu pai, filha... - minha mãe comentou e ele riu de canto - Espero que você nunca novamente veja o seu pai em um dia de fúria.

- Você nunca me deu bronca, gritou comigo... Por isso eu me assustei...

- Eu sei, prometo que não vai mais se repetir, certo? Sua única preocupação é o seu último ano letivo.

- Vocês tem certeza de que é só isso? - olhei para os dois - Problemas de trabalho? Não precisam me esconder se aconteceu algo mais sério.

Eu estava pedindo aos meus pais para não esconderem nada de mim. Só podia ser piada!

- Nívea, está tudo bem - minha mãe insistiu - Seu pai e eu não brigamos se é isso que te preocupa.

- Tá bom - dei um meio sorriso.

- Todo mundo tem defeitos e o meu é este. Tenho graves rompantes de raiva e fúria quando algo que eu planejo não sai como esperado. E agora cabe a mim consertar o que aconteceu.

Ouvi com atenção e meu coração bateu acelerado. Eu deveria me preocupar com aquilo?

- Foi tudo bem hoje no colégio? - ele me perguntou docemente.

- Foi sim.

- Que bom. - recebi um beijo seu na testa e ele se levantou da cadeira - Fique despreocupada.

- E eu vou terminar de fazer a mala do seu pai - minha mãe me beijou no rosto e o seguiu.

- Vou passar o sábado com você, mãe.

- Tudo bem meu anjo, mas se mudar de ideia e quiser ir pra Ipanema, sem problemas também - e piscou pra mim.

- Ou eu posso viajar com você para Montreal, papa! - consegui fazer uma brincadeira após todo aquele momento de tensão.

- E perder dias de aula? De jeito nenhum. Isso infelizmente eu terei que negar a você. Tente descansar bem este fim de semana, tá bom?

- Vou sim.

***

Ainda que os meus pais estivessem me tranquilizado, as cenas do meu pai gritando ao telefone insistiam em martelar na minha cabeça. No relógio na tela do meu celular já passava de onze horas da noite e por ser uma sexta-feira, me permiti ficar acordada até mais tarde.

Deitada na cama, com o celular em mãos, pensei no Eric e se ele já estaria em casa.

Já foi dormir?

Enviei a mensagem e enquanto esperava ele retornar, visualizei alguns stories de páginas sobre viagens que eu seguia.

Acabei de sair do banho e ia dormir agora. Como foi o seu dia hoje no Lycée?

Fui bem, normal como sempre. E vc?

Que bom. Comigo também. Nada de diferente, rs... Tá tudo bem, ma petite?

Então, queria te falar que amanhã não vamos poder ficar juntos 😔

E por que não?

Meu pai vai viajar amanhã cedo por causa do trabalho e eu não queria deixar minha mãe sozinha...

Entendi...

Eu sei que vc fica chateado...

Eu fico, mas tudo bem. É importante pra vc ficar com ela.

Tem certeza?

Tenho.

E queria te pedir uma coisa.

O quê?

Podemos nos encontrar na segunda-feira depois da aula? Quando o Evandro me deixar em casa, eu espero alguns minutos e te encontro na rua da esquina do meu prédio. Pode ser?

Claro meu amor, aconteceu alguma coisa?

Mais ou menos mas eu não queria te falar assim por msg...

É grave?

Não sei... Eu te conto e aí me diz o que vc acha...

Tá bom. Podemos tentar nos ver no domingo?

Se eu sair sozinha, talvez a minha mãe desconfie. Não queria arriscar...

Verdade. Então nos encontramos segunda-feira.

Vc deve tá pensando que eu sou alguma doida kkkkk

Estou pensando sobre o que é o tal assunto, rs... Mas se é importante pra vc falar pessoalmente, sem problema nenhum pra mim.

Obrigada. Por isso que eu te amo❤️

E eu estou aqui pra ouvir vc, sempre que vc precisar... Vou dormir agora, ma petite... Nos vemos na aula na segunda e depois te espero sem falta 😉

Tá legal. Je t'aime

Je t'aime aussi, ❤️

***

Do lado de fora, as luzes dos postes começaram a iluminar a rua mesmo com o Sol quase se pondo. Dentro do carro, estacionado no fim da rua, a proteção dos vidros escuros nos davam alguma privacidade. No banco de trás e comigo sentada em uma das suas pernas, Eric me observava com o seu jeito sério de sempre. Certeza de que estava pensando em cada detalhe do que havia contado sobre o que eu presenciei e da conversa com os meus pais.

- E então?

- É com isso que você está preocupada?

- Acha que estou exagerando?

- Você ter ficado assustada ao ver o seu pai transtornado? Não. Não é exagero.

- Eu não queria ficar pensando nisso...

- Então não pensa. - e fez um leve carinho no meu rosto.

- Mas eu precisava te contar...

- Que bom que me contou. Tudo o que você estiver pensando ou sentindo, quero que divida comigo.

- Sabe o que mais me assustou? De verdade?

- O quê?

- Meu pai ter falado deste defeito que é ficar enfurecido quando as coisas não saem como ele planeja.

- E?

- E se ele não te aceitar, Eric? O sonho dele é me ver namorando com o Frederik!

- Teremos um problema.

- Viu só? E você continua calmo desse jeito?

- Porque eu tenho a certeza de que quero você, Nívea. E quanto a você?

- É claro que eu também te quero! É você quem eu amo.

- É isso que importa. Você não precisa sentir medo quando temos certeza do que sentimos um pelo outro.

- Eu não consigo evitar - e o abracei apertado pelo pescoco, pousando meu queixo no seu ombro e ele fez o mesmo pela minha cintura, acariciando minha coluna com as mãos - Não queria brigar com os meus pais pelo nosso namoro.

- A possibilidade sobre isso acontecer existe e é enorme. Sabemos disso.

- Sim - me afastei e pus ambas as mãos no seu rosto - E como eu faço pra afastar esse medo?

- Já disse, eu sei que não deve ser fácil, mas não pense mais no que aconteceu... Você é a minha aluna concentrada em sala de aula, não é?

- Sou sim.

- Então concentre-se neste ano.

- Meu pai me disse a mesma coisa.

- Viu só? Ele está certo. E além disso, é você que vive o momento e mais do que nunca tem que colocar isso em prática. Entendeu?

- Entendi.

- Temos praticamente um ano inteiro pela frente.

Suspirei fundo e trocamos um outro abraço apertado e sem pressa. Apesar daquela aflição, estar nos braços do Eric era o suficiente para que todos os sentimentos ruins e confusos diminuíssem dentro de mim.

No meio do abraço, senti meu celular preso na minha saia do uniforme vibrar e quando nos afastamos e o puxei visualizando a tela, era uma chamada da minha mãe.

- Não vai atender?

- Se ela já estiver em casa que desculpa eu dou? Naquele nosso outro encontro aqui, eu voltei e meu pai estava em casa. Disse a ele que tinha ido na loja do posto comprar sorvete...

- Então repete a desculpa... - piscou pra mim e me deu um selinho.

Coloquei o aparelho no meu colo, ativando o viva voz, pedi silêncio a ele com o dedo indicador e atendi a chamada.

- Oi, mãe!

- Já está em casa, meu anjo?

Alívio. Ela ainda estava na clínica.

- Já sim.

- Que bom. Vou chegar um pouquinho mais tarde hoje. Surgiram dois atendimentos de emergência e elas já são clientes antigas. Não posso dispensar.

- Tá tudo bem, mãe. Te espero pro jantar?

- Claro, meu amor. Pode me esperar sim!

- Tá legal.

- Em casa nós conversamos melhor. Um beijo.

- Outro pra você.

E desligamos. Pus o aparelho atrás dele, no suporte do porta-malas.

- Está mais tranquila?

- Com você me dando todo o seu amor... - o beijei apertado que aos poucos, se tornou um beijo mais intenso.

Aquele momento me levou às lembranças do nosso primeiro ano juntos. Dentro do carro, após a aula. Sentir o seu perfume masculino, o seu abraço apertado junto ao beijo fez o calor subir entre as minhas pernas e molhar minha calcinha de renda.

As mãos do Eric deslizaram por baixo da minha saia, me causando arrepios e apertaram os meus quadris, causando a pulsação gostosa que eu tanto amava em sentir.

- Eric, aqui não... - Pedi mas meu corpo não correspondeu. Minhas coxas se encaixaram e dobraram uma de cada lado no seu corpo, aumentando ainda mais o tesão.

- Tem certeza que não? - Eric sussurrava baixinho perto dos meus lábios entreabertos - Essa calcinha encharcada tá me dizendo outra coisa...

- Alguém pode nos ver aqui... - Já era início de noite e o risco de sermos flagrados era enorme - Eu preciso ir pra casa...

- E eu quero essa buceta gostosa esmagando o meu pau agora - Exigiu, desfivelando o seu cinto com urgência e abaixando sua calça social junto da cueca até os seus sapatos - Vem!

Usando toda força que tinha, Eric rasgou a minha calcinha na parte da frente de uma vez e se encaixou em mim com facilidade. Eu estava tão molhada que todo aquele tamanho deslizou tão gostoso, me fazendo rebolar de imediato.

- Isso, gostosa... Rebola nele que é todo seu...

Me agarrei no seu pescoço e tentava gemer baixinho, abafando e grudando a minha boca na sua pele. Eric agarrava com força o meu bumbum e me deixava à vontade pra ditar o ritmo.

- Eric...

- Todo esse tempo e você continua apertadinha assim, ma petite? Como pode isso? - percebi que ele buscava por ar em meio aos seus gemidos mas não me impediu de continuar.

- Porque ela continua apertada só pra você...

- Isso. Só pra mim...

Grudei minha testa na sua e nossos lábios roçaram implorando por mais um beijo. As línguas quentes, brincando com as pontas aumentando mais o calor dos nossos corpos.

Em meio ao beijo, senti meu coração acelerar e a pulsação da minha buceta, com o Eric todo enfiado nela, ficar mais forte. Eu queria mas ao mesmo tempo eu poderia prolongar um pouco mais. Meu ponto sensível se esfregava na sua pele e todo o meu corpo implorava pelas sensações que eu só sabia sentir quando me entregava a ele.

- Eric... Eu...

- Goza, minha princesa...

Rebolei desesperada e nunca conseguiria descrever o efeito de um orgasmo no momento que ele dominava cada parte do meu corpo. Eram estrelas ao meu redor, fogos de artifício, flutuar entre as nuvens... Talvez tudo isso junto.

Não parei de cavalgar, grudando meu rosto junto ao do Eric e seu abraço mais forte na minha cintura, seu corpo enrijecido e os jatos quentes no meu canal eram a prova de que ele se uniu ao prazer igual a mim.

Não queríamos nos desgrudar. Nossa respiração estava ofegante e nossos corpos ainda estavam sob o efeito do prazer...

- Foi delicioso...- Eric sussurrou com os seus braços envolvidos na minha cintura - Como sempre é...

- Uhum...

O seu perfume misturado ao cheiro do suor era tudo o que eu conseguia sentir, abraçada a ele pelo pescoço, pois dominava todo o carro. Minha respiração voltava ao normal bem devagar quando percebi que sua blusa social azul-marinho estava levemente úmida.

- Eric... - passei as mãos até chegar no primeiro botão e comecei abrir fazendo o mesmo com os outros - Como você vai dar aula assim?

- Eu tenho outra muda de roupa na minha mochila.

- Mesmo? - alisei o seu peitoral cuja pele estava grudenta.

- Mesmo. Se eu tiver sorte, posso até ir em casa, tomo um banho e estou pronto para a aula. Mas vou precisar ir embora agora.

- Se você se atrasar não vai ser minha culpa - e enfim, saí de cima dele, me sentando do seu lado pousando uma das minhas coxas por cima da sua - Foi você que me puxou, querendo se enfiar em mim!

- Achou mesmo que eu não iria apagar todo esse fogo entre as suas pernas? - questionou enquanto alisava a minha coxa e pegando uma caixa de lenços de papel entre os dois bancos da frente - Usa pra você se limpar.

- É sério, eu preciso ir pra casa, Eric... - tirei rapidamente dois pequenos lenços e comecei a passar por dentro das minhas coxas.

- Vou te deixar lá na frente, na esquina do seu prédio.

- É melhor não, alguém pode me ver saindo do seu carro. - me aproximei dele novamente, lhe dando um último beijo.

- Será que vamos ficar juntos no próximo sábado?

- Se meu pai voltar de viagem até lá, espero que sim.

- Hum... - ele resmungou mas não disse mais nada.

- Agora eu vou mesmo - um último selinho, peguei meu celular, colocando de volta na saia e saí do carro.

- Volta com cuidado - ele pediu.

- Vou voltar.

Caminhava ligeira pela rua, sentindo o rasgo da minha calcinha na parte da frente e apertei o passo com receio dela deslizar sozinha pelas minhas pernas.

- O Eric precisa parar com a essa mania - bufei.

***

Recém saída do banho, enrolada em uma toalha e com outra no cabelo, eu estava em pé de frente para a minha mesa de estudos observando o meu quadro de fotografias o qual eu havia colocado fotos mais recentes. Esquiando em Chamonix, ao lado dos meus primos comemorando o meu aniversário, com os meus pais na festa surpresa, com os meus avós...

Havia uma também com a Melissa onde nós duas estávamos em uma praça se alimentação e os nossos lanches na nossa frente. Ao lado desta foto, um registro que eu amava: eu e os meus primos parados com nossas bicicletas no Parc de la Tête-d'Or. Na sequência, em outra foto estávamos eu, Frederik, Gabriele e Patrick em uma foto tirada no jardim do Saint Vincent.

Fiquei pensativa observando aquelas três fotos em específico. Depois da viagem para a Sardenha é quase certo que eu vá direto para Paris me encontrar com a Gabi e os meninos, pensei.

- Filha? - a voz doce me chamou de volta.

- Oi, mãe - Me virei e ela estava parada na porta que eu havia deixado aberta já que ainda estava sozinha em casa.

- Chamei você lá da sala - ela se aproximou e me abraçou pelo ombro, deixando um beijo no meu rosto.

- Eu estava distraída... - Voltei o meu olhar para o quadro - Achei que você iria demorar mais.

- Apenas um dos atendimentos que foi mais demorado. Vendo as fotos novas? - me abraçou, aproximando o seu rosto junto do meu.

- Sim. E pensando nas férias.

- Ainda é um pouquinho cedo pra isso, não acha?

- Eu sei mas é que eu estava pensando - me virei para ela - A viagem para a Sardenha será o presente do meu tio para o Henry e também uma despedida da Maddie que vai morar em Paris.

- Isso mesmo, meu anjo.

- E a Gabi quer bater perna pelas lojas da Champs pra comprar o vestido de formatura.

- Exato. E você está pensando em quê?

- Nessas férias eu estarei na companhia dos meus primos e dos meus amigos, mãe. Vai ser mais ou menos uma viagem comemorando a formatura antecipada.

- Pensando por esse lado... Vai ser sim.

- E a Melissa não vai estar lá. Ela também se forma este ano.

- Você quer convidá-la para viajarem juntas? É isso?

- Acha que os meus avós e o meu tio vão achar ruim?

- Não preciso dizer o quanto a sua avó ama ter você com ela nas férias. Acho que não terá problema dela hospedar a Melissa também. Mas com o seu tio Jeróme, aí sim vocês dois precisam conversar.

- Ele que fica responsável por mim quando viajamos...

- Isso. Seu tio e seus avós concordando, converse com a Cecília e o Henrique e faça uma surpresa pra Melissa, que tal?

- Nossa, ela vai surtar!

- Muito - rimos - É lindo demais esse gesto, viu? Me orgulha demais ter uma filha linda de coração tão gigante como o seu.

- Melissa é a minha melhor amiga.

A ideia de convidar a ruiva para viajar comigo me ajudaria e muito a não pensar no que aconteceu. Além disso, eu deveria realmente seguir os conselhos do meu pai e do Eric: pensar naquele ano letivo e focar no momento, um dia de cada vez pois era como eu sempre agia.

Rotina de aulas e em pouco mais de um mês, o início das provas do primeiro bimestre.

Continua...

Nota da autora:

Capítulo bem didático apenas para que conhecessem a história da Família da Nívea. Se vocês o considerarem chato, estará tudo bem. Mas eu precisava escrevê-lo desde a primeira temporada e também por causa de algumas sinalizações que eu fiz em passagens da segunda.

No próximo capítulo arriscarei algo novo que até então eu não sabia que era possível. Mas sim, é. Darei maiores detalhes no Instagram.

*O colégio mencionado pela Nívea de fato existe e fica localizado na Rua Vergueiro - Vila Mariana e é um dos mais tradicionais de São Paulo dedicado ao ensino bilíngue em Língua Portuguesa e Francesa.

Contato: a_escritora@outlook.com

Instagram: /aescritora_

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Foto de perfil de Ana_EscritoraAna_EscritoraContos: 63Seguidores: 173Seguindo: 34Mensagem "Se há um livro que você quer ler, mas não foi escrito ainda, então você deve escrevê-lo." Toni Morrison

Comentários

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Pessoal, o próximo capítulo está pronto e em fase de revisão. 👍

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Opa, que legal! Ansioso para saber da continuação da história, e ver que situações e novas tramas virão pela frente. Isso tudo além de seus textos serem sempre uma grande inspiração para continuarmos escrevendo e produzindo nossas criações!

😉

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Eu gostei muito de conhecer um pouco da história da família da Nívea. Tbm gostei de que ela está se sentindo mais a vontade, menos tímida. Ótimo capítulo

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Mais um capítulo delicioso de se ler, Ana! Uma verdadeira novela, quando olhamos para trás lembrando de toda a saga e como os acontecimentos vão se encaixando. As novidades desse, contando como a família se organizou em torno da empresa e os conflitos surgidos com o afastamento entre a família no Brasil e a avó na França deram um toque a mais na história toda. Agora… essa reação intempestiva do pai da Nívea revelou um pouco mais do comportamento dele, o que vai poder complicar os planos dos dois “pombinhos”. A ver, nessa temporada de revelações! ⭐️⭐️⭐️

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É sempre um prazer receber seus comentários, Al, de verdade. Muito obrigada mesmo.

Estou muito em falta em dar um feedback escrito nos seus últimos contos lançados mas assim que a minha fase de altos e baixos passar, ficarei em dia com os comentários.

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