Meu nome é Karla, tenho 30 anos, sou morena clara, cabelo castanho escuro, 1,72 m de altura, coxas grossas, bumbum redondinho, cintura fina e seios médios. Me acho uma mulher bonita, nada de espetacular, mas sou bonita. Sou arquiteta e dona da minha própria empresa; pode-se dizer que sou uma mulher realizada e feliz, mas nem sempre foi assim. Passei por muita coisa para chegar até aqui.
Quando mais penso no que já passei até hoje, mais tenho a certeza de que minha história de vida daria um filme, ou melhor, uma novela, daquelas mexicanas, cheia de reviravoltas e muito drama.
Tudo começou em um sábado, quando fui a um jantar com meu pai e minha mãe. Meu pai era dono de uma grande empresa de construção civil em BH, e a maioria dos trabalhos que ele pegava era de um escritório de arquitetura muito conceituado na capital. Ele e o dono tinham uma espécie de parceria. O jantar era na casa de um arquiteto muito rico e dono desse escritório. Eu era uma criança ainda e lá conheci a filha desse homem, chamada Stella.
Como éramos as únicas crianças na casa, ficamos brincando o tempo todo. Nos demos muito bem e, a partir dali, uma grande amizade nasceu. Praticamente crescemos juntas, sempre grudadas uma na outra sempre que tínhamos oportunidade. Estudávamos juntas, e ela dormia na minha casa nos finais de semana, ou eu na dela.
O tempo foi passando e a amizade só crescia. Acho que, por sermos filhas únicas, termos a mesma idade e pais que viviam mais trabalhando do que em casa, nos tornamos companhia uma da outra.
Nossos aniversários eram no mesmo mês, com três dias de diferença um do outro. Criamos uma tradição: sempre passávamos a noite de sábado para domingo no quintal da minha casa em uma barraca de camping. Comemorávamos com minha família no domingo, com uma festinha, direito a bolo e tudo mais. Escolhíamos o final de semana mais próximo do aniversário de uma de nós.
Era muito bom. Trocávamos presentes, comíamos besteiras, fazíamos brincadeiras e dormíamos juntinhas dentro da barraca. Eu sempre levava vantagem nas trocas de presentes porque o pai da Stella era muito rico. O meu era até bem de vida, mas o dela era muito mais rico. Porém, ele não era presente na vida dela, tentava compensar isso dando presentes caros e deixando-a comprar coisas caras.
Stella perdeu a mãe no dia em que nasceu; houve uma complicação durante o parto e, infelizmente, sua mãe faleceu. Ela me falava que o pai, às vezes, chegava bêbado em casa e a xingava, culpando-a pela morte da mãe. Houve vezes em que ele até agrediu fisicamente ela. No dia seguinte, fingia que nada tinha acontecido. Por isso, Stella vivia mais na minha casa do que na dela. Meus pais a amavam, e eu também; ela era como uma segunda filha para eles e como uma irmã para mim.
As coisas começaram a mudar quando entramos na faculdade. Nós duas escolhemos fazer arquitetura. Era meu sonho e, como o pai de Stella queria muito que ela seguisse a mesma carreira que ele, ela resolveu fazer também.
Continuamos grudadas como sempre, mas nessa época já éramos bem diferentes. Eu gostava de estar sempre bem vestida, maquiada e já tinha dado uns beijos em alguns garotos. Stella já não dava a mínima para a roupa que vestia, nunca usava maquiagem e não dava papo para ninguém, principalmente para os meninos. Ela era meio rebelde e chegou até a arrumar uma briga com um garoto que tentou me beijar à força em uma festa. Stella deu um soco no nariz dele que sangrou horrores.
Ela sempre me defendia, e eu amava isso, mas achava que ela era muito desleixada. Ela era morena, magra, tinha olhos verdes, cabelo liso e era uns 5 centímetros mais alta que eu. Não era bonita nem muito feia; talvez, se ela se cuidasse, com certeza ficaria muito mais bonita, mas ela realmente não ligava e dizia que era frescura ficar se arrumando toda.
Na faculdade, tinha um rapaz chamado Gustavo. Ele era muito bonito, moreno, alto e malhado. As meninas se matavam por causa dele, mas ele geralmente só ficava perto de uma loira bem bonita, chamada Telma. Os dois eram primos e já eram veteranos.
Um dia, quando saí do banheiro, vi Gustavo conversando com Stella. Achei meio estranho, mas rezei para ele estar perguntando algo sobre mim, pois eu era caidinha por ele. Quando fui me aproximando, ele saiu e voltou para onde a prima estava. Perguntei a Stella o que ele queria, e ela disse que ele a havia chamado para ir a uma festa com ele. Eu comecei a rir, e ela fechou a cara e saiu andando.
Não fiz por mal, mas poxa, um homem lindo como ele, com um monte de garotas atrás, ia chamar justo Stella para ir a uma festa?! Fui atrás dela, pedi desculpas e deixamos esse assunto para lá. Depois de alguns dias, Telma, prima de Gustavo, veio puxar papo comigo e com Stella. Eu a tratei muito bem, mas Stella mal falou com a garota. Conversamos bastante, e Telma fez muitas perguntas sobre nós, quem eram nossos pais, onde morávamos, perguntas típicas de quem quer conhecer alguém.
Com o passar dos dias, Telma meio que virou minha amiga. Stella não gostou nem um pouco; dava para ver na cara dela, mas não falava nada, só saia de perto quando Telma vinha conversar comigo. Depois de um tempo, Gustavo começou a se juntar a nós. Nossa, além de lindo, ele era cheiroso e conversava bem. Eu amava ficar de papo com eles, e isso fez com que Stella ficasse sozinha durante os intervalos, porque ela não tinha amigos e toda vez que Telma e Gustavo se aproximavam, ela saía de perto.
Depois de alguns dias, Telma me falou que o primo estava interessado em mim. Nossa, eu fiquei muito feliz porque eu também estava muito afim dele. Combinamos um encontro no shopping e, nesse dia, já rolou uns beijos. Continuamos ficando na faculdade e ele me pediu em namoro no outro final de semana. Eu aceitei e começamos a namorar.
Stella não gostava deles, sempre falava para eu ficar esperta com os dois, que eles não prestavam, mas eu não dava ouvidos, pois não queria brigar com ela por causa dos ciúmes bobos dela. Ela sempre seria minha melhor amiga, eu a amava, mas agora eu tinha um namorado e estava apaixonada por ele.
O tempo foi passando, e o namoro ficou cada vez mais sério. Apresentei Gustavo para meus pais e tudo mais. A gente sempre saía nos finais de semana. Eu já não conseguia sair com Stella; sei que isso a deixava triste, mas era complicado para mim deixar de sair com meu namorado para sair com ela. Além disso, sempre nos víamos na faculdade. Durante a semana, ela dormia na minha casa algumas noites. Não é que eu tinha abandonado ela, só não tinha mais o mesmo tempo para ficar com ela como antes.
Eu e Gustavo já estávamos juntos há 6 meses. Ainda não tínhamos transado, mas já tinha rolado até sexo oral um no outro. Ele era muito carinhoso comigo, eu estava entregue a ele, e na véspera do meu aniversário, resolvemos ter nossa primeira vez. Ele morava com a prima em um pequeno apartamento; eles moravam sozinhos em BH, vieram para estudar e trabalhar. Nesse final de semana, a prima deixou o apartamento só para nós dois. Era pequeno, mas estava ótimo. Eu fui para lá à tarde; ele fez um jantar à luz de velas para nós, foi romântico, foi perfeito, e naquela noite me entreguei a ele completamente. Não achei incrível, mas não foi muito ruim, especialmente por ser minha primeira vez; não cheguei a ver estrelas, como ouvia algumas meninas falar.
No domingo, quando voltei para casa, vi a barraca de camping armada no quintal da minha casa. Aí lembrei de Stella; eu simplesmente esqueci de avisá-la. Entrei em casa e perguntei à minha mãe se ela estava ali ainda. Minha mãe disse que Stella já tinha ido para casa; tinha chegado no sábado à noite, passou a noite na barraca sozinha e saiu cedo.
Fui até a barraca e ela tinha deixado meu presente lá. Quando abri, era uma caixinha com um colar e um par de brincos muito lindos, provavelmente custou uma fortuna. Eu nem lembrei de comprar nada para ela. Voltei para dentro de casa e minha mãe veio me entregar meu presente: era um celular lindo. Ela falou que tinha dado um para Stella também e que era um presente de nós três: dela, do meu pai e meu. Agradeci minha mãe e fui tentar ligar para Stella, mas ela não atendeu.
Na segunda, na faculdade, fui agradecer o presente e me desculpar. Ela disse que tudo bem, que não tinha problema eu ter esquecido, mas eu via nos olhos dela que ela estava muito triste. Aí ela me perguntou onde eu estava, e eu falei que tinha passado a noite com Gustavo e, toda animada, disse que já não era mais virgem. Ela teve uma reação muito estranha; seus olhos se encheram de lágrimas e começaram a escorrer pelo seu rosto. Perguntei o que tinha acontecido e ela disse que não era nada, virou as costas e saiu andando.
Depois daquele dia, tudo mudou. Stella não falava comigo direito; toda vez que eu tentava conversar, ela arrumava uma desculpa e saía de perto de mim. Não voltou mais à minha casa. Quando eu ligava, raramente atendia, e quando atendia, dizia que estava meio ocupada e logo desligava. Eu sentia falta da minha amiga. É certo que eu vacilei, mas não era para tanto.
Por fim, fui desistindo de tentar voltar às boas com ela. Sempre a via na faculdade, sempre triste e no canto dela. Ver ela daquele jeito acabava comigo, mas ela não deixava eu me aproximar. Meu namoro, ao contrário, ia muito bem, e por Stella ter se afastado de mim, eu me aproximei mais ainda de Telma, que virou uma grande amiga.
Em uma segunda-feira, fui acordada com meu celular tocando. Era Stella. Atendi rápido e perguntei o que tinha acontecido para ela me ligar aquela hora. Aí ela pediu para eu ir direto para a faculdade, sem falar com ninguém, nem mesmo com Gustavo ou Telma, e ir direto para o banheiro quando chegasse, pois ela precisava me mostrar algo. Ela fez eu prometer que faria isso. Eu prometi e disse que já estava indo. Me arrumei o mais rápido possível e fui. Quando cheguei, tinha pouca gente dentro da faculdade porque era bem cedo ainda. Quando eu ia na direção do banheiro, escutei Gustavo me chamar. Ele e Telma estavam vindo correndo em minha direção. Eu esperei.
Gustavo disse que precisava me mostrar algo. Eu disse que só ia ao banheiro e já voltava, mas ele insistiu que era muito importante e me mostrou seu celular, que estava aberto em um aplicativo de conversa. Quando comecei a ler as mensagens, uma raiva foi tomando conta de mim, e eu fiquei cega de ódio naquele momento. Agora tudo fazia sentido.
Continua...
Criação:Forrest_gump
Revisão : Whisper