Os dois primeiros anos de faculdade foram basicamente normais. Eu não fiz nenhuma amizade, porque só ficava no meu canto, conversava com uma pessoa ou outra, cumprimentava meus colegas de curso, mas não tinha aquela pessoa com quem eu realmente tinha mais intimidade.
Na minha casa, tudo corria muito bem. Sophia, a cada dia, crescia mais. A babá era muito boa, tinha o maior cuidado com minha filha e a tratava como se fosse filha dela. Nesses dois anos, acabamos virando amigas. Seu nome era Lúcia, loira, com uns 30 anos mais ou menos. Era uma mulher bonita, simpática e muito gentil. Era daquele tipo de pessoa calma, sempre com um sorriso no rosto. Uma das vantagens que achei nela é que ela era formada em enfermagem, então isso me deixava mais tranquila.
Lúcia era casada e tinha uma filha de 10 anos. Eu conhecia a família dela; eles foram nas duas festas de aniversário da Sophia. O marido dela era detetive particular, seu nome é Daniel. Sua filha, Ângela, estuda e fica com a avó quando a mãe está aqui trabalhando. Às vezes, ela vinha para minha casa e ficava com a mãe.
Eu estudava e ajudava com o trabalho de casa, já que minha mãe tinha voltado a trabalhar e só voltava para casa à noite. No início, ela tentou evitar de falar onde estava trabalhando, mas como eu insisti, ela fez eu prometer que só falaria se eu prometesse não brigar com ela. Eu prometi, e ela me contou que era vice-presidente na antiga empresa de construção civil do meu pai, que estava trabalhando junto com Pedro, que era um amigo de infância do meu pai e seu braço direito na empresa.
Pedro se tornou o presidente da empresa depois que meu pai a vendeu. Eu realmente tive que respirar fundo e contar até cem para cumprir a promessa. Como minha mãe e Pedro podiam estar trabalhando para Stella?!
Eu tinha certeza absoluta de que ela tinha aprontado alguma coisa para conseguir a empresa para ela, mas não falei nada. Não quebrei a promessa que fiz à minha mãe, mas foi muito difícil.
As compras que recebi assim que Sophia nasceu voltaram a acontecer. De 6 em 6 meses, chegava uma compra enorme de um mercado e outra da mesma loja especializada em produtos infantis. Eu até tentei descobrir quem fazia as compras, mas não consegui. Só consegui saber que as compras eram feitas por telefone e os pagamentos eram feitos por depósitos bancários. Mas quem fazia as ligações e depositava o dinheiro era um mistério para mim.
Outra coisa que aconteceu foi que recebi um convênio médico através do correio. Esse convênio cobria tudo que eu e Sophia gastássemos com médicos, farmácia, dentista. Resumindo, eu não tinha gasto nenhum com saúde, e esse convênio era aceito nos melhores hospitais e clínicas da cidade. Mais uma vez, tentei descobrir quem tinha feito esse convênio em meu nome, mas novamente não consegui nenhuma informação.
Eu até pedi ao Daniel se tinha como ele tentar investigar isso para mim, se não fosse muito caro. Ele disse que ia tentar descobrir, mas que não precisava pagar, que era um favor que ele iria me fazer, já que eu era uma ótima patroa e amiga da sua esposa. Bom, eu aceitei, já que eu não tinha renda nenhuma e o dinheiro que minha mãe me dava era meio a conta dos meus gastos, que já eram os menores possíveis.
Depois de 10 dias, Lúcia falou que Daniel tinha pedido para me dizer que não conseguiu descobrir nada, que a pessoa provavelmente foi muito discreta, não deixou nenhum rastro ou ponta solta que ele pudesse usar para descobrir quem era meu benfeitor. Bom, por fim, desisti de tentar descobrir, mas eu só tinha um suspeito: Gustavo. Ele era o pai de Sophia e provavelmente deu algum golpe em alguém ou vendeu minhas joias e usou o dinheiro para ajudar a filha. Ele disse que era doido para ser pai; talvez, mesmo sendo um pilantra, ele pensasse pelo menos na filha.
Eu nunca mais tive notícias dele e nem de Telma. Minha mãe, na época, queria que eu chamasse a polícia e denunciasse os dois, mas eu fui burra e não o fiz. Depois, me arrependi. O amor acabou e eu consegui enxergar melhor o que eles tinham feito comigo. Eu fui muito burra; estava cega de amor.
Porém, como eu tinha quase certeza de que era o Gustavo que estava ajudando nas despesas de Sophia, cheguei à conclusão de que talvez não ter denunciado eles fosse a melhor solução.
Eu iria começar o penúltimo ano do meu curso de arquitetura. Eu mal sabia que, exatamente nesse ano, conheceria uma pessoa que iria mudar totalmente a minha vida!
Sophia já iria completar 3 anos e já dava muito trabalho para mim e para Lúcia. Minha mãe continuava trabalhando. Eu comecei a vê-la muito animada e sorridente em algumas ligações pelo celular. Eu desconfiei que ela estava de rolo com alguém, quem sabe um namorado. Até cheguei a dar umas indiretas para ver se ela me contava algo, mas ou ela não entendeu ou se fez de boba.
Minha mãe é uma coroa muito bonita, sempre gostou de fazer caminhadas e ter uma vida saudável. Então, pela idade que ela tinha, ela era bem conservada e bonita. Já tinha um bom tempo desde a morte do meu pai, então para mim seria normal ela arrumar um novo amor.
No início dos dias letivos, percebi que havia algumas pessoas diferentes no curso. Duas delas me chamaram a atenção pela beleza física: um rapaz moreno, alto, com olhos verdes lindos; o corpo parecia ser perfeito, era realmente muito bonito. A outra era uma garota loira, com cabelos longos e olhos azuis, mais ou menos da minha altura. Seu corpo era cheio de curvas; nossa, a garota era muito bonita!
No início, achei que os dois eram namorados, já que chegavam sempre juntos e ficavam juntos durante o intervalo. Mas, com o tempo, percebi que o comportamento deles não era de namorados; era mais de amigos ou irmãos, talvez.
O tempo foi passando e os dois sempre passavam por mim para sentar logo atrás. Sempre que passavam, me cumprimentavam; pareciam ser bem simpáticos. Eu era muito estudiosa, e como tinha uma mãe arquiteta que me dava algumas dicas, tinha certa vantagem e sempre tirava as melhores notas da minha turma. Mas, depois da chegada dessa garota, percebi que agora eu tinha uma concorrente à altura.
Nas primeiras provas, tivemos notas muito parecidas; ela até me superou em algumas delas. Isso não nos tornou rivais, mas até nos aproximou. Passamos a conversar um pouco. Descobri que o rapaz bonito era amigo de infância dela, que ela sempre estudou naquela faculdade, mas resolveu mudar para a turma da parte da manhã porque à noite as aulas eram um pouco bagunçadas e ela queria muito se formar com as melhores notas possíveis.
O nome dela era Layla e o nome do rapaz era Cristian. Eu conversei com ele algumas vezes; me pareceu ser muito gente boa. Mas os dois não chamaram só a minha atenção; Cristian chamou a atenção das 3 meninas mais chatas que eu achava na sala. As 3 viviam juntas, eram do tipo que gostava de chamar a atenção e se achavam as mais lindas do mundo.
Principalmente uma chamada Luana. Ela era muito bonita, na verdade; os garotos viviam em cima dela. Mas, com a chegada de Layla, ela perdeu o posto de a mais bonita da sala. Ainda por cima, vi que Luana fazia de tudo para chamar a atenção de Cristian, mas ele parecia não dar muito papo para ela. Eu adorava aquilo; sinceramente, não gostava delas. Sei lá, eu nunca suportei esse tipo de gente que se acha melhor que os outros.
Apesar disso, eu as cumprimentava; até tinha falado com elas algumas vezes, já que eu estudava com elas há dois anos. Eu e Layla não éramos amigas, mas era a pessoa com quem eu mais conversava na sala. Eu a admirava; era muito esforçada, humilde, pois mesmo sendo linda como era, não tinha o nariz empinado. Procurava tratar todo mundo bem. Até na hora de se livrar de algum aluno mais atiradinho que dava em cima dela, ela era simpática.
O tempo foi passando e eu e Layla nos destacamos como as melhores alunas da sala. Cristian era do time de natação da faculdade; o garoto tinha realmente um corpo perfeito. A primeira vez que o vi na piscina, quase babei! Mas, nessa época, eu já sabia que ele tinha namorada, e ela era bem ciumenta. Pelo que Layla me contou, ele era muito apaixonado por ela, por isso não dava muito papo para as outras meninas e usava Layla para ajudar a evitar isso. Sempre que podia, estava junto dela, muitas vezes abraçados. Pelo jeito da Layla, a namorada de Cristian não tinha ciúmes; provavelmente eram amigas.
Quando entramos de férias no meio do ano, eu aproveitei o tempo sem aula para ficar junto da minha filha e estudar bastante. Aproveitei também para dar férias para Lúcia, já que eu ia ficar em casa o tempo todo. Mas, mesmo assim, ela aparecia na minha casa para brincar com Sophia uns dois dias toda semana. Eu ficava feliz com isso, porque Sophia sentia falta dela por conviver com ela durante esses anos, e pelo visto, Lúcia também sentia falta da Sophia.
Quando voltaram as aulas, na segunda semana, quando cheguei, encontrei Layla e Cristian no corredor. Entramos juntas na sala conversando, já que Cristian foi ao banheiro antes de começar a aula. Vi que quase todo mundo olhou em nossa direção; vi também que surgiram algumas conversas entre os alunos e alguns sorrisos que eu não gostei. Sentei e Layla sentou logo atrás de mim. Alguns minutos depois, Cristian entrou e se sentou ao lado de Layla. Eu percebi que os olhares e sorrisos continuavam, mas percebi que eram direcionados a Layla. Com certeza, aconteceu alguma coisa.
Deu hora do intervalo. Layla, como sempre, ficou junto de Cristian. Eu estava sentada em uma mesa, tomando um suco, quando uma das amigas da Luana sentou do meu lado. Seu nome era Aline. Ela falou que, se fosse eu, não ficaria andando com Layla. Eu perguntei por quê, e ela disse que Layla não era uma boa companhia para uma garota quieta como eu, que ela podia queimar meu filme. Aí eu disse que não estava entendendo. Aline disse que pegaram Layla transando com dois garotos no vestiário dos meninos da natação, que tinham até vídeo. Eu fiquei boba com o que ela falou.
Ela falou que o vídeo já estava circulando na universidade. Se eu não tinha visto, eu disse que não, porque ninguém tinha meu número. Ela então pegou seu celular e me mostrou um vídeo. Era uma loira de cabelos grandes, com o corpo bem parecido com o de Layla. Ela estava de quatro com um rapaz atrás dela e outro na frente. Não dava para ver os rostos dos rapazes, nem o da garota, porque ela estava meio de costas. Dava para ver o cabelo loiro longo, suas costas, seu bumbum e pernas. Dos garotos, dava para ver só o peitoral de um e as costas e bunda de outro. Mas, pelo movimento, dava para ver que um estava penetrando ela por trás enquanto ela fazia um oral para o outro. O vídeo era de qualidade bem baixa, como se a câmera estivesse meio embaçada. Como tem chuveiros ali, isso era bem possível. Só não tinha certeza se era o vestiário que ela falou, porque nunca o vi por dentro, e nem tinha certeza se a garota era mesmo Layla.
Quando terminei de ver o vídeo, eu disse que não tinha nada a ver com a vida da Layla, que a gente só era colegas de classe, mas agradeci a ela por se preocupar em me alertar sobre isso. Ela falou que só queria ajudar, que é bom saber com quem a gente anda, se despediu e saiu dali. Eu fiquei pensando no que tinha acabado de acontecer.
Contar ou não para Layla?
Eu não queria me meter em problemas. Se fosse realmente ela, acho que ela cometeu um erro. Não de transar com dois de uma vez, mas dentro do vestiário masculino da natação foi vacilo. Mesmo assim, foi covardia terem filmado e espalhado o vídeo. Mas, pelo pouco que eu conhecia dela, não dava para acreditar que ela faria isso. Bom, fiquei pensando no que fazer. Então, no fim da aula, resolvi que o certo era falar com ela, mas ali seria complicado, já que eu queria ficar fora de confusão.
Eu escrevi um bilhete dizendo que precisava muito falar com ela, mas não ali na faculdade, que era muito importante mesmo o assunto, e que era para ela me ligar ou ir na minha casa. Coloquei meu endereço e meu número de celular no bilhete.
Quando as aulas acabaram, eu fui seguindo ela de longe. Vi que Cristian mais uma vez saiu em direção ao banheiro. Aproveitei e segui ele. Olhei ao redor e tinha poucas pessoas, na maioria homens e nenhum conhecido. Aí chamei ele um pouco antes dele entrar no banheiro. Ele parou, eu o entreguei o bilhete discretamente e disse para ele entregar para Layla, que era muito importante. Ele disse que entregaria sim. Eu o agradeci, saí dali e fui para minha casa.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper