Amor no Paraíso - Episódio 7: Tormenta

Da série AMOR NO PARAÍSO
Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1459 palavras
Data: 08/10/2023 23:19:48

Búzios pode ser considerada um paraíso, mas não está isenta de ser atingida pela força da natureza. Às 18h daquela terça-feira, os moradores foram surpreendidos por uma forte chuva e ventos, que, conforme os jornais, alcançaram até 30 km. Assim como a maioria dos municípios do Brasil, os bairros de Búzios não estavam preparados para a tormenta.

No primeiro momento, ao ver a chuva, César achou uma boa para testar a resistência do hotel para tempestades. No quarto, ele ficou olhando os funcionários correndo de um lado para o outro para tirar todos os itens da área da piscina.

O coitado do Hugo acabou preso no hotel pela tempestade. Não havia condições de sair e enfrentar a força da água e do vento. Naquela tarde, que mais parecia noite, havia 20 funcionários do estabelecimento.

— Ei, dona Adelaide, a chuva não passa. O que vamos fazer? — perguntou Joseane, uma das recepcionistas do hotel.

— Eu vou falar com o Seu Eliezer. Está impossível de sair e a cidade está toda alagada. — disse Adelaide, preocupada com as filhas que estavam em casa sozinhas.

— Já tiramos todas as cadeiras e objetos de praia da área da piscina. — avisou Hugo, que estava todo molhado.

— Tá tenso lá fora. — disse João, outro camareiro, também ensopado.

— Cara, estão dizendo que vai ter uma tormenta. — Hugo afirmou olhando no celular e se assustando quando um pedaço de árvore atingiu a janela do hall do hotel. — Caralho! — esbravejou ficando agachado.

— Isso está ficando fora do controle! — gritou Adelaida, ainda recuperando o fôlego do susto.

Assustado com o barulho, César desceu e viu o estrago feito pela força do vento. Ele pegou o celular e tirou uma foto para mandar para a equipe de construção. Os funcionários não tinham como ir para casa e nem onde dormir, então, o empresário foi prático e convocou todos eles para a sala de reuniões.

— Pessoal, essa é uma situação atípica, mas que pode servir de aprendizado para todos nós. Hoje, eu vou entrar em contato com os arquitetos e engenheiros. Prometo que vou fazer melhorias no que diz ao conforto de vocês. — disse César, que usava roupas formais e estava com os cabelos bagunçados. — Adelaide, por favor, direcione os funcionários para os quartos. Você disse que são 21, não é? Dois por quarto resolve. Ninguém jantou, não é? Acho que ainda tem alimentos na área da cozinha. Podemos fazer uma janta coletiva. Eu também estou faminto.

— Obrigada, Seu César. — agradeceu Adelaide e os funcionários começaram a comentar sobre a atitude do chefe. Hugo soltou um sorriso tímido, pois não esperava menos do empresário.

Três funcionários se ofereceram para fazer o jantar, enquanto os outros foram liberados para os seus quartos. Adelina aproveitou o momento para ligar para as filhas, que, finalmente, atenderam e confirmaram para a mãe que estavam em casa.

Com os materiais disponíveis, a equipe conseguiu fazer estrogonofe de arroz com batata palha caseira. Eles comeram na área do restaurante e nem parecia que o mundo estava desabando do lado de fora. Alguns funcionários ficaram impressionados com a simplicidade de César, algo que Hugo já era familiarizado e amava.

— Pessoal, por favor, se precisarem de qualquer coisa, contem comigo, viu. Esse empreendimento não é só da minha família, pois contamos com a ajuda de vocês para elevá-lo. — disse César, enquanto comia tranquilamente.

— O chefe é o melhor! — gritou João, que foi rapidamente repreendido por Adelaide.

— Tudo bem, Adelaide. — disse César com um sorriso tímido no rosto. — E parabéns, o jantar ficou perfeito.

— Eu só quero...

A voz de João foi cortada por um estrondo que deixou todos quietos. Do lado de fora, a tormenta continuava insistente e trazia caos para os moradores de Búzios. A equipe de segurança precisou criar uma espécie de barreira com tábuas usadas na construção do hotel para evitar que o vento quebrasse as janelas.

Todos os detalhes foram anotados por César. Ele queria criar um ambiente seguro para os seus hóspedes e a tempestade seria a prova final do Hotel Trajano. Pelo menos, nenhuma goteira ou alagamento aconteceu nas intermediações do empreendimento.

Adelia alocou todos os funcionários em diferentes quartos. Ela aproveitou para testar o seu quarto favorito, um que ficava no quinto andar, bem próximo ao de César. Já Hugo dividiria o quarto com João no quarto andar.

Para pernoitar, eles usaram suas roupas que foram lavadas nas máquinas do hotel. Na verdade, Adelaide também achou bom os próprios funcionários testarem as acomodações, porque teriam uma noção das queixas e dúvidas dos futuros clientes.

— Sr. Trajano, eu vou me recolher. Liguei para o seu Eliezer e expliquei toda a situação. Ele disse que está ilhado em casa, mas virá pela manhã. — explicou a supervisora, desejando boa noite para o chefe e indo na direção do seu quarto.

Através das janelas, os funcionários do hotel não tinham dimensão do estrago da chuva, pois as luzes apagaram e a equipe ligou os geradores. César mal virou as costas para a porta e ouviu três batidas rápidas. Ele abriu a porta e se deparou com Hugo, que continuava com a sua farda.

— Hugo? — questionou César, colocando a cabeça para fora do quarto, olhando para um lado e outro. — Vem. — puxando Hugo para dentro.

— Desculpa. É que eu não tenho nenhuma roupa e...

— Tudo bem. Eu posso te emprestar uma camiseta e bermuda. — disse César, indo até o guarda-roupa e pegando as peças. — Você já tomou banho?

— Não.

— Pode usar o meu banheiro, assim você não atrapalha o João. — aconselhou César, que andou na direção da cama e jogou uma toalha para Hugo. — Vai logo. Tá ficando tarde.

A tensão fora e dentro do quarto. De maneira tímida, Hugo foi tomar banho e o cheiro de César invadiu suas narinas. Ele tirou a roupa e entrou no box. Seu corpo todo relaxou quando a água quente bateu em seu corpo. Aquela terça-feira rendeu para o skatista que continuava na expectativa do resultado das seletivas.

Um banho rápido, mas que valeu a pena. O chuveiro do hotel era um verdadeiro paraíso. O fluxo da água e a temperatura combinavam em um relaxante banho. Não demorou muito e o vapor invadiu o banheiro e Hugo precisou usar a toalha para espalhar a fumaça.

Enquanto isso, César fingia prestar atenção em um vídeo do YouTube. O empresário adorava assistir tutoriais e D.I.Y., também chamado de "Do It Yourself" ou, em português, "faça você mesmo". O empresário olhava para a porta do banheiro como um leão observa a presa.

A maçaneta da porta mexe e César se arruma na cadeira. Uma fumaça sai do banheiro junto a Hugo, que usa uma toalha para enxugar os seus cabelos encaracolados. Ele agradeceu pela atitude de César.

— Amanhã eu vou colocar a toalha para lavar. — dobrando a peça e colocando em cima da mesa. — Eu vou indo. — andando em direção à porta.

— Espera. — César correu na direção de Hugo, o virou e lhe deu um beijo.

— César, — Hugo tentou escapar, mas queria muito beijar o chefe. — eu não posso.

— Dorme comigo hoje, por favor. Não me deixa sozinho. — implorou César, abraçando o skatista, que sentiu o coração apertar. — Por favor.

— E se alguém souber? Eu vou perder o meu emprego. — a voz grave de Hugo fez o corpo de César tremer.

— Isso não vai acontecer, eu te juro. — falou César, oferecendo a mão para Hugo.

Um nervoso Hugo exitou, mas aceitou o convite de César. Naquela noite, enquanto a chuva caía em Búzios, outra tempestade acontecia no quarto 233 do Hotel Trajano. O sexo aconteceu de maneira tranquila e delicada. Os dois se desejaram por tanto tempo que não queriam apressar nada. No fim, os dois estavam exauridos e dormiram abraçados.

— Nossa, chefe. — disparou Hugo, que tirou a camisinha e colocou de lado.

— Não me chame de chefe, por favor. — pediu César rindo da situação. Ele deitou no peito de Hugo e ficou o acariciando.

— E você sempre guarda camisinhas no quarto? Eu nunca vi. — soltou Hugo fazendo César rir.

— Eu sempre estou preparado, Hugo. Segurança em primeiro lugar. — disse o empresário. Os dois ficaram em silêncio, ouvindo a chuva que insistia em cair do lado de fora.

— Eu tô com medo. — Hugo confessou e despertou a curiosidade do empresário.

— De quê?

— Dessa chuva. Infelizmente, existem muitas pessoas que moram em lugares impróprios e são afetadas com essa chuva. — explicou Hugo, acariciando os cabelos de César.

— O importante é a gente ficar seguro. Depois usaremos a nossa energia para ajudar quem precisar. — aconselhou César, aproveitando o carinho.

— Verdade. — concordou Hugo, ainda acariciando César.

No meio da tormenta, um novo relacionamento surgiu. Apesar dos receios, César e Hugo estavam se apaixonando, mas será que esse amor sobreviveria às próximas barreiras que seriam lançadas na direção dos dois? Bem, isso só o tempo vai responder.

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