"Posso chegar mais cedo?", Fred pergunta. "Claro! Estarei sozinho, pode chegar", J responde.
Finalmente o grande dia havia chegado. J estava no quarto do hotel, tremendo feito vara verde, olhando pela janela a vista avantajada do "skyline" paulistano. Faltava ainda uma hora para os fotógrafos, seu pai e os demais padrinhos chegarem, mas o J quis chegar antes no hotel do making of de noivo só pra ficar ansioso, tem gente que curte sofrer por antecedência né. Ainda bem que o Fred resolveu vir antes, pensava ele, quando alguém bateu na porta. Era ele. "Porra J, olha essa gravata, meu. Toda torta. Você quer que daqui a 15 anos seus filhos vejam o álbum do seu casamento e falem 'papai estava com a gravata torta e comprida!'? Não, né. Vem cá que eu dou um jeito".
Com o Fred era assim. Eles não se viam por meses (Fred voltou à sua cidade no interior depois da faculdade), tinha ano que nem se viam, mas, quando se reencontravam, era como se não tivessem se afastado por mais que alguns dias. Amizade de verdade deve ser isso, né?
Enquanto Fred refazia o nó da sua gravata, J o observava com um sorriso involuntário no rosto. Que caminho suas vidas teriam tomado se, depois daquela balada louca em Berlim, há DEZ ANOS (!!), eles tivessem decidido ficar juntos? Será que teriam brigado? Se separado e impossibilitados de continuarem amigos? "J, volta pra Terra, deixa eu centralizar. Levanta a cabeça e olha pra frente". Nesse momento, seus olhares se cruzaram. E J foi transportado para dez anos atrás, algumas noites antes da famigerada balada em Berlim.
*
Passava das dez da noite quando o trem chegou a Varsóvia, naquele janeiro frio pra caramba. Vida de mochileiro não tem transfer esperando no saguão da estação, o trajeto até o hostel era à pé mesmo. Frio da porra, estava até nevando. J quase escorregou ao descer as escadas, "cuidado com o piso congelado ou!", "mal, não vi, tava distraído. Você viu esses flocos de neve caindo?". Era a primeira vez que J via aquilo, ele achava que só existia nos desenhos animados. Que incrível! As pontinhas definidas, o hexágono perfeito, e vários deles caindo do céu. Parecia mágica. CABUM, J escorregou, claro. "Po mano, presta atenção aí, se você se machucar não vou cuidar de você não hein", Fred disse, "tá bom, vamos chegar rápido vai, to quase congelando". Antes, viram uma loja de conveniência aberta e compraram uma vodka polonesa pra "esquentar um pouco".
O hostel era no conceito "boutique", tinha apenas 6 quartos. E eles tinham reservado uma suíte com duas camas, só no leste europeu para eles se darem ao luxo dessas coisas mesmo rs. Era um negócio familiar num predinho bem charmoso, antigo. No andar de baixo, a família morava, e nos de cima funcionava o albergue. Como chegariam tarde, os donos deixaram as instruções de como entrar num bilhete. Para a surpresa deles, eles eram os únicos hóspedes lá. O hostel tinha uma sala com sofás, poltronas, sala de TV, uma mini cozinha e o corredor que dava para os quartos e banheiros daquele andar. Parecia uma casa mesmo! Aconchegante como eles nunca tinham visto durante o mochilão todo. E até com uns snacks e frutas em cima da mesa. O quarto deles era naquele andar mesmo, super confortável também. "Aaahhh que cama gostosa! Era tudo o que eu precisava", falava J já tirando a roupa e colocando um pijama, pois o aquecedor deixava o ambiente quentinho. Fred fez o mesmo.
"Passa a vodka aí J!". Eles não estavam com sono pois tinham dormido bastante no trem, então resolveram beber para depois dormir. Não sei se foi a vodka, o ambiente aconchegante, o fato de estarem sozinhos, o ar polonês, mas a conversa entre os dois fluiu ó, uma beleza. Como dois amigos podiam se conhecer tanto assim? Fazer o outro dar risada, se zoarem, se divertirem? J, já vermelho do álcool, não podia deixar de sentir um calor extra, se é que vocês me entendem. E ele reparou que Fred, além da alegria normal de uma conversa entre amigos, também estava com um olhar diferente. O que ficava evidente pelo volume debaixo do samba-canção que ele usava. Fred era bem mais dotado que J, então não era tão fácil disfarçar, ainda mais numa roupa de baixo fininha de seda. Num determinado momento, ele deu tanta risada de algo que J falou que dobrou as pernas de um jeito que J viu claramente aquele pau meia bomba. Acho que o Fred percebeu que tinha se exposto, voltou à postura normal, ficou meio sem graça e falou "cara, vou tomar um banho, já volto".
J ainda estava bobo com a imagem que acabara de ver. E o pau dele estava bobo também, pulsando toda hora. Ouviu Fred abrir o chuveiro, deu um respiro fundo, fechou os olhos, e quando os abriu, viu que a fechadura da porta do banheiro era bem avantajada. Gente, mas era demais. E estava sem a chave! Será que tinha caído? Hmm...será que...ahn...quando menos percebeu, J já estava de joelhos espiando pelo buraco da fechadura. BUM! Dava pra ver certinho o chuveiro. Fred não tinha fechado a cortina. Safado. Será que foi de propósito? J, porra, para de pensar tudo isso, aproveita a vista que daqui a pouco ela acaba. Ele puxou um banquinho pra ficar mais confortável.
"Ahhh esse meu amigo é gostoso demais", pensava J, vendo o Fred ensaboar aquele peitoral definido, acariciar os mamilos, limpar os braços...a água escorria pela cabeleira castanho clara do amigo, J só seguia as mãos de Fred, que ensaboavam agora o abdômen delicioso, magrinho, com uns gominhos em formação...até que ele viu aquelas mãos chegarem mais pra baixo...pegarem no pau...afastar a pelinha...e começar um movimento de vai e vem tão gostoso que Fred fechava os olhos, a água caindo pelo seu corpo, o gemido baixinho, hmmmm, hhmmmm. Ele passou mais sabonete líquido nas mãos e acelerou o vai e vem, a cabecinha toda vermelha, os dedos deslizando pela extensão toda daquele mastro lindo que fazia J babar. Até que Fred passou de novo sabonete nos dedos, mas...ao invés de se punhetar, ele começou a enfiar, um a um, os dedos no seu botãozinho. Com a outra mão, ele continuava a tratar o pau.
WTF!! Aquilo era demais para J. O Fred, seu bromance da faculdade quase toda, estava se deliciando no prazer anal, a menos de 2 metros do J. J tirou os shorts do pijama, a cueca, colocou-se de lado para deitar um pouco o corpo e continuar espiando, e pegou no seu cacete que já estava todo babado. Com o pré-gozo ele lambuzou o resto do pau e começou a bater uma devagarinho, até a cabecinha sair totalmente da pele, enquanto espiava o amigo se punhetando e enfiando o segundo e depois o terceiro dedo no cuzinho. Veemmmmm Fred, J murmurava baixinho, vemmm meu gostoso, J estava mesmo com vontade de entrar no banheiro e cair de boca naquele instrumento perfeito do Fred, mas não tinha manha pra isso não. O máximo que ele fez foi aumentar o volume dos gemidos, já que o amigo estava debaixo do chuveiro. E...por que não?? Ele cuspiu nos dedos, lambuzou-os bem, e, pela primeira vez na vida, enfiou-os no seu buraquinho peludo (sim, J é peludo, pra quem não lembra). E começou a sincronizar a punheta e a dedada com o Fred: quando ele enfiava, J enfiava também, quando ele colocava mais um dedo, J colocava também, o ritmo do vaivém no pau também estava em sintonia. Quando Fred começou a acelerar o movimento e a gemer um pouco mais alto, J fez o mesmo, e o gozo dos dois veio praticamente junto. AAHHNNNHHNN CARAAALHOOOO FRED, J até tapou a boca, acho que Fred não ouviu, mas aquela gozada que ainda estava rolando estava boa demais. Os jatos voaram, bateram na testa e até no cabelo preto de J (porra, como vou disfarçar isso, pqp, pensava ele), e lá dentro, separado apenas pela porta, Fred também jorrava seu leite pelas paredes do box, num transe tão gostoso de ver que o cuzinho de J piscava adoidado querendo mais. Ainda se recompondo daquele orgasmo fenomenal, J se apressou para se limpar da melhor maneira possível, se arrumar e deitar na cama, e fingir que nada aconteceu. "Quem sabe", pensava ele, "em Berlim não damos um passo a mais?".
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"J? Ou...J?", Fred encarava o amigo estalando os dedos. J voltou a si, ao quarto do hotel, ao ambiente onde seria sua noite de núpcias dali a algumas horas, e se viu encarando os olhos meio esverdeados do amigo. "Oi, ahn?", "Você estava pasmando, cara", "Ahn..é, ahn...deve ser o nervosismo do casamento, cara", "Imagino!! Chegou o grande dia, né, J?", "pois é Fred, chegou". Dando os últimos ajustes no alinhamento da gravata, Fred sentenciou: "Pronto, cara, agora você está perfeito", e colocou um sorriso matador no rosto. Num movimento automático, os dois se abraçaram. E não imaginem um abraço de leve e tapinha nas costas não, gente. Foi um senhor abraço, desses que só amigos de verdade sabem se dar. Ao se afastarem, os dois ficaram vermelhos ao constatarem que os olhos de ambos estavam marejados. "Bora te casar, J?", "Bora, Fred!”, respondeu J, “Bora me casar". E as lágrimas correram pelos rostos de ambos.
Às vezes o não dito tem mais peso do que o dito. Nenhum dos dois precisou dizer, mas é claro que os quase 13 anos de amizade passaram diante deles naquele momento, e AH, como eles gostaram do que viram. Tampouco ninguém precisou dizer que a gaveta que eles tinham fechado há 10 anos, lá em Berlim, deu uma chacoalhada violenta ali. O que fazer?, pensava J. "Fácil", ele mesmo respondeu mentalmente, e pegou uma "chave imaginária" e trancou de vez qualquer sentimento mais profundo pelo amigo, como haviam se prometido depois daquela balada berlinense.
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Aproximadamente cinco anos se passaram desde o casamento de J quando a gaveta voltou a tremer. Foi quando J foi à maternidade visitar o filhinho de Fred, que tinha nascido no dia anterior. "Olha, J, esse meninão aqui", dizia Fred todo babão, enquanto a esposa dele estava dormindo pesadamente na cama. "Fred, lindão mesmo, mas não tinha como não ser né hahaha", falou J, "e po, nascer justo ontem...", "Hahaha pois é. Eu adorei, sabia? Meu filho e meu melhor amigo fazerem aniversário no mesmo dia, que coincidência, né?", e os dois se olharam sorrindo, "aliás, a gente comprou um presente pra você, deixa eu pegar lá".
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J não dá tanto valor a coincidências, eu também não. Às vezes nos apegamos demais a meros acontecimentos, a aleatoriedades da vida, como se elas quisessem "dizer algo mais". Às vezes, queremos acreditar tanto no "algo mais" que depositamos nas coincidências um peso demasiado. Por isso, prefiro acreditar que as coisas podem acontecer ao acaso, sim, dentro das probabilidades do cotidiano, e que isso não é nada demais.
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[Nota do autor]
Alguma coisa deve ter escapado da gaveta nesse último chacoalhão, pois fui tomado por um desejo que há muito estava adormecido. Foi nesse contexto que busquei um alívio aqui na CDC - não quis cair na besteira de me afundar em sites de vídeo pornô, o texto sempre me excitou - e continua me excitando - mais. Foram quase 8 meses de jornada aqui no site, tempo em que tive acesso a textos maravilhosos em todos os sentidos, de autores fodas e com muito talento, capacidade e dedicação. Até me inspirei para voltar a escrever - quando menos vi, já foram, contando com esse, 12 contos. E olhem que eu não escrevia desde o colégio!
Agora, meus caros, é tempo de tentar recolocar o que escapou da gaveta de volta dentro dela. O que me motivou a tomar essa decisão? Digamos que foi uma coincidência que fugiu das probabilidades cotidianas, e que me fez repensar o que passei e o que eu quero passar daqui pra frente.
Adorei esse tempo que passei aqui, agradeço do fundo do coração quem leu, quem curtiu, quem comentou meus textos, quem me inspirou. Vocês são foda! Pensei se eu deveria excluir o meu perfil para ajudar nesse processo de fechar a gaveta bem fechadinha, mas achei melhor não, fiquei apegado às minhas criações rs (arrogante né? haha). O que vai acontecer é que vou passar menos tempo aqui, com certeza vou escrever menos, mas duvido que eu consiga sumir. Então não se surpreendam com comentários desse autor em alguns contos - e mesmo algumas publicações novas, vai saber -, e tampouco se decepcionem se eu não comentar nada, tudo vai depender do quanto passarei a frequentar a CDC daqui pra frente.
Obrigado a todos, mesmo!