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Patrícia:
Eu ainda estava meio em choque de ter reencontrado a Gabi. Depois que elas se foram, eu sentei no sofá enquanto a Keyla colocava as louças para lavar e guardava o resto do almoço que sobrou. Já estava escurecendo quando as meninas saíram. Sentei um pouco para pensar no que havia acontecido e comecei a relembrar minha história com a Gabi. Eu realmente acho que tinha me esquecido do quanto ela foi importante na minha vida.
Tudo que ela falou antes de começar sua história era realmente verdade. A gente não era só namoradas; éramos muito amigas também. Conversávamos muito sobre nossos problemas, a falta de atenção e amor da minha família, as brigas na casa dela, o medo de sermos descobertas. Nosso namoro também foi importante: os beijos, carinhos e até as carícias mais íntimas que me fizeram sentir os primeiros arrepios no corpo. Ela foi a primeira a me fazer sentir prazer. Meu primeiro orgasmo foi com ela; nunca transamos, mas nos tocávamos algumas vezes. Acho que se minha mãe não nos pega e o namoro continua, minha primeira vez teria acontecido com ela.
Ficar sabendo que ela me procurou me deixou muito feliz. Até então, achei que ninguém tinha me procurado ou sentido minha falta, mas ela sentiu. Me procurou durante um bom tempo. Acho que ela deu muito mais valor ao que tivemos do que eu. Não fiz por mal, mas aconteceram tantas coisas na minha vida que não senti tanta falta dela; não lembrei tanto da gente como ela.
Fiquei ali pensando sobre isso, e aquilo de alguma forma me incomodou. Eu só voltei à realidade quando a Keyla sentou ao meu lado e me chamou para ir tomar um banho. Eu disse que ia lavar as louças primeiro e depois iria, mas ela disse que já tinha guardado tudo, lavado as louças e limpado a cozinha, que estava tudo pronto. Eu me assustei; não percebi o tempo passar. Perguntei a ela por que não tinha me chamado, e ela disse que chamou, mas eu não ouvi. Então ela veio à sala e eu estava parecendo ela com o celular na mão dias atrás, e sorriu.
Patrícia— Me desculpe, eu realmente viajei aqui, nem vi a hora passar e esqueci de te ajudar.
Keyla— Tudo bem, você cuidou da casa sozinha por duas semanas. Arrumar as coisas hoje sozinha não foi nada. Mas o que te fez esquecer da vida?
Falei o que tinha pensado e que aquilo estava me incomodando.
Keyla— Amor, não se culpe por isso. Acho que você devia estar feliz de ter reencontrado ela. E pelo que vi, o carinho que você sente por ela é enorme. Talvez você não tenha sentido tanta falta dela, não tenha lembrado tanto, mas você não a esqueceu, e os sentimentos que você tinha por ela estavam aí guardados.
Patrícia— Você tem razão. Acho que eu devia é ficar feliz de ter reencontrado ela e tentar esquecer isso. Sei lá, mas parece um sentimento de culpa, sabe?
Keyla— Eu te entendo, mas olha o que você passou. Não estou dizendo que a vida foi fácil para a Gabi, porque não foi nem um pouco. Ela passou por coisas terríveis, mas, amor, você passou por coisas muito piores. Sei que vai soar estranho, mas você tinha mais problemas e preocupações que ela. Sua vida mudou de uma hora para outra várias vezes em muito pouco tempo. Mesmo depois que nos conhecemos, você não teve muito tempo de paz: teve minha mãe, a Tamires, eu, que quase estraguei tudo. Você é só uma. Sinceramente, acho que a própria Gabi, no meu lugar aqui agora, entenderia que você não teve tempo de sentir saudades como ela. Não teve cabeça para ficar pensando nela o tempo todo. Você não tem motivos para se sentir culpada. E olha a vida aí dando outra oportunidade para vocês duas voltarem a fazer parte da vida uma da outra. Esqueça um pouco o que passou e pense nas oportunidades que estão pela frente.
Patrícia— Você tem razão, vamos focar no futuro! Obrigado, minha psicóloga linda. 🤭
Keyla— Vem, vamos tomar um banho, engraçadinha. 🤭
Tomamos um banho e nos deitamos. Ficamos ali agarradinhas, conversando sobre o almoço, sobre a Gabi e a Naty, que, depois de trocarmos opiniões, concordamos que vai acabar virando um casal, porque ficou óbvio que uma está caidinha pela outra. Mas aí a Keyla tocou em um assunto que eu tinha me esquecido totalmente: eu iria ou não aceitar a proposta da Cristina?
Conversamos bastante sobre isso. A Keyla disse que apoiaria qualquer que fosse minha decisão, mas me garantiu que eu daria conta do trabalho. Aí a Keyla sugeriu que eu pedisse para a Cristina me deixar trabalhar com ela uma semana, para eu ver como era o trabalho e, aí sim, tomar minha decisão. Eu gostei da ideia e disse que faria isso.
Conversamos mais um bom tempo até dormir. Eu amava aquilo. Claro que nossas noites de sexo eram ótimas, mas noites assim, que ficávamos de papo agarradinhas, trocando carinho, eram incríveis também. Como dormimos cedo, acordamos bem dispostas no outro dia. Seria a última semana completa de férias; as aulas voltariam na outra quarta-feira, mas provavelmente a gente não iria na primeira semana, porque a Keyla queria tentar tirar sua carteira antes disso.
Antes de sair de casa, mandei um áudio para a Cristina falando sobre a ideia da Keyla. Ela disse que por ela tudo bem. Agradeci a ela e saímos. Quando chegamos, a Keyla me apresentou a algumas meninas que trabalhavam com ela. A maioria eu conhecia. Ela explicou para as meninas o porquê da minha presença ali. Assim que a loja abriu, fui com a Keyla. Ela já foi me explicando algumas coisas, e quatro meninas que trabalhavam ali vieram falar com a gente. Queriam trabalhar no setor novo da loja. A Keyla falou que elas já estavam na lista e, se tudo desse certo, elas iriam trabalhar no novo setor sim. Com isso, ganhei mais quatro aliadas para me explicar as coisas. Mesmo as outras meninas foram muito gente boas comigo também, mas as quatro quase tomaram o lugar da professora da Keyla, que só olhava e ria.
O dia correu bem. Eu tinha achado até ligeiramente fácil o que a Keyla e as meninas me passaram, porém eu sabia que tinha que aprender muito na prática, porque eu iria lidar com o público e sabia que não seria fácil.
Quando encerramos o expediente, a Keyla pediu para eu ir para casa, porque ela iria fazer duas aulas. Seria muito mais prático eu ir e preparar nosso jantar do que ficar ali sem fazer nada durante duas horas esperando ela. Acabei concordando e fui para casa; ela voltaria de táxi. Durante a semana, pouca coisa aconteceu, a não ser que a Keyla começou a fazer as aulas de direção. Naty ligou para mim na quinta, logo que saí do trabalho e me despedi da Keyla. Ela disse que queria encontrar comigo e pedi para ela ir na minha casa depois de meia hora que eu já estaria lá.
Era 18 horas quando ela chegou. Eu não fazia ideia do que ela queria comigo, mas tinha me adiantado que era importante e urgente. Levei-a direto para a sala e nós sentamos. Ela foi logo falando.
Naty— Paty, eu preciso da sua ajuda. Você já namorou a Gabi e eu queria saber se você poderia me ajudar com umas dicas. Quero muito conquistar ela.
Patrícia— Nossa, você me pegou de surpresa agora! Bom, eu posso tentar te ajudar sim, mas primeiro queria saber o motivo de você querer conquistar ela. Não me leve a mal, mas sei que você nunca namorou. Sei que você dá prioridade aos seus estudos e ao seu trabalho nas redes sociais, e eu não quero ver a Gabi sofrer. Primeiro porque ela já sofreu o suficiente na vida, e segundo porque eu gosto muito dela.
Naty— Te entendo completamente, e você tem toda razão. Mas desde que a conheci, me encantei com ela. Mesmo antes de conversar com ela, aquela menina quieta que ficava sempre no canto me chamou a atenção. Depois que conversei com ela e a gente foi ficando mais íntimas, fui me encantando mais. Eu não vou afirmar que a amo, mas estou realmente sentindo algo muito forte por ela. Depois daquele selinho que você viu, esse sentimento só cresceu, mas eu simplesmente travo quando tenho a chance de falar isso para ela. Estou ferrada, né?
Patrícia— Acredito em você e você não está ferrada, e muito menos precisa de ajuda para conquistar ela. Seu único problema é a falta de coragem. 🤭
Naty— Você poderia me explicar melhor? Desculpe, estou nervosa e meio burra pelo jeito.
Patrícia— Kkkkk, tudo bem, vou te explicar. Você não precisa de ajuda porque já conquistou ela. Lembra do brilho no olhar que ela falou que nunca teve entre a gente, mas viu quando olha para a Keyla?
Naty— Sim, eu lembro. Mas o que tem isso?
Patrícia— Esse mesmo brilho ela tem quando olha para você. Você já a conquistou; só falta você criar coragem e se abrir com ela. Entendeu?
Naty— Você acha mesmo isso?
Patrícia— Tenho certeza. Conheço a Gabi muito bem; ela gosta de você sim. E acho que você também gosta muito dela, e não fui só eu que percebi isso. Pode falar com a Keyla que ela vai te dizer a mesma coisa.
Naty— Acho que sua ajuda foi muito melhor do que eu esperava. Obrigada, Paty! Ah, posso te chamar assim, né?
Patrícia— Claro, sem problemas, mas ainda não agradeça, porque eu ainda não acabei. Olha, pelo que a Gabi me falou, ela não teve mais ninguém depois de mim. Isso eu não tenho certeza, mas conhecendo ela, provavelmente não teve mesmo. Se eu estiver certa sobre isso, a Gabi ainda é virgem. Então, se tudo der certo e vocês começarem um namoro, vai com calma. Tenha paciência com ela, tá?
Naty— Putz, não tinha pensado nisso. Agora ferrou, temos um problema.
Patrícia— Como assim problema? Você tem algum problema dela ser...? Ah, acho que entendi... Mas como assim!?! É mesmo o que estou pensando?
Naty— Pela sua cara de espanto, é isso mesmo. Eu sou virgem também.
Patrícia— Por essa eu não esperava. 😳 Desculpe, não estou querendo te julgar, mas você vive beijando na boca por aí, vive no meio das festas, cercada de gente bonita.
Naty— Tudo bem, nem minha mãe acredita direito em mim quando falo isso, mas é verdade. Eu nunca namorei e nunca fiquei com ninguém tempo o suficiente para me entregar totalmente. Não sou nenhuma santinha; já rolou mais que beijos, sabe? Tipo, umas mãos bobas, umas saradas em banheiros. Já deixei duas meninas me tocarem, mas tipo penetração ou oral, nunca.
Patrícia— Mas isso não é um problema; isso é ótimo! Vocês podem descobrir esses prazeres juntas. E, se caso eu estiver enganada sobre a Gabi, ela vai ter paciência com você.
Naty— Mas se ela realmente for e na hora H a gente não souber o que fazer?
Patrícia— Ah, vocês vão saber sim. É só seguir o instinto. Vai por mim que isso não será um problema, a não ser que vocês o transformem em um.
Naty— Tomara que você esteja certa, porque se tem alguém com quem quero que isso finalmente aconteça, é com a Gabi.
Patrícia— Não pense muito na frente; primeiro vocês duas têm que se acertar. Fala com ela, Naty. Vai por mim, não tem motivos para você ter medo.
Naty— Acho que vou fazer isso.
Patrícia— Olha, a Gabi é igual à Keyla; são românticas. Leva ela a um lugar romântico ou prepara uma cena romântica para ela, um jantar à luz de velas ou algo assim que ela vai amar.
Naty— Pode deixar. Vou pensar em algo e, mais uma vez, obrigado por tudo. Eu sabia que você era uma garota legal desde que te vi naquela festa. Por isso, tentei alertar a Keyla, e eu tinha razão: você é muito gente boa, Paty.
Agradeci a ela pelos elogios, conversamos mais um pouco e ela se foi. Fui fazer a janta, que estava muito atrasada. Consegui terminar pouco antes da Keyla chegar. Ela foi tomar banho e a gente foi jantar. Quando contei o que tinha acontecido, ela ficou incrédula ao saber que a Naty era virgem. Minha conversa com a Naty foi o tema da nossa conversa o resto da noite.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper