Apostei meu cu virgem e perdi

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Gay
Contém 22937 palavras
Data: 24/11/2023 17:28:59

Apostei meu cu virgem e perdi

Quando o jogo acabou eu estava estarrecido e perplexo, aquilo não podia ter acontecido. Todas as probabilidades estavam a meu favor, mas no último instante a desgraça se abateu sobre mim. Meu time contava com o Marcelão, o Nando, o Pedrão e eu, não tinha como dar errado, estávamos com um saldo de seis gols de vantagem durante quase toda a partida, até a sorte virar faltando menos de dez minutos para o final do segundo tempo. No time adversário o Kadu dava como certa a nossa vitória, e se mostrava mais competitivo e raivoso do que nunca. Perder era uma palavra que não existia no dicionário dele, muito menos perder uma partida de handebol na qual eu me encontrava no time adversário. Ele encarava isso como uma dupla derrota, e isso bastava para que ficasse irritado durante dias a fio.

Quando vi o placar crescendo para o time dele e o tempo se esgotando, era o desespero que me movia no campo. Quem imaginaria o Marcelão se contundindo tão feio que precisou ser retirado de campo amparado pelos reservas faltando menos de sete minutos para o final. E, quem poderia supor que um desastre maior estava para acontecer a quatro minutos do final quando a diferença de gols já havia caído para dois. Cercado por dois adversários e tendo que passar a bola, pois já dera dois passos com ela tentando um arremesso especial a gol, o Pedrão chocou-se violentamente com ambos, perdeu o equilíbrio e bateu a testa na trave abrindo um corte no supercílio esquerdo que logo cobriu seu rosto suado com uma cortina de sangue, deixando-o caído e atordoado, antes de ser levado às pressas para a enfermaria onde precisaram dar oito pontos de sutura para fechar a laceração. Ficamos apenas com quatro em campo, uma vez que a substituição foi feita pelos piores reservas do colégio, aqueles que passariam todos os jogos sentados no banco ao lado do campo, não fossem aqueles dois infortúnios que vivenciamos naquele dia.

Quando do empate, o Kadu já me lançava aquele risinho sarcástico dele, comemorava a vitória por antecipação, enquanto eu dava todo o sangue em campo, pois meu ânus intocado estava na disputa como o troféu para o vencedor. Eu já não raciocinava direito, só conseguia ver a cara de deboche dele, perdi dois arremessos que, em outras circunstâncias, teriam sido gols certeiros. Então veio a hecatombe final, o juiz já segurava o apito para finalizar a partida, quando faltando algo em torno de oitenta segundos, o armador esquerdo do time adversário fez o arremesso da bola e a enfiou diretamente no gol passando por cima da cabeça do nosso goleiro. Um mísero gol, por um mísero gol feito nos segundos finais da partida eu perdi a aposta com o Kadu e, em breve saberia dizer o que é estar literalmente fodido. Enquanto o time dele comemorava, se abraçando e gritando palavras de ordem, os nossos jogadores desabaram sobre o gramado, eu entre eles, sentado com a cabeça entre as pernas, tentando entender o que tinha acontecido. Não tive ânimo para sair dali; meus amigos vieram prestar solidariedade, me abraçando e procurando amenizar a derrota com frases de efeito. O que eles não sabiam e nem desconfiavam era a extensão daquela derrota em específico.

O vestiário do colégio estava lotado quando cheguei quase cambaleando de tão exausto e frustrado. Os vencedores recontavam as dificuldades de alguns lances e se vangloriavam deles. Ao me verem entrando formou-se um silêncio quase sepulcral. Todos já sabiam da aposta, o Kadu não deixou por menos, foi sua maneira de se vingar de mim quando deixei, no início daquele ano, de jogar no mesmo time que ele. Me vi obrigado a tomar essa atitude, uma vez que ele era um péssimo perdedor sempre culpando os outros pelos fracassos do time que capitaneava. Cansei de ser esculachado em campo por ele quando as coisas ficavam complicadas ou quando perdíamos a partida. Como eu não era o único a enfrentar a sua raiva nessas horas, logo consegui formar um time que batia de frente com ele e, vencia a maioria dos jogos que disputávamos. Meu time era capitaneado pelo Marcelão, o primeiro dos descontentes que se juntou a mim quando saí do time do Kadu e, para piorar, por alguma razão que eu desconhecia, o Marcelão e o Kadu não se bicavam, eram desafetos notórios e já tinham se engalfinhado algumas vezes pelos corredores do colégio. Fora o Nando e o Pedrão que também tinham passado pelos esculachos do Kadu e não morriam de amores por ele. Ao nos unirmos, formamos um time praticamente imbatível, até aquela fatídica tarde de sábado quando tudo desandou.

- Você está ciente de que perdeu, não é, Nathan? – perguntou ele, quebrando aquele silêncio constrangedor que se formara no vestiário. – Isso significa que eu ganhei a aposta, tá ligado, né? Chegou a hora do pagamento! Foi o combinado, lembra, final de jogo dívida cobrada. – sentenciou, me encarando soberbo e triunfal. A galera ao redor só espiava para não perder nenhum lance, aquilo seria muito melhor do que qualquer vitória, seria uma epopeia sem tamanho, e todos esperavam pelo espetáculo que se desenrolaria em breve, como se fossem os antigos romanos no Coliseu, aguardando ansiosos as feras reduzirem os gladiadores a pedaços de carne espalhados pela arena.

- Não precisa me lembrar disso! Foi um puta golpe de sorte vocês terem vencido, pois jogaram mal a partida toda. Não fosse o nosso azar, vocês teriam perdido de lavada! – um pouco de dignidade ainda me restava e eu precisava jogá-la na cara arrogante dele.

- Alguém já disse uma vez – não importam os meios, o final é que conta – e o final, meu prezado Nathan, é que eu venci a nossa aposta e estou esperando pelo pagamento. – retrucou ele, não fazendo questão de esconder a ereção que havia se formado dentro do short dele.

- Eu te odeio, cara! Que merda é essa aí? – questionei, intimidado pela rola que se movia sob o tecido distendendo-o feito uma barraca.

- É o meu pau! O pau que vai foder essa sua bundinha gostosa do caralho! Não vai amarelar agora, não é? Dívida é dívida, precisa ser saldada, é bom não se esquecer! – revidou

- Não me esqueci de nada, seu traste! Eu só me pergunto como foi que eu concordei com toda essa merda? É sempre assim com você, parece que meu cérebro deixa de funcionar e acabo me deixando levar pelas tuas sandices. Você é um louco, sabia? Quem em sã consciência faz uma proposta indecente como essa aposta? Só um pervertido feito você! – despejei irado

- Não importa, o trato está feito! Eu espero que você seja honesto e cumpra a sua parte. – exigiu. Eu só conseguia ver aquele punhado de olhares esperando o desfecho da nossa discussão.

- Eu vou cumprir a minha parte, não pense que sou algum tipo de enrolão. Pois bem, que seja, e agora! – afirmei, inspirando fundo para criar coragem e desafiando a plateia ávida. – Vocês são piores do que aves de rapina, seu bando de pervertidos. A aposta não incluía um showzinho para esses depravados. – argumentei.

- Não fui eu quem os chamou, vieram por que ganhamos a partida! – exclamou o Kadu zoando.

- É o seguinte, vamos para a última cabine do banheiro, eu abaixo o short, você mete esse troço em mim, e tem dois minutos para fazer o que quiser. Vou ficar contando, quando chegar aos cento e vinte segundos você tira e a minha dívida com você está paga! Nem um segundinho a mais e, qualquer coisa fora disso eu encerro e não tem mais discussão! – impus.

- Mas que porra é essa? Cara, você perdeu, não vai ditar as regras! Não é assim que a coisa funciona! – exclamou zangado.

- É pegar ou largar! Não tem negociação! Seus termos foram – se o seu time perder, eu enrabo você no final da partida – é o que estou disposto a deixar você fazer, mas conforme eu expliquei. Não me venha agora com mais exigências, que isso não vai rolar. – devolvi impositivo.

- Puta merda, Nathan! Não foi isso que combinamos!

- O que combinamos? Você só disse que se o meu time perdesse, você me enrabava, nada além disso. Foi sim! Você só falou que ia me enrabar, não colocou nenhuma outra condição.

- O que eu vou fazer em dois minutos? Acha que eu sou coelho para dar uma rapidinha e já gozar? Também não pensei em fazer numa cabine de banheiro e em pé, que graça tem isso? – questionou, ao perceber que poderia ter sido mais específico em suas exigências.

- Gozar? Você só pode estar louco! Quem é que falou em gozar? Se qualquer vestígio do que sair do seu pinto encostar em mim ou ficar dentro de mim eu juro, Kadu, vou te dar tanta porrada que você nunca mais vai se esquecer de mim. Era só o que me faltava, ver você gozando! – revidei possesso.

- Então de que adiantou eu ganhar a aposta, se nem transar direito vou conseguir? Você está me enrolando, Nathan! Que merda, cara! Não foi assim que eu imaginei! – devolveu ele, irritado.

- Eu já disse, é pegar ou largar! E chega dessa lenga-lenga, vai cobrar a dívida ou vai ficar aí choramingando feito um molequinho marrento? – cobrei.

- Quer saber, que se foda! Assim eu não quero! Dois minutos, como é que se fode uma bunda como a sua em dois minutos? Não dá nem para sentir o gostinho do tesão! – reclamou.

- Bem! Se é assim, não tenho mais nada a fazer por aqui! A decisão foi sua, não se esqueça! Não venha depois dizer que eu amarelei ou que não me dispus a pagar a aposta. – sentenciei. – E para vocês, seu bando de tarados, vão ter que se contentar com algum filme pornô, porque aqui não vai rolar. Seu capitão não consegue dar conta do recado em dois minutos, precisa de uma eternidade para conseguir transar. – afirmei, encarando aquele bando de babacas tarados.

- Então é assim, Nathan? Pois saiba que não dou a aposta por quitada! Não mesmo, cara! – exclamou o Kadu, sem saber como agir.

A caminho de casa eu ainda me perguntava como havíamos chegado àquilo. Como pude ser tão imbecil e concordar com uma proposta tão infame? Por que eu não pensava com clareza quando o Kadu estava envolvido, o que me levava a escutar suas besteiras, por que me deixava envolver em suas negociatas? Não era assim quando nos conhecemos e, pouco depois, já éramos grandes amigos. Tudo fluía com naturalidade naquela época, tudo era tratado de comum acordo e sempre ficávamos felizes com o resultado. Então, por que agora situações bizarras como essa faziam parte de quase tudo no nosso relacionamento? Já não nos entendíamos como antes, e quase tudo acabava em discussões acaloradas, para dizer o mínimo, pois em certas ocasiões quase chegamos às vias de fato, como dois galos de rinha.

Faltavam duas semanas para o final do ano letivo. Após o jogo não nos falamos mais, era meio assim que a situação ficava depois dos nossos embates, nenhum dava o braço a torcer, cada um se fazia de magoado. Ao nos cruzarmos nos corredores do colégio ou na sala de aula, mantínhamos uma distância segura e uma reserva cautelosa para não acirrar ainda mais a questão. Geralmente era eu quem hasteava a bandeira branca para que tudo voltasse ao normal, mas desta vez ele tinha ultrapassado todos os limites, fiquei sendo o veadinho que, por conta de um jogo idiota, colocava o próprio cu na jogada. E o que não faltou naquele dia, ao final da partida, foi uma galera ensandecida querendo assistir o capitão do time de handebol do colégio comendo o cu do carinha que não se sujeitava às ordens e desmandos dele. Isso era muito melhor do que qualquer revista de mulher pelada ou de fotos explícitas de sexo, era melhor até que qualquer filminho pornográfico que a molecada exibia em seus celulares durante os intervalos das aulas e acabava postando para os demais alunos, nos quais a testosterona corria desenfreada nas veias e os levava ao delírio por qualquer coisa relacionada ao sexo. Porém, dessa vez, eu fiquei tão puto com o Kadu que decidi não perdoá-lo, se quisesse a minha amizade, teria que ser ele a me procurar.

Eu tinha plena consciência de ser um aborrecente, frequentava um psicólogo duas vezes por mês havia cerca de dois anos, quando os problemas de relacionamento dentro de casa se tornaram uma questão urgente a ser resolvida. Meus pais já não me entendiam, desconheciam aquela criatura sempre insatisfeita com o mundo que perambulava pela casa ou ficava horas trancada em seu quarto, ou que se socava como um lutador de boxe com o irmão três anos mais velho, do qual sempre levava a pior. Pais mais simplistas, ou com menos posses, teriam adotado o velho, consagrado e infalível método de meia dúzia de cintadas na bunda para moldar o caráter do adolescente problemático. Contudo, meus pais não eram assim, deixaram se influenciar por esses psicopedagogos lunáticos que escrevem tratados sobre aquilo que nem eles mesmo têm capacidade para compreender, e me levaram a um psicólogo achando que isso restauraria a harmonia dentro do lar. Para mim, aquelas duas sessões mensais de noventa minutos se afiguravam como mais uma tortura que me impuseram. Cá entre nós, não vou admitir que o sujeito até tinha umas boas sacadas, ele parecia saber exatamente o que acontecia comigo mesmo eu sendo quase monossilábico durante as sessões ou tendo chegado a mentir em algumas ocasiões. De um jeito misterioso, o cara parecia ser muito bom naquilo, não à toa meus pais deixavam uma boa grana na mão dele, o que poderia muito bem engrossar a minha mesada, se eu fosse um pouco mais esperto naquela época.

Embora meus problemas com o Kadu tivessem começado depois de eu começar a frequentar o consultório do psicólogo; eu, por um bom tempo, evitei de citar o nome dele, pois isso só complicaria ainda mais as explicações que teria que dar. E tudo começou exatamente no campo durante as partidas de handebol. O Kadu desde sempre foi o capitão do time, era um excelente armador e seus dribles e suas jogadas tinham alto percentual de gols, com o reconhecimento de sua superioridade em campo ficou egocêntrico e dominador, levando isso para fora do campo em todas as situações do cotidiano. Eu não ficava a dever nas habilidades em campo, e nem em outras, especialmente quando se tratava de tirar boas notas em todas as disciplinas. Mas era durante as partidas que o Kadu se achava superior a mim e, como fazia com os demais jogadores, me dava ordens como se eu fosse um completo idiota, e sempre nos culpava quando algum lance não dava certo ou quando, pior, perdíamos alguma partida para um adversário mais forte. Após uma dessas derrotas num campeonato intermunicipal para um time bem superior ao nosso, ele que já vinha nos esculachando durante toda a partida, me chamou de veadinho nos vestiários por eu não ter conseguido driblar um cara que tinha o dobro da minha compleição física. Furioso por termos perdido, aquela insinuação feita em tom de zombaria, me deixou cego e cerrando os punhos parti para cima dele debaixo dos chuveiros. Ele jamais esperou uma reação como aquela e, após o susto inicial, me conteve à força desfrutando de uns instantes de pura luxúria com meu corpo nu e molhado digladiando com o dele. Fomos apartados pela galera, mas algo incomum restou daquele embate e, acredito que nenhum dos dois lidou bem com essa situação que ficou.

Eu não me submeteria a ele por nada nesse mundo, já não o fazia com meus pais e meu irmão, quanto mais com um arrogante como ele. Ao passo que o Kadu parece ter sentido um prazer enorme ao me dominar, algo que satisfez seus mais primitivos instintos, embora ele não o admitisse, ou quisesse não admitir pois isso tinha a ver com a sua sexualidade e com a abundante testosterona que corria em suas veias. Foi isso que o fez pronunciar a famigerada palavra – veadinho – durante aquele sentimento de frustração pela perda da partida. Ele nunca a usara comigo antes, e eu estava disposto a não o deixar repetir nunca mais tal blasfêmia. A partir daí, tínhamos um problema. Para contornar a situação resolvi deixar o time e criar outro com todos aqueles jogadores que também já estavam cansados de serem repreendidos e humilhados por ele. Acabamos nos tornando o mais ferrenho time adversário dele e, me ver fazendo lances fenomenais no campo adversário e não ao seu lado como antes, o fez voltar seu descontentamento para fora do âmbito das quadras. Tenho plena ciência de que foi isso que motivou uma aposta ridícula como aquela na qual me deixei envolver. Algo me dizia que éramos como dois cães que não conseguiam estabelecer uma hierarquia para ver quem seria o dominante e quem seria o submisso.

Não sei como essa questão surgiu durante uma das sessões com o psicólogo, pois eu me policiava duplamente com relação a qualquer assunto que envolvia o Kadu.

- Você nunca havia mencionado esse Kadu! Pode me falar um pouco mais sobre ele? – quando o psicólogo me fez essa pergunta, percebi que tinha pisado na bola.

- Por que ele é um imbecil! – minha resposta saiu feito um tiro, antes de eu pensar sobre ela.

- Por que ele é um imbecil?

- Porque é! Não é o suficiente?

- Não, não é quando você omite o nome dele durante as nossas sessões, ou quando reage como reagiu há pouco. – sentenciou o sabichão.

- Como eu reagi há pouco? Só falei que ele é um imbecil! – retruquei, me achando mais esperto do que aquele par de olhos que me encarava como se tivesse descoberto um tesouro perdido no fundo do mar.

- Não me refiro a palavra que usou para descrevê-lo, mas ao sentimento que esboçou a citá-lo. – peguei no celular para ver as horas, ainda restavam quarenta minutos para o encerramento da sessão, não tinha como fugir, ele havia me encurralado.

- Que sentimento? Não sinto nada por aquele idiota! – Ah, adolescentes, como são tolos e ingênuos ao subestimarem a capacidade dos adultos.

- Deve sentir, pois caso contrário, não teria esse tipo de reação! – babaca dos infernos, o que você sabe sobre os meus sentimentos. Essa porra de sessão não acaba nunca, que merda.

- Sinto raiva, não o suporto! Pronto, era isso que queria ouvir?

- A raiva é um sentimento ambíguo, corre tão em paralelo com o amor que, em certas ocasiões, é difícil distingui-los. – mas que merda esse sujeito está falando? Se estiver insinuando que eu amo aquele desgraçado deveriam caçar esse seu diploma e todos esses outros certificados pendurados junto dele na parede, pois você é uma fraude, pensei com meus botões.

- Podemos falar de oura coisa? Senão não vou mais abrir a minha boca até dar o horário de eu me mandar daqui. – sentenciei. Ele só me encarou com um sorrisinho disfarçado e, pelos últimos vinte minutos não pronunciei uma única palavra sequer.

- Podemos, é claro! Mas seria interessante falarmos um pouco mais sobre esse Kadu. Ele me parece a chave de alguns dos teus problemas. – afirmou o psicólogo. Senão precisasse vir a essas merdas de sessões eu não teria problemas, conjecturei.

A porra desse sujeito tinha a capacidade de me fazer recordar nossas conversas por dias após cada sessão, seria uma boa se eu o pudesse estrangular, cara mais detestável. Eu amar o Kadu, de onde ele tirou tamanha idiotice? Só por que eu gostava dele antes de ele se transformar nesse completo babaca de agora; só por que ultimamente o corpão dele, que já sempre foi mais parrudo que o meu, começou a ficar coberto com todos aqueles pelos nos lugares mais apropriados deixando-o mais sexy do que nunca; só por que ele não parava de olhar para a minha bunda quando aquele bando de jogadores ia para debaixo dos chuveiros e aquele troço no meio das coxas peludas dele começava a encorpar obrigando-o a disfarçar e se apressar a sair dali? Não, eu nunca me deixaria impressionar por tudo isso, eu nunca ia deixar o Kadu me dominar, nunca.

Tem algo pior do que você sonhar com um cara que você detesta? Até isso resolveu acontecer comigo depois da briga por não ter conseguido cobrar a aposta. Dei para acordar de verdadeiros pesadelos com o Kadu. Ele não me enrabava só pela aposta, ele me enrabava nas mais diversas e bizarras situações e, enquanto eu quase podia sentir o tesão dele por mim, o meu corria solto e eu gostava do que estava sentindo. No meio da madrugada acordava sobressaltado, o corpo todo retesado, às vezes com o pau todo esporrado. Que merda era essa agora? A gente nem estava se falando, entramos em férias e nem trocávamos mais mensagens como antes.

Meu pai chegou em casa transbordando de alegria, fora promovido ao cargo de diretor que por alguns anos foi seu objetivo de vida. Deu a notícia numa reunião convocada com a mesma sisudez que teria feito na empresa.

- Com a promoção vieram também alguns novos desafios que envolverão a todos. Teremos que nos mudar para outro Estado. Nova casa, nova faculdade para você Thiago, novo colégio para você Nathan, novos ares, tudo novo! – exclamou deixando sua felicidade aflorar.

- Já comecei a pesquisar nas imobiliárias algumas casas que gostaria de visitar assim que chegarmos a Curitiba. – sentenciou minha mãe, a única que havia sido informada da promoção por celular poucos minutos depois de meu pai ter recebido a confirmação oficial. – Será maravilhoso, não é garotos?

- Vai ser fantástico! Vou pedir transferência para a universidade para onde foram alguns dos meus ex-colegas de colégio, vamos reaver a nossa antiga amizade. Não podia haver notícia melhor! – afirmou meu irmão que vira sua turma de amigos se desfazer ao entrarem em faculdades diversas.

- Mais essa! Será que alguém sabe jogar handebol naquela cidade? O que eu faço com os meus amigos? Vai ser um saco todo aquele blá-blá-blá para fazer novas amizades, eu gosto das que tenho não quero outras. Que merda! – quem me ouvia nem precisava ser muito esperto para saber quem era a ovelha negra da família. – E vocês esqueceram de um item importante, a porra do psicólogo, quem vai me acompanhar de agora em diante. – talvez eles desistissem da ideia de se mudar, em prol de conseguir a cura do adolescente inconformado.

- Também já tratei disso! O Dr. Júlio já me indicou três nomes de profissionais que estarão aptos a continuar te atendendo e para quem ele vai passar todas as informações que eles precisam a seu respeito. – afirmou minha mãe, que era ligeira em encontrar soluções para tudo.

- Não estou a fim de ficar contando a minha vida para um completo estranho! – afirmei, numa tentativa desesperada de mudar aquela situação irremediável.

- Você vive dizendo que detesta o Dr. Júlio, então mudar de profissional não vai fazer diferença! – exclamou meu pai. Não adiantava, eu podia espernear o quanto quisesse, meu destino estava selado.

Nos mudamos durante as férias de verão. Me despedi da maioria dos colegas pelo celular, pois quase todos estavam desfrutando as férias na praia ou em outros lugares com as respectivas famílias. Relutei em ligar para o Kadu, ainda estava puto demais para levantar a bandeira da paz, mas na véspera da viagem tentei ligar, ele não atendeu. Conhecendo-o como o conhecia, sabia que também continuava puto comigo por eu não ter deixado ele cobrar a aposta como queria. Que se foda, seu babaca. É assim que você quer, então será assim que termina a nossa amizade, ponderei ao decidir que não entraria mais em contato com ele.

O recomeço do meu último de ano de colégio em Curitiba foi menos traumático do que minha imaginação havia construído. Nossa casa era bem mais ampla que a anterior, ficava relativamente perto do colégio, o que me permitia ir de bicicleta para as aulas. A nova galera que conheci não deixava nada a desejar frente aos meus antigos colegas. O colégio era um dos poucos na cidade que tinha um time de handebol que já se saíra muito bem em campeonatos intermunicipais e estaduais, e no qual ingressei de pronto assim que o treinador viu as minhas habilidades. Por incrível que pareça, até a psicóloga era uma mulher com quem dava para conversar numa boa, sem parecer um adolescente problemático. Era realmente uma nova vida, e bastante boa como não demorei a perceber. Do Kadu nem me lembrava mais, ele foi caindo no esquecimento com o passar dos meses; ao menos era isso que eu pensava.

Quando ingressei na faculdade meu primo Henrique ficou umas semanas em nossa casa antes de conseguir alugar um apartamento. Ele havia conseguido um emprego como supervisor de produção numa multinacional automobilística, após ter concluído um curso técnico e a faculdade de engenharia. A idade dele era quase a mesma do meu irmão e, pelo escasso convívio que tive com a família da minha tia, mãe dele e irmã do meu pai, não tinha afinidade alguma com ele. Até não simpatizava muito com o jeitão dele, sem saber o porquê. Não gostava e pronto. Aliás, do que é que eu gostava nos meus tempos de adolescente? Nem da minha sombra para ser bem sincero.

Minhas sessões com a psicóloga começaram a lançar certa luz sobre quem eu era, muito embora eu relutasse com todas as minhas forças e convicções aceitar o que estava se delineando. Eu era homossexual e não me conformava com essa realidade. Quebrava o pau com quem afirmasse tal absurdo, não levava desaforo para casa, estava sempre batendo de frente com tipos do estilo Kadu que queriam ser os machos alfa. Não, eu não ia deixar nenhum tipinho desses me dominar, ou muito menos tentar. Será que é por isso que vivo brigando com o mundo? Quem me fez essa pergunta foi a psicóloga e eu imediatamente neguei. Porém, à medida que as sessões prosseguiam, eu mesmo me questionava e ficava cada vez mais convicto de que era um gay que não se aceitava.

O Henrique que veio morar conosco era um Henrique que eu desconhecia. Como aquele primo chato podia ter se transformado nesse macho tão lindo e sensual? Eu é que sei? Estou quase acreditando que seja gay, e aí me aparece esse tesão de macho para embaralhar ainda mais a minha cabeça avoada. Fingir que ele não existia seria coisa de criança, e só me tornaria mais ridículo, aumentando a opinião que toda a família fazia a meu respeito, a do moleque complicado. Portanto, resolvi ser diplomático, afinal ele não passaria mais do que algumas semanas conosco. Acontece que não foi tão fácil assim resistir à maneira gentil e atenciosa como ele lidava comigo e, muito menos, com aquele corpão seminu com o qual ele vinha ter comigo em meu quarto a fim de bater papo nas horas de folga ou jogar videogame. Por incrível que pareça, me afeiçoei a ele e começou a rolar um clima entre nós. Eu e meu corpo atlético desenvolvido nos jogos de handebol não lhe éramos indiferentes. Ou eu devia estar muito enganado, ou ele sentia tesão por mim, o mesmo tesão inconfessável que eu sentia por ele.

É estranho como nos submetemos, sem querer, a opinião dos outros, ao que pensam de nós, e deixamos de fazer coisas que nos dariam prazer se não fossem os olhares críticos das outras pessoas. Foi provavelmente isso que nos segurou durante aquelas semanas todas. Contudo, o vínculo havia sido feito e se estreitado entre nós. Quando encontrou um lugar para morar e se mudou, senti pela primeira vez um enorme vazio pela ausência de alguém.

- Essa é a quarta sessão em que você quase não fala, está triste? – que caralho de poção mágica esses psicólogos tomam para saber tudo o que se passa na mente da gente? É irritante!

- Não acontece nada de novo nessa minha droga de vida, o que eu posso falar?

- Tente falar um pouco sobre esse olhar perdido e triste, ele não estava aí há umas semanas atrás. – ela ia mesmo insistir nesse assunto? Que droga!

- Meu primo que veio passar um tempo conosco se mudou lá de casa. Era esse o objetivo desde o princípio, mas achei que ia demorar mais. – eu caía feito um patinho nas armações dela, e só me dava conta disso depois de já ter falado demais.

- Vocês são muito próximos? Sente a falta dele? – caralho mulher, pare de perguntar essas coisas!

- Não éramos, mas ficamos! Acho que sinto sim.

- Pode descrever como é a relação de vocês? – que relação, enxerida? Não tem relação alguma!

- Sei lá! Só gosto dele, é isso!

- Gosta como parente ou gosta como homem? – isso já é demais! Daqui a pouco você vai jogar na minha cara que eu sou gay. É melhor eu fechar essa minha boca, ou vou deixar escapar o que não devo. – Por que está em silêncio? Suas últimas palavras foram há mais de quinze minutos. – está me cronometrando?

- Não tenho uma resposta para essa pergunta. – afirmei sincero.

- Não há mal algum em você admitir que gosta de outro homem, especialmente se esse homem desperta desejos em você que o fazem se questionar sobre quem é. – ela sempre tem uma resposta na ponta da língua, deveriam decepá-la como faziam os antigos soberanos para que as pessoas que os cercavam não revelassem seus segredos.

- Eu sei quem sou!

- Não estou afirmando o contrário! – então o que está afirmando?

- Ele me faz sentir coisas. Coisas esquisitas que mexem com o meu corpo. – lá estava eu dando com a língua nos dentes outra vez.

- Você se refere ao tesão? Sente tesão pelo seu primo?

- É! Acho que sim! – agora fodeu de vez. Ela me arrancou essa confissão, e nem precisou me amarrar a uma máquina medieval de tortura.

- Sabe que isso entre primos é muito mais frequente de acontecer do que você pode imaginar? Não é nenhum crime! Vocês já falaram sobre isso? Ele sente o mesmo por você? – esses ponteiros da porra desse relógio que está atrás de você emperraram, só pode ser. – Minhas perguntas o embaraçaram? Ainda temos meia hora para o final da sessão, dá para você me contar muita coisa. – essa mulher é o demônio, só pode ser.

- Claro que não! Eu jamais falaria um troço desses com ele! E, sei lá o que ele sente por mim, não estou na pele dele!

- Não precisa estar na pele das pessoas para saber o que elas pensam sobre nós, há sinais que evidenciam isso. – afirmou ela

- Então acho que ele também gosta de mim. – se não era verdade, pelo menos seria bom imaginar que sim.

- Vocês ainda se encontram com frequência? Diga a ele o que sente, isso facilita as coisas.

- Não como antes, quando ele morava conosco, mas em muitos finais de semana ele aparece lá em casa, acho que ainda não fez amigos suficientes para ocupar todo seu tempo. – respondi. – Não tenho coragem, ele vai pensar que sou gay. – emendei, para concluir o pensamento.

- Ele pode já ter percebido isso, e também ficado receoso de abordar o assunto com você. Demonstre o que sente por ele, e deixe rolar! Não é assim que vocês falam? – eu apenas acenei com a cabeça, ela estava certa. Para desgraça minha ela sempre estava certa.

O destino conspirou a nosso favor. Eu estava sozinho em casa naquele final de semana, meus pais deram uma fugida rápida para São Paulo para rever parentes e meu irmão seguiu com uns amigos para a praia. O que me reteve foi a proximidade das provas bimestrais na faculdade.

O Henrique apareceu logo cedo, eu ainda estava na cama quando ele começou a buzinar feito um louco para me acordar. Fomos ao shopping fazer compras e almoçamos por lá mesmo. Quando chegamos em casa ele se pôs à vontade, mais do que o faria se meus pais estivessem em casa. E isso significa, para quem não sabe, colocar um short e nada mais. Ô tentação! De onde podia vir todo esse calor que percorria meu corpo de cima abaixo? Para quem não sabe, Curitiba é fria até no auge do verão, então por que eu estava sentindo tanto calor? Não era um calor comum, daqueles que vem de fora para dentro, o meu vinha de dentro para fora como se houvesse uma fornalha acessa nas minhas entranhas.

- Não está com calor? – perguntou-me ele, talvez notando que eu suava frio.

- Não! – menti

- Pois parece! Sua pele está queimando! Tem certeza que está se sentindo bem? – indagou. Com você quase pelado eu já não tenho mais certeza de nada, então não me faça perguntas que não dá para responder.

Esparramados sobre a minha cama, começamos a procurar por algum filme no streaming. Ele tinha o controle nas mãos e surfava por todas as categorias, deixava os primeiros minutos dos filmes escolhidos rolarem para ver se valia à pena continuar.

- Quer ver um filme de ação, de suspense, de mistério, policial, comédia ou pornô? – indagava enquanto apertava o botão do controle e as opções se sucediam na tela da TV.

- Tanto faz, escolha um do qual goste! – respondi, indiferente. Pois tudo o que eu queria assistir estava ali bem do meu lado, um tesão de macho quase nu com as pernonas musculosas e peludas de fora, um tronco maciço e mais que sedutor se movendo a cada movimento respiratório dele, umas mãos vigorosas com dedos grossos que certamente seriam deliciosas de sentir deslizando pelo meu corpo e, aquele salame grosso cujo contorno libidinoso se desenhava dentro do short.

- Que tal esse aqui? – perguntou, parando diante de um título na categoria romance, onde dois caras sem camisa se beijavam sensualmente. – Gosta de filmes água com açúcar?

- Por que eu haveria de gostar desse tipo de filme? – perguntei, já me armando para o ataque.

- Porque você é um cara sensível, esconde muitos dos teus sentimentos aí dentro, levanta barreiras quando se sente ameaçado, e finge ser quem não é! – afirmou, me cutucando o peito com dois dedos e, o mais notável, fazendo uma descrição perfeita de mim, como nem eu mesmo conseguiria fazer.

- Virou adivinho agora? – devolvi

- Não! Apenas sinto que tem muita coisa guardada aí dentro e gostaria de fazer parte do que carrega com você. – ele me encarava com uma expressão terna que me fez estremecer. – E aí, quer assistir esse, ou não?

- Pode ser! Você já assistiu? – perguntei sem olhar para ele, pois aquele olhar me deixou confuso.

- Não, claro que não! Por que eu assistiria de novo se já tivesse visto? Você tem cada uma, Nathan! – retrucou, deixando o filme rodar.

- Você me acha esquisito? – por que fiz uma pergunta besta dessas?

- Não, não acho! Acho você um garoto incrível, inteligente, sensível, meigo e, muito lindo; gosto de estar com você! – respondeu. Eu ganhei o dia.

- Só para constar, não sou um garoto, sou adulto! – afirmei dogmático.

- Que seja! – revidou, com um risinho de quem sabe ser infrutífero entrar numa discussão com um teimoso.

Nas cenas de sexo entre os dois protagonistas eu engolia em seco e ficava sem saber como agir quando o Henrique olhava na minha direção. O que deve estar se passando na mente desse safado, pensava eu. Havia tanta sensualidade nas cenas, tanta sensibilidade, a pureza de sentimentos resplandecia feito a luz do sol, quase dava para pegar o amor que estavam sentindo um pelo outro com as mãos.

- Tesão de filme, não acha? – perguntou-me enquanto ajeitava a rola dura no short.

- Nunca tinha visto cenas tão lindas! – respondi sincero.

- Eu adoraria protagonizar algumas com você! Teria coragem? – claro seu bobão, se você me segurasse em seus braços como estão fazendo na tela, eu certamente me apaixonaria por você.

- Sim!

- Sim? É sério? Gostaria de transar comigo? – ele ainda me encarava incrédulo, talvez nunca imaginou que palavras assim pudessem sair da minha boca.

- Muito!

- Nathan do caralho! Não está de gozação comigo, não é?

- Não!

- Desde quando me mudei para Curitiba venho sentindo que você ficou afim de mim, é maravilhoso saber que não estava enganado, por que eu também estou afim de você. – quem diria que eu algum dia estaria levando um papo desse naipe com outro cara?

- Eu gosto de você, Henri! Sinto tantas coisas por você que nem sei explicar direito. – revelei.

Aos poucos, já não olhávamos mais para a tela da TV, nossas mãos deslizavam pelos nossos corpos, os olhares fixos um no outro, brilhando; o desejo a nos corroer as vísceras e, aquilo se tornou inadiável. Meu primo se levantou do meu colo onde até então sua cabeça se achava deitada, levou uma das mãos ao meu rosto e o acariciou com suavidade, sua mão estava quente e eu rocei meu rosto nela. Ele sorriu. Aproximou-se devagar até sua boca cobrir a minha, os lábios úmidos tocaram os meus com ternura, eu paralisei. Aos poucos, como que sondando minha reação, ele começou a movê-los capturando os meus e prendendo-os entre seus dentes. A intensidade da pressão que a boca exercia sobre a minha foi aumentando junto com a respiração dele que ia se tornando cada vez mais audível e sôfrega. Isso era o tesão dele, quase palpável, que ia se intensificando à medida em que envolvia mais avidamente meu tronco e me inclinava sobre a cama, lançando simultaneamente seu peso sobre mim. Meu corpo começou a tremer, um tremor estranho quase convulsivo provocando fasciculações musculares involuntárias que indicavam o nível de estresse e ansiedade pelo qual eu estava passando com o corpão do Henri cerceando progressivamente meus movimentos e me enclausurando sob seu peso.

- Estou com medo! – eu era avesso a demonstrar fraqueza, mas a frase escapou sem controle.

- Eu sei! É por isso que está tremendo tanto? – indagou me encarando

- Acho que sim! Pode me soltar um pouco?

- Não! Quero te prender ainda mais, quero você, Nathan! – respondeu, erguendo meus braços até a altura da minha cabeça e deslizando suas mãos pesadas sobre eles, numa demonstração inequívoca de domínio.

- Posso ficar por cima? Fico agoniado quando tentam me dominar. – que bobagem eu estava falando, para que eu tinha que revelar essas intimidades?

- Não! Você vai ficar exatamente onde está, eu vou abrir as tuas pernas e me encaixar no meio delas, depois vou meter devagarinho meu pau dentro do seu cuzinho, que você vai manter bem arrebitado para receber meu cacete, vai doer um pouco no começo e você vai me dizer se não estiver aguentando que eu paro de enfiar no mesmo instante. Enquanto isso, você vai inspirar lenta e profundamente, se concentrar apenas na minha pica deslizando para dentro do seu cuzinho, relaxar e se agarrar em mim se precisar, pois eu serei a sua segurança, não vou te machucar, só vou entrar em você para descobrir tudo o que você é capaz de oferecer para um macho. – à medida que as palavras saíam da boca dele eu me arrepiava cada vez mais, ele estava me dando ordens, de maneira sutil é bem verdade, mas estava me dando ordens, estava exercendo seu poder de dominação sobre mim e, pela primeira vez, eu não conseguia esboçar a minha costumeira reação de explodir quando tentavam fazer isso comigo.

Era no olhar dele que estava a resposta; havia cobiça, havia desejo, havia carinho e tesão refulgindo nele, e isso foi me contaminando aos poucos, desencadeando os mesmos sentimentos em mim. Eu o queria mais que tudo naquele momento, eu queria o Henri todo dentro de mim.

- Promete que não vai me machucar? – a pergunta não passou de um sussurro, mas eu precisava fazê-la, uma vez que já tinha ouvido algumas vezes que levar uma rola no cu era algo muito doloroso. Meu primo apenas sorriu.

- Confia em mim, Nathan! Você precisa aprender a confiar nas pessoas, a aceitar quando te impõem condições sem logo reagir chutando tudo o que encontra pela frente. Todos, algumas vezes na vida, precisam se submeter a certa dominância. Isso não significa fraqueza, não significa que queiram te humilhar. Agora você vai ser bem submisso, vai me deixar conduzir as coisas sem questionar, vai entregar seu cuzinho para mim. – me explica como é que se confia em alguém que está prestes a meter um baita cacete no seu cu e continuar submisso acatando todas as ordens dessa pessoa, em especial, um macho do porte do Henri?

- Por que eu tenho que ser o submisso, e você em cima de mim, mandando e desmandando? – perguntei relutante.

- Porque é assim que eu quero! Sou bem maior do que você, tenho mais força, e você ainda não descobriu o seu lado submisso, por isso! Aposto que vai gostar quando descobrir todo potencial que está guardado nessa sua faceta que você luta para esconder do mundo. – sentenciou, o que me lembrou bastante do jeito de falar da psicóloga. O mundo estava a conspirar contra mim, só podia ser.

- Você é muito mandão! – devolvi, embora o calor que vinha do corpão parrudo e pesado dele já não me permitisse distinguir com exatidão o que eu queria.

- Sou! E você vai fechar essa matraca, fazer o que estou mandando, abrir e manter essas pernas bem abertas, relaxar o cuzinho e me beijar com o mesmo tesão que estava fazendo agora há pouco! – obedeci sem pestanejar.

Ele tirou minha bermuda junto com a cueca, e lá estava eu completamente nu tendo o corpo escrutinado por aquele par de olhos expressivos cheios de cobiça. Meu primo apenas baixou o short dele o suficiente para libertar o caralhão duro e melado e o sacão globoso. Por estar inclinado sobre mim, não pude checar os detalhes de seu falo, o que, de certa forma, foi bom, uma vez que teria entrado em pânico se tivesse sabido antes dele o enfiar no meu cu, que tinha mais de um palmo de comprimento, era tremendamente grosso e tinha uma chapeleta enorme e acintosa se destacando na ponta, semelhante a uma clava.

Os segundos nos quais ele ficou pincelando o pauzão babado no meu rego aberto, passando diversas vezes sobre a minha fenda corrugada de preguinhas, foram de um desespero agonizante. Minha respiração parava ao sentir a cabeçorra triscando a portinha latejante do meu cu, ocasião em que meu primo sorria sentindo que era naquele ponto que deveria forçar o cacete para entrar em mim. Enterrei as pontas dos meus dedos nos bíceps avantajados dele, e só conseguia devolver aqueles beijos vorazes que ele me dava. Eu gritei quando senti meu cuzinho se rasgando para deixar a cabeçorra entrar. Ele estancou, me encarou dominante e desafiador, eu tinha que capitular diante da ternura com a qual seu olhar me fitava. Minha respiração ficou suspensa durante uns segundos, eu perdido e com o medo exacerbado pela dor pungente se alastrando pela fenda anal distendida.

- Já vai passar! Eu avisei que ia doer. Você precisa relaxar, está apertando tanto meu caralho que vai acabar estrangulando o coitado! – sentenciou, o que me fez rir. O safado me tinha completamente a sua mercê e ainda fazia piada da minha angústia virginal.

- Tem certeza? Não vai me machucar?

- Tenho! Tanta certeza quanto dois mais dois ser cinco! – devolveu caçoando. – Confie em mim, Nathan! Você nasceu para isso, não lute contra a sua natureza, se entrega todo para mim, você vai gostar, eu prometo. – como ele podia ter tanta certeza? Estava no poder, estava arrebentando meu cu e, apesar disso eu não sentia vontade de brigar com ele, pelo contrário, queria beijá-lo, queria o sentir envolto pelos meus braços, entregue às minhas carícias, queria que ele me preenchesse ainda mais profundamente.

- Ai Henri! – gani tomado de um prazer único, quando o cacetão dele continuou deslizando cu adentro em curtas e abruptas estocadas que ele dava com todo cuidado e carinho.

Aquela tora de carne quente e pulsátil parecia não ter fim, abrindo caminho nas minhas vísceras e se alojando profundamente em mim preenchendo todo um vazio não só do meu ventre, mas de todo o meu ser. Meu primo havia se fundido em mim, éramos um único e agitado ser procurando pelo prazer. Nada que vivenciei até então se comparava aquela sensação de plenitude que eu estava tendo. Eu tinha um macho fogoso e dominador dentro de mim, e isso era simples e divinamente maravilhoso. O que ele murmurava junto ao meu ouvido com seus lábios molhados não eram mais ordens, e sim pedidos afetuosos de um macho sedento por tudo o que tinha a lhe oferecer. Obedecê-lo não era mais um ultraje, mas a forma mais carinhosa de lhe dizer o quanto gostava dele. Foi em meio a essa constatação e, ao mesmo tempo em que meus esfíncteres anais mastigavam compulsivamente dele cacetão intrépido que eu senti meu abdômen se retesando e expulsando um gozo farto e libertador. A porra só escorria sobre a pele afogueada do meu ventre, deixando seu aroma voluptuoso se espalhar pelo ar.

Meu primo continuou me fodendo, enfiando o caralhão no meu cu e o puxando para trás até ele ficar engatado só pela cabeçorra estufada num vaivém cadenciado e gentil. Mesmo assim, meu rabo parecia estar pegando fogo, o ardor ia se espalhando por toda pelve como se toda excitação dele estivesse entrando em mim. Eu o abraçava apertado, cravava meus dedos em suas costas suadas, arranhava-o com sofreguidão para liberar o tesão que me consumia, gemia sem parar, às vezes pronunciando seu nome quando uma estocada mais pungente comprimia minha próstata. O Henri grunhia, um grunhido selvagem e rouco por sentir todo aquele aconchego e receptividade no meu cuzinho virgem.

- Ah, Nathan! Quantos segredos você não guardou aí dentro, quanto carinho não está aprisionando aí dentro pronto para ser compartilhado. Você é puro tesão, puro prazer, Nathan! – ronronava ele, enquanto seus músculos se retesavam paulatinamente, até explodirem num urro gutural que ele liberou enfiando sua língua na minha boca num beijo lascivo e desesperado.

Os jatos de esperma se sucediam abundantes enchendo meu cuzinho até eu sentir a umidade viril e pegajosa dele escorrendo sobre a minha mucosa anal esfolada. Isso sim fazia jus ao termo felicidade, eu nunca a havia sentido tão plena antes, isso era certo. E, ao que tudo me indicava, pelo olhar doce e pelo sorriso genuíno dele, o Henri também não.

- Meu priminho rabudo do caralho, como você consegue ser tão pródigo e generoso com um macho na sua primeira transa? Como foi que eu nunca percebi isso em você antes, meu tesudinho gostoso? – ronronava ele, afagando meu rosto em jubilo. Eu lhe devolvia um sorriso aquiescente, e me perguntava na intimidade, como foi que nunca reparei que o Henri era um homem tão sedutor, viril e gostoso?

Nem tudo foi tão desprovido de consequências quanto o Henri quis me fazer acreditar antes de me enrabar. É certo que ele me avisou da dor, mas mesmo assim entrei em pânico quando fui descobrindo, estocada a estocada, a sua verdadeira intensidade. Também confiei que ele não me machucaria, mas depois que ele tirou o cacetão já à meia-bomba do meu ânus alguns minutos depois de findo o coito, e as gotículas de sangue que minavam das minhas pregas dilaceradas deixaram uma rodela bem visível sobre o lençol, soube que nem sempre se pode confiar num macho que está louco para te enrabar. Porém, até isso eu relevei agora que podia admirar todo o volume de seu membro pendendo pesadamente entre suas coxas musculosas, era um cacete cavalar, jamais teria entrado pelo meu orifício apertado sem causar algum estrago. O prazer de o sentir pulsando vigoroso dentro de mim compensava tudo, e ele sabia que eu o tinha perdoado pela mentirinha omissa. Mesmo o sêmen viril dele encharcando meu cu já não se afigurava como algo repugnante ejaculado no auge da perversão por um sujeito dominador que me manteve ao seu dispor. Era mais um presente, uma dádiva de um macho que me fez descobrir o prazer e a felicidade onde eu achava que só havia rebeldia.

Nos dois anos que se seguiram fizemos sexo e nos curtimos muitas e muitas vezes. O fato de ele morar sozinho facilitava as coisas, tínhamos onde nos encontrar, onde passar horas a fio um nos braços do outro, deixando o tesão unir nossos corpos até a exaustão. Também ajudou o fato de ele não ter um círculo grande de amigos com quem também pudesse sair. Isso só foi acontecendo com o passar dos meses, espaçando mais os nossos encontros, que também passaram a sofrer a influência das minhas obrigações cada vez mais exigentes com os trabalhos da faculdade. Eles não cessaram, mas foram abrindo brechas para que outras pessoas adentrassem aquele mundo que até então era só nosso.

- Só não vale se apaixonar! – disse ele certa feita, um tempo depois de termos transado, quando ele mantinha minha cabeça apoiada sobre seu peito e acariciava meus cabelos, enquanto eu brincava com os testículos dele, afagando-os suavemente com as pontas dos dedos.

Confesso que a princípio fiquei magoado com a afirmação dele. Ele estava me repudiando? Será que já explorou tudo o que queria, que perdeu o interesse por mim? Agora que me tirou a virgindade, me fez chupar e engolir diversas vezes o seu esperma cremoso sob um olhar triunfal, estava me dizendo que nosso relacionamento tinha limites a não serem ultrapassados? Era isso que faziam os machos dominantes após terem submetido os gays passivos às suas vontades e desejos? Então eu estava certo todo o tempo em não me sujeitar a eles, concluí apressado e erroneamente. Não, ele não estava me dispensando, não estava me rejeitando, não estava afirmando que perdera o interesse pelo que eu tinha a lhe oferecer. Estava só dizendo que não ficaríamos juntos pelo resto da vida, não nos moldes de um casal vivendo uma relação consensual. Quando compreendi o que ele quis dizer com – só não vale se apaixonar – soube que ainda havia um caminho pela frente que eu precisava trilhar até me encontrar comigo mesmo sem sofrer. Amei o Henri por me ensinar também isso, querendo me poupar de dissabores e me ajudando a crescer como ser humano. Cada transa nossa ganhou outros contornos, nos satisfazia e nos aproximava cada vez mais.

Só fui perceber o quanto ele estava certo quando, no terceiro ano da faculdade, precisei interagir mais com um colega de turma, o Theo, por conta de alguns trabalhos em grupo. Já no primeiro ano, não deixei de reparar que ele era um cara bonito, viril, com um corpão onde o que não faltava eram músculos, e dos bem desenvolvidos. Era um cara sempre na dele, como se se bastasse sozinho. Não corria atrás das amizades, elas é que se aproximavam dele lentamente, pois era de falar pouco. Comigo não foi diferente, constatando que era um macho desejável, logo intuí que não era para o meu bico. Não sei exatamente o que me levou a essa conclusão, talvez o fato de as garotas serem as que mais o disputavam, não sobrando muita chance para um gay como eu que mal sabia o que queria da própria vida e ainda tinha recaídas para se aceitar como tal. No meu caso, foi ele quem puxou assunto logo depois de nos conhecermos, mas como eu tinha lá as minhas reservas com homens do tipo dele, sempre conhecedores de seus atributos físicos e de sua condição de machos alfa, não fui muito receptivo e ele não insistiu nas abordagens. A formação do grupo de trabalho para uma disciplina voltou a nos aproximar, pelo menos teríamos que conversar sobre um assunto que era do interesse de ambos.

A primeira reunião para discutir como o trabalho seria conduzido aconteceu na biblioteca da universidade a partir do meio de uma tarde chuvosa, e se estendeu até a noite. Quando nos dispersamos, ele se demorou mais que os outros integrantes e acabamos ficando sozinhos na mesa que tinha servido de palco para os acordos. A chuva havia engrossado muito, um calor estagnado há dias a transformou numa tempestade, com direito a relâmpagos e trovões que sacudiam as vidraças da biblioteca. Eu estava sem carro, precisei cedê-lo à minha mãe quando o dela foi para a revisão. Portanto, minha única opção era ficar ali até o temporal passar. O Theo não se ofereceu a me dar uma carona, pareceu-me que estava contente com aquele arranjo providencial da natureza. Conversamos sobre diversas coisas, a maioria triviais, como se ambos estivessem sem coragem de entrar em assuntos mais pessoais e íntimos. No entanto, em certo ponto, ele fez a primeira pergunta menos formal.

- Te vejo sempre cercado de garotas, mas nunca soube se namorava alguma, posso ser indiscreto e perguntar por quê? – entrei em choque, será que na minha testa estava escrito – veado – e eu não sabia? A psicóloga já tinha me alertado sobre esse comportamento, de acharmos que os outros sempre sabem dos nossos segredos e que eu precisava trabalhar essa questão, pois sempre reagia de forma beligerante quando me via encurralado por perguntas desse tipo.

- E por que eu deveria namorar uma garota só por que tenho amizade com elas? – se estivesse diante da psicóloga ela teria me lançado aquele olhar de – eu não te disse – para me avisar que eu voltara a agir agressivamente.

- Não, não acho que deveria namorar algumas delas só por isso! É que você é um cara atraente, faz sucesso com elas, por isso achei que namorá-las era fácil para você. – respondeu.

- Me desculpe! Eu às vezes sou muito rude nas minhas respostas, não foi intencional. – fiquei encabulado pela maneira como ele me olhava, devia pensar que eu era um estúpido. – Eu deveria te fazer a mesma pergunta, também nunca te vi namorando uma. – emendei, para não parecer grosseiro.

- Tenho pouco interesse por elas! – exclamou objetivamente

- Como assim, não entendi! Não quer se casar, constituir família, esses clichês que todos almejam? – indaguei.

- Não é uma prioridade para mim! Gosto mais de carinhas como você! Vejo meu futuro mais ao lado de alguém com você do que com qualquer garota. – a firmeza com a qual me deu essa resposta me deixou sem chão. Como é que um machão desses afirma sem meias palavras que prefere outro cara a uma garota? Queria eu ser tão seguro e autoconfiante para revelar uma coisa dessas.

- Por que me citou especificamente? Tenho cara ou jeito de gay? – lá estava eu novamente a um passo de arrumar uma discussão só por que um homem másculo estava me dizendo que preferia carinhas como eu – carinhas – é sinônimo de veadinho, de gay – era isso que ele queria dizer.

- Não, não tem! Muito pelo contrário, você se esconde tanto atrás de um personagem que se não observarmos atentamente passa despercebido. – retrucou

- Andou me analisando? Faz anos que psicoterapeutas se encarregam de me analisar! – devolvi

- E já chegaram a uma conclusão?

- Basicamente estão me dizendo o mesmo que você acabou de mencionar. – admiti sincero.

- Então devo ganhar uns pontos por isso!

- Ganhar pontos?

- Sim, ganhar uns pontos com você! Ganhar a chance de te conhecer melhor, talvez ganhar a oportunidade de você olhar para mim com outros olhos. – esse cara sabe se impor, sabe o que quer. Por que sempre caio nas garras desse tipo?

- Não é meio presunçoso da sua parte me propor algo assim?

- Se for para você permitir que eu chegue em você, não, não é! – eu ri, o safado além de bonito tinha charme, era sexy, sabia dar uma cantada de deixar a gente empolgado. – Do que está rindo?

- Do seu jeito!

- Que jeito?

- Autoconfiante, meio presunçoso, muito atraente, bastante sexy! – respondi, fazendo surgir um sorriso por entre aquelas bochechas revestidas por uma barba cerrada por fazer.

- Viu, já te conquistei! – o safado era mesmo um descarado devasso, deliciosamente devasso.

Aceitei a carona que ele me ofereceu depois de ter conseguido o que queria. Minha casa estava completamente fora da rota dele, mas ele foi esperto o bastante para não me revelar isso. Na porta de casa, com a chuva tendo se transformado numa garoa fria, ele demorou a se despedir e, quando o fez, colocou a mão sobre a minha coxa, a fez deslizar rumo a virilha e depois me puxou pelo pescoço para um beijo que imaginou ser roubado, mas ao qual eu correspondi tão logo senti aquela língua vasculhando a minha boca.

- Sonha comigo! Te vejo amanhã, quem sabe até lá você não queira passar um tempo nos meus braços. – sentenciou provocante.

Pela primeira vez me vi diante de um dilema, Henri e Theo, para ser mais exato. Experimentar algo com o Theo me tornaria um traidor? O que diria o Henri se eu lhe dissesse que tinha conhecido um cara que estava me dando umas cantadas e que eu estava maravilhado com isso? Eu podia ser o cara mais confuso desse planeta, ter dificuldade em me aceitar, mas traiçoeiro e infiel eu não era, e não me tornaria um, só para ter sexo com um macho tesudo como o Theo. A cautela foi minha conselheira. Deixei as semanas correrem antes de deixar o Theo avançar para o território que tanto almejava.

Foi providencial o Henri mencionar a Karina e me perguntar, quando acordamos juntos na cama numa manhã de domingo quando eu ainda estava com toda a umidade dele alojada no meio das minhas coxas, e ele esfregava sua ereção matinal nas minhas nádegas como um gato pedindo carinho, se eu tinha interesse em conhecê-la.

- Quem é essa fulana? – perguntei, desconfiado de que deveria sentir uma ponta ciúme por esse nome.

- Uma garota que conheci há algumas semanas quando fui a um barzinho com a galera do trabalho. Ela é muito legal, vocês vão se dar bem. – respondeu.

- Como sabe que vamos nos dar bem? Eu nem a conheço, mas tenho a impressão que ela vai te roubar de mim. – não sei por que disse aquilo, mas foi o que estava entalado na minha garganta.

- Ciúme? – devolveu ele. – Nada de se apaixonar, não é essa a regra? – por que ele tinha que me lembrar disso justo agora?

- Não é ciúme! Você é muito do convencido! É sei lá .... é cuidado, eu acho, para que não entre numa fria. – foi uma justificativa bem capenga, mas foi a que surgiu no momento. Ele riu.

- Criativo você é, sem dúvida! Cuidado? É sério isso? Está cuidando de mim, ou está se mordendo de ciúme porque uma garota entrou na minha vida?

- Então ela já entrou na sua vida! Tão rápido assim? E você, quantas vezes já entrou nela? – retruquei

- Nenhuma! A Karina é para namorar, quem sabe para casar, se tudo der certo entre a gente. Não é para ir entrando assim logo de cara! – essa afirmação era mais estarrecedora ainda, ele estava gostando dela.

- Bom para você!

- É tudo que tem para me dizer, bom para você? – questionou

- Que saco, Henri! Eu gosto de você, estava indo tudo bem com a gente! Pensei que você fosse cuidar de mim! – exclamei inconformado

- Mas, desde o início fizemos um trato, não levaríamos o nosso relacionamento além do sexo, e você concordou! Pensei que isso tinha ficado bem claro! Além do mais, você não precisa que ninguém cuide de você, existe mais força aí dentro dessa sua cabecinha avoada e desse coração imenso do que você imagina. Não se desespere em encontrar o cara certo, quanto menos você esperar mais rápido ele aparece! – ele estava certo, tinha ficado claro. Aliás, esses caras sempre estavam fazendo tratos comigo e exigindo que eu os cumprisse, independente da minha vontade. De repente, me lembrei do crápula do Kadu e da aposta indecente que ele me fez aceitar.

- Você está certo! Foi o que combinamos. Só vou precisar de mais alguns anos de terapia para superar isso, mas tudo bem! – sentenciei chantageando, o que o fez rir e se atirar em cima de mim, enfiando no meu ânus, com uma estocada certeira, aquele cacetão duro que já o atormentava há horas.

- Tesão, você não existe! Feliz do cara por quem você se apaixonar algum dia! A sua hora de deixar a terapia está mais próxima do que você imagina! – exclamou, enquanto me fazia ganir, empurrando aquele mastro latejante e quente através dos meus esfíncteres.

No mesmo dia falei do Theo, o Henri pensou que eu estava contando sobre ele só para revidar e provocar alguma reação da parte dele. Quando percebeu que não se tratava de nenhuma vingancinha infantil, ficou um tanto quanto pasmo.

- Conheceu mesmo esse Theo?

- Claro! Acha que eu ia inventar um cara só para te dar uma revanche? Ele estuda na mesma turma da faculdade que eu, nos conhecemos há mais de dois anos.

- Por que nunca me falou dele?

- Porque até há pouco mal nos falávamos. Só começamos agora por conta de um trabalho em grupo. – esclareci

- E ele logo caiu matando em cima de você, assim, como quem não quer nada?

- Ciúme? – foi minha vez de não deixar a pergunta passar incólume.

- Ciúme, o caralho! Cuidado, é só cuidado! Até ontem você era completamente virgem, não sabe do que os caras são capazes. – justificou-se tão capengamente quanto eu o fizera. Eu precisei rir.

- Eu sei do que esses caras são capazes, tive um ótimo professor que nunca consegue deixar as minhas preguinhas inteiras quando me pega! – devolvi, pendurando-me sensual e provocante em seu pescoço, enquanto gingava o corpo roçando-o no dele.

- Ah, Nathan! Seu moleque safado! Gostou de dar o cu, não foi? Onde foi parar aquele primo que não queria ser dominado por um macho, onde foi parar aquele primo marrento que brigava até com a própria sombra para não ser subjugado? – questionou, amassando meus glúteos, chupando meu pescoço e deixando a pica crescer livremente em sua calça.

No fundo ele ficou feliz com o meu amadurecimento, quis conhecer o Theo, por via das dúvidas; e quando a sós, me confidenciou que o achou um cara sincero, senti que tinha o aval dele para dar mais esse passo. Eu também gostei da Karina, ela ia fazer meu primo feliz dava para sentir na maneira como ela olhava para ele, como se tivesse encontrado seu príncipe encantado. Eles noivaram um ano depois, estavam fazendo os planos para o casamento. O Henri e eu não transamos mais, tínhamos feito e curtido tudo o que foi possível nesse relacionamento singular. O tempo podia passar, mas aqueles momentos íntimos que tivemos juntos permaneceriam em nossas mentes pelo resto da vida, ocultos como um segredo que dois amantes jamais revelariam.

O Theo e eu passamos a tarde toda na minha casa envolvidos com o trabalho da faculdade, de todo o grupo, cinco pessoas, éramos os únicos a realmente se dedicarem para obter uma boa nota. Os demais, como é praxe nessas formações de grupo para trabalhos, apenas se encostaram no nosso esforço. Acabou se fazendo tarde, meus pais regressaram do trabalho, ele jantou conosco e voltamos à pesquisa depois disso. Ao nos depararmos com o adiantado da hora, sugeri que dormisse no quarto de hóspedes. Ele relutou por educação diante do convite reiterado pela minha mãe, mas no fundo gostou da ideia, já tramando uma escapulida para o meu quarto que ficava bem ao lado e, com um pouco de sorte e muito tesão, talvez fosse parar na minha cama enroscado comigo.

- Não é incomodo? Minha casa não é longe, não quero abusar da gentileza com a qual me receberam e trataram. – retrucou à minha mãe após o convite.

- Passa da uma da manhã, vocês já deveriam estar dormindo. Não tem aulas amanhã cedo? – questionou ela quando veio ao nosso encontro depois de acordar e perceber que ele ainda estava comigo.

- Sim, temos! Acho melhor eu voltar para casa, também já devem estar me procurando. – disse ele, me encarando só para ver qual seria a minha reação.

- Deixa de ser bobo! Vem, vou ajeitar o quarto de hóspedes enquanto você avisa sua família. – determinei.

- Anda Nathan! Para a cama, os dois! Depois dormem durante as aulas e não sabem por que tiram notas baixas! – minha mãe ainda agia como se eu fosse uma criança e, embora o Theo tenha achado graça da maneira como ela lidava comigo, estava todo esperançoso em tirar proveito daquela situação.

- Vai ficar bem aqui? Coloquei toalhas no banheiro se quiser tomar uma ducha antes de deitar. Se precisar, estou aqui ao lado. Boa noite! – sentenciei quando o instalei no quarto.

- Está tudo ótimo! Ficaria melhor se essa cama fosse dupla e você estivesse ao meu lado me ninando até eu pegar no sono. – devolveu ele, sem disfarçar o tesão.

- Sei! Alguém ainda cai nessas suas cantadas baratas? Ninar você, era só o que me faltava, um marmanjão brutamontes desse tamanho! – exclamei, embora a ideia de passar a noite enlaçado naquele corpão musculoso seminu fosse de atiçar qualquer um.

- Os brutos também amam! E com você, eu jamais seria bruto, ia ser cuidadoso e cortês. – respondeu, quando já estava só de cueca e bolinando com aquele volumão que estava dentro dela. Saí do quarto quase correndo, antes que a tentação me levasse a fazer o que não devia.

Meti-me sob a ducha assim que cheguei ao meu quarto, achando que com isso aqueles fogachos que afogueavam meu corpo fossem ceder. No entanto, deu-se exatamente o contrário, a água morna que descia sobre a minha pele me atiçava como se fossem aquelas mãos vigorosas do Theo percorrendo-a com sensualidade. Meu pau endurecia, eu precisava me masturbar, precisava fazer aquele abrasamento arrefecer ou não conseguiria conciliar o sono. Nem mesmo a porra esguichando em jatos para todos os lados aliviou meu tesão. Eu rolava de um lado para o outro sobre o colchão sem encontrar uma posição, sem encontrar o lenitivo do qual precisava, pois ele estava no quarto ao lado, no meio das pernas viris e peludas do Theo.

- Tudo bem aí? Precisa de mais alguma coisa? – perguntei, ao entrar de mansinho no quarto onde ele jazia tão ou mais afogueado do que eu todo esparrado sobre a cama.

- De você! – exclamou sem pestanejar. Era o que eu queria ouvir, sem dúvida, mas era o certo a se fazer? Especialmente na casa dos meus pais, com eles dormindo a curta distância e podendo nos flagrar em plena bandalheira?

Ele se sentou atravessado na cama, costas encostadas na parede, pernas pendendo para fora e, aos poucos, foi tirando o virol que cobria parte de seu abdômen e coxas. A gigantesca ereção que devia estar ali há algum tempo, fez com que a cabeçorra arroxeada apontasse para fora do cós da cueca. Eu mal consegui engolir a saliva que tinha na garganta quando me deparei com aquela maravilha. Ele me encarava esperançoso e cheio de tesão. Eu também não usava nada mais que a cueca cavada que deixava boa parte dos meus glúteos expostos, enquanto parte do tecido já havia sido engolido pelo rego. Caminhei até ele avaliando o quão imoral seria fazer o que estava querendo fazer sob o teto familiar e, o quanto queria aquele macho que ardia de tesão por mim e não escondia sua tara pelo meu corpo. Aproximei-me dele, fui me ajoelhando entre suas pernas abertas apoiando as mãos sobre as coxas peludas e comecei a sentir o aroma almiscarado do sumo que aflorava e melava a glande protuberante dele. Ele me puxou pelos ombros, juntou sua boca à minha e enfiou devassamente a língua dentro dela, como se estivesse se apossando do meu ser.

- Me chupa, Nathan! Engole a minha rola com esses lábios e me chupa! Não suporto mais estar perto de você e não poder sentir seu toque, não poder te apertar em meus braços, não poder entrar todo em você! – sussurrava ele, deixando a volúpia falar por ele.

Beijei-o ao longo da trilha de pelos que descia por seu tórax e abdômen até a virilha, ele suspirava agoniado a cada toque molhado dos meus lábios sobre sua pele. Coloquei a mão sobre a ereção que latejava afobada e a acariciei, antes de retirá-la delicadamente da cueca. Os olhos dele não se desprendiam de mim, do que minhas mãos faziam, do contorno da minha boca que lhe parecia cada vez mais sedutor com a proximidade de seu falo intrépido. Depositei um beijo bem suave sobre a glande exatamente na desembocadura da uretra por onde minava aquele sumo translúcido, viscoso e perfumado.

- Cacete, Nathan! Isso vai acabar comigo! Tenha misericórdia, caralho, que boca macia! – grunhiu ele, deixando o ar escapar por entre os dentes.

Segurando o caralhão numa das mãos, comecei a chupar, lamber e mordiscar aquele tronco de carne maciço, rijo e quente sorvendo todo o melzinho salgado que ele vertia em abundância. Na palma da outra mão eu apoiava o sacão, ao mesmo tempo que o massageava e brincava com os dois colhões abarrotados que se moviam dentro dele. O Theo tinha uma pica saborosa, quando eu parava de chupar por uns segundos para pegar fôlego, um fio translúcido se formava ligando meus lábios à glande protuberante dele. Eu voltava a chupar encarando-o e em seu rosto exultante resplandecia o êxtase que meu boquete estava lhe provocando.

- Não para, Nathan! Não para! Me chupa, chupa Nathan! – implorava ele ronronando de tesão, e me agarrando pelos cabelos.

Eu praticamente não tirava a verga pulsátil da boca, lambia-a com voracidade, chupava-a com avidez, mordiscava-a com suavidade percorrendo toda sua extensão até abocanhar as bolas do saco dele e massageá-las com movimentos da língua. O prazer que os gemidos contidos dele me proporcionavam não tinham paralelo. Concentrado em dar prazer àquele caralhão eu acariciava com a mão espalmada sobre o abdômen dele os pelos pubianos densos, deslizando com as pontas dos dedos delicadamente entre eles. O Theo mal conseguia ficar parado, se movia e se agitava erguendo a pelve e as nádegas grunhindo feito um touro insaciado. Como uma onda se formando lenta mas consistentemente, a musculatura pélvica dele começou a se retesar, eu a sentia rija sob a palma da minha mão, os espasmos aumentavam mais rápidos, mais fortes. O Theo lançava o olhar para o teto, gemia meu nome, segurava a respiração e, num rompante, deixou escapar um urro rouco, e junto com ele veio o primeiro jato de esperma para dentro da minha boca. Engoli-o prontamente, embora o segundo e o terceiro viessem tão seguidos que parte deles vazou dos meus lábios. O Theo ejaculava em êxtase, perdido naquela onda de prazer que percorria seu falo, enquanto eu devorava todo seu néctar cremoso e viril.

- O que foi isso, Nathan? O que foi isso? Misericórdia, que delícia! Nunca me mamaram desse jeito, com tanto afinco e carinho, cacete Nathan! E você engoliu tudo, seu safado! Engoliu minha porra! – balbuciava ele, ainda deslumbrado pelo prazer.

- Você é delicioso, sabia? – devolvi, quando ele me puxou contra o tronco dele.

- É, sou delicioso? Gostou da minha porra? – indagou embevecido

- Muito! E desse bichão babão também, muito, muito, muito! – murmurei categórico, o que o fez tomar meu rosto entre as mãos e me beijar com sofreguidão, enquanto me inclinava sobre a cama, abraçava meu tronco e prendia uma das minhas pernas entre as dele.

- Fica aqui comigo! Não me deixe, não me deixe nunca mais! Quero você para mim! – balbuciava ele, me apertando com força enquanto acoplava seu corpo quente ao meu.

Adormeci ali, sentindo o ar tépido de sua respiração roçando a pele da minha nuca, enquanto suas mãos bolinavam com meus mamilos, e seu cacetão arrefecido e satisfeito pendia sobre meu rego apertado.

Despertei assustado demorando a perceber que não estava no meu quarto e que havia um corpão quente colado no meu.

- Theo! Theo! Acorda, Theo! Perdemos a hora! – exclamei apavorado, pois àquelas alturas meus pais já deviam ter estranhado o meu atraso e, provavelmente, já tinham ido me procurar em meu quarto e não me encontrado.

Eu estava fodido, sem nem mesmo ter sido enrabado, mas sabia que estava fodido. O que eu ia dizer, que justificativa daria para não estar na minha cama, que explicações daria para aquilo que eles já deviam estar suspeitando?

- Vai dar ruim! – exclamou ele, quando se viu completamente desperto e ciente de que pisamos na bola.

- Já deu, pode ter certeza! – devolvi, com a voz insegura e trêmula.

- Nunca trouxe outro cara para dormir com você? – perguntou ele, embora eu tenha achado a pergunta descabida diante da situação que teríamos que enfrentar.

- Não no mesmo quarto, não na mesma cama! Meus pais não sabem que sou gay, nunca me abri com eles. Caralho, Theo, o que eu vou dizer quando descermos e eles começarem a me encher de perguntas? Estou fodido! – eu estava tão apavorado que nem conseguia raciocinar direito.

- Em último caso, a verdade! Estarei ao seu lado, vamos encarar isso juntos, não vou te deixar na mão, juro! – eu não sabia se ele era louco ou se só estava fingindo ser.

- A verdade? Meu pai vai me matar quando souber que sou gay! Não vai haver explicação convincente que o faça aceitar que transei com outro homem debaixo do teto dele. – devolvi, certo de que minha vida estava por um fio.

- Literalmente, não transamos! Você só me chupou, e como chupou! Até agora continuo nas nuvens com essa mamada do caralho! – retrucou

- Você entendeu o que eu quis dizer! E, pelo amor de Deus, não brinque com uma situação como essa! Estou fodido, Theo, fodido, entende?

- Não adianta ficar tão desesperado, você só vai piorar as coisas, dar mais bandeira, fazer eles terem certeza de que rolou alguma coisa entre a gente. Se acalme! – ele me tomou nos braços e afagou meu rosto contraído e aflito, mas eu só conseguia pensar na desgraça que estava prestes a acontecer quando chegássemos lá embaixo.

- Estão atrasados! Bem atrasados! – sentenciou meu pai, nos encarando como se fossemos dois criminosos. – Não sabem o horário dos seus compromissos?

- Fomos deitar tarde, acabei perdendo a hora! – justifiquei, sem coragem de encará-lo. O fato de a minha mãe se manter calada só serviu para eu ficar ainda mais preocupado. Eles sabiam que eu não dormi no meu quarto e por isso perdi a hora, pois o rádio relógio da cabeceira tocou o alarme como todos os dias.

- Então apressem-se, ou vão perder mais aulas! – meu pai estava calmo demais, o que era assustador, para dizer o mínimo.

- Viu como não foi um bicho de sete cabeças! Seus pais estavam numa boa, nem devem ter percebido o que aconteceu. E eu acabei perdendo a chance de te enrabar agora pela manhã, meu pau está trincando de tão duro. Eu já estava todo encaixado na sua bunda, era só dar uma metidinha e colocar o bichão lá dentro!

- Você pirou? Só consegue pensar nisso? Cara, eu estou fodido! Você acha que essa calmaria toda deles foi normal? Vão me trucidar quando eu voltar, pode ter certeza! Eles sabem, eles sabem de tudo, merda! – devolvi agoniado

- Sabem de tudo o que, Nathan? Não aconteceu nada, não transamos! Foi só uma mamada, uma mamada deliciosa, mas só uma mamada! Não sofra por antecipação.

- Não é você quem está na minha pele, é fácil falar! Aliás, nem vai mais haver pele quando eles me pegarem! – ele não conseguiu disfarçar o riso. – Vou te matar, tudo culpa sua e desse pintão! – acrescentei, esmurrando o ombro sólido dele.

O sermão, a bronca, as objeções pelas quais eu esperava não vieram. Se isso era algo para eu não me preocupar eu ainda não sabia. Esse silêncio dos meus pais podia ser bem mais perigoso do que todas essas coisas juntas. De qualquer maneira, me senti aliviado por não ter que dar explicações sobre o lugar onde passei a noite. Quando contei ao Theo que tinha saído ileso da inquisição, ele tirou uma com a minha cara alegando que eu fazia drama por qualquer coisinha.

- Quando vai ser a próxima? Não vejo a hora de sentir sua boca me mamando de novo! Dessa vez também vou querer seu cuzinho, você ficou me devendo! – alegou o sacripanta tarado

- Você só pode estar de brincadeira! Não pensa noutra coisa que não seja sexo? Não foi por que dessa vez escapei vivo que de uma próxima não vá me ferrar! – retruquei, o que lhe devolveu aquele jeito safado de caçoar dos meus receios.

- Você me deixa maluquinho com esses seus medos, sabia? Fica ainda mais tesudo quando está apavorado com medo de ser flagrado fazendo o que de melhor duas pessoas podem fazer, trepar até estarem saciados! – devolveu ele.

Aconteceu poucos dias depois, mas na casa dele. Ainda por conta do trabalho da faculdade, ele me arrastou até lá numa tarde em que ninguém estava em casa. Nem chegamos a abrir os notebooks para a pesquisa. O que ele abriu minutos depois que entramos no quarto dele foram os botões da minha camisa para ter acesso aos meus mamilos. Quando abocanhou o primeiro deles e com aquela sua língua voraz começou a lamber e circundar o biquinho saliente da minha teta, eu perdi todo o senso racional e me deixei levar pelo tesão que arrebatava meu corpo. Tudo se tornou obscuro depois de ele tirar a camiseta que estava usando e expor o peitoral cabeludo. Só me lembro vagamente de acariciá-lo e depositar uma série de beijos sobre ele, seguindo sensualmente para baixo em direção ao abdômen e à virilha, que ele logo tratou de exibir abrindo a braguilha às pressas quando percebeu aonde eu queria chegar com aqueles beijos libidinosos. Chupei-o com a mesma tenacidade da primeira vez, ainda me lembrando o sabor amendoado de seu néctar leitoso. Ele só grunhia, não tirava os olhos da minha boca trabalhando seu membro, que eu mal conseguia mover de tão duro. A nebulosidade sobre minha consciência começou a baixar quando já me encontrava completamente nu, e suas mãos dele percorriam meu tronco, costas, bunda e coxas abrasando a pele com sua cobiça explícita.

- Ai, Theo! – sussurrei extasiado quando a ponta da língua úmida dele rodopiou sobre a minha fenda anal, por uns breves segundos pensei que ia desfalecer de tanto tesão.

Ele me lambeu vorazmente, atiçando meu cuzinho que não parava de piscar; mordeu meus glúteos cravando a marca de seus dentes neles, enquanto eu me agitava sobre a cama como se estivesse convulsionando. Ele veio me cobrindo com seu corpo aos poucos, murmurando seus desejos para comigo à medida em que seus beijos subiam pelas minhas costas, alcançavam os ombros e a nuca.

- Fala para o seu Theozão aqui o que você quer dele, fala Nathan! Pede para eu colocar meu pau nesse cuzinho macio, pede Nathan! Eu sei que ele está pedindo pela minha rola, eu vi como ele está piscando todo assanhado. – ronronava ele, enquanto esfregava sua ereção no meu rego.

- Ai, Theo! Eu quero, Theo! – gemi alucinado pelo tesão de sentir o quanto ele me desejava.

- Quer o que, Nathan? Fala para mim o que você quer, fala! – ele sabia preparar suas presas, sabia como aniquilar qualquer outra vontade delas que não fosse a de ser predada por sua tara.

- Quero você! Quero sentir sua pica no meu cuzinho! Me fode, Theo, me fode! – supliquei gemendo.

Nem havia terminado de suplicar quando ele meteu a chapeleta estufada do caralhão no meu buraquinho anal, estirando as pregas além de sua elasticidade. Meu grito ecoou pelo quarto sinalizando a posse, o que fez soltar o ar entre os dentes e se agarrar ao meu torso, enquanto eu rebolava sob o peso do corpo dele facilitando o deslizamento do cacetão para dentro do meu rabo estreito.

- Tesudo! Tesudinho, sente teu macho assenhorando-se desse cuzinho quente e macio, sente! Ele agora é todo meu, só meu, Nathan! – balbuciava ele, movendo a pelve com estocadas firmes, mas gentis, o que amenizava um pouco a dor da penetração que ia dilacerando meus esfíncteres à medida que se consumava.

Aquela posse, com ele exercendo total dominância sobre mim, se afigurava como mais um exercício para que eu me deixasse domar, algo que sempre relutei permitir. Meu primo Henri tinha sido o primeiro a me doutrinar nessa arte, e agora o Theo o fazia com a mesma habilidade, a ponto de eu a aceitar sem questionamentos ou revolta. Esse era um tipo diferente de subjugação, não aviltava, não me roubava a autoestima, não me degradava; era sim, prazerosa, fácil de aceitar, era mais uma troca de sensações e prazeres do que uma sujeição impositiva. O Theo meteu em mim socando profundamente o caralhão no meu cuzinho num vaivém rítmico que se acelerava à medida que o tesão de ambos caminhava para o clímax. Eu gania com as estocadas mais potentes que exacerbavam a dor que invadia minhas entranhas, enquanto ele grunhia junto ao meu cangote, soltando o ar como um touro bufando. De quando em quando ele parava, o cacetão dele estremecia dentro da minha carne me enchendo de prazer. Durante um desses intervalos, ele tirou rapidamente os dois dedos que mantinha na minha boca e que eu chupava alucinadamente enquanto tinha o cuzinho bombado, virou meu rosto e cobriu minha boca com um beijo cheio de sabor. Eu me esporrei todo. Retribui o beijo na mesma intensidade com os sentimentos explodindo no meu peito feito fogos de artifício. Ele ronronou meu nome e um – te amo – que definiu nossa relação daquele instante para frente. Os impulsos abruptos recomeçaram, o cacetão entrava e saia novamente através dos meus esfíncteres distendidos e aos poucos começaram a truncar, a virem acompanhados de todo um estremecimento do corpão dele e numa enterrada profunda e final ele se despejou todo dentro de mim alagando meu cuzinho com sua porra leitosa e morna.

- Nathan! Nathan, caralho, que rabo é esse? Que cuzinho apertado e delicioso da porra você tem, meu putinho! – grunhiu ele, enquanto liberava sem controle o gozo prazeroso que geria seu corpo.

A partir dali começamos a namorar, uma relação discreta, cercada de cuidados para que não fosse alvo de críticas, mas que não perdia nada em relação a força do que sentíamos um pelo outro. Eu me apaixonei pela maneira como ele cuidava de mim, como me transmitia segurança, como me protegia e cercava de pequenos mimos. Descobri, afinal, que ser dominado na cama não significava que eu tinha que me submeter incondicionalmente a um homem numa relação. Isso fez aflorar em mim um lado extremamente carinhoso, eu me sentia gratificado por poder acariciar, e fazer pequenas coisas para agradar o Theo, coisas que o faziam se sentir enaltecido e querido.

- Nunca ninguém tinha sido tão carinhoso comigo, nem mesmo as garotas com quem fiquei! Sabe que estou apaixonado por você, não sabe, meu tesudinho? – costumava repetir quando deitava a cabeça no meu colo ou no meu peito e eu o ficava afagando com as pontas dos dedos.

Achamos que estávamos flutuando num céu de brigadeiro, tudo corria tão bem que negligenciamos um pouco a cautela em esconder nossos sentimentos para o restante do mundo. Não fizemos nada de exibicionista, mas durante uma estadia da minha avó em nossa casa, as coisas sofreram uma reviravolta inesperada.

A mãe do meu pai era uma mulher de princípios rígidos, muito crítica, homofóbica de carteirinha, devido a um sobrinho gay que havia maculado o nome ilibado da família quatrocentona. Meu pai, por ser o mais novo de seus três filhos, tinha uma série de restrições quanto a maneira como ela tratava as pessoas. Desde o início do casamento, meu pai a proibiu de opinar sobre os assuntos de nossa casa, não admitia que ela fizesse qualquer tio de comentário a respeito da minha mãe, e exigia que ela se restringisse a uma visitante respeitosa quando estivesse em nossa casa ou com qualquer um de nós. Mesmo assim, ela às vezes fazia insinuações que levavam meu pai a ter discussões acaloradas com ela, e muitas vezes impedir que ela nos visitasse para evitar aborrecimentos.

Não sei como ela desconfiou de mim e do Theo, talvez a experiência anterior com o sobrinho homossexual a tivesse levado a nos observar com mais cuidado e apuro. Não demorou para ela questionar a minha sexualidade. A primeira vez, se dirigiu diretamente a mim quando nos encontrávamos a sós. Fiquei tão furioso que a mandei à merda, pois nunca tive afinidade com ela e nem gostava dela, pelo que presenciei ao longo dos anos. Aviltada, ela não deixou barato, começou a fazer intrigas pela família levando as insinuações adiante, até chegarem aos ouvidos do meu pai.

Fazia uma semana que ela estava hospedada conosco, meu irmão e eu não víamos a hora da velha se escafeder, minha mãe estava no limite da paciência e, até meu pai, já se mostrava saturado com a presença inconveniente dela. Era um domingo ensolarado e ameno, alguns amigos dos meus pais haviam sido convidados para um churrasco que meu pai gostava de comandar. Eu havia convidado o Theo, pois quase não nos desgrudávamos para nada. Quando todos já haviam comido e conversavam na área próxima do quintal, o Theo e eu seguimos para o meu quarto.

- Essa cama e esses travesseiros com o seu cheiro estão me enchendo de ideias e recordações! – disse ele, enfiando uma das mãos pelo cós da bermuda para ajeitar uma ereção em curso.

- Pode tirar o cavalinho da chuva! Com a casa cheia isso seria uma sandice! – devolvi, o que não o desestimulou

- O perigo deixa tudo mais excitante! Me faz um boquete! Rapidinho, olha como meu pau está melado esperando sua boca lamber tudinho. – provocou

- Guarda esse troço, ficou louco? – retruquei quando ele tirou o cacetão para fora

- Vai me dizer que você não está salivando de vontade?

- Não interessa, não vai rolar! Bota isso de volta na bermuda!

Ele não só não me obedeceu, como veio me aliciar todo sexy, levantando a camiseta e me exibindo seu abdômen peludinho e trincado, uma tentação. Quis me fazer de difícil, mas quando ele começou a acariciar meu rosto, a me olhar com aqueles olhos transbordando tesão, e manipulando a rola cabeçuda e melada, eu não resisti. Caí de boca e comecei a sorver o pré-gozo aromático e saboroso. Dali para ele me pegar agachado de quatro sobre a cama com a bunda toda empinada encaixada na virilha dele foi um passo. O cacetão deslizou para dentro de mim sabendo exatamente onde queria chegar e, enquanto ele arremetia impetuosamente contra o meu cuzinho estreito que o encapava, eu procurava sufocar os gemidos de prazer afundando a cara nos travesseiros, enquanto ele arfava deixando o tesão comandar suas ações. Apesar da tensão e do receio de sermos flagrados, o gozo foi libertador com ambos esporrando quase simultaneamente e deixando o ar do quarto impregnado com cheiro denunciador de sexo.

Quando descemos, voltando a nos juntar aos demais, minha avó tinha o olhar crítico focado em mim. Senti como se estivesse escrito na minha testa que estava com o cu cheio de esperma do meu macho.

- Deixa de paranoia! A velha não tem porque desconfiar de alguma coisa! – sentenciou o Theo, quando chamei a atenção dele para aquele olhar aguçado que nos focava.

Eu estava certo, ela foi perspicaz e sacou tudo. Sacou e não perdeu a chance de fazer intriga.

- Talvez seja melhor você não trazer mais o Theo aqui para dentro de casa, especialmente para o seu quarto. – disse meu pai, no dia seguinte durante o café da manhã antes de eu seguir para a faculdade.

- Por que isso agora?

- Por que não pega bem vocês ficarem se agarrando feito duas putas dentro do seu quarto. Eu exijo respeito aqui dentro, e não quero mais ver esse sujeito aqui em casa. – devolveu ele, imprimindo um tom agressivo à voz ditatorial.

- De onde você tirou um absurdo desses? Foi a vovó, não foi? Foi mais outra intriga dessa velha! Que porra ela ainda está fazendo aqui, não vai mais embora nunca? – desabafei irado.

- Olha como fala! Você está avisado, não quero esse sujeito aqui dentro, e está acabado!

Remoí essa ordem por um par de dias. Não conseguia nem ficar no mesmo ambiente da minha avó que, por sorte e pela pressão do meu irmão e da minha mãe foi convidada a voltar para a casa dela em São Paulo. Nem me despedi dela, tanta raiva estava sentindo. Embora não tivesse provas, tudo indicava que havia o dedo podre dela naquela proibição ridícula.

- Já pensou em contar aos teus pais que é homossexual? Uma hora eles vão acabar descobrindo e seria melhor que fosse pela sua boca do que por intriga de outros. – sugeriu o Theo

- Você pirou! Meu pai nunca vai aceitar um filho gay! – respondi

- E o que ele vai fazer, fingir que não tem um filho gay?

- Não, ele vai me matar! Simplesmente vai me matar! Você não conhece o meu pai, não sabe do que ele é capaz quando perde a cabeça. Não vou contar nada, isso está fora de cogitação! – devolvi

- Vai ser pior quando ele descobrir por conta própria, escreva o que estou dizendo! – essa afirmação do Theo me roubou a tranquilidade, não tive mais um minuto de sossego depois disso, só pensando no dia e no momento em que me viria pressionado a confessar minha homossexualidade.

Até hoje não sei o quanto esse receio influenciou para que a minha relação com o Theo começasse a se deteriorar. Sempre cercado de medos e achando que a cada ação minha poderia ser desmascarado, aquele sentimento que nos unia foi perdendo o brilho. Continuamos juntos até o final da faculdade, mas o namoro já não tinha mais aquele fogo inicial, pois carecia do sexo que não podíamos consumar na mesma necessidade que o tesão exigia. Não deixei de gostar dele, sentia verdadeira paixão por ele, porém os longos intervalos entre as transas foram tirando o interesse dele por mim. Eu desconhecia esse lado dos homens, eles são carnais. Eu era um homem, mas era um homem que carregava muitos aspectos femininos em mim, embora não fosse afeminado. Trava-se mais de uma sensibilidade feminina, de uma capacidade compreensiva e solidária feminina, do que qualquer aspecto físico aparente. Amar outro homem para mim não significava só ter sexo com ele, ia muito além. Para mim o sexo no relacionamento não era o objetivo primordial, era um complemento. Eu podia amar outro homem, mesmo não havendo sexo, já o Theo precisava dele para poder me amar. Terminamos o relacionamento com uma conversa sofrida, sem brigas ou discussões, sem acusações e sem apontar culpados. E, pela primeira vez, eu chorei por um homem, algo que jamais pensei acontecer. Me restabelecer dessa perda levou meses.

Com a aposentadoria meu pai resolveu voltar para São Paulo, para mais próximo dos parentes, visto que nos últimos dez anos só os visitava esporadicamente. Meu irmão, por conta do emprego, já havia se mudado para lá um ano antes junto com a namorada que também conseguiu uma colocação num escritório de arquitetura. Com a venda da nossa casa, me mudei para o apartamento que meu primo Henri ocupava quando solteiro, ele havia vagado semanas antes dos meus pais se mudarem e a proprietária que eu já conhecia desde os tempos em que ia passar as noites e muitos finais de semana transando com meu primo, ficou feliz em me alugar o apartamento.

Eu trabalhava numa empresa na qual não me sentia confortável, fazia-o tão somente pelo excelente salário. Estava cercado em sua maioria de homens com os quais era difícil estabelecer qualquer tipo de relacionamento visto que nossos interesses nada tinham em comum. Eu me sentia um peixe fora d’água no meio deles por mais que tentasse criar um clima mais descontraído. Eles eram machistas demais, seus temas preferidos giravam em torno de futebol, falar grosseiras e aviltantemente de mulheres e contar piadas sobre gays.

A empresa enviou um grupo de oito pessoas para a Polônia e a Hungria, onde ficavam os mais importantes clientes que consumiam a tecnologia que produzíamos. Enquanto do ponto de vista comercial a viagem foi um sucesso, no aspecto social ela foi em enorme desastre. Aquele bando de homens soltos, inclusive os casados com filhos, pareciam ter sido libertos de alguma espécie de cativeiro e, nas horas de folga, não fizeram outra coisa que não correr atrás das putas como se nunca tivessem estado com alguma mulher. Cheguei a me sentir constrangido com o comportamento bárbaro e vulgar deles e procurei dispender meu tempo livre fazendo outros programas longe deles, o que me fez ser visto como antissocial e esquisito.

Já fazia uns seis meses que meus pais haviam retornado para São Paulo quando, por ocasião do meu aniversário, resolvi visitá-los e, por sugestão e apoio do meu irmão, me assumir homossexual para eles. Já não fazia mais sentido esconder isso deles, eu estava com 25 anos, era independente financeiramente, continuava tão discreto como sempre fui e achei que devia essa verdade a eles, para que tivéssemos uma relação honesta e aberta.

Para dizer o mínimo, foi um completo desastre. Meu pai surtou, minha mãe só faltou se autoflagelar por se julgar omissa na minha criação, e aquele foi o pior aniversário da minha história.

- Um veado na família, e justamente na minha família! – bradou meu pai quando me abri. – Por que você está fazendo isso conosco, Nathan? Eu pensando que estava fazendo e dando o melhor para você e seu irmão, e você me apronta uma dessas. Que castigo! – sentenciava ele, tomado de uma revolta sem fim.

- Onde foi que eu errei, meu filho? O que eu fiz para você nos punir dessa maneira? – questionava minha mãe aos prantos, num drama digno de novela latina.

- Vocês parecem ter estacionado no tempo, desde quando ter um filho gay é motivo para tanto escândalo? – perguntou meu irmão, que, juntamente com a namorada, estava ao meu lado me apoiando e tomando minhas dores.

- Diga isso quando tiver um filho pervertido, então saberá dos motivos! – respondeu-lhe meu pai. – Eu sabia, foi aquele talzinho com quem você ficava enfurnado no seu quarto que te levou para o mau caminho, que desgraçou a nossa família! – despejava meu pai, sem se dar conta das besteiras que estava falando. – Minha mãe estava certa ao me mandar vigiar você mais de perto!

- Pai, o Nathan não é nenhum pervertido, e você sabe muito bem disso! Não sei como um sujeito culto e com toda essa formação que você tem pode falar e pensar tanta baboseira. Tenha santa paciência! – exclamava atônito meu irmão, que estava mais empenhado na minha defesa do que eu próprio.

- E você, não fala nada? Não se defende? Não tem nada a nos explicar do porquê resolveu se transformar num veado? – questionou meu pai, ante meu silêncio.

- Vou me defender do que, de ser como sou? Eu não me transformei num gay, nasci assim! Não tenho uma chave comutadora na qual você liga ou desliga o fato de ser homossexual. O que eu pretendia ao me abrir com vocês, era não esconder esse fato de vocês, de ser honesto em nosso relacionamento. Não estou pedindo permissão para ser gay, pois não há quem possa dar esse tipo de concessão, ela existe e ponto! – respondi.

- Vocês estão mais preocupados com o que os outros vão pensar, com o que a nossa parentada arcaica vai pensar, com a opinião castradora da vovó do que com o Nathan! – afirmou meu irmão. – Tem medo de que os apontem como os pais do gay, os pais que deixaram o filho se desvirtuar, e toda essa merda de afirmações que as pessoas fazem. O Nathan sempre foi um filho exemplar, um irmão que agradeço todos os dias por ter-me sido dado, o que mais vocês querem?

- Não é conosco, nem com o que as pessoas vão falar sobre nós que estamos preocupados, é com a integridade do seu irmão que nos preocupamos. – respondeu meu pai. – O que não falta são homens inescrupulosos que atentam contra a vida dos gays, e eu não suportaria ver um dos meus filhos sendo massacrado por esse tipo de gente. – emendou.

- Eu tomo meus cuidados, não me deixo envolver por qualquer um. – afirmei

- Centenas de outros fizeram isso, e hoje estão mortos! Isso não nos tranquiliza! Um psicopata nunca vai se apresentar como psicopata, mas vai agir como um quando tiver a oportunidade. – alegou meu pai. Percebi que ele nem estava tão transtornado pelo fato de eu ser gay, mas pelo medo de que me fizessem mal.

Quando voltei para Curitiba meu pai não falava comigo, na opinião dele eu devia deixar de ser gay, o que me fez ver que ele ainda precisava trabalhar bastante essa questão consigo mesmo.

As coisas tinham amenizado um pouco, meus pais já estavam mais conformados com o baque que sofreram, e muito disso eu devia às conversas que meu irmão teve com eles. Voltei a São Paulo num feriado prolongado e, embora não tenha tido uma recepção das mais calorosas, ela foi ao menos amistosa. Durante esta estada, fomos os quatro almoçar no restaurante de um shopping. O Natal se aproximava e minha mãe precavida como era, já antecipava a compra dos presentes. Numa mesa próxima a nossa, quatro carinhas não paravam de me encarar, não o faziam ofensivamente, um deles me observava como um leão faminto e, na troca de impressões com os amigos, fez com que todos passassem a me observar com mais atenção e interesse. Em dado momento, me levantei para ir ao banheiro e fui acompanhado pelo meu pai. Eu já havia terminado de urinar e estava a lavar as mãos quando o carinha, por sinal um tesão de macho, que se mostrava mais ousado e interessado, se postou ao meu lado e soltou uma cantada elogiando meu corpo e em particular as generosas curvas da minha bunda. De tão entretido em me abordar e admirar mais de perto o que tanto cobiçava, não percebeu que meu pai estava atrás dele e ouviu estarrecido o galanteio aliciante.

- O que você pensa que está fazendo, seu cafajeste? – indagou meu pai furioso no mesmo instante em que seu punho cerrado seguia rumo ao rosto do sujeito. – Seu filho da puta desgraçado, vai cantar a sua mãe, desgraçado! – berrou, chamando a atenção de todos os que estavam no banheiro sobre nós.

O sujeito se esquivou do soco, não reagiu, e tentava se explicar, o que o fez parecer engraçado e me tirou um sorriso. Meu irmão havia nos seguido, já suspeitando que aquele sujeito indo atrás de mim podia causar algum problema. Tivemos que segurar a fúria do meu pai, enquanto o cara se desculpava comigo e, ainda de longe, me pedia o número do celular.

- É o fim da picada! Você viu, Nathan, o desgraçado estava dando em cima de você como se fosse uma vadia! Caralho, que filho da puta! Vamos lá arrebentar a cara dele, isso não pode ficar assim! – esbravejava meu pai, enquanto meu irmão e eu tentávamos a todo custo segurá-lo até o sujeito sair de cena.

- Acalme-se Sr. Fernando, seu filho é um tesão, o cara só estava tentando uma abordagem! – exclamou meu irmão, tirando uma com a cara do nosso pai.

- Tesão, o caralho! Não se diz isso para outro homem! Aquele filho da puta é um abusado, isso sim! Precisa aprender uma lição! – repetia meu pai, sentindo-se afrontado, enquanto meu irmão ria sem parar.

- Quantas vezes você acha que seu filho gostosão aí já não passou por uma dessas? Os caras não são cegos e muito menos assexuados, o Nathanzinho aqui deixa os caras malucos como você mesmo pode comprovar agora.

- Para de pôr lenha na fogueira, mano! Não vê que o pai não está nem se entendendo mais? – questionei

- Ele precisa saber que você é desejável, que é um cara bonito e que desperta o tesão dos homens! Ele precisa aceitar e se conformar! Um dia aparece um deles e pede a mão do seu filhinho em casamento, pai; o que você vai fazer, partir aos socos para cima do coitado? – continuava tripudiando meu irmão.

- E você, antes que eu me esqueça, vá tomar no cu! Que brincadeira mais sem graça ficar me falando essas coisas. – proferiu meu pai, censurando-o

- O que foi que aconteceu? Você se meteu nalguma confusão, Fernando? – perguntou minha mãe quando voltamos a mesa, e os rapazes já tinham se escafedido por precaução.

- Para onde foram aqueles filhos da puta que estavam naquela mesa?

- Sei lá, Fernando! Um deles veio correndo, pagaram a conta e saíram, como se tivesse um fera perseguindo eles. – revelou minha mãe.

- A fera que os perseguia era seu marido! – disse meu irmão caçoando

- Já mandei você calar a boca!

- Como assim? – quis saber minha mãe

- Aquele que foi atrás do Nathan passou uma cantada nele e seu marido resolveu tirar satisfações, o coitado nem conseguiu pegar o telefone do seu filhinho! – até eu precisei rir, mas me segurei e disfarcei, pois isso iria tirar meu pai definitivamente do sério.

- Mas que absurdo! – exclamou minha mãe. A inocente nem se imaginava tendo um filho aliciado por outro homem.

- É a vida, mãe! Como eu já disse para o pai, vocês têm um filho que é um tesão, é bom irem se acostumando, um dia um cara aparece e rouba ele de vocês. – argumentou meu irmão, que piscava e ria na minha direção.

Eu me sentia cada vez mais sem perspectivas em Curitiba. Parecia que minha vida havia estagnado enquanto a dos meus amigos progredia, com eles encontrando parceiros, namorando, se casando, fazendo viagens e planos. O trabalho já não me gratificava, era um tédio seguir para a empresa todas as manhãs e encontrar aqueles caras que nada acrescentavam a minha existência. Havia alguns meses tinha começado a enviar meu currículo para outras empresas, até receber a devolutiva de uma delas, em São Paulo, me disponibilizando um cargo melhor e mais bem remunerado. Não hesitei e pedi demissão, o que deixou a todos surpreendidos.

Eu já estava há meio ano em São Paulo, morava com meus pais a pedido deles. Se ainda não lidavam totalmente bem com a questão da homossexualidade, ao menos já não se mostravam mais tão vigilantes e restritivos. Quando saía com os amigos, que voltei a contatar depois de todos aqueles anos ausente, eles já não me perguntavam se eu ia fazer alguma coisa abominável com algum deles. A situação era patética, mas fui levando numa boa. Às vezes, quando exageravam na dose, eu também respondia à altura e dizia que ia voltar tarde, ou nem voltar antes do amanhecer por que ia transar a noite toda até ficar com o cu esfolado, eles sabiam que eu estava zombado deles e, com o tempo, minhas brincadeiras sempre corroboradas por mais algum acréscimo picante do meu irmão, já não os abalavam mais. A minha solteirice e os poucos amigos e colegas que trazia para casa confirmavam que eu não estava envolvido com ninguém.

O lugar estava apinhado de gente, em sua maioria jovens, entre a geração dos millennials e da dos anos iniciais da geração Z, era um espaço eclético, novo na cidade, uma mistura de bar, danceteria e casa de shows onde bandas de fundo de garagem e alguns aspirantes a cantores tentavam a sorte no meio artístico. Eu estava acompanhado de dois amigos, daqueles que resgatei dos tempos anteriores a nossa mudança para Curitiba. Sobre o pequeno palco cinco rapazes com seus torsos esqueléticos nus e suados se distribuíam entre um contrabaixo, dois guitarristas dos quais um era também o vocalista, um teclado e um baterista. O som que produziam fazia a galera que se comprimia no espaço de dança em frente ao palco sacolejar os corpos que se roçavam uns nos outros, independentemente de serem de rapazes ou garotas. Todas as pequenas mesas que se distribuíam pelo espaço periférico estavam ocupadas, algumas tão lotadas que as pessoas se sentavam temporariamente nas pernas daqueles sortudos que haviam conseguido uma cadeira. Nos instalamos no longo balcão, atrás do qual dois rapazes e uma garota bartenders serviam os clientes executando drinques performáticos numa habilidade assustadora com as garrafas que dançavam e rodopiavam pelo ar antes de serem novamente capturadas e seu conteúdo vertido nos copos dos clientes. Espremi-me entre dois caras parrudos encostados no balcão, dos poucos que já deviam ter chegado aos trinta anos naquele lugar, para poder fazer o pedido. O barman mais próximo não me ouviu chamar devido ao som alto que impedia qualquer diálogo nas proximidades da banda. Após a terceira tentativa, e gesticulando feito um afogado pedindo socorro, o parrudão do meu lado esquerdo levou os dedos aos lábios e soltou um assobio que mais se parecia com uma sirene, o que fez o barman me notar. Agradeci o sujeito com um sorriso que ele prontamente retribuiu, ao mesmo tempo em que dava um jeito de comprimir meu corpo contra o balcão. Suas intenções brilhavam naquele olhar predador que trocava com o comparsa, cujo calor do corpão eu também conseguia sentir. Ao receber meus drinques e sair equilibrando-os através da multidão até onde estavam meus amigos, notei de soslaio que ambos faziam um comentário a meu respeito e discretamente alisavam as picas sob as calças.

- Conhece os dois caras? – perguntou meu amigo quando lhe dei o drinque

- Não! Por que?

- Rolou um clima por lá, não foi?

- Não que eu saiba! Ao menos de minha parte não! O cara só me ajudou a conseguir a atenção do barman, só isso!

- Mas pela maneira como estavam te secando e ajeitando as rolas enquanto você vinha até nós, algo deve ter rolado. – sentenciou o outro

- Vocês andam com a imaginação muito fértil! Não rolou nada, podem ter certeza.

- Então por que continuam olhando para cá? Não me admira se daqui a pouco um deles chegar junto, o da camiseta preta, o bicho está babando de tesão!

- Querem me dar um tempo? Não vim aqui caçar machos! – devolvi exasperado

- Que tipo de gay é você que não dá uma chance para os coitados? Noutro dia na casa da Monica foi a mesma coisa, o irmão loirão dela só faltou te raptar para uns dos quartos depois que ela os apresentou. Ele passou a festa toda tentando disfarçar o cacete duro. – lembrou meu amigo.

- Não estou no clima, só isso! E vamos mudar de assunto que não vim aqui para ficar na berlinda! – ambos riram.

Como as rodadas daquela noitada eram por minha conta, segundo o acordo em rodízio que tínhamos quando saíamos, voltei ao balcão para fazer os novos pedidos. Os dois caras não estavam mais lá e, dessa vez fiz meu pedido para a garota. Ela logo me sorriu.

- O que vai ser gatinho? – perguntou, debruçando-se sobre o balcão para me mostrar a tatuagem de uma borboleta em seu seio direito que praticamente saltou fora da camiseta regata que ela estava usando.

- Três Basil Smash, por favor! – solicitei com um sorriso acanhado. Tetas como as dela não despertavam meu interesse.

- É pra já, gatinho! – o cara que estava ao meu lado e que certamente também era gay, só me encarou disfarçando a sacada.

- Elas demoram a sacar que não vai ser um par de tetas que vai nos deixar nas nuvens! – sentenciou malicioso, dando um gole em sua bebida. Me limitei a esboçar um sorriso de concordância.

Subitamente a expressão do sujeito mudou, ele olhava por cima dos meus ombros e algo atrás de mim o desconcertou.

- Vejam só quem ressuscitou, o perdedor de apostas que não paga as suas dívidas! – a voz era grossa e forte, não precisei me virar para saber de quem era. – O marrento do Nathan, quem diria está de volta! – o carinha não tirava os olhos arregalados do que via sob meus ombros de tão enfeitiçado que estava.

- Kadu! – balbuciei atónito. Há mais de uma década meus lábios não pronunciavam esse nome e, ao me ouvir, não consegui deixar de sentir um calafrio percorrendo minha coluna e uma compressão no peito.

Era ele. Estava sorrindo quando me virei, o mesmo sorriso reservado e econômico dos tempos do colégio, muitas vezes irônico e sarcástico. Estava enorme, os ombros, o tronco, os braços tudo tinha a solidez de um gigante. Estava lindo. A barba selvagem no rosto anguloso, o olhar penetrante do qual muitas vezes cheguei a ter medo tinha agora uma expressão centrada e calma, não de um adolescente, mas de um homem feito. E, que homem. Era essa a constatação do gayzinho que estava ao meu lado e, por isso, aquela súbita mudança de expressão que o deixou sem chão.

- Nathan! – estremeci quando ele pronunciou meu nome. De repente, tudo começava a se reavivar dentro de mim, sentimentos, frustrações, raivas, discussões, e aquilo que eu nunca consegui entender e explicar a mim mesmo e que havia me roubado muitas horas de sono durante a adolescência.

Ele levou uma das mãos ao meu rosto, como se precisasse me tocar para saber que não estava sonhando. O toque foi pesado embora suave. Ele repetiu meu nome, dessa vez com ternura. Olhei ao meu redor e parecia não haver mais ninguém, éramos apenas nós dois, nos encarando surpresos e estarrecidos. Não havia mais musica tocando, não havia vozes conversando, não havia mais gente se esbarrando, só nós dois, ali parados um diante do outro com todo um passado emergindo em nossas mentes.

- Gatinho! Ei, gatinho! O balcão está lotado, vai pegar os seus drinques, ou não? – perguntava a voz da bartender, enquanto o gayzinho cutucava meu braço me tirando daquele devaneio.

- Sim, sim! Me desculpe! – gaguejei atrapalhado.

- Com um cara desses até eu perdia o fôlego! – disse ela, tirando uma com a minha cara.

- Está acompanhado? – perguntou o Kadu, ao ver os três drinques que ela me estendeu.

- Sim, estou com uns amigos! – respondi, apontando na direção onde os dois me observavam como duas águias.

- Que pena! Querem se juntar a nós, estou com uma galera naquela mesa. – disse também apontando para um grupo barulhento que ocupava uma mesa num canto afastado.

- Obrigado, mas não! Faz tempo que não os vejo e estamos matando as saudades. – respondi

- Também estou com saudades! – devolveu ele, tão charmoso que o gayzinho soltou um suspiro atrás de mim.

Uma garota que estava na mesa que ele havia apontado veio em nossa direção, me cumprimentou com um aceno de cabeça e colocou a mão sobre o braço do Kadu. Só então reparei como era peludo. Esses pelos densos e negros não estavam todos lá quando ele e eu driblávamos pela bola nas partidas de handebol. Aliás, muita coisa naquele corpo não estava lá naquela época, embora ele sempre tivesse sido atlético e musculoso. Senti um arrepio quando vi a mão dela pousada no braço dele. Inveja talvez, quem sabe? Eu estava como que sob o efeito de um narcótico, tudo me parecia nebuloso e confuso.

- Você vem? Já estamos indo! – avisou ela

- Sim, já vou! – respondeu o Kadu

- Ok! Então é isso! – as palavras simplesmente escaparam da minha boca.

- Ok! – retrucou ele, sem saber se devia continuar e me dizer mais alguma coisa ou se devia apenas se despedir. – Posso pedir seu telefone? – perguntou, depois que a garota voltou para a mesa. Inseri meu número nos contatos do celular dele e o devolvi.

- Ok! Até qualquer dia então! – exclamei retraído. O que faço agora, dou um abraço nele, estendo apenas a mão, não faço absolutamente nada e só falo – tchau?

- Vou te ligar! – disse ele, também confuso quanto a que atitude devia tomar.

- Ok! – devolvi. Depois de mais de dez anos, será que só tínhamos aqueles – Oks – ridículos para trocar um com o outro?

- Estou sem ninguém! Ela é só uma amiga! – esclareceu ele, antes de se juntar a galera que o esperava. Quando vi aquelas costas largas se afastando, me perguntei por que ele fez questão de frisar que estava sozinho e que a garota era só uma amiga. Ele não me devia explicações.

Os três copos de Basil Smash estavam suados e congelando as palmas das minhas mãos, eu havia me esquecido completamente deles. Meus amigos, de longe, me lançavam olhares de recriminação e enfado, eu não sei quanto tempo segurava aqueles drinques nas minhas mãos. O gayzinho ainda suspirava nas minhas costas.

- Lembranças ruins? – perguntou-me. Não respondi, fui entregar os drinques e levar uma bronca por ter demorado muito.

No dia seguinte, fui arrancado do sono com o celular tocando na mesa de cabeceira, 11h28min mostrava a tela junto com um número desconhecido. Deixei-o tocar até desligar sozinho. Quem diabos liga a uma hora dessas da madrugada de um domingo? Virei-me para o lado, abracei os travesseiros e sussurrei um – Que merda! A casa toda estava silenciosa, portanto, dava para esticar o descanso. A semana tinha sido exaustiva. Acho que cochilei e estava sonhando com alguma coisa boa, prazerosa, sexualmente prazerosa, pois quando o celular voltou a tocar eu estava de pau duro. Número desconhecido. O que fazer primeiro, atender a ligação ou ajeitar o cacete?

- Alô! – rosnei com a garganta seca.

- Nathan! – o cara deu um tempo, pareceu não reconhecer minha voz. – É o Kadu! Te acordei? – demorou para eu responder.

- Kadu! – repeti. Esse nome não estava voltando muitas vezes à minha boca ultimamente?

- Sim, eu, o Kadu! – disse a voz firme e completamente desperta do outro lado. – Acordei você, não foi? Me desculpe, pensei que já estava acordado, afinal é quase meio-dia.

- E daí? – questionei, mais grosseiro do que pretendia. Ele permaneceu em silêncio, talvez conjecturando em desligar. – Desculpe, é que ainda não acordei direito.

- Quer que eu ligue mais tarde?

- Não, não precisa!

- Já tem planos para o almoço? Queria saber se não quer almoçar comigo. Fiquei feliz com o nosso reencontro de ontem. – pensei em responder que eu também, mas seria melhor fazer isso quando 100% dos meus neurônios estivessem funcionantes.

- Pode ser!

- Legal! Às 13h30min, está bom para você? Vou te passar o endereço em seguida. – a voz tinha adquirido um tom alegre, talvez ele tivesse ficado contente por eu ter aceitado.

- Está! Até breve, então!

- Até breve! – levou quase sessenta segundos para ele desligar. Enfiei-me sob a ducha, meu pau continuava duro, mas a motivação agora tinha nome – Kadu.

Perdi a noção do tempo debaixo do chuveiro, relembrando a adolescência, o colégio, as partidas de handebol, aquele moleque que infernizava minha vida com suas broncas, suas apostas estapafúrdias, suas provocações e sua competitividade desmedida que nos mantinha em constante estado de beligerância. O idiota me induziu a apostar o próprio cu e eu aceitei achando que jamais perderia, que a probabilidade de eu ter que entregá-lo era menor do que ganhar na loteria, ou de um raio cair na minha cabeça. Porém, aconteceu. Aconteceu de aquela partida acabar de forma inesperada e do safado tarado se achar no direito de vir me cobrar o cu virgem diante de uma plateia de espectadores juvenis pervertidos. Naquele dia o sangue me ferveu nas veias, eu podia tê-lo estrangulado, me senti pressionado a dar o cu para aquele sujeito que me cobrava a aposta com a rola em crescente endurecimento, só o faria por uma questão de honestidade, de integridade quando aos meus princípios, e o odiaria pelo resto da vida. No entanto, agora que a água morna descia pelo meu corpo, que aquele moleque já não era mais um moleque, mas um tremendo de um macho enorme e atraente, a ideia de receber seu membro, que já sempre fora mais avantajado do que os dos demais garotos, já não me parecia mais um sacrilégio tão abominável assim.

- Tive medo que recusasse meu convite! – começou ele, atrapalhando-se um pouco ao me receber.

- Por que eu faria isso?

- Não sei. Sei lá! Pelo nosso passado!

- Já não me lembro muito dele! Aconteceram tantas coisas nesses mais de dez anos. – menti, pois não queria parecer saudoso daquele tempo.

- Só fiquei sabendo que você tinha deixado o colégio e sua família se mudado quando voltei das férias de verão. Ninguém da galera tinha seu novo número de celular, ninguém do colégio sabia seu novo endereço em Curitiba. Eu tentei encontrar alguém que pudesse me dar alguma informação, mas foi em vão. Eu queria me desculpar pela aposta que obriguei você a fazer. Você ficou puto comigo, e com razão. Fui te cobrar no final do jogo, quando todos estavam de cabeça quente, fui um perfeito idiota. Não consegui o que queria, ou melhor, não da maneira como eu queria. – ele fazia um mea culpa conversando mais consigo mesmo do que comigo que o observava, cada vez mais abismado com a transformação que fez dele esse macho charmoso sentado à minha frente.

- Aconteceu tudo muito rápido, a promoção do meu pai, a transferência de cidade, não deu para avisar muita gente além dos parentes. – esclareci. Ele me encarou como se estivesse a me pedir perdão por ter sido um babaca, mas isso já não tinha a menor importância. – Liguei algumas vezes para você antes de nos mudarmos; teve as festas de final de ano, as férias de verão, você não atendeu. – afirmei, o que ele sabia ser verdade. – Queria te pedir desculpas por não ter quitado a aposta que você ganhou. – ele sorriu discretamente.

- Éramos um bando de inconsequentes! E você conseguia me tirar do sério por qualquer coisinha! Eu nunca sabia se te amava ou se te odiava. Não podia ver você comemorando a vitória das partidas estando no time adversário, era quando te odiava. – confessou. – Não era assim no começo, lembra, quando fazíamos tudo juntos, os deveres de casa, os passeios, as partidas no mesmo time, era quando eu te amava. – subitamente, senti um nó na garganta, as lembranças dele eram exatamente as minhas.

Ele parou de falar, percebeu que suas palavras estavam mexendo comigo, e resolveu ser cauteloso. Formou-se um silêncio longo e constrangedor. Não havia mais assunto, só aquele passado resumido a um punhado de frases que haviam se esgotado. Olhei fixamente para ele, minhas mãos estavam úmidas, um frenesi agitava meu peito, tive vontade de confessar que teria dado o cu para ele naquele dia se não houvesse uma plateia nos assistindo.

- Desde quando voltou para São Paulo? – perguntou ele, me fazendo desistir da confissão. A partir daí a conversa girou em torno daquilo que ainda não sabíamos um do outro, daquele vácuo de uma década. Foi amena, não comprometedora, tão trivial quanto podia ser um reencontro de dois ex-colegas de adolescência.

Nos despedimos com certa formalidade, ainda restavam muitas barreiras a serem quebradas. Tive a sensação, quando estava prestes a entrar no carro, que ele quis me beijar quando nos abraçamos, mas ele não o fez. Provavelmente se lembrou de como eu reagia na adolescência quando alguma atitude levava a questionar minha sexualidade, pois eu virava uma fera. Também deixou para o último instante a pergunta que devia estar martelando na cabeça dele desde o reencontro na noite anterior.

- Você está com alguém? – ela foi feita tão à meia voz que quase não a ouvi. As palpitações em meu peito aumentaram, ele me queria. Fiquei tão feliz com essa constatação que voltei a dar um passo na direção dele e, suavemente pousei os lábios no canto da boca dele.

- Não! – respondi, deixando-o na calçada como que petrificado. Ainda devo ter uma chance, deve ter pensado.

Meu irmão e uns amigos com suas respectivas parceiras resolveram passar um final de semana num hotel-fazenda, e me convidaram.

- Faz tempo que não fazemos um programa juntos, maninho, por que não vem conosco?

- E ficar segurando vela para um bando de casaizinhos apaixonados? Não, obrigado! – declinei

- Quando é que vai arrumar um novo crush? Você anda muito recluso! Ainda sofrendo de amores pelo Theo? – perguntou ele.

- Pelo Theo? Ora, faça-me um favor! O Theo e eu resolvemos tudo numa boa, sem mágoas, sem arrependimentos. Não, eu não estou sofrendo de amores por ninguém, fique certo!

- Você tem saído bastante ultimamente, não apareceu nenhum pilantra tarado tentando te conquistar? Pelo que me consta nunca faltaram candidatos disputando meu irmãozinho tesudo. – indagou

- O Kadu! – devolvi

- O Kadu! Aquele Kadu? O Kadu do colégio? O Kadu com quem você vivia em pé de guerra? Como foi isso? – ele estava surpreso com a revelação

- Faz uns dois meses, foi uma casualidade, estávamos num bar em grupos diferentes e, de repente, ele apareceu do meu lado, trocamos telefones e saímos algumas vezes depois disso. – revelei

- Saíram tipo transaram, ou saíram tipo coleguinhas? – perguntou malicioso

- Tipo coleguinhas! Não rolou naquela época, e não sei se vai rolar agora. Acho que nascemos para brigar um com o outro, e não para ter algo mais sério. – afirmei

- Que bobagem! Vocês brigavam tanto naquela época por que já rolava alguma coisa entre vocês dois, todos desconfiavam de toda aquela animosidade. – devolveu ele. – Aproveita e convida ele para o final de semana, assim você não vai ficar segurando vela e vocês podem se entender. Sabe como é, clima de montanha, noites frias, lareira acessa, umas taças de vinho, olhos nos olhos, daí para uma boa trepada é um pulo. – insinuou libidinoso

- Vou pensar!

- Não pense muito, maninho! Você mudou muito desde aquele tempo, ele também, ambos estão mais cientes do que querem. Só quero que você seja feliz, que encontre um cara que te ame e te valorize, que saiba valorizar as tuas qualidades. – eu o abracei, muito da minha mudança eu devia a ele, mais do que a qualquer um daqueles psicólogos por quem passei ao longo dos anos.

Meu primo Henri também estava certo quando afirmou, ao colocarmos um fim no nosso caso incestuoso, que em breve eu não precisaria mais de um psicólogo. De certa forma eu saí fortalecido da nossa relação e, os anos de namoro durante a faculdade com o Theo só consolidaram a minha personalidade. Eu já me aceitava gay, não via mais necessidade de brigar contra o mundo, já não achava mais que todo cara dominante queria me subjugar, já aceitava que ser o passivo na relação não significava ser menos autoconfiante ou desvalorizado. Eles me fizeram descobrir que eu tinha um potencial enorme sendo passivo, e que eles gostavam do que eu tinha a lhes oferecer.

O Kadu ficou contente com o meu convite, viu nisso as portas se abrirem para ele. Seria mais tático dessa vez para não repetir o erro da adolescência, pondo tudo a perder. O belo lugar, a luz do sol passando por entre o arvoredo durante as caminhadas, o murmurar da água correndo rápida por entre as pedras do riacho, os infindáveis sons dos passarinhos e o vento leve que roçava a pele e a fazia se arrepiar tornavam as horas ao lado dele quase um sonho. Ficávamos sempre mais isolados dos outros casais; ao contrário deles, nós ainda estávamos nos entrosando, e não precisávamos de olhares bisbilhoteiros nos observando e julgando.

O quarto era amplo e tinha uma bela vista para o vale que inspirava serenidade. Até chegada a hora de dormir, não tinha atentado que só havia aquela cama, talvez nem o Kadu tenha se apercebido disso quando fizemos o check-in, pois pela primeira vez não vi aquela costumeira malicia que surgia do nada em seu olhar. Ao sair do chuveiro com a toalha enrolada na cintura ele me encarou como se não soubesse o que fazer e, para não passar por bobalhão, correu para a ducha. Esperei pelo regresso dele sem me vestir. Os cabelos dele ainda estavam pingando quando voltou ao quarto também com a toalha enrolada na cintura. Me dirigiu um sorriso constrangido, devia estar pensando, e agora, chego nele, o agarro e tasco-lhe um beijo daqueles naquela boca, ou espero ele me dar algum sinal.

Do jeito que a coisa ficou malparada após aquele fatídico jogo de handebol, achei que cabia a mim remediar a situação, e fui em direção a ele, que havia se sentado numa poltrona ao lado da lareira que crepitava e lançava sombras bruxuleantes pelas paredes do quarto. Sequei os cabelos dele com a toalha de rosto que havia trazido comigo. Ele não disse nada, não esboçou nenhuma reação, apenas se deixou tocar, fechando os olhos de vez em quando e me encarando com um sorriso terno. Eu aproveitei para examinar mais detalhadamente aquele corpão, os pelos sensualmente distribuídos, os músculos enormes, os ombros largos e sólidos, as coxas musculosas pelas quais as pontas da toalha caíram deixando uma fenda aberta que cobria tão somente sua genitália. O Kadu homem era simples e divinamente lindo, um macho na acepção da palavra; um macho encantador.

Quando não estava me encarando, seu olhar pousava no meu abdômen liso, e no meu torso cuja alvura só era quebrada pelos dois mamilos acastanhados com seus biquinhos salientes e rosados. Tomei o rosto dele entre as mãos, sentindo a barba dele pinicar a pele sensível das palmas, e deslizei lentamente as pontas dos dedos pelo contorno até chegar ao queixo e ergue-lo ligeiramente. Tirei a toalha da minha cintura e a deixei cair, sentando em seu colo. Inclinei-me em sua direção e cobri a boca dele com a minha. Suas mãos se fecharam ao redor da minha cintura e, voraz, ele enfiou a língua na minha boca. Nos beijamos demoradamente, ele acariciava as minhas costas, apoderava-se das minhas nádegas e deixava o caralhão endurecer obstinadamente roçando-o no meu rego.

Comigo seguro pela bunda e pendurado em seu pescoço, ele caminhou até a cama, soltando-me sobre ela e livrando-se de vez da toalha por cuja fenda apontava a cabeçorra lustrosa do cacetão completamente duro. Eu o tomei numa das mãos e fechei meus lábios ao redor dele lambendo o visgo translúcido que fluía cheiroso e me inebriava de tanto tesão. Chupei-o todo, da glande à base, percorrendo delicadamente cada centímetro da verga colossal e grossa, sentindo suas veias pulsarem na ponta da minha língua. Chupei e lambi cada uma das bolas cheias de néctar, fazendo-o grunhir e se contorcer, enquanto fitava o teto tentando adiar o gozo que estava prestes a explodir na minha boca. Com o tesão a atiçá-lo, lançou-se sobre mim prendendo-me com seu peso debaixo dele. Sussurrou que sempre me quis, pronunciava demoradamente cada sílaba do meu nome, soltando o ar entre os dentes enquanto esfregava sua ereção no meu rego quente.

- Na ... than! Na ... than!

Desceu por sobre a minha coluna lambendo e aspirando o cheiro da minha pele como que procurando pelos sinais de um cio. Apartou as nádegas expondo o rego profundo e estreito, imaculadamente alvo e liso onde apenas a fenda anal corrugada piscava rosada e restrita a um diminuto orifício que se abria por alguns segundos na mesma cadência da minha respiração ofegante. Agarrei-me à cama quando ele lambeu meu cuzinho, e gemi. Senti-o morder meus glúteos, amassá-los, devorá-los com sua tara descontrolada, enquanto os oferecia empinando o rabo como uma cadela pronta para a cópula. Ele meteu devagar, guiando o cacetão com uma das mãos para que não escorregasse para fora da portinha apertada.

- Ai! – gani, com a respiração completamente suspensa.

Ele beijou minha nuca e meu ombro, depois voltou a forçar enfiando progressivamente sua carne rija no meu ânus melado com seu pré-gozo. Meus esfíncteres, num espasmo involuntário, se fecharam ao redor da pica mastigando-a e encapando-a. Tornei a ganir, e recebi outro beijo, dessa vez dado de lado com ele segurando meu queixo e deixando sua língua entrar na minha boca à medida que eu me entregava por inteiro. A jeba deslizou até o talo nas minhas entranhas consumando a posse, a dor foi cedendo espaço para o prazer, e eu rebolei com o cu todo preenchido. Amassando meus mamilos entre os dedos e dando chupões no meu cangote, o Kadu me fodia liberando todo seu tesão, socando, às vezes com tanta força que eu gania agarrando-me a cama como se pudesse impedir dele me predar por inteiro. O gozo veio num desses momentos quando os espasmos no meu ventre consumiam todas as minhas forças, ejaculei com um gritinho de alforria. Ele continuava metendo, suas ancas se moviam guiadas pela tara e pela necessidade primal de satisfazer seus instintos de macho, bufando no meu pescoço enquanto confessava o quanto me desejava. Gemendo balbuciei – meu macho – o que o fez dar uma estocada profunda, se estremecendo todo e despejando seu gozo no meu cuzinho, até eu ficar tão galado que o esperma começou a vazar pelas pregas distendidas e rotas. Ambos em transe, não nos desengatamos, o tesão precisava arrefecer, as picas precisavam amolecer e tínhamos todo o tempo do mundo para isso, tínhamos todo o tempo do mundo para usufruir daquele prazer que aquecia nossos corpos.

Depois daquele final de semana não havia mais porque não levar o Kadu para casa na condição de namorado. Meus pais o conheciam desde a época do colégio, sabiam da nossa amizade de longa data e sabiam também das nossas brigas constantes devido a competitividade no handebol. Contudo, esse retorno, particularmente, na condição de namorado, não foi o que esperavam, ou queriam.

- Veja bem Kadu, não temos nada contra você, sabemos da antiga amizade e das animosidades de vocês na adolescência, mas ainda é difícil aceitar vocês dois juntos como parceiros de sabe-se lá o que. – disse meu pai, quando o reintroduzi em nossa casa.

- Gosto do Nathan! Sempre gostei, Sr. Fernando! Eu amo seu filho, quero viver com ele. – devolveu o Kadu, não se deixando impressionar pela posição do meu pai.

- Essa é a questão, como é que dois homens podem se amar do jeito que .... do jeito de um casal ... bem, do jeito você bem sabe como. – meu pai relutava em aceitar a verdade, em sua formação não cabia aceitar a homossexualidade e, muito menos a do próprio filho partilhando-a com outro homem.

- Se lhe serve de consolo, Sr. Fernando, eu nunca vou colocar sua família e seu nome em situações embaraçosas. Eu só quero poder amar o Nathan e ser feliz ao lado dele. – argumentou o Kadu.

- Vou precisar de tempo para isso, meu rapaz! Vamos precisar, não é querida? – retrucou meu pai, pegando na mão da minha mãe e tentando assimilar essa novidade.

O Kadu e eu éramos tão discretos que nossa paixão nunca atrapalhou o convívio familiar. Não dávamos demonstrações explícitas do nosso amor, não trocávamos beijos ou carícias na presença dos outros, e isso foi tornando nosso relacionamento tão natural quanto o de qualquer outro casal. Meu irmão e a namorada eram mais alvos de censura do que nós, devido aos amassos e beijos escandalosos que trocavam sem cuidado pelos cantos da casa. Não era segredo para meus pais que quando o Kadu passava a noite comigo e eu com ele na casa dele, que rolava sexo. Mas, como dizem, o que os olhos não veem o coração não sente, isso também foi sendo superado com o tempo.

Planejamos uma viagem de férias para o sul da França, um dos nossos amigos tinha ido passar a lua-de-mel por aquelas bandas e as fotografias que nos mostraram criou o desejo de conhecer o lugar. Era verão, o ar rescindia ao perfume das lavandas floridas nos campos. Tínhamos saído de Grenoble pela manhã após o café, as cidadezinhas pelo trajeto iam sendo vasculhadas caminhando por entre as ruas estreitas e as construções de pedra. Ao entardecer, que acontecia tarde no verão, por volta das 19h estávamos tomando uma taça de vinho na praça central de Gordes, uma brisa suave começava a soprar anunciando a chegada da noite. Fazia uns cinco minutos que o Kadu me observava por sobre a taça de vinho toda vez que a levava a boca para dar um gole. Por qual homem lindo, incrível e maravilhoso me apaixonei, pensei comigo mesmo. Tive vontade de me levantar, sentar no colo dele e cobrir seu rosto de beijos declarando todo amor que sentia por ele. Mas, estávamos em público, e só a maneira como olhávamos um para o outro já denotava a ligação que nos unia.

- Você é tão lindo, Nathan! – exclamou ele, roubando meu pensamento.

- Estava pensando o mesmo sobre você! – confessei, ambos rimos, a conexão entre nós era palpável.

Ele tirou do bolso da calça um saquinho de veludo azul fechado por uma tira amarrada e, de dentro dele tirou dois anéis largos, de aço, com um delicado desenho de filigrana gravado neles. Não eram joias, deviam ser uma bijuteria barata, embora fossem peças bonitas. Ele puxou minha mão que estava apoiada sobre a mesa e colocou o menor deles no meu dedo anular direito. Não disse uma palavra, apenas olhou para mim, estudando a minha reação. Surpreso e sem entender o significado daquilo, senti uma lágrima escorrendo pelo rosto. Ele sorriu.

- Estão comigo há mais de dez anos! Comprei-os com a miséria da minha mesada, tinha planejado dar o seu naquele dia em que ganhei a aposta, e ia te perguntar se queria mesmo dar o cuzinho para mim, ou se só tinha concordado com a aposta por competitividade. Eu te queria, mas não sabia como te dizer, eu te amava e não tinha coragem de confessar. Eu te amo desde o colégio, Nathan! Hoje resolvi tomar coragem, esses dias juntos têm sido tão maravilhosos que eu pensei que você me devolveria um sim. O anel é uma porcaria, não tem valor algum, mas o que eu sinto por você dinheiro algum pode comprar. – revelou, alisando meus dedos entre os dele. Eu chorava feito uma criança.

- Eu teria me entregue a você mesmo sem aposta alguma, Kadu! Demorei a descobrir que o que eu sentia por você era a mais pura e casta paixão. Eu te amo desde a adolescência. Era só você ter me pedido para transar que eu teria deixado você entrar em mim como e o quanto quisesse. – confessei. – Esse anel sempre será precioso para mim, por todos esses anos que você o guardou, pelo que quis me dizer através dele, pelo amor que ele simboliza! – acrescentei, fazendo o sorriso dele se expandir.

O pequeno hotel familiar, com apenas algumas suítes, ficava no alto de uma encosta, cercado de oliveiras e vinhedos. Era uma construção austera caiada de terracota com janelões de madeira pintados de verde. Jantamos no pátio lateral aberto onde cresciam alguns limoeiros, em companhia de um casal em lua-de-mel e uma família jovem com três filhos pré-adolescentes, os únicos hóspedes no momento. Lembrávamos mais uma grande família em férias do que hóspedes que mal se conheciam. O Kadu e eu fomos os últimos a nos recolher, fazia frio no banco de onde contemplávamos o céu limpo, e eu me aconcheguei nele.

A suíte ainda guardava um pouco do calor que recebeu durante o dia. Eu me despi e caminhei na direção dele. Enquanto ele tirava a camiseta, eu abria seu jeans e enfiava minha mão em sua virilha peluda e quente. Acariciei o pauzão dele, enquanto nossas bocas se chupavam. Trouxe junto com o jeans a cueca e os tirei pelos pés dele. Meu Hércules musculoso estava nu, linda e masculamente nu. Enrosquei-me nele, beijei a borda da mandíbula e fechei carinhosamente a mão ao redor da caceta excitada dele. Ele soltou um suspiro.

- Quero você! – exclamou num murmúrio cheio de luxúria.

- Sou seu! – devolvi, quando a mão vigorosa dele amassou uma das minhas nádegas.

Conduzi-o até a cama, me deitei e o puxei para cima de mim. Nos encaramos, afagamos nossos rostos, nos beijamos e eu sussurrei um – eu te amo – ele apertou meu corpo em seus braços e meteu a língua na minha boca. Fui lentamente abrindo as pernas, onde ele se encaixou, até meus joelhos quase chegarem aos ombros. A mão dele deslizou pela minha coxa, subiu para a bunda e se enfiou dentro do meu reguinho carnudo. Um dedo entrou no meu cu e eu deixei escapar um gemido através dos lábios contraídos.

- Me pega, Kadu! – pedi, ao acariciar a nuca dele e descer vagarosamente sobre suas costas, abraçando-o e oferecendo meu cuzinho sedento por amor.

O cacetão entrou com uma estocada forte e abrupta, alojando-se nos meus esfíncteres e me fazendo soltar um ganido. Ele capturou meu lábio inferior com os dentes, mordeu-o até eu gemer, e deu um impulso que fez o caralhão deslizar fundo para dentro de mim. Ele bombou devagar, mas com ímpeto e voracidade, me obrigando a gemer toda a dor e prazer que estava me causando. Gozei sobre o meu ventre, lambuzando-o e impregnando o ar com o cheiro de sexo.

- Você é um tesão quando goza! Gosto de te fazer gozar! – disse ele, tomado pela volúpia.

Aproveitei a proximidade da mão dele que afagava o contorno do meu rosto e prendi dois dedos dele na boca; ele os introduziu um pouco mais e eu os chupei, lascivo, sensual, devasso como um bom amante devia ser. O ventre dele foi se retesando, as bombadas se espaçavam, ele urrou e se despejou em mim. Os jatos mornos e cremosos iam aderindo a minha mucosa fazendo-o cada vez mais parte de meu ser. Ele se deixou cair sobre mim, e eu o envolvi nos meus braços, aquele homem era meu, era o meu macho e eu me sentia completo quando ele pulsava nas minhas entranhas.

- Eu fui um imbecil, não fui, Nathan? Você ia se entrar virgem para mim e eu estraguei tudo! Eu te levei a entregar sua virgindade para outro, quando era o que eu mais queria na vida. Vai me perdoar, algum dia? – perguntou

- Você pode não ter tido a minha virgindade, mas me terá para sempre! Os outros só me prepararam para você, pense assim! Você é meu homem, é quem me faz feliz! O cheiro do seu sexo me tranquiliza, ao mesmo tempo em que me excita e me traz uma sensação de segurança infinita. É o cheiro que você deixa impregnado quando se derrama em mim, eu adoro esse cheiro! – confessei enquanto ele esperava o caralhão amolecer no meu cuzinho antes de tirá-lo.

- Você é tão doce, Nathan! Minha vida jamais seria completa sem o seu amor. Te quero! Te amo! – ele adormeceu dentro de mim. A última coisa que ouvi naquela noite antes de adormecer, foi a respiração profunda e serena dele, e o piar de uma coruja no telhado sob a janela da suíte.

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Comentários

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é um tratado de 75 minutos do básico da leitura psicológica. com dois minutos de piroca.

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Obrigado Foresteer por ter lido meu conto e pelo comentário. Espero que outros contos lhe agradem mais. Também agradeço por ter visitado meu perfil. Abraço!

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Kheer foi o conto q mais gostei adorei os ativos sexuais, que não são bi e sim somente gays ativos. Adorei a desconstrução do passivo, a terapia obrigado pelo conto.

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Fico feliz que tenha gostado! É sempre um estímulo receber um comentário seu. Abração!

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Mais um conto perfeito Kherr, obrigado por alegrar nossos momentos de folga com historias tão lindas e picantes. Concordo com o amigo abaixo e gostaria de ler um livro seu, com uma história mais longa e cheia de erotismo e reviravoltas. Seria um sucesso, certamente. Grande abraço

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Obrigado nego@! Eu até já iniciei essa proposta, mas ela entalou num ponto nem sei porque. Eu agradeço pelo otimismo e incentivo de vocês. Super abraço!

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Cada dia mais amando seus contos, gosto muito da forma como a gente percebe um pouco de você próprio em si ou em situações que você observa, é como se a gente sentisse, os protagonistas dos seus contos estão tendo mais autônomia entre eles próprios e indo viver suas próprias vidas, particularmente, a maioria dos ativos da muita vontade de bater neles, mas esse é muito gentil, amoroso e lindo, sei que a maioria dos seus personagens são brancos mas eu sempre imagino eles mais mestiços, talvez pelo fato de me ver muito em suas tramas, se eu fosse fazer uma sugestão -suas histórias são as melhores que já vi na vida, passo meses pensando em cada uma que leio - seria a de buscar inserir outras etnias, e outra, pelo amor de Deus, publique suas obras, elas são perfeitas, adoraria um livro publicado ou você até poderia criar uma "fanfic" no aplicativo wattpad, chegaria em dezenas de pessoas, igual você ja fez algumas trilogias e contos um seguidos dos outros nessa plataforma. Abraços, obrigado por me ajudar a descobrir minha sexualidade durante minha adolescência e início da fase adulta, eu amo você pelo fato de me ajudar tanto como pessoa.

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Você não imagina o quanto me deixa feliz, Pedrinhorizzo por me dizer que de alguma forma eu esteja te ajudando a se descobrir como pessoa. Só isso já demonstra uma personalidade forte, um caráter inabalável. Esteja certo que torço por sua formação e por sua felicidade num futuro próximo, ao lado de quem te mereça. Beijão carinhoso, meu garoto!

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História espetacular como todas que saem de sua cabeça Kherr, adorei o Nathan, um personagem de personalidade bem defenida, mas confesso que torci muito para ele terminar com o Theo, mesmo com tudo indicando que o Kadu iria retornar, enfim parabéns por mais um exclente conto e grande abraço!!

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O Nathan e o Kadu precisaram amadurecer para se merecerem, e souberam chegar a um bom final. Às vezes algumas pessoas entram em nosso destino apenas para aprimorá-lo, foi o que aconteceu com o Theo. Obrigado, meu querido e super abração!

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Cara esta história foi ótima bati umas três punheta lendo ela

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Oi Sacana da bete! Reserva algumas para os próximos contos.....Kkkkkkk. Obrigado pelo comentário!

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Só me resta acrescentar estrelas a mais um conto teu.

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Fico imensamente grato e feliz glookxx! Muito, mas muito obrigado, de coração! Super abraço, meu querido!

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Que perfeição de conto! 😍👏👏

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Obrigado Augusto! É sempre gratificante saber que meus leitores gostaram da história. Forte abraço!

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Mais uma pérola do "nosso" Kherr que acabámos de devorar e vimos que temos contos atrasados para ler este fim de semana em que o tempo aqui em Lisboa convida a ficar em casa.

Este conto destacou-se pela constante de erotismo que se desenrola do princípio ao fim numa sequência temporal em que o personagem Nathan se vai descobrindo sexualmente de forma progressiva. Só nos surpreendeu o piar da coruja na última linha, que depreendemos não ter no Brasil a conotação de mau agoiro que lhe atribuímos em Portugal e que não faria nenhum sentido no término deste conto.

2 abraços meu Amigo

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Certamente não tem a mesma conotação, meus queridos, ou não teria me valido desse recurso. A coruja tem significados que combinam com quem busca crescer e ver além, alcançando voos mais altos. Ela tem a capacidade de enxergar através da escuridão da noite e também simboliza a reflexão e o conhecimento racional e intuitivo, exatamente o que nosso personagem Nathan conseguiu com sua trajetória de vida. Meu especial e carinhoso abraço a vocês dois, meus leitores ultramarinos!!

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Mais uma noite acordado lendo seu conto. Acordei às três da madrugada e li até o final. Parabéns meu querido.

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Perdendo o sono por minha causa zezinhodiv1, não quero ser o motivo de sua insônia! Te agradeço do fundo do coração, meu querido! Um forte abraço!

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Mais um belíssimo conto. Para, Kherr!

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Obrigado Caio2022! Seu comentário me inspira a continuar escrevendo. Abração!

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Kherr, parabéns por mais este maravilhoso, excitante e repleto de uma narrativa simplesmente sensacional, cativante não há palavras para descrever este conto. Parabéns, parabéns.

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Valeu Koroagato! Só tenho a agradecer, pelo seu tempo, pelo comentário elogioso e por ter curtido o conto. Abração!

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Cara você não existe. Quando eu penso que você já escreveu o melhor aí você vem e se supera. Esse foi sensaciona, as experiências com o primo e depois o Theo, o reencontro, o amor correspondido e pra matar o velho de tanto chorar aquela troca de alianças guardadas há mais de dez anos com aquela declaração de amor desde a adolescência. São 23:50, vou dormir feliz com mais essa linda história de amor que você nos presenteou. Obrigado e forte abraço.

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Você é um romântico meu querido, por isso se fascina com o que escrevo, fico feliz que tenha gostado, é para pessoas como você que dou o melhor de mim. Super obrigado! Abraço carinhoso!

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Roberto, você realmente é um romântico incorrigível!! Hahaha. Espero que vc esteja ainda vivendo aqueles dias bons com o cara que mudou pra sua cidade!

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Ah, kherr, mais um conto delicioso seu! Adorei que até a escrita mudou conforme o Nathan amadureceu. Aquele tom reativo, revoltado, inseguro (ele até falava com o leitor! Haha) e até engraçado de adolescente para o tom maduro de quem se aceitou. Muito bom!

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Obrigado Jota! Me realizo quando um leitor como você curte o que escrevo. Um super abraço, meu querido, e muito obrigado pelo comentário.

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