Patrícia:
Na quinta-feira, acordei de madrugada. Levantei-me com cuidado para não acordar meu amor e fui à cozinha beber um copo de água. Ao sair do quarto, vi que a porta do outro quarto estava aberta. Provavelmente, não foi fechada porque, se não forçar um pouco, a fechadura não trava. Fui até lá e vi que havia algo em cima da cama. Acendi a luz e vi que eram as sacolas com as coisas que Keyla tinha comprado. Para minha surpresa, isso não aconteceu. Raramente entrávamos naquele quarto; normalmente, íamos lá apenas para limpar ou abrir a janela, às vezes, para correr um ar.
Resolvi abrir uma das sacolas e olhei: eram alguns balões em forma de coração, fitas vermelhas e folhas de papel rosa. Imaginei que tudo seria usado na decoração que ela iria fazer. Tenho certeza de que eu iria amar. Uma pena que não aconteceu. Fiquei ali imaginando como teria sido.
Saí do quarto, fui beber água, deitei novamente e acabei perdendo o sono. Fiquei lembrando da conversa que tive com Naty, das coisas que vi, e uma ideia louca me ocorreu. Depois de um tempo pensando, achei que a ideia não seria tão louca assim. Não consegui dormir o resto da noite pensando.
No outro dia, liguei para Naty assim que cheguei do trabalho e contei minha ideia. Ela adorou e disse que me ajudaria e que queria minha ajuda para fazer o mesmo para Gabi. Sugeri que fizéssemos juntas. No começo, ela ficou um pouco receosa, mas depois concordou.
Eu tinha que agir rápido e precisava de ajuda. Aline e Luciana se ofereceram para me ajudar a limpar a casa e depois decorar tudo. Criamos um grupo no WhatsApp para nos comunicarmos. Eu precisava convidar todo mundo e, por sorte, tinha os números que precisava. Os que não tinha, pegaria no celular da Keyla. No sábado, no trabalho, tive ajuda de duas meninas para despistar Keyla. Eu me escondi no fundo da seção e liguei para Suzana, expliquei tudo e pedi para ela falar com a família dela, pois eu estava sem tempo. Liguei para a mãe da Keyla e perguntei se ela queria vir. Ela disse que não perderia por nada e ainda se ofereceu para ajudar. Eu aceitei.
Naty disse que tinha falado com todo mundo que queria, inclusive com a sogra, que acabou confessando que a filha iria amar, já que gostava muito dela. Naty disse que poderia deixar as bebidas e comidas por conta da família dela. Relembramos cada passo do plano e agora faltavam as flores e os anéis. Quando fui falar para Cristina que aceitava o serviço, contei tudo para ela e ela disse que iria sem falta. Aproveitei para pedir o resto do dia de folga e ela disse que eu estava liberada.
Dei uma desculpa para Keyla e fui direto a uma joalheria. Levei um anel da Keyla para não errar o tamanho do que eu iria comprar. Comprei um par bem bonito e barato; eu não podia gastar muito, infelizmente. Depois passei na floricultura. Quando comprei tudo, fui para casa. Ao chegar, a casa já estava praticamente arrumada. Aline, Luciana e mais duas empregadas da casa da Aline foram cedo para lá. Aline pegou a chave que eu tinha deixado com a vizinha. Ela já sabia do plano e era uma das convidadas, já que Keyla gostava muito dela. Logo a mãe da Keyla chegou. Ela estava bem diferente— um pouco mais magra, muito bem vestida, cabelo arrumado. Estava mais bonita e com uma cara ótima. Ela me deu um abraço apertado e já se ofereceu para ajudar.
Terminamos de arrumar tudo, deixamos a decoração adiantada e escondemos tudo no quarto. Agora era rezar para Keyla não resolver entrar lá. As meninas e as duas ajudantes foram embora, e a mãe da Keyla foi ficar na casa da vizinha. Ela tinha trazido suas roupas e iria se arrumar lá.
Keyla chegou e, graças a Deus, não entrou no quarto. Assim que saímos para ir à casa da Naty, mandei mensagem para Aline avisando. Agora era torcer para nosso plano dar certo. Quando eu e Naty chegamos à casa, já estavam todos à nossa espera. Pedi desculpas por não poder dar atenção a eles, mas eu precisava me arrumar rápido. Eu e Naty fomos para meu quarto, depois dela pegar seu vestido, e nos trocamos juntas porque não tínhamos muito tempo.
Naty— Meu Deus, você tem dois quilômetros de perna, mesmo como a Keyla falou! kkkkk
Patrícia— Falou copo de leite! kkkkk
Naty tem a pele muito branquinha, mas muito mesmo. Até eu, que sou loira, tenho mais cor que ela! kkkk
Naty— Já cansei de ser chamada assim, mas sou leite dos bons, viu? kkkkk
A gente ficou se zuando, mas acho que no fundo ela estava tão nervosa quanto eu. Nos vestimos, ela se maquiou super rápido e me ajudou a terminar minha maquiagem. Ela era muito rápida e prática com isso.
Quando Keyla chegou, eu queria ter visto o rosto dela na hora, mas não pude. Mas eu veria depois, porque a Naty estava documentando tudo com suas câmeras escondidas. A gente via elas na sala em tempo real no celular da Naty. Assim, saímos na hora em que elas se aproximaram das mesinhas. Era nítido o quanto estavam emocionadas.
No fim, deu tudo certo. Elas disseram sim e, dali para frente, a noite foi só alegria. Conheci a mãe e o pai da Naty, revi a mãe da Gabi, que fazia tempo que eu não via, conheci alguns amigos delas, revi algumas pessoas muito queridas, conversei bastante com muita gente. Fiquei muito feliz de ver todos ali. Algumas das meninas da loja vieram; pedi para as duas que me ajudaram convidarem todas da seção em que trabalhavam e as que soubessem que eram amigas da Keyla, mas não trabalhavam ali.
Quando deu uma da manhã, as pessoas começaram a ir embora. Eu sentei um pouco na mesa da cozinha e estava bebendo uma taça de champanhe quando a mãe da Gabi veio conversar comigo. Ela disse que Gabi havia contado o que eu tinha passado e me pediu desculpas por não ter feito o suficiente para me ajudar. Falei que, mesmo com os problemas dela, tinha feito mais do que todo mundo. Ela e a Gabi foram as únicas que se preocuparam comigo, e eu era muito grata a elas. Conversamos um bom tempo e ela comentou como estava feliz de me rever, de ver a filha dela feliz, que Naty era uma garota incrível e que tinha gostado muito da minha noiva.
Ela era uma mulher incrível, o tipo de mãe que eu queria ter, mas infelizmente não tive sorte. A mãe da Keyla, pelo jeito, estava recuperando a confiança da filha; as vi conversando várias vezes e, na última, estavam abraçadas. Fiquei bem feliz de ver isso.
Logo, as pessoas foram se despedindo e, no fim, sobramos eu, Keyla, minha sogra, Aline, Luciana, Naty, Gabi e Érica, a mãe da Gabi. Ficamos na sala conversando, contamos a Gabi e Keyla como planejamos tudo e como conseguimos enganar as duas. 🤭
Aline e Luciana resolveram ir embora. Chamei-as para dormir com a gente, mas não quiseram. Na saída, Luciana me confessou que iriam esticar a noite em um motel. Naty e Gabi resolveram aceitar o convite de ficar com a gente. Assim, só restou a Érica para ir embora, já que minha sogra havia avisado que iria ficar. Bom, não iríamos deixar a Érica ir e praticamente a obrigamos a ficar.
Keyla foi ao nosso quarto e trouxe uma camiseta longa para cada uma delas. Infelizmente, não tínhamos chinelos para todo mundo, mas Érica iria dividir um par com minha sogra e Naty um com Gabi. Assim, também foram divididos os quartos: eu e Keyla no nosso, Gabi e Naty no que era da minha sogra, e Érica e minha sogra no outro que tinha duas camas de solteiro. Nos despedimos e fomos dormir.
Acordei no outro dia cedo e fui fazer o café, mas minha sogra já estava terminando de preparar. Quando me viu, veio até mim com um sorriso de orelha a orelha, me deu um abraço e um bom dia. Quando ela me abraçou, percebi algo diferente nela. Logo, Érica apareceu e, em seguida, as meninas. Fui chamar a Keyla, que estava no banheiro. Quando ela saiu, abriu um sorriso lindo.
Keyla— Bom dia, minha noiva linda!
Patrícia— Bom dia, meu amor!
Keyla— Dormiu bem?
Patrícia— Dormi sim, cai na cama e apaguei. E você?
Keyla— Demorei a dormir e, acho que as meninas aproveitaram a noite. 🤭 Ouvi uns gemidos meio abafados. Acho que tiveram sua primeira vez aqui na nossa casa, amor.
Patrícia— Então sobre isso, eu acho que você errou de casal, amor.
Keyla— Como assim errei de casal, amor?! Ah não, você não está dizendo que minha mãe e a Érica se pegaram? 😳
Patrícia— Olha, eu não tenho certeza, mas sua mãe está com cara de quem transou e tem um roxo no pescoço dela, abaixo da orelha direita. Eu vi quando ela me abraçou na cozinha, mas talvez ela já estivesse com ele quando chegou e foi mesmo as meninas.
Keyla— Minha mãe com outra mulher?! Que loucura!!! Mas amor, elas são heteros.
Patrícia— A gente não sabe. Não é porque foram casadas com um homem que significa que são heteros. E, como disse, não tenho certeza, eu só acho.
Keyla— Logo eu descubro isso. Deixa comigo, amor.
Patrícia— Olha lá o que você vai fazer. Gosto muito da mãe da Gabi e você parece que está se dando bem com sua mãe de novo. Não vai estragar as coisas.
Keyla— Calma, amor, não vou fazer nenhuma besteira, eu juro.
A gente foi tomar café e o clima estava bem legal. Vi Keyla falar algo bem baixo no ouvido da Naty, que só balançou a cabeça. Ela estava armando alguma coisa. Logo depois do café, Érica disse que precisava ir, perguntou a Gabi se ela iria também, mas Naty tomou a frente e disse que elas iriam mais tarde e que precisavam de uma carona da Gabi. Érica então se levantou e se despediu de nós. Minha sogra perguntou se ela não podia dar uma carona para ela, e Érica perguntou onde ela morava. Minha sogra explicou e Érica disse que deixava ela em casa. Nos despedimos e elas se foram. Keyla chegou perto de mim e disse que viu a marca no pescoço da mãe.
Nos sentamos novamente e Gabi falou para Naty que estava por conta dela, que hora que ela quisesse ir, elas iriam.
Keyla— Gabi, antes de vocês irem, preciso te perguntar uma coisa. Sei que é meio pessoal, mas estamos entre amigas.
Gabi— Pode perguntar, só não vou responder se não souber.
Keyla— Está bem. Por acaso, você sabe se sua mãe já ficou com mulheres antes de se casar com seu pai?
Gabi ficou muda. Vi que ela ficou com o rosto vermelho, sem saber o que dizer. Aí Keyla não esperou sua resposta.
Keyla— Esquece isso, não precisa responder. Acho que já sei a resposta. 🤭 Naty, você que é mais boca aberta, me responde: vocês duas transaram essa noite?
Naty— Boca aberta e a senhora sua avó, viu? Alienada.
Nessa hora, não aguentei segurar o riso, nem Gabi kkk.
Naty— Mas, voltando à sua pergunta, claro que não. Minha sogra estava aqui, vocês também, e a gente nem conversou sobre isso ainda. Mas tenho certeza de que, quando acontecer, vai ser em um lugar com menos gente. Mas beijamos muito na boca! kkkk
Gabi— Naty!!!
Keyla— Calma, irmãzinha. Como disse, estamos entre amigas. 🤭
Gabi— Irmãzinha? Estou com moral com você, hein? Gostei! 🤭
Keyla— Acho que, na verdade, sua mãe é que está com moral com a minha! kkkkk
Patrícia— Keyla?!
Keyla— Amor, não vou esconder isso dela. É a mãe dela, acho justo ela saber, já que eu sei. 🤭
Naty— Acho que não entendi.
Gabi— Eu entendi sim e estou perplexa. 😳 Você tem certeza, Keyla?
Keyla— Depois eu que sou alienada! kkkk
Naty— Vai se foder! kkkkk
Keyla— Gabi, eu ouvi gemidos à noite. Se não eram vocês, só sobrou elas. E Patrícia viu um chupão no pescoço da minha mãe. Depois eu prestei atenção e vi também.
Naty— Agora entendi! kkkkk Mais duas pro bando! kkkkkk
Keyla— Até que enfim entendeu, né? 🙄
Naty— Vai se foder de novo! kkkk
Keyla— Vou esperar você sair primeiro, aí eu vou! E muito! kkkkk
Gabi— Meu Deus! kkkkk Keyla, e o que a gente faz agora?
Keyla— Nada. Talvez tenha sido só curiosidade, coisa de uma noite, mas temos que esperar elas falarem, se elas quiserem. É o que acho.
Gabi— Concordo com você. Ah, minha mãe já ficou com mulher, só fiquei com vergonha na hora que perguntou. Mas, pelo que sei, foi só beijos na época da escola.
Aquele papo rendeu bastante. Eu só estava ali, escutando e rindo das palhaçadas da Naty com a Keyla, mas minha maior preocupação era com a bagunça da casa que eu tinha que arrumar.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper
