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Keyla:
No domingo, fomos para a casa da Gabi. Quando estávamos perto, a Patrícia parou a moto em uma esquina e me mostrou a mansão onde a família dela morava. Não deu para ver direito, porque estávamos a uns 100 metros de distância, mas, pelo que vi, era uma mansão enorme e muito bonita. Perguntei se ela estava bem e ela disse que sim, que o passado dela não a afetava mais. Tirando os momentos que passou ali com a Gabi, não tinha boas lembranças daquele lugar, pois sua vida ali foi cercada de muita solidão. Ela estava muito melhor agora.
Saímos dali e logo chegamos na casa da Gabi, ou melhor, no palácio onde ela morava. Era uma mansão enorme de dois andares, bem no estilo europeu, com um jardim enorme na frente e algumas árvores ao fundo. Tocamos o interfone e logo a Érica atendeu. Quando soube quem éramos, o portão se abriu sozinho. Para Patrícia, aquilo parecia normal; para mim, era totalmente novo. Eu só via aquelas casas em filmes.
Entramos e Patrícia estacionou a moto. Logo apareceu uma senhora muito simpática que pediu para a gente a seguir. A casa era linda por dentro, com móveis de estilo colonial, quadros e esculturas. Eu nem sabia para onde olhar. Quando chegamos a um cômodo que eu imaginei ser uma copa, estavam lá a Gabi, a Naty e a Érica. Nos juntamos a elas, mas eu ainda estava admirada com a casa.
Nos cumprimentamos e ficamos conversando. Não demorou muito e a Aline e a Luciana apareceram, logo se juntando a nós. O almoço foi muito animado, apesar de a Patrícia, mais uma vez, pegar no meu pé porque eu sempre uso os talheres errados. Eu não sei por que tem que ter faca para isso, faca para aquilo; tudo corta do mesmo jeito. Eu odeio essas frescuras, mas, tirando isso, foi muito divertido.
Quando terminamos, comemos uma sobremesa que, sinceramente, não sei o nome, mas era muito gostosa. Só sei que era de chocolate com umas frutas no meio e era gelada.
Depois do almoço, saímos para uma área nos fundos da casa. A Érica ria o tempo todo das nossas palhaçadas, principalmente das provocações minhas e da Naty uma com a outra. Ficamos ali por um tempo e, depois, a Gabi chamou a gente para irmos para a piscina. Tinha uma casa para trocar de roupa, isso mesmo, uma casa maior que a minha.
Quando estávamos saindo, a Érica me chamou e perguntou se poderia falar comigo em particular. Eu disse que sim; já imaginava o assunto que ela queria tratar. Apenas avisei a Patrícia e fui com a Érica para um cômodo que não sabia se era um escritório ou uma biblioteca. Assim que nos sentamos, ela começou a falar.
Érica— Desculpe tirar você da diversão, mas preciso mesmo falar com você sobre o que aconteceu na sua casa naquela noite em que dormi lá.
Keyla— Érica, não me importo de vir aqui falar com você de jeito algum, mas vou te dizer algo primeiro que provavelmente vai resumir bem nossa conversa. Bom, eu descobri sobre você e minha mãe naquela mesma manhã. A Gabi deve ter te contado, e também deve ter te falado que eu não sou contra. Na verdade, fiquei muito surpresa porque não esperava, mas juro que não tenho nada contra. Na verdade, torço muito para que você e minha mãe se acertem e se tornem realmente um casal. Primeiro, porque você é uma mulher muito gente boa. Sei algumas coisas da sua vida e só posso dizer que te admiro muito e gostaria de ver minha mãe ao lado de alguém como você. Mas, se não acontecer mais nada, não vou me meter; vou respeitar e apoiar o que vocês decidirem. Resumindo, não me importei que vocês tenham passado a noite juntas e apoio o que decidirem fazer daqui para frente.
Érica— Fico muito feliz em ouvir isso. Apesar de já esperar, não vou negar que fiquei aliviada.
Keyla— Mas nem tudo são flores. Como disse, eu sei o que você passou no seu casamento. Eu vi o final do casamento dos meus pais, então preciso te contar umas coisas porque não acho justo você não saber e escolher entrar em um relacionamento que pode ser muito ruim para você. Apesar de ser minha mãe, o comportamento dela no fim do casamento e no primeiro ano após o divórcio não foi muito legal.
Érica— Acho que agora eu que vou ter que te contar umas coisas que provavelmente vão resumir nossa conversa.
Keyla— Sério?
Érica— Sim. Se você for falar das crises de ciúmes, dos gritos e dos xingamentos com seu pai, eu já sei. Como sei também sobre o roubo do seu dinheiro, do homem mais novo com quem ela se envolveu, das mentiras que ela inventou. Ontem, a gente passou a noite juntas aqui na minha casa. Não rolou nada além de uma boa conversa entre duas amigas. Ela me contou tudo: do tapa na Patrícia, da sua saída de casa. Ela chorou muito contando as coisas erradas que fez, mas também explicou os motivos dela. Não justificativas, porque, como ela mesma disse, nada justifica o que ela fez. Ela vai te contar tudo isso, só precisa de um tempo, ok?
Keyla— Nossa, agora fiquei surpresa. Eu nunca entendi por que minha mãe fez tudo isso, porque ela era uma ótima mãe e esposa antes. Foi meio do nada que ela se transformou em outra pessoa, mas sei que ela se arrependeu. Sei que ela mudou também. Estamos voltando a ser mãe e filha como antes, e estou muito feliz com isso, porque amo muito minha mãe.
Érica— Ela está indo a um psicólogo, arrumou um trabalho, e sua avó tem ajudado muito ela também, principalmente com conselhos. Ainda não conheci sua avó, mas já gosto dela.
Keyla— Minha avó é muito gente boa. Estou com saudades dela e em dívida com ela também. Tenho que visitar, nem a Patrícia ela conhece ainda. Preciso consertar isso.
Érica— Faz isso! Vá à casa dela, leve a Patrícia e passe o dia com ela e sua mãe. Tenho certeza de que será ótimo para vocês. E, por favor, tenha paciência com sua mãe. Como eu disse, ela vai conversar com você, mas ainda tem medo de estragar as coisas que estão boas agora. Vou continuar aconselhando ela, e logo vocês terão uma boa conversa. Pelo que vi, você vai entender um pouco melhor o que ela fez.
Keyla— Eu vou ter, pode ficar tranquila. Mas e você e ela? Acha que pode virar um relacionamento ou vai ser só amizade mesmo? Se é que posso saber, ok?
Érica— Claro que pode! Vou ser totalmente sincera com você. Eu a trouxe aqui ontem com segundas intenções. Nossa noite foi incrível; eu a acho muito atraente, nos damos bem. Eu queria tentar algo a mais ou, quem sabe, ter mais uma noite com ela, com mais tempo e mais liberdade. Porém, depois do jantar, bebemos uma taça de vinho e começamos a conversar. Aí saiu seu nome no meio da conversa. Então, ela começou a contar da filha incrível que você é, de quando você se assumiu, que ela não aceitou bem no início. Aí teve um momento em que ela parou de falar e ficou muito triste. Vi os olhos dela marejados. Perguntei o que tinha acontecido e ela começou a contar que vocês brigaram. Aí resolveu me contar o motivo. Para eu entender, ela me contou tudo. Às vezes, ela parava porque o choro dela atrapalhava, mas consegui entender tudo. Fiquei feliz por ela ter confiado em mim para desabafar. Tentei dar uns conselhos para ela. Depois, contei sobre meu casamento e o clima que eu queria criar quando a convidei não tinha condições de acontecer. Não deixei ela ir embora; dormimos juntas na minha cama, abraçadas, mas só isso mesmo. Ela estava mal, então a única coisa que fiz foi dar apoio e carinho para ela. Hoje, ela teve que ir embora cedo porque ia levar sua avó na casa de uma amiga, mas antes de sair, ela me deu um abraço, me agradeceu muito pela conversa, por eu ter cuidado dela e se desculpou por ter estragado nossa noite. Eu disse que estava tudo bem. Aí ela me abraçou e me deu um beijo. Vamos dizer que foi um beijo bem intenso, então acho que provavelmente a gente vai se ver de novo.
Keyla— Érica, já era! Depois de tudo que você me contou, já vou começar a treinar para chamar você de mamãe. kkkkk
Érica— kkkkk Eu iria adorar! Mas por que você acha isso?
Keyla— Você se conheceram e, na primeira noite, a química foi forte a ponto de irem para a cama. Depois de uma semana, minha mãe conta para você algo que provavelmente só contou antes para o psicólogo. Você se abriu com ela como se a conhecesse há muito tempo. Ainda rolou esse beijo na despedida. Vai virar namoro, com toda certeza! Vocês já se gostam, isso está óbvio. Isso aconteceu comigo e com a Patrícia, só que a gente foi mais rápida. Em apenas três dias depois de nos conhecermos, já tínhamos nos beijado, feito amor e decidido morar juntas. kkkk
Érica— Sério que foi rápido assim?
Keyla— Te juro! Em três dias, já tínhamos contado a vida uma para a outra e já estávamos apaixonadas.
Érica— A Gabi me contou a história de vocês, que, por sinal, é muito triste, mas linda. Mas, como ela resumiu, eu não sabia que tinha sido tão rápido.
Keyla— Mas foi! Acho que batemos o recorde das lésbicas. kkkkk
Nossa conversa foi bem mais importante do que achei que seria. Saímos dali abraçadas. A Érica era realmente uma ótima pessoa. Quando chegamos à piscina, ela disse que ia deixar a gente à vontade e mais tarde iria trazer um lanche para nós. A Gabi e a Patrícia logo vieram me perguntar se estava tudo bem e eu disse que estava ótimo. Fui me trocar e voltei para me divertir com elas.
Logo, eu estava abraçada com a Patrícia e disse no seu ouvido que a conversa com a Érica foi muito interessante, que em casa eu contaria tudo a ela. Sei que a Aline e a Luciana são totalmente de confiança, mas, como tinha intimidades da minha mãe e da Érica no meio da história, preferi não falar na frente delas. A Gabi com certeza ficaria sabendo pela mãe o que conversamos, e ela com certeza contaria à Naty, então achei melhor guardar aquele assunto para falar com a Patrícia quando estivéssemos só nós duas.
Passamos o resto do dia nadando, fofocando. Comemos um lanche às três da tarde e a Érica se juntou a nós de novo. O domingo foi realmente muito divertido, mas eu e a Patrícia precisávamos descansar. Saímos dali e já era quase cinco da tarde. Chegamos em casa, tomamos um banho e nos deitamos no sofá, eu entre as pernas da Patrícia e logo a Becky se deitou no meu colo.
Contei para a Patrícia tudo que conversei com a Érica e ela concordou comigo que a Érica e minha mãe logo seriam um casal. Disse que a gente deveria ir à casa da minha avó no próximo final de semana, que queria conhecê-la. Falei que iríamos sim. Ela também me deu o mesmo conselho que a Érica: ter paciência com minha mãe. Eu disse que iria ter, até porque já tinha perdoado ela sem saber o motivo que a levou a fazer o que fez. Então, eu não tinha pressa em saber o que era, só estava curiosa mesmo, mas só isso.
Aí a Patrícia solta uma bomba: disse que a Aline conversou com ela sobre o namoro. Disse que estava ótimo e que ela e a Luciana estavam conversando muito sobre sair com outra garota para fazer um trio. Eu fiquei de boca aberta com aquela revelação; eu realmente não esperava isso. A Patrícia me disse que, pelo jeito, era algo que as duas queriam, tipo, era uma fantasia em comum entre as duas, mas que elas só iriam levar adiante se as duas realmente se sentissem seguras para fazer isso.
Keyla— Você tem alguma fantasia, amor?
Patrícia— Só de passar o resto da vida ao seu lado e, se possível, com uns dois filhos. 🤭
Keyla— Graças a Deus! 🙏🏻 Por isso que te amo. Não sou ciumenta, mas sou egoísta se tratando de quem eu amo. Comigo, esse lance de dividir não rola. kkkk
Patrícia— kkkkk Você não corre esse risco não, penso igual a você, amor.
Ainda bem que a Patrícia pensa como eu. Nada contra quem curte, mas eu nunca faria algo do tipo. Sou egoísta mesmo, ainda mais com minha branquinha.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper
