Acasos #47

Da série Acasos
Um conto erótico de Patrícia
Categoria: Homossexual
Contém 2076 palavras
Data: 28/11/2023 00:27:30
Última revisão: 29/12/2024 00:14:46

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Patrícia:

Acordamos cedo no domingo, éramos só sorrisos uma para a outra. Eu lavei nossas roupas enquanto Keyla fez uma faxina rápida na casa. Às 10 horas, o interfone tocou: era Ana Marcela, a irmã do Thomas. Eu a recebi e convidei-a a entrar, apresentei-a à Keyla e nós nos sentamos no sofá da sala. Ana nos deu 10 livros, 5 para cada uma de nós; eram os 5 que ela já tinha publicado.

Ela nos explicou que seus livros eram romances curtos, todos de ficção, exceto o primeiro, que era baseado na história dela e de sua esposa, que também se chamava Ana, mas Ana Cristina. Ela pediu que lêssemos pelo menos um para termos uma noção de como era seu jeito de passar as histórias para o papel.

Keyla disse que com certeza leria todos, e eu também, já que sou uma traça de livros e fazia tempo que não lia nada além de livros sobre direito. Ela, assim como o irmão, era bem falante e simpática, sabia conversar muito bem e usar as palavras. Eu gostei dela, e Keyla parecia ter gostado também.

Ana nos contou que ficou encantada com o que soube da nossa história e que queria muito publicá-la, mas entendia que não era uma decisão fácil para nós duas. Perguntou se já havíamos pensado a respeito e se tínhamos alguma dúvida.

Keyla disse que já tínhamos pensado sim e que a possibilidade de expor a vida de algumas pessoas do nosso convívio em um livro não nos agradava nem um pouco, principalmente a da mãe dela, que seria vista como quase uma vilã na história. Ela não queria isso porque a mãe sempre foi uma boa esposa e uma boa mãe, mas se perdeu e fez coisas erradas em dois anos. A vida dela não se resumia a esse período, mas com certeza seria julgada apenas por essas ações.

Eu comentei que também tinha meus amigos da favela. Meu ex-cunhado estava em paz, vivendo a vida que sempre quis, e o livro poderia expô-lo à polícia ou a facções rivais que ainda poderiam querer a morte dele. Davi era traficante e, apesar de saber que o que fazia era errado, ele tinha salvado minha vida e era meu amigo; o risco dele ir parar na cadeia por causa do livro existia.

Keyla falou da sua ex, que estava fazendo tratamento para deixar as drogas e tentando recomeçar a vida longe do Rio. Ela não queria ser culpada por uma recaída ou até processar a gente por expor sua vida.

Eu disse que nossa história me enchia de orgulho, mas que no meio havia outras pessoas que com certeza não se orgulhavam do que fizeram e outras que poderiam ser muito prejudicadas.

Ana fez uma cara de decepção, mas logo abriu um sorriso e disse que entendia a gente, que torcia para que aceitássemos, mas que no fundo já esperava por isso. Nos agradeceu por termos recebido ela e disse que, caso mudássemos de ideia, poderíamos ligar para ela a qualquer momento.

Trocamos números e nos despedimos. Antes de ir, ela disse que tentaria escrever algo baseado na nossa história, mas com outros personagens e histórias diferentes, e que, caso fizesse isso, nos mostraria o resultado antes de publicar e só publicaria com nossa autorização.

Voltamos para dentro de casa e eu pensei em algo.

Patrícia— Amor, e se ela publicar uma daquelas biografias não autorizadas?

Keyla— Duvido que ela faça isso. Ela me pareceu ser uma boa pessoa, mas se fizer, eu solto a Suzana em cima dela. Ela vai responder tanto processo que vai perder até a roupa do corpo!

Patrícia— É isso aí, minha heroína! kkk

Em meio a sorrisos e brincadeiras, fomos fazer nosso almoço. Decidimos curtir nosso domingo em casa mesmo, conversamos bastante sobre a ideia do livro durante o almoço e chegamos à conclusão de que tomamos a decisão certa.

Depois, fomos curtir a preguiça na nossa cama. Becky nos fez companhia. Eu me lembrei dos livros e resolvemos ler o primeiro. Acabamos gostando bastante da história de Ana e sua esposa. Keyla chorou no final.

Ela é muito romântica, e a forma como Ana escrevia era puro romantismo. Não havia partes de sexo, mas algumas mais eróticas, colocadas de uma forma suave e bem sutil. Quando terminamos, fizemos um lanche e respondemos algumas mensagens no grupo, indicando os livros para as meninas. Luciana e Naty já conheciam todos; inclusive, Naty tinha indicado eles para suas seguidoras.

Resolvemos ler o outro, mas Keyla pediu que eu lesse porque estava com os olhos ardendo de tanto ler e por ter chorado em algumas partes do livro, principalmente no final. Falei para ela lavar o rosto e que, se quisesse, eu leria para ela. Claro, ela adorou a ideia.

Li metade do livro enquanto ela suspirava, agarrada em mim. Fizemos uma pausa para jantar e retomei a leitura. Por fim, amamos o livro, mas Keyla disse que não foi tão bom quanto o primeiro, porque no primeiro ela sabia que era uma história real, mas que era ótimo também. Assim terminou nosso domingo, e fomos dormir, pois no dia seguinte uma nova semana de correria iria se iniciar.

Nossa vida seguiu sem novidades nas semanas seguintes, exceto por duas coisas que aconteceram. Minha sogra resolveu aceitar o pedido de namoro que Érica fez a ela depois de mais uma noite de amor entre as duas. Decidiram não sair contando para todo mundo, mas não iriam esconder de ninguém; iriam levar a vida de casal como qualquer outra pessoa. A notícia foi muito bem recebida por nós e por Gabi também.

Bom, depois daquela visita de Ana, ela ligou para Keyla 15 dias depois e perguntou exatamente quais personagens da nossa história não poderiam aparecer e por quê. Keyla explicou sobre a mãe dela e Tamires e passou o telefone para mim. Eu expliquei novamente sobre o Rogério e o Davi. Ela perguntou se da minha família eu não me importava. Eu disse que não, porque para mim eles realmente não eram importantes; por mim, o mundo poderia saber quem realmente eram, principalmente o homem que eu chamava de pai.

Ana me explicou que iria escrever algo baseado na nossa história e nos mostraria depois. Disse que iria nos mandar algumas dúvidas que tinha sobre nossa história e algumas perguntas pelo WhatsApp, e que poderíamos responder quando pudéssemos. Que iria mandar isso aos poucos para não atrapalhar a gente, e eu disse que tudo bem.

Eu estava indo bem no meu novo cargo. O novo espaço estava fazendo sucesso; Naty tinha seus produtos nele, então nunca deixou de divulgar, e, por consequência, divulgava a loja também. Keyla estava indo à psicóloga todo sábado e, como agora já estava com sua permissão para dirigir em mãos, íamos de carro todo sábado. Quando eu saía da loja, ia até o consultório e a esperava. Na volta, fazíamos as compras da semana.

Nossa pequena fama foi passando com o tempo; era raro agora alguém vir falar com a gente por causa dos vídeos ou das fotos. Nossas fotos já não estavam mais espalhadas pela cidade, e nossos vídeos na página da Naty já não tinham mais acessos, pois já havia vários novos, alguns muito fofos da Naty e da Gabi, que eram o casal mais popular das redes sociais no momento.

O mês de setembro começou e, com ele, algumas novidades. A primeira foi que Érica levou a avó de Keyla e sua namorada para morar com ela. O negócio ficou sério mesmo. Quem não gostou nada foi o pai da Gabi, que voltou a beber e foi ao portão da mansão fazer escândalo. O resultado disso foi ele sair dentro de um carro da polícia, depois de ouvir algumas verdades da própria filha. Pelo que minha sogra falou, foi a própria Gabi que chamou a polícia. Menina porreta, minha amiga, viu?

Aline e Luciana acabaram resolvendo ir com a história da fantasia até o final e, pelo jeito, gostaram muito. Resolveram contratar um profissional para não correr o risco de ter maiores problemas. Pelo que Aline me contou, a transa foi ótima e a garota foi incrível com elas desde o início. Além de dar muito prazer às duas, deu ótimos conselhos. Aline disse que ela tinha uns 26 anos e sua clientela era basicamente só casais.

Aline disse que contrataram ela por duas horas para passar em um motel, mas que no fim passaram a noite, porque o papo foi bom e as três se deram bem. Conversaram bastante e acabaram voltando a transar. De manhã, quando foram se despedir, a garota disse que, se elas quisessem, poderia ser uma amante fixa delas e, se isso acontecesse, cobraria a metade do preço que cobrou e, a não ser na sexta e no sábado, poderia passar a noite toda com elas.

Perguntei sobre o depois e Aline disse que não mudou nada. Ela e Luciana estavam pensando em ter a garota mesmo como amante fixa e se encontrar com ela uma vez por mês, mas que ainda estavam conversando sobre isso. Perguntei se ela estava feliz e ela disse que nunca esteve mais feliz na vida, e Luciana parecia sentir o mesmo.

Fiquei mais tranquila; meu medo de que elas estragassem a relação por causa disso era grande, mas parece que tudo deu certo e foi melhor do que o planejado.

Era ano de eleições para prefeito e, em setembro, começaram as propagandas políticas. Eu odiava aquilo; nunca fui muito fã de política e de barulho, então estava rezando para isso acabar logo.

No início do mês, era o aniversário de Keyla. Já tínhamos feito um trato: nada de festa surpresa, presentes caros, no máximo um almoço ou jantar com nossos amigos. E foi o que fizemos no aniversário dela: um almoço para comemorar. Como a mãe e a avó moravam na mansão de duas de nossas convidadas, resolvemos fazer lá mesmo. Érica ficou super feliz quando Keyla pediu a ela.

Foi bem tranquilo e divertido. Estávamos só nós, as meninas, Cristina sozinha porque o marido não pôde ir, a parte da família de Keyla com quem ela se dava bem, seu tio com a esposa e Suzana com a esposa e o filho Alan. Mas, como nem tudo é perfeito, Naty pegou no pé da Keyla por causa dos talheres. Nossa, foi hilário as duas se provocando na mesa durante o almoço.

Nossas conversas com a Ana renderam e ela disse que a história estava quase pronta, que só faltava o final. Ela queria escrevê-lo com calma, porque os últimos capítulos do livro iriam sair só da cabeça dela, já que a parte que a gente havia vivido tinha acabado e agora ela iria usar a imaginação para fechar a história.

As coisas estavam indo bem. Keyla já não apresentava aqueles pequenos momentos de insegurança; nosso relacionamento estava a cada dia melhor.

Levamos a Becky ao veterinário e pedimos para castrá-la. Não podíamos arriscar deixá-la ter filhotes, porque não teríamos tempo para cuidar deles. Becky praticamente se virava sozinha; a gente só colocava ração e água. Nem caixa de areia precisava mais, porque ela parou de usar há alguns meses. Ela prefere ir na horta nos fundos da casa.

Bom, mas sempre tem que acontecer algo para tirar um pouco da nossa paz. Em uma quarta-feira, quando entrei na loja, depois que voltei do restaurante, Cristina me chamou no escritório. Disse que queria me contar algo, que era coisa rápida. Fui com ela. Quando entrou, foi até sua mesa, pegou um papel e me entregou. Era um folheto de política. Quando olhei, não acreditei: meu pai era candidato a vereador da cidade. Estava ele e minha mãe na foto, com o número dele e seu nome. Acima, escrito alguma coisa, mas sinceramente nem li. Aquilo fez meu estômago embrulhar.

Cristina disse que resolveu me mostrar porque, de todo jeito, eu iria saber. Eu disse que tudo bem, mas que aquilo não significava nada para mim. A única coisa que senti quando vi a foto foi vontade de vomitar. Cristina sorriu e disse que sentiu o mesmo. Devolvi o folheto para ela, me despedi e voltei ao trabalho.

Aquela foto sinceramente não mexeu comigo. Fui sincera quando disse que só senti vontade de vomitar; no mais, não fiquei triste ou com raiva. Não senti nada. Meus pais tinham se tornado totalmente insignificantes na minha vida.

Continua…

Criação: Forrest_gump

Revisão: Whisper

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Foto de perfil de Forrest_gumpForrest_gumpContos: 391Seguidores: 86Seguindo: 61Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

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Nusssssss, tomara q o livro seja publicado com TODOS os podres e acabe com essa candidatura 😌

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Foto de perfil de Forrest_gump

Malvada 😲

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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Depois dessa última notícia, do pai candidato a vereador, já sabemos que ela vai aceitar o livro ser feito, expondo toda a verdade, se bobear com o nome da família, ou talvez rsrs passar informações para um possível rival dele, vai dar muito barulho isso, mais como diz o cara tá ali querendo pagar de pessoa honesta, então é bom mostrar quem é ele gode verdade.

Gostei da forma que vc passou, como a Patrícia se sentiu quando viu a foto dos dois, é isso mesmo que ela deve sentir por esse casal.

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Pode ser que isso aconteça, não sei 🤭

Mas acho isso não é muita a cara da Patrícia não 🤷🏻‍♂️😅😅

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KKK mais é a cara da Keyla, e todos que gostam dela, imagina a Naty soltando verdades na internet rsrs.

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Imagina Patrícia sabendo que uma delas fez isso Kkkk

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Patrícia vai gostar no fundo KKK, mais o pai não vai poder fazer nada com ela.

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Duvido que Patrícia iria gostar disso, ela não gosta de se expor e as meninas sabem disso e ela ignora a família, tipo ela não liga se o pai dela for vereador ou presidente da república, ela quer distância deles... Para ela os pais não existem assim como ela acha que eles nem lembram da existência dela 😁 eu acho né 🤣 🤣 🤣

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Com esse capítulo vc só está me dando idéias, que finalmente o embate entre Patrícia e os pais, está pra acontecer a qualquer momento.

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Ah isso provavelmente vai acontecer, mas acho que se acontecer vai ser por um motivo diferente do que você disse, isso pelas características da Patrícia, agora o fato de alguém próximo usar a história dela é possível também, só acho que Patricia ficaria muito chateada com a pessoa, mas veremos o que vem por aí

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