Segundo as notas do júri, ficamos em segundo lugar e ganhamos em prêmio de três mil reais. O primeiro colocado foi o Davi, o cantor lírico que se apresentou com Barbie-Girl. Mas, a grande surpresa que tivemos quanto á premiação estaria por vir. Todos as pessoas que foram assistir ao show recebiam uma pequena cédula para votarem na apresentação que mais lhes agradou, e quando foi feita a apuração dos votos do público, ficamos isoladamente em primeiro lugar, deixando o segundo colocado, que foi o mesmo Davi, bem distante de nós. Ganhamos mais três mil reais.
A emoção que sentimos naquele dia super divertido foi maior que qualquer prêmio que pudéssemos receber
Quem ficou muito chateado foi o Rodrigo. Apesar de todo sucesso que fez no evento, não conseguiu “ficar” com a Ariadne, que por sinal, estava acompanhada de sua ficante, uma bela gatinha loirinha de olhos verdes.
- Mas, Rodrigo, você viaja muito. Só na sua cabeça que você ia catar a Ariadne. Ela é lésbica. Você ainda não entendeu isto? – Falou Rafa.
- Eu não desisto nunca. Quando vocês estavam todos preocupados achando que nossa banda ia fazer feio, eu estava lá me preparando para a apresentação e super tranqüilo. Não vou desistir dessa mina não. Quem sabe ela repensa na sexualidade dela, ou tem uma recaída qualquer e nota que sou seu príncipe encantado.
- Rodrigo, é mais fácil ela reparar em você, se você fosse o sapo e não o príncipe. Ou melhor, se você fosse uma sapa. – Falei.
Rimos muito dos papos de Rodrigo e das piadas que fazíamos com ele.
Quando saímos do pavilhão Vera Cruz já era madrugada. Mais de duas horas da manhã. Procuramos um local para comemorarmos nossa atuação. Não havia muitos locais abertos. Acabamos indo todos nós, inclusive as panteras e os internets, para um local, chamado adega. Foi sugestão do Luke. Era um pequeno bar onde se servia vinhos, petiscos variados, lanches, servidos sobre barris usados como mesa, e que tinha algo que o Luke adorava e que meu pai gostou muito – VIDEOKE.
- Eu já conhecia a adega. – Disse Fabinho – Aqui não é declaradamente um bar GLS, mas é muito freqüentado por gays e lésbicas. – esclareceu ele.
Luke e meu pai cantaram muito. Se dependesse da vontade de meu pai estaríamos lá. Chamei-o para irmos embora, pois estávamos cansados e, no outro dia, eu e Rafa sabíamos que teríamos uma conversa com ele e minha mãe, da qual não sabíamos prever seu desfecho.
Eu e Rafinha havíamos decidido que contaríamos o nosso “segredo” para nossos pais naquele domingo que sucedeu o dia do festival.
Após a manifestação homofóbica de minha tia, tanto eu como o Rafa concluímos que o melhor era contarmos a nossos pais sobre nossas vidas. Não tínhamos medo que tivessem uma reação homofóbica, pois conhecíamos bem. Eu me preocupava apenas que eles se chateassem pelo fato de ter dois filhos gays e saberem que não teriam netos.
Marcos e RB também tomaram a mesma decisão e contariam para seus pais naquele mesmo domingo. Combinamos de nos encontrarmos todos no final da tarde para saber como foi a reação dos pais de cada um de nós.
Acordamos tarde no domingo, principalmente meu pai. Já eram 11 horas da manhã e ele não havia levantado.
Enquanto ele ainda dormia contamos todos os acontecimentos do dia anterior para minha mãe. Todos os detalhes. O ambiente, as gincanas, a Banda de Dorothy’s, a Silvetyy, as apresentações, nosso show, a performance de Rodrigo, a feminilidade e charme das panteras, a premiação. Contamos tudo e não nos esquecemos de nada.
- A mamãe... Pena que a senhora não foi.
- Rafinha querido, alguém tinha que cuidar das coisas da casa, ir ao mercado, fazer comida, verificar as roupas de vocês... Mas, eu fiquei muito contente e estou orgulhosa de vocês.
- Mamãe, depois que o papai acordar, eu e o Rafa precisamos conversar com vocês.
- Aconteceu alguma coisa grave Lucas?
- Não mamãe. Acho que não é nada grave.
Meu pai ainda demorou para acordar. Quando o fez, ainda foi tomar café, ler o jornal, contar para minha mãe os fatos que lhe marcaram no dia anterior. E não parava de dizer.
- Eu sempre falei que “Meu Grito” era uma música gay, não falei?
- Falou sim, Carlos.
- Então, ontem ela se tornou oficialmente uma música gay. Reconhecida por jurados e pela ONG GLS que organizou o evento – Dizia ele brincando e muito contente.
- Papai, não é “Meu Grito” e sim “My Shout” – Lembrou-lhe o Rafa.
- Bem lembrado. Até agora você não me disseram porque não cantaram em português e sim em inglês.
- Ah, papai... Rock em português não fica muito legal...Em inglês tem mais apelo... – Expliquei.
- Sem dizer que a letra em português ta muito “brega”- Completou o Rafa.
- Brega não, romântica. Não falem mal do Roberto Carlos que eu não gosto. – Disse minha mãe meio brava e meio brincando.
Até que chegou o momento de contarmos aos nossos pais que éramos homossexuais.
Sentamos todos na sala. Eu estava gelado. Muito nervoso mesmo. A sensação era horrível. Rafa se sentia da mesma forma.
- Bem meninos – perguntou nosso pai todo carinhoso – Que os dois tem tão de importante para nos contar?
- Fala você, Uca. – O Rafa me pediu para contar e já disse isso com a voz embargada e os olhos vermelhos como quem estivesse prestes a chorar.
Comecei a falar. Muito vagarosamente pois a garganta já começará a doer e travar minha fala. Eu via que poderia chorar, mas queria conseguir falar tudo o que desejava antes. Minha mãe percebeu o nervosismo.
- Uquinha meu amor. Fica calmo. Respira, depois você fala. Não precisa ficar nervoso.
O Rafa já estava chorando muito quando continuei.
- Papai, mamãe, quero que saibam que independente do que pensem de nós ao final desta conversa, saibam que nós dois amamos muito vocês e que nunca deixaremos de amá-los.
Eu já estava aos prantos.
Meu pai se aproximou e segurou minha mão.
- Calma filho, Eu estou aqui. Fale com muita calma. Lembre-se que sempre eu e sua mãe estaremos ao lado de vocês. Pois nós também os amamos muito e não existe fato algum que nos fará deixar de amá-los.
Minha mãe abraçava o Rafael que continuava a chorar. Chorava muito e encostado ao seu peito, molhara toda sua blusa.
- Eu e o Rafa queremos contar...
Minha voz não saia da garganta. Tentei iniciar a frase diversas vezes, mas o coro não deixava. Perdi completamente a voz e tremia muito.
Meu pai me abraçou. Vi que minha mãe fez um sinal qualquer para ele e balbuciou alguma coisa que não pude perceber o que era. Após isso ele tomou a palavra para si.
- Meninos, o papai e a mamãe amam vocês demais. Estamos muito tristes de vermos vocês dois tão nervosos e preocupados com o que querem nos dizer. Isso não é necessário, pois nada que no contem irá mudar o amor que sentimos por vocês...
Fez uma pausa. Olhou de novo para minha mãe, e continuou.
- E creio que não irão contar alguma coisa que eu e sua mãe já não sabemos.
Abraçou-me bem forte e encostou-me em seu peito.
- Não precisem falar nada. Eu e sua mãe sabemos de tudo.
Eu ouvia ele dizer que “já sabiam”, mas como ele não falava o que “já sabiam” eu ficava com medo de perguntar, pois e se o que eles “já sabiam” não era o que eu e o Rafa iríamos contar?
- Calma Rafinha. Não chore não. A mamãe já sabe e não precisam falar nada.
E o Rafa perguntou chorando muito?
- Que nós somos gays?
- Sim, querido. Nós já sabíamos.
Depois nos explicaram mais ou menos da mesma forma como a Dona Edith houvera nos falado, o porquê que eles já sabiam. Foram muito carinhosos. Disseram que jamais nos perguntariam alguma coisa e que apenas gostariam que tivéssemos falado, simplesmente para que assim nos aliviássemos do peso daquele segredo, tal qual a Dona Edith havia nos explicado.
Parecia que haviam decorado o mesmo discurso, mas não era isso, pois nem se conheciam.
Realmente eu e o Rafa tiramos um grande peso de nossas costas. Ficamos leves. Passamos um dia muito agradável. Meu pai não para de comentar sobre o festival. Falava das musicas da era das “Discotecas”, que matou a saudade e que fazia tempo que não se divertia tanto.
Contamos também que o Marcos e o RB eram bem mais que nossos amigos. Que eram nossos namorados. Ficaram contentes e disseram que também já sabiam disso. Eu nem quis perguntar como também sabiam disso. Fiquei com medo que eles me dissessem que viram algum vestígio qualquer deixado por mim, ou pelo Rafa, em nossos quartos – papel de camisinha ou a camisinha mesmo no lixo – e se fosse isso eu ficaria com muita vergonha.
- E os pais deles sabem de tudo? – Perguntou minha mãe.
- Neste momento eles devem estar contando para os seus pais. Pelo menos foi isso que disseram que fariam – Expliquei.
- Mamãe, to com medo que mãe do Sloopy bata nele...
- Quem é Sloopy? – Perguntou ela.
O Rafa explicou sobre o apelido que dera ao R e também contou que sua mãe o tratava de uma forma “pouco amável”, que ele gostava muito dele e que sentia muito pelo fato de sua mãe tratá-lo assim.
- Mas é um problema que ele terá de enfrentar. Nossas portas estarão sempre abertas para o RB. Ops, Sloopy, né, Rafa? – Disse meu pai.
- Mas Sloopy só eu quem posso falar papai...
- Sem problemas, senhor Rafael...- disse dando risada e continuou – O Rb deverá contornar todos os problemas que tem com sua mãe. Ele tem apenas dezessete anos, é menor, e não existe forma de ajudarmos, pois poderá parecer que estaremos interferindo na educação que sua mãe lhe dá. O que podemos fazer é recebê-lo bem, como sempre fizemos, dar nossa solidariedade e torcer para que seu problemas se resolvam.
A dor nos rins, causada pelo caçulo renal, é considerada pelos médicos como a mais difícil de ser tolerada. Entretanto, muitas pessoas convivem com essa dor durante anos com medo da cirurgia para a retirada do caçulo, uma das mais simples e de menor risco. Se for realizada a laser, sequer o paciente precisa ser perfurado. Entretanto, muita gente convive com a dor causada pelos cálculos renais, morre com ela, mas não realiza a operação que o aliviaria definitivamente. Opta por remédios que apenas o ajudam suportar a dor ou outras mediadas que a evitam por algum tempo. Mas, ela sempre retorna.
Hoje enxergo a situação do homossexual, que esconde essa sua condição da família, exatamente como aquela pessoa que tem pedra nos rins. Ele sabe que ao contar para a família, independente do resultado desta conversa, aliviará sua dor. Mas ele tem medo da conversa, tal qual o paciente tem medo da operação. Para evitar a conversa, opta por carregar o fardo que lhe pesa ás costas por um prazo que não sabe quando findará. Muitos o carregaram e o carregarão pelo resto de suas vidas.
Lógico que muitos pais não bem aceitaram seus filhos quando souberam da sexualidade destes. Mas muitos outros aceitaram com naturalidade. A grande maioria dos pais não colocou seus filhos para fora ou os rejeitaram. Isso, para mim, foi fácil de constatar. Ouvi os relatos dos diversos homossexuais que viria a conhecer e a grande maioria não teve problemas nenhum de aceitação por seus pais.
Mas, e aqueles que rejeitam seus filhos e os tratam mal? Não seria melhor não contar? Alguém poderia me perguntar isso.
E eu responderia:
Os pais que não nos aceitam seus filhos como são, não os amam. Amam um filho que idealizaram, que imaginaram, e não um filho do mundo real, que não escolheu ser gay ou lésbica, mas que nasceu assim.
Talvez fosse então melhor não contar para aqueles pais que com certeza rejeitarão o filho homossexual. Mas, este homossexual saberá eternamente que estará vivendo um mundo de mentira, que desmoronaria a partir do momento que a verdade viesse à tona. E viveria infeliz o resto de sua vida interpretando um personagem e usando uma máscara para ganhar o falso amor de seus pais. Pois o verdadeiro amor paterno ou materno é aquele que aceita o filho como ele é. Existem pais que não deixam de amar seus filhos que são criminosos e causam mal a sociedade. Mesmo não concordando com as atitudes de seus filhos, mesmo achando correto que a sociedade os puna, estes pais não deixam de amá-los. Podemos ver as portas das penitenciárias em dias de visitas como estão cheias de pais que visitam seus filhos.
Por qual razão não amar um filho que não faz mal algum a ninguém? Somente pelo fato dele gostar de alguém do mesmo sexo?
Não aconselharia nunca ninguém a contar ou deixar de contar sobre sua sexualidade para sua família. Mas a única coisa que posso afirmar com certeza, para qualquer um que me perguntar, é que a vida se torna bem mais fácil a partir do momento que contamos para os pais este “segredo” e tiramos o pesado fardo de nossas costas.
O “contar” para os pais também não precisa ser visto ao pé da letra, como fizemos eu e meu irmão. Não precisa existir um comunicado oficial dos filhos aos pais assumindo a homossexualidade. Isso pode ser feito também de uma outra forma. De uma maneira mais natural. Deixando as coisas acontecerem e que aos poucos eles percebam e aceitem aquilo que já sabem. Porque uma coisa é certa: A MÃE SEMPRE SABE. E dificilmente ele não comenta sobre isso com o pai.
Cada pessoa tem seu tempo certo. Cada pessoa tem uma família diferente. Uns não conhecem os pais dos outros melhor que seus próprios filhos. Cada um saberá dizer no tempo certo e da maneira certa quando decidir-se revelar aos seus pais.
Só não podemos esquecer que o tempo passa depressa e nossas vidas vão junto com ele.
Marcos e RB chegaram em casa por volta das sete horas da noite, Meus pais foram muito afetuosos com eles. Os abraçaram e os beijaram. Não disseram que já sabiam que eram nossos namorados. Apenas foram carinhosos e depois foram ao cinema para que pudéssemos ficar sozinhos.
- Como foi na sua casa Marcos? – Perguntei a ele.
- Cara, nunca chorei tanto na minha vida.
Ele respondeu isso e caímos na risada, pois exatamente a mesma coisa que aconteceu em minha casa houvera acontecido na dele. E como sempre, os pais de Marcos disseram que “já sabiam”.
- E na sua casa R, como sua mãe reagiu ? – Perguntou-lhe Rafa.
- Não teve choro. Não teve briga e a conversa não durou muito. Eu disse que estava namorando você Rafinha, e que por isso eu vinha muito a sua casa e, por isso, estamos sempre juntos. Ela pouca atenção deu e disse para eu namorar quem quisesse, mas que já estava na hora de eu arrumar um emprego. E completou, para mim, quem você beija ou fica não faz diferença alguma.
A mãe do R tinha uma porção de defeitos que ele nos contava. Um deles é que era apegada demais ao dinheiro, além de tratar o R muito mal e não demonstrar carinho. Mas, me surpreendi muito ao saber, que apesar disso tudo, ela não era homofóbica.
Fomos para nosso quartos com nossos respectivos namorados. Aquele resto de domingo foi muito bom. Aquele dia marcou o início de uma vida sem mentiras. Não havia mais fardo a ser carregado. Não estávamos mais desprotegidos. Tínhamos agora, ao nosso lado par nos proteger de todo preconceito e discriminação da sociedade, o amor e o carinho de nossos pais.
Também contamos para papai e mamãe o episódio na casa da tia Eneyda. Quando ela proibiu Rafa de levar o RB novamente a sua casa. Meu pai ouviu, ficou quieto. Minha mãe falou algo.
- Eu fico muito triste da Eneyda, que eu tanto amo, pensar desta forma e agir assim. Primeiro que estranho ela ser homofóbica, pois este sentimento não representa os princípios e os valores que nossos pais nos passaram. Segundo, porque eu jamais faria algo semelhante com os filhos dela. Ela deveria saber que eu sofreria muito com esta sua atitude. Mas, parece que isso pouco importou para ela.
Minha mãe ficou muito triste com a atitude de sua irmã. Nunca falou nada para minha tia Eneyda, e essa por sua vez, mesmo quando já sabia que nossos pais nos aceitavam do jeito que éramos, também nunca tocou no assunto com minha mãe.
- Mamãe, quero pedir uma coisa para vocês – falei para ela que ficou prestando muita atenção – Se um dia eu vier morrer antes que a tia Eneyda, por favor, não permita que ela venha eu meu velório ou me veja.
Minha mãe começou a chorar.
- Pare com isso, menino. Você vai demorar muito ainda pra morrer. E outra, não podemos guardar rancor em nossos corações. Não iguale seus sentimentos ao dela.
- Não mamãe. Não tenho rancor. Tenho mágoa. E só estou pedindo isso a você e ao papi, porque eu entendo que solidariedade deve ser dada em vida e não depois que a pessoa está morta e não pode usá-la.
Na manhã de segunda-feira, como todos os dias, marcos, passou em minha casa de manhã e juntos, eu, ele e Rafinha foram para o LG. Seria um dia bem diferente. Agora éramos astros da música. Já nos preparávamos para ouvirmos as papagaiadas de Rodrigo.
- Vai ser duro agüentar o moleque hoje, heim. – Comentou Marcos comigo.
Mas algo muito estranho aconteceu logo no portão do LG. O R se encontrou conosco, como fazia todos os dias, mas o Rodrigo sequer se aproximou de nós.
- Será que ele não nos viu – Perguntou Rafinha a nós todos.
- Rafa, lógico que ele nos viu. Só não quis demonstrar que nos via. Como ele poderia não nos ver sendo que nos encontramos todos os dias neste mesmo local. – respondi.
Eu percebi que Rodrigo nos evitara. Ainda não sabia o porquê.
Segunda-feira é aula da diaba. Haveria algumas atividades valendo nota de português naquela semana ainda. Rodrigo veio até a mim e devolveu-me o livro que pegará emprestado para xerocopiar.
- Muito obrigado e desculpe-me pela demora. – Disse ele com formalidade e sem esboçar um sorriso sequer.
Tentei ainda puxar algum assunto e fazer alguma brincadeira relacionada a apresentação no festival do dia anterior, mas ele se calou, mudou-se de lugar e foi se sentar numa carteira vazia, bem longe da minha.
Não mais abriria a boca durante a aula.
Um pressentimento ocorreu em minha cabeça. Peguei o livro que ele me entregara o abri. Observei que os diversos bilhetinhos que Marcos me entregava todos os dias já não mais cabiam entre a capa do livro e o papel que a protegia e assim eles se colocavam a mostra.
Entendi tudo que acontecia. Rodrigo vira os bilhetes e já sabia que eu era gay.