A minha admiração pelo meu professor de Geografia aumentava a cada dia.
A visão que ele tinha sobre diversos assuntos estava anos luz de distância em relação ao demais professores. Principalmente no que se referia à metodologia de lecionar e a pertinência dos temas que escolhia.
Eu ficava pensando: Qual professor de LG ou de qualquer outra escola e que não fosse da disciplina Biologia ou Ciências teria a coragem e a inteligência de escolher o tema pênis para um aluno apresentar em aula e ainda conseguir relacioná-lo à sua disciplina e dar informações tão importantes ao alunos sem vulgarizar tal assunto?
O Luke, quando apresentou o tema, sabia que com certeza eu acabaria informando os alunos quanto aos cuidados com a higienização do Pênis e a prevenção do câncer neste órgão. Como também sabia que eu falaria sobre o tamanho do pênis do brasileiro, assunto de interesse da maioria dos alunos. Mas, mesmo que eu não tivesse abordado assuntos tão importantes, ele mesmo os abordaria ao final da exposição. Como sempre fazia. Suas aulas eram imenso proveito.
Depois da briga na quadra o boato de que nosso “quarteto” era gay se espalhou pela escola.
Já não havia mais como esconder. Afinal, já freqüentávamos baladas e bares gls e sempre nestes lugares tem alguém que conhece alguém que te conhece.
Não sei como o Fedô soube a respeito de nós quatro. Deduzia que tivesse sido o Breno quem tivesse contado para os outros garotos da escola.
Um dia eu e Marcos trombamos com o Breno sozinho no corredor, na saída da aula.
- Chega aqui, cara. – Marcos chamou Breno de forma intimidatória.
- Que foi? – Perguntou-nos meio receoso.
- Foi você quem espalhou prá escola sobre nós?
- Não foi eu, Marcos. Todo mundo ficou sabendo por causa de vocês mesmos. Vocês tocaram naquele festival...
- Mas, no festival qualquer um poderia participar – Interrompi Breno, irritado por aquela visão preconceituosa.
- Eu sei... Mas, o ovo acaba desconfiando... Daí também comentaram que viram vocês um uma barraca gay lá na praia...
- Mas, na barraca também pode ir qualquer um – Ponderou Marcos.
- Ta...Mas o Rafa e o RB também deram umas brecha ai..E parece que ouviram os dois de papo estranho...
- Que papo estranho? - Perguntei a Breno.
- Dei lá... Um chama o outro de Snoopy, o nome daquele cachorrinho... Também não entendi direito quando me falaram.
Vi que as conclusões dos rapazes da escola a respeito de nossa homossexualidade foram todas baseadas em suposições totalmente preconceituosas, embora estivessem certos.
Então Breno concluiu.
- Vou falar algo, apesar de saber que não acreditarão em mim...
- Diga – falou Marcos.
- Quem confirmou para todo o pessoal da escola sobre vocês foi o Globeleza.
Não quis realmente acreditar naquilo que ouvi de Breno. Por qual razão o Globeleza espalharia o nosso segredo? Afinal somente o ajudamos.
Já que a escola toda sabia de nossa homossexualidade, resolvi conversar com o Fabinho. Contei pra ele da história do banheiro com o Globeleza e quis saber a opinião dele sobre como todos já sabiam a nosso respeito no LG.
- Lucas, quem é gay aqui no LG com certeza já sabia de vocês há muito tempo...
- Já sei, Fabinho, o radar...
-Não só o radar, mas, de certa forma nós gays ainda vivemos em guetos, ou seja, poucos locais de diversão, muitas vezes isolados onde todos nós freqüentamos. E sempre alguém que nos conhece estará lá e não terá o compromisso de guardar segredo Eu mesmo já sabia que vocês foram à Barraca da Cris, lá na praia. Um amigo meu te viu lá e me contou. Falou assim: “Sabe aqueles meninos do festival? Vi eles na Cris...bla blá blá”
- Tem razão. Mas, Fabinho, você acha que aqui na escola o Globeleza espalharia o nosso segredo?
- Não tenho a menor dúvida que sim. Se o Lê de tão fofoqueiro é chamado de Comandante Hamilton, o Globeleza é a Sonia Abrão do LG. Ele deve ter comentado sem maldade. Mas, não deve ter deixado de contar para poucos sobre o que viu. Eu mesmo já tinha ouvido esta história do banheiro ai que você me contou. Só não sabia se era verdade ou fofoca.
Quando nossa homossexualidade tornou-se um fato público no LG, este serviu para identificarmos quem realmente eram os nosso amigos e quem não era.
Muitos se afastaram e nem nos cumprimentavam mais. Outros apenas nos cumprimentavam por educação. Algumas meninas, com as quais eu já tinha ficado, passaram a me odiar, por se sentirem traídas.
- Rodrigo, quando eu fiquei com a Julinha, eu ainda estava no primeiro ano. Já faz dois anos que isso aconteceu, e quando eu fiquei com ela eu curtia minas sim. Não a enganei.
- Mas, ela não entende isso. Diz que tem nojo de você.
Um dos que apenas nos cumprimentava com cordialidade e sem se aproximar era meu primo João.
Prá ser bem sincero, pouco me importei, apenas me magoei em saber mais uma vez em verificar gente preconceituosa dentro da própria família.
Entretanto, muita gente continuou a agir normalmente conosco e os gays e lésbicas do LG ficaram mais a vontade para se aproximarem cada vez mais de nós quatro. Coisa que já vinham fazendo desde o festival.
Também então não tínhamos mais nada a esconder e ficávamos muito a vontade em rodas de bate papo com as panteras, os metralhas, os meninos do vôlei, com os alunos bonzinhos que costumam se sentarem a frente e não conversavam com ninguém para esconderem a homossexualidade... E como diria o Fabinho “agora eu conversava e me entrosava com a bicharada toda.
Numa conversa, na arquibancada da quadra do LG, em que participava todo o zoológico – palavras de Fabinho - discutimos as diferenças entre as lésbicas e os gays.
- Na verdade – dizia Ariadne – as diferenças existentes entre homens e mulheres homossexuais são as mesmas diferenças que existem entre homens e mulheres heterossexuais.
- Como assim? - Perguntou Fabinho – Eu sou bem diferente destes “héteros” machistas...
- E eu sou bem diferente destas “héteras” dondocas – Retrucou Monga.
Ariadne passou então a nos explicar que tínhamos os mesmos comportamentos dos heterossexuais e quando terminou, eu notei que ela tinha razão. O que ela falou foi tão interessante para mim, que até anotei em meu caderno.
- O homem é um galinha por natureza. Não importa se é gay ou não. – Finalizou a Ariadne fazendo com que todos caíssem no riso.
Estávamos já de saída quando um menino meio franzino, cabelos pretos cacheados, parecendo um anjinho, veio em nossa direção, Ele era muito sorridente e exalava simpatia.
- Quem é este carinha que ta vindo ai? – Perguntei.
- Ele é um aluno novo. É de um dos segundos anos. Não é do meu... – Explicou RB.
- Nem do meu – Completou o Rafa.
E ele se aproximou e abordou a nós quatro.
- Oi! Tudo bem com vocês?
- Tudo bem – Respondemos nós todos como se fizéssemos parte de um coral.
- Eu gostaria de falar com vocês. Estão com pressa.
O menino era tão simpático e tão bonitinho que mesmo que eu tivesse pressa eu não falaria.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Marcos já respondeu.
- Não estamos com pressa não. Pode falar a vontade.
Vi que a voz do Marcos estava toda melosa. Ele era educado e simpático, mas, não gostei muito quando ele abriu seu sorriso, sua marca registrada, para a aquele doce de menino que queria conosco conversar.
- Meu nome é Riick. Sou novo aqui no LG. Eu soube que vocês têm um site aqui na escola e eu gostaria de saber se posso escrever e publicar neste site também?
Mais uma vez eu iria responder e o Marcos se adiantou a mim.
- Não. O site não é nosso e sim de todos que quiserem contribuir com a escola. Pode participar sim Riick.
O menino ficou muito feliz. Fez sugestões de artigos, contou-nos de sua participação no grêmio em sua escola anterior, nos perguntou sobre tudo do LG.
Dizer que o Riick era apenas simpático seria omitir muito de sua personalidade. Ele era empolgado, tinha bom papo, contagiava a todos com sua alegria e bom humor. Em poucos minutos que ficou conversando com nós quatro, fez parecer que era nosso colega de anos.
Passou-nos o seu MSN e Orkut. Eu anotei o MSN de cada um de nós quatro numa folha de meu caderno e a entreguei.
- Vou adicioná-los assim que entrar no MSN.
Ele foi embora todo sorridente e quando estava já longe, se virou e nos acenou um tchau.
- Nossa!! Que carinha gente fina!!!
- Por isso que você estava todo se derretendo pro lado dele? – Perguntei imediatamente.
- Ta com ciúmes, Amor?
- Já falei pra você não me chamar de amor quando estivermos na rua. – Falei e fechei a cara
Quando visitei seu perfil e páginas de recados pude ver como seus amigos gostavam dele. Vários recados do tipo “to com muita saudade”; “quero te ver”; “você não me liga faz tempo”. Parecia que o mundo queria falar com o Riick, e parecia que o mundo precisava de Riick. E como era gostoso conversar com aquele "anjinho".
Até hoje não sei dizer se o Riick é lindo como eu o enxergo ou se o vejo bonito devido ao seu interior.
Sei apenas que ele me encantou de uma forma que fazia com que eu quisesse estar ao seu lado ou conversar com ele a todo momento.
Apesar de todo este meu encantamento com o Riick, não gostei “nada nada” ao perceber que o Marcos também se simpatizou com ele. Apesar de poder culpá-lo por isso. Era quase impossível não se encantar com o Riick,
De vez em quando eu e Marcos dávamos uns perdidos no Rafinha e no RB. Não que suas companhias não nos agradassem, mas para podermos nos curtirmos mais um ao outro e termos um pouquinho mais de romantismo.
Naquela mesma noite que conhecemos o Riick fomos ao cinema para ver uma comédia romântica qualquer. Marcos quem escolhera o filme e o cinema.
- Menino legal o Riick, gostei dele – Disse Marcos enquanto estacionava o carro no estacionamento do shopping.
- Mas, você já falou isso hoje Marcos.
- Eu sei, mas conversei com ele no MSN agora a tarde e ele causa uma admiração fora do comum. Ele cativa, ele atrai as pessoas para junto dele. Ele quando conversa no MSN demonstra interessar-se pelo assunto que puxamos e os estende. Não parece que conversa por conversar... – E passou a falar do Riick sem parar.
- Mas, você o adicionou no MSN depressa, né?
- Não. Somente o aceitei ele quem me adicionou.
- E porque ele não me adicionou e só adicionou você?
- Não sei.
- E nem se interessou em perguntar o porquê que ele não adicionou o seu namorado no MSN? – Perguntei já exaltado.
- Lucas, pare com isso. Não sei o porquê ele não te adicionou como também não sei se ele sabe que somos namorados. Pare de ciume bobo.
- A escola toda sabe que somos namorados e ele não sabe?
- Pelo menos não me falou. E outra, Lucas, quem disse que ele é gay?
- Você acha que ele não é?
- Não sei. Nem me preocupei com isso. Conversei com ele apenas como amigo. Nem me ocorreu isso.
Eu estava sendo muito hipócrita com o Marcos. Irritei-me ao saber que ele conversara com o Riick no MSN a tarde. E estava enciumado com isso, mas, eu mesmo não via a hora de ver o Riick novamente.
Nos aproximamos do cinema e nos pusemos na fila.
Estávamos distraídos e conversando quando alguém bate em meu ombro e nos cumprimenta de uma forma muito meiga.
- Oiiiiii! Tudo bem meninos?
Era o Riick. Estava um gatinho. Boné vermelho com detalhes pretos; uma jaqueta vermelha, camiseta preta com detalhes vermelhos, uma calça de brim preta, a cueca que aparecia em sua cintura também era vermelha e um tênis “all star” vermelho.
Fiquei contente ao vê-lo, mas ao mesmo tempo já senti raiva do Marcos.Ele escolheu o cinema e o filme. Com certeza porque havia combinado de se encontrar com o Riick.
Pensei em sair dali imediatamente e ir embora. Não o fiz não sei se por não quere fazer vexame ou por vontade de ficar perto do Riick.
- Lucas, o seu e-mail é este aqui mesmo que você me passou, pois eu te adicionei e apareceu uma mensagem dizendo endereço eletrônico inexistente – Falou-me isto e passou a folha de caderno onde eu havia anotado os endereços de nosso quarteto.
Quando conferi o meu e-mail, notei que havia esquecido de colocar um ponto separando meu nome do sobrenome.
- Putz, Rick! Foi mal, passei o e-mail errado.
Anotei o email corretamente e o entreguei.
- Agora pode adicionar que vai dar certo.
- Pode deixar, Lucas, gostei muito de te conhecer e quero manter contato com você.
- Você vai assistir a este filme também? – Perguntei já sabendo que ele me responderia com um sim.
- Não – Falou todo tristinho – Minha irmã esqueceu seu celular em uma loja. Chegou em casa e pediu que eu viesse buscá-lo. Nem trouxe dinheiro nem nada. Só passei aqui para cumprimentá-los, porque vi vocês. Mas já vou embora.
- Fica – Disse Marcos – Eu te pago a entrada e outro dia você me paga.
- Sim Riick. Vamos ao cinema com a gente. – Concordei com o Marcos por gostar da companhia do Riick, mas não gostei que o convite tivesse partido dele.
- Bem, se vocês não se importarem, eu aceito. Também queria muito ver esse filme. Depois no LG eu devolvo o dinheiro para vocês.
Aquela noite estava bem fria e Marcos estava usando uma jaqueta jeans que fazia tempo que não vestia. De repente enfiou a mão no bolso.
- Que foi Marcos? – Perguntei a ele.
- Tem um treco melado aqui no meu bolso – Tirou a mão do bolso e ela estava toda suja de chocolate derretido. Era um dos muitos que eu havia escondido em seu quarto, com versinhos e declarações de amor. Esse ele só tinha encontrado naquele momento, pois desde aquele dia não havia usado ainda aquela jaqueta jeans.
O chocolate derretido em sua mão, com aquela cor e viscosidade, tinham um aspecto bem nojento. Grudado a sua mão, além da embalagem do chocolate estava mais um outro papelzinho que caiu no chão e foi recolhido por Riick, que não tinha como deixar de ler o que estava nele escrito: “ Marcos, nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito, nem é maior que o meu amor, nem mais bonito. Lucas”
Entregou o papelzinho meio sem jeito para Marcos.
- Meninos, perdão por ter lido. Eu não sabia que vocês eram namorados. Eu não queria atrapalhar. Acho que vou embora.
- Não – Falamos nós dois ao mesmo tempo para Riick.
- Fica Riick, será um prazer para nós dois. Não é Marcos?
- Sim, Riick, fique. Eu e o Lucas somos namorados sim. Pensávamos que já soubesse. Mas, isto não impede de termos amizade com você. A não ser que você não queira.
- Quero sim. Só não quero atrapalhar.
- Não atrapalha. – Dissemos juntos para ele.
A partir daí a nossa amizade com Riick foi se estreitando cada vez mais. Nos falávamos na escola e no MSN.
Eu adorava quando aparecia a mensagem no MSN hunter.sbc@hotmail acabou de entrar, e logo ele me chamava para conversar com um “oiiiiiiiii”. Também adorava ver um gatinho com fones de ouvido que ele usava no lugar de sua foto.
Eu adorava estar com o Riick, mas continuava a amar o Marcos intensamente.
Nossa amizade com Riick foi crescendo cada vez mais.
Porém, eu sabia que sentia algo muito além de amizade pelo Riick e não sabia definir o que era. Eu não tinha dúvida alguma quanto ao meu amor por Marcos, mas queria ter o Riick ao meu lado a todo momento.
Tenho uma preocupação muito grande quando descrevo o Riick. Tenho medo de não conseguir demonstrar o quanto ele era gentil, simpático, feliz e bom.
Nossa amizade com Riick foi crescendo cada vez mais.
Porém, eu sabia que sentia algo muito além de amizade pelo Riick e não sabia definir o que era. Eu não tinha dúvida alguma quanto ao meu amor por Marcos, mas queria ter o Riick ao meu lado a todo momento.
Tenho uma preocupação muito grande quando descrevo o Riick. Tenho medo de não conseguir demonstrar o quanto ele era gentil, simpático, feliz e bom.
Ele era daquele tipo que animava qualquer festa por mais chata que esta fosse; consolava qualquer pessoa com problemas, não importando quais fossem e animava a pessoa; comprava a briga dos mais fracos; era corajoso e solidário.
Um dia quando saíamos da aula vimos Riick enfrentando um bando de moleques, alunos do LG mesmo, que zuavam um morador de rua que estava deitado ao lado de seu carrinho que usava para catar papelões, próximo ao ponto de ônibus. O morador de rua lembrava o personagem “mendigo” do programa “Pânico”
- Seus covardes – gritava ele – não tem vergonha de maltratarem uma pessoa que não faz mal algum para vocês?
Os moleques ficavam chamando o “mendigo” por apelidos e roubavam seus papelões para vê-lo irritado.
Não por medo físico de Riick, mas, talvez por constrangimento, já que os protestos dele fez com que outras pessoas também repreendessem a atitude dos meninos, estes abandonaram o local e deixaram de perturbar o mendigo.
Estava frio. Riick tirou sua jaqueta e colocou no mendigo. Comprou um cachorro quente no carrinho ao lado do ponto e lhe deu para comer.
O “mendigo” ficou muito grato a Riick e sempre que o via fazia sinal de positivo e sorria.
Quando Riick faltava á escola, o “mendigo” nos parava e perguntava dele para nós.
- Cadê o meu “anjo da guarda”?
Dizem que todos nós temos um anjo da guarda, talvez, Riick fosse mesmo o anjo da guarda daquele mendigo.
Riick, em pouco tempo se tornou a figura mais popular da escola.
Tornou-se mais admirado ainda quando publicou no blog “Adolescentes em Ação” um artigo em que dizia que todo aluno, com a proteção de diversas leis, tinha o direito a recorrer quanto às notas de suas provas, das notas bimestrais e quanto à decisão final da escola de promovê-lo de ano ou reprová-lo, toda vez que sentir-se prejudicado.
No artigo, Riick ainda lembrava a todos os alunos, que as provas deveriam avaliar a capacidade de raciocínio dos alunos e não sua memória, afinal ninguém entra na escola para aprender a decorar textos.
Também argumentava dizendo que na hora de atribuir uma nota ao aluno, o professor deveria considerar os aspectos qualitativos – o evolução do aprendizado do aluno e quais as habilidades e competências que desenvolveu – e não serem considerados os aspectos quantitativos – número de de acertos em provas e cálculo de “médias” bimestrais.
Terminava o artigo demonstrando que a média é um número que nem sempre mostra a verdade sobre uma situação e exemplificava.
“Três moradores de ruas famintos vão até a porta de um restaurante e pedem comida ao gerente. O primeiro recebe dois pratos de comida, o segundo recebe um, e o que chegou por último não recebe nada. Três pratos de comida para três mendigos, se calcularmos a média, cada um recebeu um prato de comida, entretanto, sabemos que um deles nada comeu e continua com fome.”
A mesma coisa podemos dizer de uma aluno que tirou média 0 no primeiro bimestre, 0 no segundo bimestre, 8 no terceiro e 10 no último bimestre. Este aluno terá média final 4,5 e será reprovado, pois, segundo muitos professores, ele não teve bom desempenho no ano, já que não conseguiu média 5. Entretanto, notamos que este aluno cresceu de forma admirável no segundo semestre e terminou o ano com ótimo desempenho. Demonstrando ter condições suficientes para prosseguir em seus estudos na série seguinte.”
O artigo fez muito sucesso entre os alunos que passaram a questionar os professores a respeito de seus critérios de avaliação. Os professores, que usavam a prova para intimidarem, assustarem, aterrorizarem os alunos e mantê-los disciplinados como se fosse um chicote, que o domador de circo usa para domar o leão ou o tigre, nada puderam fazer e foram obrigados a reverem seus critérios, ainda mais que o Luke deu, publicamente, total apoio ao artigo do Riick.
Preciso dizer que a Diaba ficou soltando fogo pelas ventas?
O Riick era fabuloso. Ele cada vez mais entrava em minha mente. Parecia me possuir.
Meu namoro com Marcos era maravilhoso como nunca vi o de ninguém. No sexo nos entendíamos muito bem. Mas, o Riick me fez entrar em parafuso e diversas vezes na hora do banho me masturbei pensando nele.
Aquela história de que o homem é galinha, não importando se fosse homossexual ou heterossexual parecia ser pura verdade.
Eu não queria “o” Marcos, eu não queria “o” Riick. Eu queria o marcos e também queria o Riick. Tinha medo de chegar um dia em que eu quisesse mais alguém além dos dois.
Não entendia nada do que se passava em minha cabeça. E evitava pensar muito no assunto.
Certa tarde fui conversar com Rafinha em seu quarto e vi que ele estava na sala de bate-papo Sexo-Gay.
- Que você está fazendo, Rafa?
- To dando uma caçadinha – Respondeu com um sorriso malandro no rosto.
- Poxa, Rafa!! E o RB? Ele não é mais seu namorado? Você não o ama mais?
- Uca, eu adoro o Sloopy. Não largo dele por nada desse mundo. Adoro “trepar” com ele. Não importa se é pra comer aquele bunda linda ou se tenho de dar pra ele, com aquele a rola enorme. Mas, to doido pra transar com outra pessoa... E já faz tempo que tento conter esse meu desejo mas não to conseguindo.
- Ah...Você quem sabe Rafa... Na realidade não tenho o que dizer...
E não tinha mesmo. Que eu poderia falar sendo que praticamente eu estava fazendo a mesma coisa que meu irmão?
Levantei-me para ir para meu quarto.
- Fica ai Uquinha. Não precisa ir prá lá.
- Rafa, eu vou ficar aqui fazendo o que? Continua sua caça aí e reza pro RB não descobrir...
- Você vai contar?
- Lógico que não Rafa. Isso é um problema seu e dele.
Fui para o meu quarto, deitei-me em minha e fiquei lendo uma revista qualquer.
O Rafa aparece na porta e me chama.
- Uca, tem um carinha a fim de algo a três. Você topa se eu chamá-lo para vir aqui?
- Lógico que não Rafa... E nem quero saber desse assunto... Tchau.
O Rafinha voltou lá para o seu quarto e continuei com minha leitura, entretanto não conseguia mais me concentrar nela. Comecei a pensar naquilo que o Rafa me disse “Adoro o Sloopy... Mas, to doido pra transar com outra pessoa”. Pensei também nas punhetas que batia imaginando o Riick, quando eu acabava traindo o marcos em meus pensamentos. Talvez eu tivesse a mesma necessidade do Rafinha, transar com outra pessoa que não fosse meu namorado.
Fui até o quarto do Rafinha.
- Que o carinha curti, Rafa?
- Ele falou que topa tudo?
O Rafa adicionou o menino do bate papo no MSN. Ele ligou sua câmera e pudemos vê-lo. Também ligamos a nossa. Ele não era de nosso bairro e isso era muito bom para evitar que o marcos e o Rb soubessem de nossa traição. Ele era bonito. Tinha namorada. Alto, magro, 19 anos, loirinho.
Ele estava no centro da cidade e combinamos que viesse imediatamente para nossa casa, pois mais tarde, tanto o Marcos como o RB poderiam estar lá.
- Rafa, mas eu não vou fazer passivo não. Só dou a bunda pro Marcos.
- Poxa, eu que vou ter de dar pro carinha!!! Ele tem uma bunda ta bonitinha...Olha como ficou minha pica só de vê-la – Tirou o pau pra fora da cueca boxer que estava vestido e me mostrou. Realmente ele estava com muito tesão, pois a cabeça do pinto estava já toda melecada.
Caçar na sala de bate papo é algo muito cansativo e “improdutivo”. Existe muita enrolação e mentiras. Somente com muita sorte é que se arruma uma boa foda.
As pessoa mentem a idade, o peso, negam a própria etnia.
Quando dizem terem mais de trinta anos é porque possuem mais de quarenta anos. Se são “gordinhos”, omitem, mas caso se declarem “gordinhos” é porque são muito gordos mesmo. Muitos se definem como "morenos" e na verdade são negros ou mulatos.
Dá para notar que o auto preconceito reina no bate papo. Existem todos os tipos de gosto e não há necessidade de ninguém mentir sobre nada. Ainda mais quando se sabe que quando houver o encontro cara a cara a verdade virá a tona e ai sim poderá haver um grande constrangimento quando a outra pessoa descobrir a mentira.
Uma coisa que não existe no bate papo é modéstia. Todos se dizem “bonitos”, “gatos”, “quem provou gostou”, “dotados”, “filés”, etc.
O carinha apareceu e era bem gostosinho mesmo. Não tivemos muito papo. Ele chegou, já subimos e fomo para o meu quarto onde havia cama de casal. Logo de cara já beijamos a boca dele, o Rafa e depois eu. Ficamos nus e ele fez a gulosa para gente. Depois sem muito enrolar ele ficou de quatro e lhe meti vara enquanto ele chupava o Rafa, depois trocamos e o Rafa o enrabou enquanto ele me chupava. Não deixamos de usar camisinhas. O cara, como todo “versátil” do bate papo era somente passivo. Não quis comer nenhum de nós dois, o que foi bom. Gozamos em cima de sua barriga enquanto ele se masturbava e gozava também. Tomou um banho, bateu papinho, bebeu uma água se mandou.
- Ele disse no bate papo que era versátil, mas era só passivo, Uca. Já pensou então se ele falasse que era passivo?
- Com certeza viria montado. Né, Rafa?
Caímos na risada.
Não vou dizer que fiquei com remorso do que fizemos, pois estaria mentindo. Aquela saída da rotina foi muito boa e me deixou com mais tesão ainda em relação ao Marcos. E parece que meu irmão apresentava os mesmos sentimentos que eu.
- Agora vou tomar um banho e esperar meu Sloopy. Assim que ele chegar eu vou levá-lo pro meu quarto e vamos fazer “a foda”.
Pensei exatamente a mesma coisa. Quando o Marcos chegasse, não iria perder tempo com falatório algum. Seria “sexo total”.
Aquela caçada na net serviu para que eu tirasse o Riick de minha cabeça, mas, eu e o Rafa ficamos um pouco acostumados a este tipo de aventura, e a repetimos diversas vezes. Sempre com caras diferentes.
Passei a enxergar sexo e amor como sendo duas coisas diferentes. E sexo com amor como sendo uma terceira coisa, bem melhor que as duas primeiras. E era essa terceira coisa que eu sempre fiz com o Marcos, desde o dia em que eu o conheci.
No LG passamos a fazer através do blog uma campanha para que o Grêmio Estudantil e a direção da escola organizassem um campeonato de futebol que encerrassem as atividades daquele ano letivo. O Grêmio não havia feito nada do que prometera, e com exceção das atividades e trabalhos de geografia que agitavam e animavam os alunos, a escola foi super parada o ano todo.
Meu aniversário estava chegando e seria no próximo final de semana, no sábado. Por sugestão do Rafinha, convidamos o Luke, o Rodrigo e o Riick para irmos pra nossa casa na praia, junto conosco e com nossos namorados. Chamaríamos o Matheus também. Passaríamos o final de semana juntos na praia e lá comemoraríamos o meu aniversário de 18 anos.
A semana passou bem devagar, pois aguardava aquele fim dês semana de forma ansiosa, mas em determinado momento eu fiquei chateado de ter feito o convite ao Riick. Apesar de meu coração bater diferente toda vez que o via, eu estava um pouco irritado, pois justo naquela semana que era muito especial para mim, eu o flagrei diversas vezes conversando sozinho com o Marcos, e sempre me passavam a impressão que mudavam de assunto quando eu chegava perto.
Procurei tirar qualquer bobagem de minha cabeça. Não poderia existir a possibilidade de eu estar sendo chifrado. Riick tratava o Marcos da mesma maneira carinhosa que me tratava e eu não lembrava de um ato sequer que me levasse a desconfiar do Marcos. Na verdade, quem era o sem vergonha da história era eu, que dava umas escapadelas junto com meu irmão e que desejara o Riick por diversas vezes.
Chegou a sexta-feira e nos encontramos todos por volta das nove horas da noite no apartamento do Luke. Como estávamos em oito pessoas, iríamos em dois carros. Metade no carro do Marcos e os outros no carro do Luke.
- Poxa, já ta todo mundo aqui e o Sloopy não chegou até agora – Falou o Rafa preocupado.
- Não se preocupe não Rafinha. Ele ficou aqui em casa até umas seis horas da tarde e confirmou que iria. Estava todo alegre – Disse a Dona Edith para acalmar o Rafa.
O Luke para ajudar o RB, o contratou para que ficasse todas as tardes com a dona Edith. Ela estava com alguns problemas de saúde que a impediam de se locomover com agilidade, então era sempre bom ter alguém por perto. Como o Luke trabalhava o dia todo, e muitas vezes à noite também, ele precisava de alguém para auxiliar sua mãe e fazer companhia para ela. RB se deu muito bem com a dona Edith e esta com ele. Ele lhe dava os remédios na hora certa; ia ao mercado e preparava o lanche da tarde com as coisas que ela gostava; ia ao banco e sabia a senha do cartão de dona Edith e do Luke, que tinham plena confiança nele.
O RB e a Dona Edith passavam horas juntos conversando e ela tinha um carinho muito grande por ele e o tratava como se fosse um neto. O Luke também adorava o RB e o tratava como se fosse seu sobrinho ou filho, e lhe era muito grato pela forma como ele tratava sua mãe.
Dona Edith só chamava o RB de amorzinho
- Pode ficar tranqüilo, Rafinha, que já já o meu amorzinho estará aqui.
- Nosso amorzinho. Né, Dona Edith? – Brincou o Rafa com ela e caíram na risada.
Instantes depois chegou o RB. Trazia sua mochila e chorava muito.
– Que foi Sloopy? – perguntou o Rafa.
– Deixe ele se aclamar primeiro e ele já fala – disse Luke –. Sente-se aqui, “R”. – e apontou um lugar no sofá, ao lado de Dona Edith, para que ele se sentasse.
Dona Edith o abraçou e com uma das mãos alisava os cabelos do RB e o acalmava.
– Não quero ver meu amorzinho chorando. Fica calmo, pois já, já vocês estarão na praia e irão se divertir muito.
O RB se acalmou logo e nos contou o que aconteceu.
– Minha mãe já tinha deixado eu ir para praia no começo da semana. Agora quando eu já estava de saída meu tio me viu com a mochila e perguntou para ela se eu ia viajar. Quando ela falou que eu iria passar o final de semana na praia com meus amigos, ele começou a falar que ela não deveria permitir que eu saísse com um “bando de veados”. Falou que iríamos fazer orgias, que éramos um bando de imorais e que iríamos morrer todos com AIDS.
Todos que estavam na sala daquele apartamento ouviram calados os absurdos que o RB nos relatava.
– E você disse alguma coisa para ele? – perguntou-lhe Luke.
– Disse sim. Eu disse para ele que se ele achava que os veados eram imorais e que morreriam com AIDS, seria melhor então ele falar aquilo para o filho dele que era veado também. E contei pra ele de todas as vezes que o filho dele tentou me agarrar.
RB nos contou que depois que dissera isto, seu tio tentou agredi-lo e sua mãe não o defendeu. Que seu tio argumentou junto a sua mãe para que esta observasse como ele já estava influenciado pelo bando de veados e que ele estava se transformando em um mentiroso que nem hesitava em sujar o nome do próprio primo. A avó do RB também apareceu na discussão e sugeriu que encaminhassem o RB para tratamento e o separassem das más influências – seus amigos.
– Amorzinho, não dê atenção a estas bobeiras que falam seus parentes. Eles realmente não sabem o que dizem. Esqueça isto.
– RB, mas sua mãe permitiu que você viesse?
– Sim Luke. Ela deixou, mas disse que teríamos uma conversa séria na segunda-feira e que eu iria ter de mudar meu comportamento.
As pessoas costumam tratar do assunto “mudança de sexualidade ou de gosto sexual” da mesma forma como falam de trocar uma blusa ou uma calça.
– RB, vou te dizer uma frase que parece boba, que eu vi na net, mas que acredito muito nela – disse Luke para ele com muito carinho e olhando em seus olhos –. Peço a você que tenha muita paciência, pois chegará um dia em que todos estes problemas que você passa serão resolvidos e não existirão mais e você será muito feliz. Porque “tudo dá certo no final, e se ainda não deu certo, é porque o final ainda não chegou”.
Nos despedimos da Dona Edith e da Beth, uma amiga de Luke que faria companhia para sua mãe no final de semana. Não fui no carro com Marcos para que ele pudesse ir conversando com seu irmão. Junto com eles foram o Rafa e o RB.
No carro do Luke fomos eu, Riick e Rodrigo. Rodrigo, como sempre, fazia suas costumeiras brincadeiras.
– Meu Deus! Eu numa casa sozinho com sete veados, e se vocês resolvem dar o cu pra mim, que eu vou fazer? Vou pedir socorro pra quem?
– Rodrigo, quem te falou que sou veado também? – perguntou-lhe o Riick, deixando-o muito sem graça.
– Não é? – respondeu Rodrigo com esta pergunta.
E Riick lhe respondeu com outra pergunta.
– Algum dia eu falei que eu era?
Aquilo que o Riick acabara de dizer me intrigou muito. Ele nunca falara que fosse gay ou fizera algo para que eu ou qualquer pessoa pensasse que ele fosse. Meu radar dizia que ele era, mas poderia estar com defeito e detectando de forma errada, pois o Riick era um simpatizante, ou seja, uma pessoa que aceitava os gays muito bem, e poderia realmente não ser homossexual e nem bissexual. Percebi que eu estava sendo preconceituoso, assim como o Rodrigo, e julgando que o Riick fosse gay simplesmente pelo fato dele ser bem educado e nos ter aceitado como amigos, sem nenhuma restrição.
– Rodrigo… – disse para ele o Luke em tom de brincadeira enquanto dirigia em descida a Serra do Mar – Você já parou pra pensar que ninguém queira dar o cu pra você?
– Que bom, Luke, fico mais aliviado. – falou e caiu na gargalhada.
– Mas, Rodrigo… – continuou Luke – Deveria se preocupar com outra coisa…
– O que Luke?
– Já pensou na possibilidade de todo mundo querer te comer?
Caímos na gargalhada e o Rodrigo começou a gritar dentro do carro e a fingir que queria pular deste em movimento.
– Socorro! Ajudem-me! Estou sendo raptado por uma quadrilha gay! Eles querem me comer! Ajudem-me, por favor!
O palhaço do Rodrigo gritava e fazia cara de quem precisava de ajuda e acenava para outros carros, quando via que neles tinham crianças pequenininhas. Elas acreditavam que ele estava em perigo e quando chamavam seus pais para que olhassem para ele, o engraçadinho olhava para cima e começava a assobiar como se nada tivesse feito.
– Rodrigo, sossega o rabo agora que já tá atrapalhando o Luke a dirigir. – chamei sua atenção.
– Luke, você é muito legal! – disse Riick – É muito bom ter um professor como você. Saiba que até na antiga escola em que eu estudava os alunos comentavam do professor de Geografia do LG.
– Comentavam bem ou mal? – perguntou Luke.
– Bem, né? E alguém por acaso tem alguma reclamação de você? – perguntou Riick.
– Pelo menos no LG não. – respondi a pergunta do Riick.
– Meninos, nem tudo é o que parece ser. Tem alunos que não gostam de mim, e enfrento problemas como todos os outros professores. Vou contar-lhes algo e não estarei faltando com ética, já que o fato foi público e todos ficaram sabendo.
Luke nos contou que no início do ano fizera uma brincadeira com o filho da dona Circe, aluno de um dos terceiros anos. O nome dele é Thomas. É gay com certeza, mas não se assume, porém quando anda, fala ou respira, se entrega pra qualquer um. Impossível manter o segredo. Que nem notara, mas o menino ficara ofendido com a brincadeira. Que após isso o menino passou a lhe mandar mensagens grosseiras no Orkut.
– Que tipo de mensagens, Luke? – perguntou-lhe Riick.
– “Tome cuidado, pois você não sabe com quem está mexendo”; “Ponha-se no seu lugar de professor, pois não admito brincadeiras”, e outras desse tipo.
– E o que você fez, Luke? – quis saber Rodrigo.
– Escrevei um e-mail, dizendo que apesar de gostar muito dele e ter maior apreço por sua pessoa, e querer manter a proximidade com ele, caso ele tivesse alguma reclamação relacionada às minhas atitudes como professor, eu pediria desculpas, pois nem sabia qual brincadeira eu havia feito que tivesse lhe ofendido, mas que não aceitaria que ele me tratasse daquela forma, pois sempre tratei a todos com educação. Coloquei-me à disposição para receber seus pais para tratar sobre o assunto, e apresentei, inclusive, os fones de minha casa e celular, caso não pudessem comparecer à escola para conversarem comigo, e depois disso, na aula seguinte, disse para a classe que eu estava me desculpando com o aluno Thomas que havia se ofendido com uma brincadeira que eu fizera.
– E hoje em dia está tudo bem, Luke?
– Tá sim, Lucas. Isto aconteceu no início do ano e hoje em dia ele me trata muito bem como se nada tivesse acontecido. Mas nunca mais brinquei com ele. Não tenho mágoa nenhuma, mas, quero evitar novos problemas.
– E qual foi a brincadeira que você fez que o ofendeu, Luke?
– Nem sei Riick. Não sei mesmo. Brinco tanto com os alunos e eles comigo que nem sei. E ele nunca me falou também. Acabei me desculpando sem nem saber de quê.
– Eu sei qual foi a brincadeira. – disse Rodrigo.
– E qual foi, “Senhor Sabe-Tudo”? – perguntei com ironia.
– Diga, Rodrigo, estou muito curioso também em saber o que irritou tanto o Thomas.
– Sabe, Luke, quando você distribuiu um país para que cada aluno fizesse uma pesquisa? E que você fazia piadas com os nomes dos países?
– Sim, me lembro. É uma maneira de descontrair, brincar e me aproximar dos alunos. Para não fazer da aula algo chato e desagradável. Por isso faço as brincadeiras.
– Então… Quando chegou a vez dele você perguntou se ele queria a Chechênia ou o Peru e foi isso que o ofendeu. Ele achou que você estivesse “tirando” ele.
– Nossa! Eu nem me lembrava disso. Essa piadinha já fiz tantas vezes, todos os anos e em todas as classes, que realmente, não me lembro mesmo. Como eu poderia estar “tirando” ele se sou gay também? Somente na cabeça dele pra se passar isso. Mas agora está tudo bem e é isso que importa.
– Luke… – falou Rodrigo – Esqueça esse moleque, ele é falso e metido como a mãe dele. Ele tem mais é que “Thomas” no cu que é o que ele gosta, mas não acha quem lhe coma.
O Rodrigo tinha toda razão. O moleque era super chato. Metido a cantor, pois participara de programas de calouros na TV, se achava o “pop star” do LG e demonstrava que se julgava superior aos outros alunos. Aproveitava-se do fato de sua mãe ser tesoureira e inspetora de alunos voluntária da escola para ter vantagens e benefícios que outros alunos não tinham. Sair cedo quando havia aula vaga, por exemplo. Somente ele ia para casa. Os demais alunos aguardavam até a hora do sinal para serem dispensados.
– Rodrigo, só uma curiosidade…
– Pode perguntar, Luke.
– Como você sabe de tudo isso? Já que o Thomas é de outra classe e pelo que eu sei, vocês não têm amizade e nem se falam…
– Simples… Comandante Hamilton, sempre sabe de tudo e me contou… uhushasuahsauh
Em menos de quarenta minutos já estávamos na praia. Antes mesmo de irmos para nossa casa, paramos na barraca da Chris. Na barraca, o Matheus se aproximou mais do Luke e parece que rolou um clima entre os dois. O RB estava mais calmo e já estava se divertindo como todos. Riick, como sempre, super simpático e enturmado. O Rodrigo, nem que fosse a rainha das Drag Queens estaria mais à vontade naquela barraca GLS do que ele.
Eu estava adorando tudo aquilo. Afinal, era a comemoração de meu aniversário e eu estava ao lado do meu namorado, que eu amava demais, ao lado de meu irmão, e de cinco amigos que eu gostava muito.
Quando chegou a meia-noite, o Marcos foi até o carro e pegou seu violão, o Riick foi até o carro do Luke e trouxe um bolo que tirara do porta-malas, e que não sei como fizeram, cheio de varetas acesas que soltavam faíscas. Começaram a cantar “parabéns” e todos que estavam na barraca passaram a acompanhar aquele canto. E não deixaram de gritar “é pica, é pica, é uma porção de pica… é rola, é rola, é uma porção de rola”. Apaguei as velas. Mandaram que eu cortasse o bolo e fizesse um desejo. Não disse a ninguém, mas desejei que momentos felizes como aqueles fossem uma constante em minha vida, algo que sei que é difícil de acontecer na vida de qualquer um.
– Pra quem é o primeiro pedaço? – indagou-me RB.
Quando me perguntou aquilo, em frações de segundos, uma grande dúvida veio à minha cabeça. Todos podem achar que o natural seria eu dar o primeiro pedaço ao Marcos, meu namorado. Mas estavam ali o meu irmão, que sempre foi parte de mim, Rodrigo, meu amigo de anos e também quase um irmão, que a todo o momento demonstrava um carinho enorme por mim. O Luke, que era uma espécie de segundo pai e me ajudava a amadurecer e enxergar o mundo de uma forma como eu nunca tinha visto. O RB, parceiro de todas as horas e que naquele momento talvez precisasse de uma demonstração de carinho.
Tive uma tentação muito grande de demonstrar para o “Riick” como era grande minha admiração e “amizade” – que eu sabia não ser amizade coisa nenhuma – por ele, mas isso já seria um insulto ao Marcos. O único a quem não me ocorreu dar o primeiro pedaço foi o Matheus, pelo fato de ainda estarmos nos conhecendo e ainda não termos tanta amizade um com o outro.
– O meu amor por todos vocês é imenso. Amo a cada um de uma forma diferente, mas o primeiro pedaço vai para o meu namorado que tanto amo…
Dei o primeiro pedaço do bolo ao Marcos e o povão da barraca começou a gritar e assobiar e pedir em coro para que nos beijássemos.
– Beija! Beija!
Dei um beijo em Marcos, pela primeira vez em público, num lugar aberto. Era muito bom fazer algo que só os héteros tinham “permissão” de fazer.
Repartimos o bolo e demos um pequeno pedaço a todo mundo que estava na barraca. Cantamos e brincamos quase que a noite toda.
Eram mais de quatro horas quando fomos para a nossa casa. Repartimos os quartos. No de meus pais, onde havia cama de casal, ficamos eu e Marcos. Num outro ficaram o RB e o Rafa. No terceiro quarto, dormiram o Matheus e o Luke, que se entenderam bem e passaram a noite juntos.
– Bem, como eu e o Rodrigo não temos parceiros e não vamos transar, dormimos aqui na sala mesmo, nos colchões. – falou o Riick com aquele jeitinho alegre de sempre.
– Ah, não sei não, Riick. Eu fiquei muito naquela barraca GLS e tô na seca mesmo, não sei se não vou catar essa bundinha sua. – disse isso e abraçou o Riick pelas costas e começou a encoxá-lo e fingiu que iria comê-lo.
– Para com isso, Rodrigo. Você é o mais bicha desta casa mesmo. – falou o Riick zuando com ele.
– Fazer o que, de tanto ficar no meio dos gays, estou virando gay também.
Fomos dormir, mas de vez em quando escutávamos o Riick e o Rodrigo discutindo na sala e dando risadas.
Deitamo-nos na cama e Marcos já me abraçou de conchinha.
– Você me deu o primeiro pedaço de bolo apenas porque sou seu namorado?
– Não, Marcos. Eu dei o primeiro pedaço pra você por acreditar que você é uma pessoa muito importante na minha vida. Porque se não fosse você eu não teria me descoberto em relação ao meu verdadeiro eu. Graças a ter te conhecido eu soube quem eu sou e o que eu quero de minha vida amorosa. Dei o primeiro pedaço de bolo porque te amo e quero estar junto de você o resto de minha vida.
Estávamos somente de cueca, Marcos deitou-se sobre meu corpo e começou a me beijar intensamente.
– Quero agora te dar seu presente.
– Já pude sentir como meu presente está duro… – falei isso e segurei seu pau que quase saía da cueca.
– Não tô falando disso, tarado. É um presente mesmo.
Foi até sua mochila e pegou uma sacolinha de papelão de uma loja famosa. Entregou-me e disse apenas “espero que goste”.
Quando abri a sacolinha, me surpreendi com o presente.
– E eu quem sou tarado, seu safado?!
Eram sete cuecas boxer. Cada uma escrito um dia da semana. A verde era para domingo.
– Homenagem ao Palmeiras, que joga sempre ao domingos. – disse ele.
Lembro-me que ainda tinha uma preta que estava gravado “sexta-feira”, dia que saímos para baladas e que íamos até em motéis. – usando minha identidade falsa, que a partir daquele dia não precisaria mais usar. A branca era para ser usada no sábado. As outras eram azul, vermelha, lilás e uma rosa.
– Rosa?! – perguntei admirado.
– Tem preconceito, bobão?
Na parte interna das cuecas, em cada uma em um lugar diferente, estava escrito em letras muito pequenas, com tinta de tecido, a seguinte frase “o conteúdo desta embalagem pertence a Marcos Rossi. Por favor, não toque”. Li aquilo e me deu uma angústia muito grande em saber que eu o “traíra” sexualmente pelo menos umas quatro vezes.
– Então eu pertenço a você agora, é? Já, já você vai querer me marcar igual gado e colocar uma letra “M” na minha bunda com um ferro em brasa. – fiz a piada para que eu mesmo me distraísse e esquecesse as traições que cometi.
– Como adivinhou? O ferro com a marca “M’ está ali na cozinha sendo aquecido, vou buscá-lo daqui a pouco.
Eu sabia que nunca deixara de amar Marcos um segundo desde o dia em que o conheci. Mesmo com os sentimentos que me levavam a querer sempre estar perto do Riick, eu nunca deixei de amá-lo. Minhas escapadas foram apenas para satisfazer um desejo da carne. Até então nunca tinha me sentido culpado por ter dado aquelas escapadas, mas naquele momento, ao vê-lo ao meu lado, me dando presentes, me acariciando, demonstrando todo o seu amor por mim, me senti cheio de remorso.
Ele ainda foi até seu carro, trouxe um vaso de flores, uma caixa de chocolates, dos que eu mais gostava, e também colocou um baldinho com gelo e uma garrafa de um espumante.
– Nossa, amor, não precisa de tudo isso… Só o fato de você estar ao meu lado já me deixa muito feliz.
– Lucas, quero que saiba que por mais presentes que eu lhe dê nunca saberei demonstrar o quanto eu te amo e o quanto sou feliz tendo você ao meu lado. Quando te conheci ganhei um namorado e um companheiro, mas não podemos esquecer também que se eu não tivesse te conhecido jamais teria encontrado o meu irmão.
Ele dizia estas palavras com os olhos cheios de lágrimas.
– Venha, amor. – chamei-o – Deite-se ao meu lado.
– Não. Falta uma coisa ainda.
– O quê?
Ele não respondeu. Pegou seu violão, sentou-se na cama bem pertinho de mim e começou a tocar a “nossa música”. Quando ele pronunciou os primeiros versos de “Love Is In The Air”, eu não aguentei mais e comecei a chorar. Chorava tanto que ele parou de tocar o violão e até se assustou.
– Lucas, meu amor, você está bem? Por que está chorando assim?
– Nada amor. É que estou muito feliz.
Eu estava mesmo muito feliz, mas chorava de arrependimento de tê-lo traído, mesmo que tivesse sido só no sexo. Já não me sentia confortável em ter feito o que fiz.
Marcos enxugou minhas lágrimas, abriu o espumante, pegou duas taças que trouxera e nos serviu. Deu o primeiro gole e depois me beijou a boca. Pude sentir o gosto do espumante em seus lábios e língua. Depois, eu dei um gole e fiz a mesma coisa, o beijei. Ele me esticou na cama e vagarosamente puxou minha cueca até os pés e com estes eu terminei de tirá-las. Pegou o espumante que estava em sua taça e pingou-o sobre minha barriga.
– Ai! – dei um pequeno gemido – Tá muito gelado.
– Psiiiu. Fique quietinho e não fale nada.
Começou a lamber o espumante sobre minha barriga e comecei a sentir um tesão louco. Ele mandava eu ficar quieto e não me mexer. Agora já derramou o espumante em minha virilha e em meu saco e continuou a lambê-lo. O tesão aumentava cada vez mais, e eu me contorcia, porém agora ele estava sentado sobre minhas pernas e segurava meu punhos de modo que eu não podia me mexer.
– Marcos, isso é tortura.
– Você não viu nada ainda.
Continuou a me lamber o saco, a virilha e depois abocanhou meu pau e passou a chupá-lo. Engolia-o vagarosamente, e depois, quando puxava sua boca para cima para retirá-lo de dentro, esfregava sua língua na cabecinha da minha pica. Chupava e me segurava. Eu tremia de tesão e ele não parava.
– Marcos, estou quase gozando.
– Ainda não.
Subiu até minha boca e me beijou, depois abaixou-se novamente como se fosse chupar meu pau, mas segurou minhas perna, as abriu e levantou-as e meteu a língua no meu cuzinho. A sensação foi maravilhosa. Enquanto ele lambia meu cu, com uma das mãos começou a me punhetar. Eu voltei a me contorcer. Ele parou de me lamber, colocou-me de costas para cima, puxou um travesseiro e colocou bem embaixo de minha barriga, de modo que eu fiquei com a bunda arrebitada. Ele ainda deu umas duas ou três lambidas em meu cuzinho e depois deu uma mordida em minha bunda. Começou a morder devagar, mas depois foi pressionando os dentes até que não aguentei e dei um grito.
– Marcos, pare que está doendo.
– Já que eu não posso te marcar com ferro em brasa tô deixando uma marquinha aqui. – falou dando risada.
Passou sua língua sobre a marca de seus dentes e depois beijou-me naquela parte que acabara de morder. Deitou-se sobre meu corpo e encostou seu rosto sobre o meu. Passou a lamber minhas orelhas e minha nuca e a me beijar na face e nos lábios. Eu sentia seu cacete duro em minha bunda.
– Amor, te amo muito.
– Eu também te amo, Marcos.
Percebi que com a mão direita ele ajeitou seu pau apontando em direção ao meu cuzinho. Senti a cabeça melada de sua pica, abri as minhas pernas para ajudá-lo. Ele foi enfiando lentamente até que senti que havia entrado todo seu pênis dentro de mim. Ele deu uns beijos em minhas costas e iniciou o movimento de vai-e-vem. Quando eu começava a gemer e contorcer, dizendo que iria gozar, ele parava e me acalmava com beijos e carinhos. Depois começava tudo de novo e parava novamente.
– Marcos, que você está fazendo? Você está me torturando de novo. Quando eu vou gozar você para.
Ele riu.
– Não é tortura não, bobinho. Estou só aumentando seu prazer. Quando você for gozar vai sentir uma sensação que nunca teve. Chama-se efeito cascata.
Ele fez aquilo mais umas três ou quatro vezes, mas na quinta vez não parou, ao contrário, passou a fincar com muita força. Eu não sentia dor. Sentia um imenso prazer.
– Vou gozar, amor. Ah…
– Goza, Lucas. Goza, meu amor. Eu também vou gozar. Ah…
Gozamos juntos e depois ficamos deitados um tempão nos acariciando um ao outro. Tomamos um banho juntos, trocamos a cama novamente, e dormimos abraçadinhos. Eu adormeci um pouco e logo acordei novamente, quando percebi que o Marcos não estava na cama ao meu lado. O dia ainda não tinha amanhecido totalmente e ainda estava um pouco escuro.
Escutei um barulho na cozinha e deduzi que Marcos estivesse lá, e fui ao seu encontro. Ao me aproximar da porta da cozinha escutei sussurros. Entrei na cozinha e Marcos estava conversando bem baixinho com o Riick. Riick estava apenas de bermuda e Marcos de cueca samba-canção.
– Que vocês estão fazendo? – perguntei de forma muito natural, pois não quis demonstrar desconfiança alguma da atitude de Marcos depois de todo o seu amor que ele me demonstrara momentos antes. E eu nem tinha moral pra desconfiar dele, já que eu o traíra sexualmente, algumas vezes, inclusive com o Riick, mas com este fora apenas em pensamento em minhas punhetas.
– Vim beber água e derrubei um copo no chão, o Riick ouviu e acordou…
– Daí eu levantei e vim ver o que aconteceu. Começamos a conversar um pouco. Estava contando para o Marcos de como o Rodrigo é palhaço…
O Riick falava com aquela doçura e meiguice que lhe eram características, que de forma alguma eu poderia pensar que estivessem me traindo bem na cozinha da nossa casa de praia e no dia de meu aniversário. Somente minha consciência pesada de namorado infiel é que poderia imaginar que o Marcos, meu namorado, e o Riick, meu amigo, me trairiam.
Jurei que nunca mais trairia o Marcos. Nem mesmo em punheta eu o faria. Eu tinha muita sorte de ter um namorado como aquele e deveria me dar por satisfeito e não procurar mais nada. Mesmo que fosse para satisfazer desejos da carne, decidi que daria o mesmo conselho ao meu irmão.
Todos nós acordamos muito tarde naquele sábado em que eu fazia 18 anos. Os primeiros a levantarem foram o Riick e o Rodrigo, a única dupla que não transara na madrugada anterior, e que talvez por isso, estivessem menos cansados. Foram à padaria e depois prepararam o café da manhã e por volta de meio-dia acordaram os três casais que ainda dormiam. Marcos e eu, Rafa e RB e Matheus e Luke. Ficamos os oito nos apertando em volta da mesa comendo e falando muito. Rodrigo e Rafa dominavam a cena, ambos palhaços por natureza, passaram a perguntar a Matheus sobre suas aventuras como garoto de programa.
– Matheus… – disse Rodrigo – Já saiu com caras que curtem enfiar alguns brinquedinhos no toba?
– É Matheus, conta aí. Já enfiou algum objeto no rabo de alguém? – apoiou Rafa o interrogatório de Rodrigo.
– Quando eu ainda era novo nos programas e não tinha experiência nenhuma, um dia um cliente me mandou enfiar alguma coisa no rabo dele. Estávamos na casa de um amigo dele e nem eu e nem ele conhecíamos nada daquele local que pudéssemos usar na brincadeira. Vi sobre uma mesa uma bolinha de golfe. Ela é um pouco menor que uma bola de sinuca. Passei um pouco de gel e comecei a enfiar no rabo do cliente. Ele estava na posição frango assado. A bolinha não entrava e abri um pouco seu cu com meu dedo e depois coloquei a bolinha na abertura novamente e dei uma empurradinha de leve. Num relance a bolinha sumiu e percebi que ela tinha sido sugada pelo seu cu. Entrei em desespero, pois eu já me imaginava tendo que acompanhá-lo a um pronto-socorro e eu tendo de explicar que o cara estava com uma bola de golfe no toba. Eu tinha pouco mais de 15 anos. Estava desesperado e já ia chorar…
– Uhauhauahuha… – ria Rodrigo – E o que você fez, Matheus?
Eu, nada. Ele apenas olhou pra mim, muito tranquilo e falou: “Calma, eu já vou tirá-la”. Enfiou a ponta de seu dedo no cu e “ploc”, a bolinha pulou para fora não sei de que jeito…
– Você guardou a bolinha como recordação, Matheus? – perguntou o Rafa com zombaria.
– Eu nem relei mais naquela bolinha. Fiquei com tanta raiva por ter bancado o trouxa em achar que o cara estava em perigo e mal sabia que ele era dono do buraco negro…
– Buraco negro? Que buraco negro? – perguntou o Rafa.
– Buraco negro são astros com uma densidade tão grande que sua força gravitacional é capaz de atrair até a luz, ou seja, tudo que passa perto do buraco negro some.
– Kiakaikakaika – passou a rir o Rafa depois que entendeu a piada.
Decidimos que iríamos para a praia todos nós e que retornaríamos por volta das 17 horas, prepararíamos o jantar juntos e depois decidiríamos o que faríamos naquela noite.
A praia estava legal. Nadamos, tomamos sol, comemos espetinhos de camarão, tomamos sorvete, papeamos, jogamos vôlei. Foi muito divertida a tarde. Às 17h30 já estava de banho tomado e o Luke me chamou para acompanhá-lo até o mercado, pois ele não conhecia bem aquele local da cidade, para comprarmos algumas coisas que faltavam para prepararmos o jantar. Rafa e RB estavam no banho. Rodrigo estava dormindo numa rede no fundo da casa. Matheus nos acompanharia. E o Marcos e o Riick se prontificaram a irem adiantando as coisas na cozinha. Iriam descascar legumes e lavar alguma louça do café da manhã.
Matheus sentou-se no banco de trás do carro de Luke e eu me sentei ao seu lado no banco de passageiros, para ensiná-lo o caminho do mercado. Já tínhamos rodado um cem metros quando Luke dá um grito de surpresa.
– Putz! Esqueci minha carteira.
– Eu estou com dinheiro, Luke, não se preocupe. – falei.
– Não, mas lá estão todos meus documentos…
– Mas, Luke! – insisti – O mercado é aí pertinho e nem precisa de documento nenhum.
– Mas lá está meu cartão do banco e quero tirar um dinheiro e também quero abastecer o carro…
Luke rebatia todos os meus argumentos e decidimos voltar até a casa e pegar sua carteira. Parou na frente do portão da casa e me pediu que fosse buscar sua carteira.
– Vá lá dentro para mim, Lucas, você é mais novo e vai correndo. Deixei-a em cima da cômoda do quarto onde dormimos.
Fui bem depressa, abri a porta da sala e entrei de supetão. Levi um susto muito grande que me deixou imóvel e sem saber o que dizer. Marcos e Riick estavam abraçados, acariciavam-se e estavam os dois muito sorridentes e só não se beijavam, pois parece que eu havia os interrompido.
– Marcos, Riick… Como vocês puderam fazer isso comigo?
CONTINUA….
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Pessoal não sei se vocês estão gostando, mas por fdcor comentem! Eh uma história mto gostosinha apensar de não ter tantas cenas de sexo! Mas eh mto envolvente!