O ritmo da quarta e da quinta-feira seguintes foram bem parecidos: apresentação de professores e o começo da união da turma. Os grupos, as famosas panelinhas, estavam presentes, mas já se percebia que suas fronteiras eram fracas, não havendo assim uma delimitação real entre as tribos da sala. Isso era bom. Panelinhas eram o que dividiam as turmas na faculdade, e sempre acabavam causando brigas que afetavam a todos. Caminhávamos para nos tornar uma turma bastante unida.
Eric e Rafael, então, pareciam amigos de infância. Os dois passavam a aula toda cochichando e rindo de piadas que só eles sabiam. Sim, o ciúme continuava me corroendo e estava cada vez mais difícil disfarçar. Eu não devia sentir aquilo, mas era tão mais forte do que eu. Mais de uma vez meu olhar se cruzou com o de Eric, denunciando o que eu estava sentindo. Eu disfarçava rapidamente, mas ele não, ele não tinha vergonha. Ele soltava um sorrisinho malicioso com o canto da boca e continuava a conversar com Rafael. E toda vez que aquilo acontecia, minha pulsação se acelerava e meu coração batia disparado. Ele estava jogando comigo. E eu estava me comportando como um peão de xadrez, totalmente controlado por Eric.
Alice também parecia ter ligado as coisas. Várias vezes notei que ela me olhava enquanto eu olhava Eric. Quando isso acontecia, eu fingia estar prestando atenção outra coisa, fazendo rir.
_O que foi?_ perguntava me fazendo de bobo.
_Nada._ ela respondia ainda rindo.
Ficávamos presos naquele jogo infantil, jogo no qual eu era a peça mais frágil. Eric era o jogador e Alice uma espectadora que se divertia muito com aquilo tudo. Eu ainda não estava muito certo sobre a inocência de Rafael. Independente dele parecer hétero, na minha cabeça ele já tinha um caso amoroso com Eric e também se divertia me fazendo de idiota. Provavelmente ele era só um cara bacana sendo simpático com um novo amigo, mas na minha cabeça tudo é mais complicado. Não sei se vocês já perceberam, mas eu tenho uma tendência a me enxergar como vítima e transformar os outros em vilões. É bem mais fácil assim. Naquele momento, Eric era o vilão da história. Eu já tinha até traçado seu perfil psicológico: combinando perfeitamente com sua beleza nórdica, ele era uma pessoa extremamente fria, que usava seu charme manipular as pessoas ao seu bel prazer, praticamente um psicopata. Obviamente, ele não era nada disso na vida real.
Hoje, olhando para o passado, eu entendo que eu era o vilão da história. Mas era também a vítima. Eu era o meu maior inimigo. Eu criei uma prisão de segurança máxima dentro da minha cabeça. Quem estava preso lá? O verdadeiro Bernardo, aquele Bernardo que eu queria ser, aquele Bernardo que era a personificação da própria felicidade que eu idealizava. Sim, “aquele Bernardo” também era gay, mas as duas coisas estavam correlatas, afinal, quem conseguiria ser feliz fingindo vinte e quatro horas por dia ser outra pessoa? Minha vida teria sido tão mais fácil se eu tivesse percebido isso naquela época, eu poderia ter evitado tanta coisa ruim. Por abaixo aquela prisão foi um processo lento e doloroso...
Enfim, já era sexta-feira e estávamos na mesma. Ao entrar na sala naquela manhã e já senti o clima diferente. Eu estava tão perdido com meus pensamentos que me esqueci que dia era aquele. Tradicionalmente, na primeira sexta-feira de aula aconteciam os tão temidos trotes. Todos estavam muito tensos, era visível.
_Vai participar do trote?_ perguntou Alice assim que me sentei.
_Ainda não tenho certeza.
_Vai sim, deixa de ser chato.
_Eu não sei se quero.
_Para com isso, seu medroso, o trote é melhor oportunidade de se enturmar com o resto da turma. Quem sabe assim você finalmente se aproxima do nórdico.
_Hã?!_ falei assustado.
_Nada..._ tentou disfarçar ainda sorrindo por me assustar.
Eu tinha certeza que Alice sabia de tudo, dos meus desejos escondidos e dos meus sentimentos mal disfarçados por Eric. Só me restava me afastar dela, pois a partir daquele momento ela passou a ser uma companhia perigosa para ter ao meu lado. Mas quem disse que eu consegui me afastar dela? Na verdade, eu nem tentei. Alguma coisa lá dentro dizia para manter Alice sempre por perto. Lógico que não resolvi abrir meu coração para ela. Simplesmente passei a ignorar qualquer indireta sua sobre minha sexualidade. Era muito mais fácil fingir que estava tudo bem, afinal eu já fazia aquilo a tanto tempo, do que falar em voz alta que era gay. Falar em voz alta, na minha cabeça, seria a consolidação daquilo. Enquanto estivesse tudo preso naquela prisão de segurança máxima que citei anteriormente, não me parecia tão real.
As aulas seguiram naquele clima tenso. Mesmo Rafael, sempre tão brincalhão, permaneceu calado o tempo todo. Os trotes ali tinham uma terrível fama, mas não estávamos certos se a fama era só para nos assustar ou era merecida.
Então, aconteceu. Assim que a última aula do dia acabou, um bando de veteranos entrou na nossa sala fazendo muito barulho. Como forma involuntária de proteção, me encolhi na cadeira e percebi que muitos dos meus colegas fizeram o mesmo. O que me pareceu o líder do grupo tomou a frente para falar. Ele era bonito. Alto, esbelto, tinha cabelos cor de mel que lhe caíam desajeitados pelo rosto. Ele olhou direto pra mim e, vendo o meu estado de medo do que estava por vir, ele riu. Ele tinha um lindo sorriso, largo que mostrava todos os seus dentes branquinhos.
_Calma, calma, calouros medrosos._ falou desviando a atenção de mim e se dirigindo ao resto da turma _Só participa do trote quem quer. Mas vocês vão querer participar, né? Afinal de contas, participar ou não é o que vai definir quem são vocês aqui dentro.
Parece que alguma coisa dentro de mim previu que aquele seria um dia importante. Por causa disso, apesar da enorme vontade de ir embora e escapar daquilo, permaneci quieto na cadeira. O “líder dos veteranos” me olhou e sorriu satisfeito. Vocês podem estar achando que já havia uma tensão sexual ali entre nós, mas não, pelo menos não da minha parte. Para mim ele só estava rindo da minha cara, que devia estar mesmo hilária dividida entre o medo de ficar e a vontade de participar. Apesar de tê-lo achado bonito, não fantasiei nada com ele, então nada de pensamentos dramáticos do tipo “oh, fui descoberto” naquele momento.
Alguns alunos mais medrosos do que eu (ou mais espertos, depende do ponto de vista) foram embora sob vaias dos veteranos. Contudo, a maior parte da turma ficou.
_Ótimo, temos um grupo grande para nos divertir._ falou novamente o mesmo veterano _Bom, eu sou o João, e vou ser seu guia no ritual de passagem que vocês serão submetidos hoje.
Fomos obrigados a tirar nossos sapatos, e nos enfileirar no corredor do lado de fora da sala enquanto escreviam apelidos nas nossas testas. Fiquei ao lado de Alice.
_Então resolver ficar, hein?
_Ainda não estou muito certo de que foi o mais sensato a se fazer.
_Deixa de ser medroso. Sabe qual o seu problema? Você pensa demais. Devia se deixar ser levado pela situação mais vezes.
Não era a primeira nem a última vez que eu ouvia aquilo, mas não quis responder porque o momento não dava espaço para aquele tipo de discussão. Até porque João, o líder dos veteranos, já estava escrevendo algum apelido maldoso na testa de Alice. Eu era o próximo. Respirei fundo quando ele veio até mim.
_Então, parou de tremer?
_Não estava tremendo._ respondi com a voz falhando um pouco, o que o fez rir.
Seu perfume era ótimo, assim como o som da sua risada. Mas devido ao medo, não vi nada de mais ali.
_Ok, ok. Nome?
_Bernardo.
_Certo, e qual vai ser seu apelido?_ perguntou mais pra si mesmo do que para mim. _Já sei, tremelique!
_Eu não estava tremendo!_ falei um pouco alto do que pretendia.
Alice me cutucou para que eu me desse conta da idiotice que estava fazendo.
_Ora, ora, um calouro rebelde!_ falou João e os demais veteranos riram _Pois bem, já sei o que vou escrever aqui.
Fechei os olhos enquanto ele escrevia na minha testa. Seus companheiros riram quando ele terminou e foram para o próximo da fila. Alice se virou para mim:
_O que escreveram em mim?_ perguntou.
_Sapatão.
_Típico._ bufou.
_E em mim?
Ela fez uma careta como já adiantando que eu não ia gostar.
_É muito ruim?
_Bom, acho que sim. Não deve significar boa coisa quando escrevem “tratamento especial” em você.
Lógico que não era coisa boa. Fiz cara de conformado e respirei fundo. Agora não tinha mais como escapar.
Não há necessidade de entrar em detalhes sobre o trote, apenas falar que eu estava de bermuda, sem camisa, sujo de toda a sorte de tintas e fedendo à comida podre no gramado na faculdade, sendo exibido para todos que passavam. Bom, pelo menos eu não estava sozinho, estávamos todos do mesmo jeito. Ah, a título de curiosidade, os apelidos de Eric e Rafael foram, respectivamente, “Barbie” e “Bobo da Corte”, auto-explicativos. Enfim, chegou a hora do tal tratamento especial.
_Bom, todo semestre um dos calouros é escolhido para receber o chamado tratamento especial. Desta vez o escolhido foi esse!_ falou João me puxando para onde todos me pudessem ver.
Tremi temendo o que estava por vir. Alice ria sem disfarçar. Eric me olhava atento, sem demonstrar emoções.
_Alguma idéia?_ perguntou alto.
Uma menina da sua turma veio e cochichou algo em seu ouvido. Ele riu com gosto e concordou com a cabeça.
_Ótima idéia! O tratamento especial para nosso caro amigo Bernardo será..._ falou em clima de suspense.
Eu estava aterrorizado com o que viria a seguir. Eu já estava até temendo pela minha integridade física. Mas o que veio, ao meu ver, foi ainda pior.
_... o confisco de seus bens até amanhã de manhã.
Os demais veteranos riram e eu fiquei entender. Vendo a confusão estampada em meu rosto, João se pôs a se explicar.
_Sem documentos, celular ou dinheiro, nosso amado Bernardo vai ser obrigado a pedir carona lá na avenida principal se quiser voltar para casa.
_ É muito ruim?
_Bom, acho que sim. Não deve significar boa coisa quando escrevem “tratamento especial” em você.
Lógico que não era coisa boa. Fiz cara de conformado e respirei fundo. Agora não tinha mais como escapar.
Não há necessidade de entrar em detalhes sobre o trote, apenas falar que eu estava de bermuda, sem camisa, sujo de toda a sorte de tintas e fedendo à comida podre no gramado na faculdade, sendo exibido para todos que passavam. Bom, pelo menos eu não estava sozinho, estávamos todos do mesmo jeito. Ah, a título de curiosidade, os apelidos de Eric e Rafael foram, respectivamente, “Barbie” e “Bobo da Corte”, auto-explicativos. Enfim, chegou a hora do tal tratamento especial.
_Bom, todo semestre um dos calouros é escolhido para receber o chamado tratamento especial. Desta vez o escolhido foi esse!_ falou João me puxando para onde todos me pudessem ver.
Tremi temendo o que estava por vir. Alice ria sem disfarçar. Eric me olhava atento, sem demonstrar emoções.
_Alguma idéia?_ perguntou alto.
Uma menina da sua turma veio e cochichou algo em seu ouvido. Ele riu com gosto e concordou com a cabeça.
_Ótima idéia! O tratamento especial para nosso caro amigo Bernardo será..._ falou em clima de suspense.
Eu estava aterrorizado com o que viria a seguir. Eu já estava até temendo pela minha integridade física. Mas o que veio, ao meu ver, foi ainda pior.
_... o confisco de seus bens até amanhã de manhã.
Os demais veteranos riram e eu fiquei entender. Vendo a confusão estampada em meu rosto, João se pôs a se explicar.
_Sem documentos, celular ou dinheiro, nosso amado Bernardo vai ser obrigado a pedir carona lá na avenida principal se quiser voltar para casa.
Instantaneamente meus olhos se arregalaram fazendo os veteranos e alguns colegas rirem. Eu?! Pedir carona?! Naquele estado?! Eu nunca conseguiria fazer aquilo. Comecei a entrar em um desespero silencioso.
_Mas..._ tentei argumentar, mas João foi me interrompendo.
_Aposto que agora se arrepende da rebeldia, né?
Ele e outros dois veteranos começaram a em carregar em direção à portaria da universidade. Para eles aquilo era brincadeira, mas para mim não. Tinha perdido a graça há muito tempo.
_Me soltem! Cansei disso!_ falei me debatendo.
_Sinto muito, concordou em participar, agora vai até o final.
As pessoas com quem cruzávamos no caminho riam de nós. Aquele era, pelo menos até ali, o pior momento da minha vida. Humilhado não consegue resumir bem o quão mal eu estava me sentindo. Eles me colocaram no chão só quando chegamos à grande avenida junto à entrada principal da universidade. Eles ainda ficaram parados vendo se eu ia mesmo pedir carona. Sem alternativa, comecei a fazer sinal de carona para os carros que passavam. Eu estava imundo, lógico que ninguém parou. João e seus amigos ainda ficaram de longe rindo de mim antes de entrarem novamente.
Me deu uma vontade enorme de chorar. Chorar por tudo aquilo. Pela humilhação de estar naquele situação, pelo arrependimento de ter entrado na brincadeira, mas principalmente chorei de raiva de mim mesmo. Aquela brincadeira só revelou como eu era de verdade, um ser patético. Qualquer outra pessoa ou teria se imposto com vontade contra aquilo ou seria bem-humorada o bastante para levar aquilo na brincadeira e rir. Eu não, eu era patético, em vez de lutar para mudar, eu me contentava em lamentar por não ser a pessoa que eu queria ser. Uma pessoa resolvida consigo mesma teria dito “foda-se, essas pessoas nem me conhecem, não me importo que elas me olhem e enxergue apenas sujeira, eu sei que sou uma pessoa limpa, não me importo com o que eles pensem de mim”, mas não eu. Eu era uma pessoa que me importava demais com o que vão pensar de mim. Tudo muito metafórico? Eu sei, é uma coisa meio recorrente na minha vida. Pode ser o destino me pregando peças, ou sou só eu que tenho uma tendência a repetir tanto os mesmos erros que já começo a fazer associações entre eles,
Sabem o eu queria ali, naquele momento? Um super-herói. Não me importaria se ele vestisse uma capa de cor berrante ou uma ridícula cueca por cima da calça. Tudo o que eu queria é que ele me pegasse no colo e me tirasse voando dali, me levando para qualquer lugar onde eu pudesse esquecer meus problemas. E não é que o meu herói apareceu?!
Eu já tinha desistido de pedir carona, e estava caminhando de volta para casa, mesmo isso significando caminhar naquele estado por três horas mais ou menos. Alguém buzinou e eu olhei para trás para ver do que se tratava. Um carro estava parado na faixa da direita com o pisca alerta ligado, aparentemente me esperando. Fiquei desconfiado e o motorista buzinou mais uma vez. Fui em direção a ele, me abaixei e quase caí duro ao ver quem era o motorista: Eric.
_Carona?
Eu fiquei estático. Eric era o meu herói. Irônico não? Como eu disse, o destino adora me pregar peças.
_Decida logo, não posso ficar parado aqui muito tempo._ falou tentando parecer educado.
Agindo impulsivamente, entrei no carro. Como já disse aqui, sou uma pessoa que costuma pensar muito antes de tomar uma decisão, agir por impulso para mim era uma coisa muito rara. Acho que eu estava me sentindo tão mal pedindo carona que me agarrei na primeira oportunidade de salvação que apareceu. Em condições normais eu nunca teria aceitado uma carona de Eric. Ele era um cara lindo que mexia com minha cabeça de uma forma totalmente inédita para mim, se eu quisesse manter meu plano de não cair em tentação, ficar num lugar a sós com ele por muito tempo devia ser a última coisa a se fazer.
_Obrigado._ falei depois de alguns minutos de um constrangedor silêncio.
_De nada. Fiquei com dó porque ninguém ia parar para você._ respondeu rindo.
Sua risada, de perto, tinha um efeito ainda mais devastador sobre mim. Cada pelo do meu corpo se arrepiou em reação.
_Me desculpa por sujar seu carro assim._ falei tentando disfarçar meus desejos.
_Nada, eu também estou imundo, vou ter que lavar de qualquer jeito.
_É...
Se normalmente eu já não sou uma pessoa extremamente articulada quando conversa, naquela situação menos. Ficamos muito tempo em silêncio.
_Você não fala muito, né?_ perguntou.
_Pois é..._ respondi e ele riu.
_Desse jeito não tem como nossa relação ir pra frente.
Arregalei os olhos assustado e o encarei. Ele sorriu maldosamente e respondeu:
_Afinal seremos colegas de classe pelos próximos cinco anos. Cinco anos é mais do que muito casamento por aí.
_Ah, sim...
Lógico que não era aquilo que ele quis dizer, estava apenas aproveitando o momento para tirar uma com minha cara. Felizmente já estava chegando próximo a minha casa, então aquele papo não ia durar muito. O guiei pelas ruas até ele para em frente ao meu prédio.
_Entregue.
_Muito obrigado, você salvou minha vida._ falei olhando dentro dos seus olhos pela primeira vez durante toda a viagem.
_Já que eu salvei sua vida, eu mereço um pagamento por isso, não?_ falou com um sorriso de canto de boca.
_O que...
Não tive tempo de completar a frase. Eric avançou sobre mim e me roubou um beijo. Meu primeiro beijo com outro cara. Não teve língua, mas também não foi só um selinho. Ele prendeu carinhosamente meu lábio superior entre seus lábios e sugou de leve. Meus olhos ainda estavam abertos pelo susto e observavam os dele, fechados como se aproveitasse cada instante daquele beijo. Eu não tive tempo de aproveitar o beijo ou mesmo pensar se ele foi bom ou não. Eric se afastou e me contemplou sorrindo. Aquilo era a materialização de todos os meus medos, de cair em tentação com outro cara. Acho que ele esperava um sinal de que podia fazer de novo, mas esse sinal nunca veio. Abri a porta do carro e saí correndo para dentro do prédio. Corri de Eric, corri daquele beijo, corri de encarar meus medos e preconceitos. Só parei dentro do elevador escorado na parede derramando silenciosamente minhas lágrimas.
Dez de março de 2006. Sempre vou lembrar daquele dia como o dia em que ocorreu meu ritual de passagem.
CONTINUA…