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Patrícia:
Parecia um sonho sentir os lábios dela nos meus. Senti meu coração acelerar com aquele toque; o beijo dela era doce, seus lábios eram macios. Quando senti sua língua pedir passagem, eu só deixei. O beijo foi se tornando mais intenso, e eu sentia uma sensação que jamais tinha experimentado; era como se cada célula do meu corpo desejasse aquele beijo.
Eu queria que aquele beijo nunca mais acabasse, mas ela foi diminuindo o ritmo e parou devagar. Depois de vários selinhos, passou a mão sobre meu rosto e ficou me olhando.
Keyla— Desculpe se ultrapassei algum limite, mas eu queria muito te beijar há algum tempo.
Patrícia— Não precisa se desculpar, eu queria esse beijo tanto quanto você. Minha única reclamação é que ele acabou.
Keyla— Eu também não queria que ele acabasse, mas se eu continuasse, não ia conseguir me segurar. Eu queria ir um pouco devagar. Não me entenda errado; não é que eu não queira você por inteira, porque eu quero muito, mas foi tanta coisa acontecendo que minha cabeça está a mil. Precisamos apenas assimilar tudo que aconteceu e colocar nossas ideias no lugar para podermos nos concentrar só na gente, tá?
Patrícia— Eu te entendo e concordo com você. Minha cabeça também está a mil. Podemos ir na velocidade que você quiser, desde que eu possa ir junto com você!
Keyla— Se depender de mim, de agora em diante você vai estar comigo sempre. Seja qual for a direção ou velocidade que eu tomar, quero que você esteja sempre comigo. Por favor, não me ache uma doida, mas eu estou totalmente apaixonada por você!
Patrícia— Se você for uma doida, eu também sou, porque sinto o mesmo por você!
Ela novamente buscou meus lábios, e claro que eu não neguei. Mais uma vez, nossas bocas se encontraram e eu senti aquela sensação gostosa de novo. Eu realmente estava gostando muito dela. Mais uma vez, o beijo foi esquentando, e dessa vez fui eu que diminui o ritmo. Ela tinha razão; se fosse para ir com calma, aqueles beijos tinham que ter um certo limite de duração.
Ela me deu boa noite e se agarrou em mim como se tivesse medo de que eu fosse fugir dali. Eu respondi seu boa noite, a abracei e fiquei ali agarradinha com ela até o sono tomar conta de mim. Dessa vez, dormi com um sorriso nos lábios.
Acordei no outro dia e ela não estava na cama. Vi seu celular no chão ao lado da cama e me assustei quando vi a hora; eu tinha dormido umas 10 horas seguidas. Quando fui levantar, ela entrou no quarto enrolada em uma toalha, acabando de tomar banho. Me deu bom dia e aquele sorriso lindo que eu amava.
Foi até o guarda-roupa e pegou uma calça de pano e uma blusinha, soltou a toalha e a jogou em cima de sua mala. Eu fiquei olhando ela ali de costas, só de calcinha. O corpo dela era perfeito; fiquei paralisada com aquela cena.
Keyla devia ter um pouco mais de 1,70 m de altura, cabelos longos até o meio das costas. Seu cabelo era liso, com as pontas meio onduladas. No momento, estava meio molhado, então estava baixo e só no meio das costas. Ela é morena, mais para escura, sua pele tem um tom meio dourado, como se estivesse sempre bronzeada. Cintura fina, seios de médios para pequenos, coxas grossas e uma bunda que, sinceramente, é de parar o trânsito. Não é grande nem pequena, mas é muito redondinha e atrevida. Como a cintura dela era bem fina, dava um destaque enorme para aquela maravilha que Deus provavelmente esculpiu com as próprias mãos.
Seu rosto era perfeito: olhos castanhos claros, meio puxadinhos, lábios carnudos, nariz pequeno e um sorriso lindo que encantava qualquer um. Ela era muito linda. Eu realmente estava babando vendo-a de costas, só de calcinha. Ela colocou um sutiã e, depois, se abaixou para vestir a calça. Nessa hora, eu não aguentei. Estava no meu limite. Levantei rápido, peguei uma toalha e saí direto para o banheiro para tomar um banho frio. Prometi que ia devagar, mas estava complicado, e ela não estava ajudando nem um pouco.
Tomei um banho gelado e bem demorado. Quando saí, lembrei que não tinha levado roupa. Pensei em pedir para ela, mas resolvi sair só de toalha. Quando cheguei na cozinha, ela estava fazendo café. Me viu, abriu um sorriso e veio até mim, me dando um selinho.
Patrícia— Não sabia que você tinha intimidade com o fogão.
Keyla— Eu não tenho. Sei fazer café, sei cozinhar o básico, fazer uns bolos, lasanha, torta de frango e umas coisinhas, mas só isso.
Patrícia— Pelo jeito, sabe mais do que eu. Seu pai que me ensinou a cozinhar direito, mas não sei fazer muita coisa não.
Keyla— Acho que o que nós sabemos está ótimo para nós duas.
Patrícia— Vou na padaria comprar algo para a gente comer.
Keyla— Espera eu passar o café que vou com você. Quero comprar uns chocolates para mim e alguns doces, pode ser?
Patrícia— Claro, eu te espero sim, até porque você que está com o dinheiro. 🤭
Ela passou o café e a gente foi. A padaria ficava a dois quarteirões da nossa casa. Quando saímos, ela pegou na minha mão e entrelaçou seus dedos nos meus, me olhou e sorriu. Fiquei tão feliz com aquele pequeno gesto que meu sorriso brotou nos meus lábios na hora.
Quando estávamos chegando, o celular dela tocou. Ela olhou e disse que já entrava. Fui na frente e, assim que entrei, vi Aline no caixa. Ela já fez sinal com a mão me chamando. Quando cheguei, disse que ficou sabendo do Marcos e perguntou como eu estava. Eu disse que estava levando e fiquei ali conversando com ela. Aline era uma boa amiga, meio doidinha, mas muito gente boa. Ela sabia um pouco da minha vida, não com detalhes, mas sabia. Trabalhamos juntas por 3 meses e conversamos bastante. Ela era a única amiga que eu tinha, na verdade. Enquanto conversávamos, Keyla entrou, olhou para mim e sorriu, indo para a vitrine onde estavam os doces.
Aline me perguntou quem era. Eu expliquei e ela falou que, pelo sorriso que Keyla me deu, ficou claro que ela estava caidinha por mim. Aí falei para ela a verdade: que a gente estava meio que se conhecendo, mas já tinha rolado beijos e até dormido juntas, mas só dormido mesmo.
Fiquei olhando Keyla, que foi atendida por Cláudio. Ele era irmão da Aline. Tínhamos uma certa amizade também; ele era um rapaz bonito, mas não levava ninguém a sério. Quando comecei a trabalhar ali, ele até tentou algo comigo, mas não faltou com respeito nem forçou a barra. Quando eu disse a ele que gostava de garotas, ele foi super gente boa, agiu da melhor forma possível. Depois disso, conversamos várias vezes, e ele parecia ser um cara legal.
Enquanto conversava com Aline, vi que Cláudio estava no maior papo com Keyla. Não entendia direito o que falavam, mas ele era só sorrisos para o lado dela. Imaginei o que estava acontecendo. Não vou negar que fiquei com um pouco de ciúmes, porque ela estava conversando com ele há algum tempo, mas fiquei na minha.
Vi que Keyla foi em direção aonde ficavam os pães, então continuei ali falando com Aline. Ela perguntou se eu tinha conseguido a bolsa e eu expliquei que não, que provavelmente nem ia conseguir, mas ainda nem tinha parado para pensar nisso.
Keyla pegou os pães e continuava conversando com Cláudio. Aí vi ela se despedindo dele e vindo na minha direção. Ela chegou, colocou as coisas sobre o balcão para Aline cobrar, veio e me abraçou, me dando um selinho. Eu a apresentei a Aline, as duas trocaram um aperto de mão e Keyla pagou a conta. Quando olhei para o lado, vi Cláudio fazendo sinal com as mãos, me chamando.
Fui até lá e ele disse que tinha xavecado a Keyla, mas não fazia ideia de que ela era minha namorada e me pediu mil desculpas. Eu disse que estava tudo bem e, na verdade, a gente estava meio que se conhecendo ainda e que não era para ele se preocupar. Ele disse que se fosse eu, a pedia em namoro logo, porque ela era linda, muito educada e parecia ser muito gente boa, e que até ele namoraria se encontrasse uma garota assim. Eu ri dele e disse que ia pensar no que ele falou. Ele mais uma vez se desculpou, se despediu e saiu para o fundo da padaria.
Voltei para o caixa e Keyla já tinha pagado tudo e estava de papo com Aline. Nos despedimos e eu ajudei ela com as sacolas, saímos.
Keyla— Sua amiga parece ser legal.
Patrícia— Ela é sim, meio doidinha. Ela é doida para ficar com uma mulher, mas nunca cria coragem. Eu já ri muito das histórias dela. 🤭
Keyla— Eu já passei por isso, mas no meu caso não era indecisão, era medo de assumir que eu realmente gostava de garotas.
Patrícia— Eu sabia desde novinha que gostava de garotas, mas só fui ficar com uma já na adolescência. Não era medo, era falta de oportunidades mesmo.
Keyla— O Cláudio é irmão dela? Eles se parecem.
Patrícia— Eles são irmãos sim. Cláudio é gente boa também, conversamos às vezes quando eu trabalhava ali.
Keyla— Hum... Vocês são amigos?
Patrícia— Não grandes amigos, mas pode-se dizer que sim. Por quê?
Keyla— Não fica com raiva dele nem vai brigar com ele, até porque ele não faltou com respeito nem nada, mas ele estava me xavecando. Até me chamou para sair, mas eu disse que não podia.
Patrícia— Não vou brigar com ele, até porque ele não sabia que a gente estava juntas e ele me contou e se desculpou.
Keyla— Sério que ele te contou e ainda pediu desculpas?
Patrícia— Sim, quando ele me chamou foi para isso. Como eu disse, ele é legal. Quando comecei a trabalhar ali, ele tentou algo comigo também, mas quando expliquei que gostava de garotas, ele agiu super bem. Não tentou mais nada e começou a agir como um amigo.
Keyla— Legal da parte dele. Como eu disse, ele não faltou com respeito comigo, nem veio com aquelas cantadas baratas. Bom saber que ele não é um babaca como a maioria dos caras da idade dele.
Patrícia— Verdade, ele não é babaca não. Tem uns amigos dele que sempre iam lá e também pareciam ser gente boa, pelo menos me respeitavam. Olhavam, mas respeitavam. 🤭
Chegamos em casa e tomamos nosso café, ficamos no sofá agarradas como duas namoradinhas, trocando carinho e beijos. Conversamos sobre coisas importantes também, como correr atrás de um trabalho. Keyla disse que ia vender o carro e usar o dinheiro para pagar seus estudos, pelo menos no início.
Eu queria muito fazer faculdade, mas nem toquei no assunto com ela. Eu não tinha condições de pagar meus estudos e não tinha como ela me ajudar nisso, já que ela também não tinha dinheiro para isso. Eu iria procurar um serviço para mim. Pensei em voltar para a padaria, mas lá só tinha vaga para meio período, como Aline me disse. Eu precisava trabalhar o dia todo e ganhar mais dinheiro para poder ajudar a nos manter e juntar uma grana para tentar estudar no próximo ano. Sempre foi meu sonho me formar, mas naquele momento, infelizmente, eu teria que deixar esse sonho de lado.
Keyla fez o almoço dessa vez e ficou ótimo. Eu fiz uma faxina na casa e Keyla lavou nossas roupas. Depois, criamos coragem e entramos no quarto de Marcos, fazendo uma limpa nas suas coisas. Empacotamos tudo e Keyla iria doar as roupas para uma instituição de caridade do bairro. Algumas coisas colocamos no lixo, outras que ela queria guardar, colocamos no escritório. Aproveitamos e fizemos uma limpa nele também; só deixamos os documentos importantes e coisas pessoais, como as fotos dos dois que tinham ali.
Levamos o lixo todo para fora; deu alguns sacos. Depois, levamos o guarda-roupa para o quarto onde a gente ficava. Deu trabalho, mas conseguimos. Levamos também um criado-mudo e desmontamos a cama, montando-a do lado da nossa, colocando o colchão. Era nossa cama de casal improvisada.
Quando terminamos tudo, estávamos mortas de cansaço. Tomamos banho e Keyla pediu uma pizza. Nem janta fizemos. Deitamos e trocamos uns dois beijos no máximo e apagamos. Eu estava com o corpo todo doendo e acho que ela também, porque não grudou em mim direito. Dormimos meio distantes uma da outra naquela noite.
Acordei no outro dia com alguém batendo na porta da cozinha. Olhei e Keyla ainda dormia. Levantei e fui ver quem era. Quando abri, tive uma surpresa nada agradável.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper