Papo reto aqui, sem caô. E que fique só entre nós, ok? Fui corno, e como fui. Poderia dar mil desculpas, inventar outras mil justificativas, mas a verdade é uma só: o pior cego não é aquele que não quer enxergar, mas sim aquele que viu, sabe o que está acontecendo, mas por medo da humilhação, mesmo que ela já aconteça de forma velada, pelas costas, prefere não fazer nada. O pior cego é aquele que não se impõe, não dá um basta. Demorei a reagir, mas minha redenção se deu de forma completa e absoluta.
Vamos do início, né? Assim fica mais fácil para todos.
Meu nome é Josemar, apenas Jô para os amigos. Hoje aos vinte e oito anos, depois da humilhação e da vingança, me considero um homem bonito, capaz e bem resolvido. Já sou estável financeiramente, mas após tudo que fiz e da forma que revidei, hoje sou um homem solitário, meio amargurado até, mas muito safado e incapaz de confiar novamente nas mulheres. Prefiro a minha solidão e relacionamentos casuais, de uma noite, geralmente por aplicativos.
Voltando treze anos no tempo, no primeiro dia do primeiro ano do ensino médio, conheci a garota que me transformaria na chacota do bairro e da escola. Aquela que mudaria minha vida para sempre.
Nicole – A primeira bandeira estava aí, nome de puta. – era linda, mas escondia sua tristeza com humor. Loira, olhos claros verdes acinzentados, de acordo com a luminosidade do dia. Corpinho delicioso, todo durinho e proporcional. Bundinha arrebitada, seios em crescimento, bicudinhos, quase furando a blusa de malha fria do uniforme.
Nos entrosamos rapidamente, pois ambos tínhamos perdido nosso pai e compartilhávamos aquela tristeza única. Nossas mães trabalhavam juntas e se tornaram amigas.
É importante destacar a história de Márcia, mãe de Nicole, pois ela engravidou aos quatorze anos, na casa que sua mãe, avó de Nicole, trabalhava. Seu pai era o filho mimado do patrão, também um adolescente, mas que ao falecer em um acidente automotivo, deixou as duas muito bem de vida. Os avós a adoravam, pois era sua única neta e futura herdeira de ainda mais dinheiro. A diferença de idade entre as duas era de apenas quinze anos, e usando a mãe como parâmetro, já que ela era uma cópia fiel, sua beleza só iria crescer e amadurecer com o tempo. Márcia era, de longe, a mulher mais bonita do bairro.
Voltando a minha história. Com a amizade, logo veio o interesse e o primeiro beijo aconteceu rapidamente, poucos meses depois de nos conhecermos. Já naquela época, Nicole era uma safadinha e eu, um verdadeiro tapado sem noção, incapaz de entender e lidar com suas necessidades crescentes de safadeza. Era sempre ela que iniciava os carinhos mais ousados, e sempre se frustrando com a minha lerdeza.
Meu pai também deixou minha mãe encaminhada na vida, com um ótimo apartamento e renda suficiente para nos manter, assim conseguíamos morar naquele condomínio de classe média alta, mas estávamos longe dos luxos em que Nicole e sua mãe viviam.
Aquele namorico adolescente se manteve firme no primeiro ano e aos poucos, eu passava mais tempo na casa de Nicole e conhecia a intimidade promíscua de sua mãe, sempre trocando de homens, fazendo tudo às claras, sem se importar com a opinião dos outros e os levando para casa em plena luz do dia.
É claro que, em minha inocência, filho de mãe conservadora, machista e religiosa, eu jamais imaginaria que o compartimento da mãe viria a influenciar a filha. Sem saber que minha própria mãe já me influenciava demais. Eu era um completo idiota, incapaz de ver a realidade a centimetros do meu nariz.
Meu tempo livre era ocupado com cursos como inglês e Kumon, enquanto Nicole passava as tardes soltas, no play ou na área da piscina, sempre cercada de amigos, fazendo sabe-se lá o quê. Como estávamos sempre juntos à noite, antes do jantar, geralmente em sua casa, eu jamais desconfiei de qualquer coisa.
Até o último ano do ensino médio essa era a nossa rotina. Escola de manhã, curso à tarde para mim, liberdade para Nicole e namorico comportado à noite. No começo, Nicole até tentava me fazer ser mais solto e ousado, mas por medo de desrespeitá-la, ouvindo a voz de minha mãe, enraizada em minha mente, eu jamais avancei o sinal. Depois de um tempo, Nicole desistiu de tentar e passou a ser a namoradinha carinhosa e submissa, fazendo tudo para me agradar. E eu, com medo de abusar ou de desrespeitá-la, fiquei ainda mais na defensiva, incapaz de avançar.
Nicole era minha única amiga e todos os garotos do condomínio jamais tentaram se aproximar de mim. Sempre me trataram com respeito, mas seus sorrisos cínicos não me enganavam, pois na minha cabeça, eles estavam com ciúmes, insatisfeitos por ser eu o escolhido de Nicole. Eu jamais poderia imaginar que a história era outra, completamente diferente.
Já as garotas, apesar de se aproximarem de vez em quando, pareciam sempre cheias de cuidados comigo. Como Nicole era a líder daquela turminha, eu achava que era respeito com seu namorado, preocupação para não cruzar uma zona proibida e acabar criando um mal estar.
No último ano do ensino médio, mais exatamente na metade do ano letivo, um primo distante, cinco anos mais velho do que eu, precisou vir passar alguns meses em casa. Ele estava no último semestre da faculdade e economizando para o intercâmbio que faria no Canadá. Para ajudá-lo, minha mãe, sua tia de sangue, ofereceu moradia e alimentação, o ajudando a economizar ainda mais.
Rafael, hoje meu salvador, foi o primeiro a abrir meus olhos, mas em meu devaneio adolescente, incapaz de aceitar o óbvio, mesmo que ele estivesse sendo esfregado todos os dias na minha cara, precisei aprender da pior forma possível. Cansado de me alertar, ele resolveu fazer seu teatro.
Na última semana de aulas, último dia antes de sua viagem, após o primeiro curso da tarde, quando me encaminhava para o segundo, recebi uma mensagem dele em meu celular:
"Esquece o curso e vem direto pra casa, é urgente."
Preocupado com minha mãe, não conseguindo contato por mensagem ou ligação, nem pensei duas vezes, voltando rapidamente e ao entrar, flagrei a cena que mudaria minha vida para sempre: Nicole, de quatro no sofá de nossa sala, era estocada ferozmente por Rafael, que sorriu ao me ver:
– Entra, corninho, não se acanhe. Eu avisei, não foi?
Imobilizado, nervoso, incapaz de reagir, eu apenas chorava. Rafael foi rápido, trancando a porta atrás de mim e impedindo Nicole de sair correndo. Muito mais forte do que eu, ele me fez sentar no sofá ao lado dela, que de cabeça baixa, não conseguia me encarar, chorando também, suplicando:
– Me desculpa! Eu sei que você não merece, me desculpa …
De forma sádica, Rafael pegou seu celular e apontou para Nicole:
– Vai confessar ou preciso mostrar nossas dezenas de horas de conversas? Eu tenho tudo o que você me disse gravado, desde a primeira semana. E olha que você vem diariamente após o almoço tentar dar para mim.
Não vendo reação de Nicole, ele soltou o primeiro o áudio:
"Eu adoro seu primo, mas ele é muito devagar. Eu tentei, mas ele é lerdo demais, respeitador demais, me trata como uma princesa. Ele é perfeito para ir ao shopping, andar de mãos dadas, mas sei lá … acho que ele não gosta de mulher, ou está se guardando para o casamento".
Rafael parou o áudio e insistiu:
– Vai logo, putinha! Fala a verdade. Quantos dos seus amiguinhos aqui no prédio já te comeram?
Falando baixinho, ela confessou:
– Todos.
Rafael continuou em cima:
– E fora daqui? Na escola, por exemplo?
Nicole, escondendo o rosto nas mãos, envergonhada, foi honesta:
– Quinze alunos e dois professores.
Ainda não satisfeito, Rafael deu o golpe final:
– E só falta confessar o quê?
Chorando ainda mais forte, ela terminou:
– Alguns machos comedores da minha mãe e alguns motoboys também… é tudo.
Rafael pegou Nicole pelo braço, a fez juntar suas roupas e a colocou porta a fora, pelada mesmo, do jeito que estava. Eu tentei socá-lo, mas ele também me segurou forte, me sacudindo:
– Eu fiz um favor pra você, acorda! Tá todo mundo rindo pelas suas costas, debochando. Você é um moleque bacana, um bom filho, um ótimo primo, não merece ser enganado assim. Eu tentei te avisar, e entendi que no fundo você sabia, só não queria aceitar. Precisei usar o tratamento de choque. Foi mal, mas não me arrependo.
Vendo que eu não iria mais reagir, que eu estava destruído, ele ordenou:
– Toma banho e coloca uma roupa legal, nós vamos sair. Vou ser obrigado, já que vou embora amanhã, a te mostrar como o mundo funciona. Pode deixar que eu mesmo falo com a tia, invento uma desculpa.
Me vendo ainda travado, ele me deu um tapa de mão aberta na nuca e brincou:
– Porra, moleque! Vai logo, deixa de ser abobado.
Incapaz de contrariá-lo, em modo automático, me aprontei em dez minutos. Cruzamos a cidade, até o que parecia ser uma república, toda decorada para algum tipo de despedida. Ao nos ver chegar, diversas mulheres e alguns rapazes, vieram ao nosso encontro:
– Que porra é essa Rafael? Tá maluco? Esse moleque é de menor, caralho! Que foder com a gente?
Descontraído, mas me atirando aos leões, ele respondeu:
– A responsabilidade é minha. Esse é o Jô, meu primo. Hoje ele descobriu que a namoradinha dele é a putinha do condomínio, todos comiam, menos ele.
Todos me olhavam incrédulos, gargalhando e eu me sentia diminuindo, desaparecendo, completamente constrangido e arrasado. Um dos amigos de Rafael, debochando, falou em voz alta:
– Já entendi tudo. Já que a putinha de lá dava pra todos, menos pra ele, você veio arrumar uma putinha pra ele aqui, estou certo? Ele ainda é cabaço.
Piscando para o amigo, Rafael disse:
– Exatamente! Esse lugar é, com a mais absoluta certeza, o maior reduto de puta por metro quadrado da cidade.
Uma morena linda, vestindo apenas espartilho e cinta liga, além da calcinha, claro, veio em minha direção:
– Vocês são um bando de babacas, sabiam? Olha pra ele, vocês o estão assustando.
Ela me fez virar e foi me empurrando corredor adentro. Ouvi os gritos, assobios e a algazarra do pessoal enquanto era direcionado pelo corredor. Entramos em um dos quartos e ela me empurrou na cama, arrancando a minha bermuda e massageando o meu pau por cima da cueca. Ela gritou:
– Puta que pariu! O corninho novo é pauzudo. Mais do que o primo mais velho.
Uma outra morena, tão gostosa quanto, entrou no quarto, tirando meu pau de dentro da cueca e me punhetando:
– Eita porra! É pirocudo mesmo, vem ver meninas.
Mais duas lindas garotas entram no quarto e alguns rapazes também. Os homens, rindo, começaram a zoar o Rafael:
– Vem aqui piroquinha, dá uma manjada na rola do moleque.
Meu primo, só com a cabeça aparecendo na porta, entrou na zoeira:
– Eu já sabia, porra! O moleque tem potencial, não pode ficar sendo feito de trouxa pela piranha que ela namorava.
Júlia, a primeira morena, perguntou:
– Um pau gostoso desse e ela não queria dar pra você?
Respondendo por mim, Rafael disse:
– É culpa da mãe dele, minha tia. O moleque estuda o dia todo e ainda precisa passar o final de semana quase todo na igreja. A safadinha chifradeira até tentou, no começo, mas depois desistiu. E outra, se ela é a putinha, a mãe dela é a putona do condomínio, que loira gostosa, um furacão. Comi bem nos últimos seis meses, vou sentir falta.
Com as mãos de Julia e da outra morena me punhetando, não consegui segurar e acabei gozando, melando a mão das duas e minha barriga. Travado, imprensado contra a cama, não conseguia fugir e meu constrangimento só aumentava. Um dos caras brincou:
– Ih, caralho! Queimou a largada …
Júlia, mais do que depressa, me acalmou:
– A primeira é pra aliviar, relaxa! Estamos só começando.
Ela virou para o pessoal e principalmente para o Rafael:
– Posso fazer as honras? Me permite?
Meu primo, retirando o pessoal do quarto, me deixando a sós com Júlia, me deu uma piscadela de olho e disse:
– Agora é a hora, moleque! Vou embora amanhã, mas com o sentimento de dever cumprido.
Ele fechou a porta ao sair. Júlia, como uma onça faminta, partiu pra cima de mim, voltando a punhetar meu pau todo melado, mas sem nenhuma cerimônia. Sentir sua língua na cabeça, limpando cuidadosamente cada gota de porra, me levou ao delírio, gozei outra vez.
Júlia foi paciente, me deixando à vontade, me fazendo relaxar antes de voltar ao ataque. Ela tirou o espartilho e me ensinou a sugar delicadamente seus seios de aréolas escuras, pequenas, me ensinou a dar mordidinhas prazerosas, gemendo ao meu ouvido para me atiçar.
– Isso, safadinho. Assim mesmo, delicadamente, que gostoso … cê tá aprendendo rápido.
Montada em meu colo, se esfregando, beijando minha boca e me ensinando cada passo do caminho, eu me entregava e aprendia, absorvendo toda a informação que conseguia e devolvendo sua paciência com obediência e dedicação, acredito até que arrancando gemidos de prazer genuínos.
Ela se levantou e tirou a calcinha, esfregando a xoxota na minha cara, me ensinando como usar a língua, onde lamber, onde tocar, onde ser delicado, onde enfiar mais fundo. Que buceta cheirosa, lisinha, delicada e limpa. Chupei com vontade, desejo, sorvendo seu mel e a sabedoria de seus ensinamentos. Ela disse:
– O homem que sabe chupar uma buceta corretamente já entra com cinquenta por cento de vantagem.
Me dediquei ainda mais, lambendo, sugando, sorvendo, cheirando, me acabando de prazer naquela morena linda de buceta rosada, cheirosa e deliciosa.
Júlia colocou uma camisinha no meu pau e sentou com tudo, me fazendo urrar de prazer, me levando ao limite. Tive que me segurar ao máximo para não gozar. Experiente, enquanto cavalgava em mim, ela dedilhava alucinadamente seu grelo, gemendo como uma louca:
– Pirralho safado pirocudo … tá indo fundo dentro de mim, me arrombando toda. Mete safado, mete seu filho da puta, fode essa putinha, acaba comigo …
Eu podia ouvir os movimentos no corredor, as pessoas se aglomerando na porta, tentando ouvir o que acontecia. A outra morena não resistiu e invadiu o quarto, sentando com a xoxota na minha cara, pedindo para chupá-la:
– Eu também quero participar. Hoje você vai sair daqui como um macho completo, quem faz um ménage na primeira vez? Chupa minha buceta, chupa … língua gostosa, Júlia te ensinou direitinho … que tesão…
Aos berros, massageando o grelo freneticamente, Júlia gozou:
– Aí, caralho! Que pau gostoso … nem seu primo mete gostoso assim … não para, safado … mete nessa puta, mete … me atola … que loucura …
A outra morena não perdeu tempo, nem se preocupou em trocar a camisinha, aproveitando que Júlia tombou para o lado, exausta por subir e descer na piroca, ela sentou com tudo também, quicando no pau como uma louca, batendo a bunda nas minha coxas e saco, gemendo ainda mais alto do que Júlia:
– É verdade, amiga! Que pauzão gostoso, estou toda preenchida, vai me alargar… fode, seu pauzudo safado, fode essa putinha também … mete em mim, seu gostoso.
Cheguei ao limite das minhas forças, incapaz de me conter, gozando forte dentro da morena, que ainda não contente, fez questão de retirar a camisinha e sentir o sabor do meu esperma, deixando o pau novamente limpo, se masturbando até gozar enquanto me chupava.
Achei que aquela tarde incrível não teria fim, que se transformaria em noite também, mas assim que nos recompomos as duas saíram, me dando um beijo na boca cada uma e anotando o meu número de telefone. Meu primo entrou no quarto, trancou a porta e acabou com a festa. Olhando sério para mim, ele disse:
– Nunca mais deixe mulher nenhuma te fazer de otário, entendeu? Nem mesmo sua mãe. Ano que vem, ao entrar na faculdade, sua vida vai mudar drasticamente e você poderá colocar em prática tudo o que aprendeu hoje. Mas agora, vem, um amigo vai te deixar em casa.
Eu queria protestar, continuar ali, mas ele nem me deu ouvidos, me dando outro tapa na nuca e brincando:
– Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza …
Do lado de fora do quarto, no corredor, uma fila se formou, todos me dando tapinhas nas costas, me felicitando e desejando o melhor. Júlia me esperava na porta:
– Vamos repetir, aguarde minha mensagem. Viciei, quero sentir de novo esse pauzão.
Ela me deu um beijo na boca mais demorado e por fim, se despediu. Tenho certeza de que ela estava apenas inflando o meu ego com todos aqueles elogios, tentando me fazer sentir melhor. A outra morena, também veio se despedir, me dando mais um beijo na boca.
Entrei no carro do amigo do Rafael e não demoramos a chegar em casa. Por sorte, não esbarrei com ninguém nas áreas comuns do condomínio. Minha mãe, preparando o jantar, não percebeu nada, mas me deixou com a pulga atrás da orelha:
– Acho que aconteceu alguma coisa aqui no condomínio. O povo tá estranho, cochichando pelos cantos. Tá sabendo de alguma coisa?
Dei de ombros, mas ela tinha mais a falar:
– E como foi o dia com seu primo? Conseguiram conversar e se despedir? Vou sentir falta daquele garoto, me acostumei com ele por perto.
Não sei porque, mas senti uma vibração estranha em minha mãe, uma lamentação pela partida do Rafael. Será que … não, não é possível. Não minha mãe, a conservadora beata … impossível.
Por outro lado, aos quarenta anos, minha mãe ainda é uma mulher muito bonita, atraente e cheia de admiradores na igreja. Sei que ela prometeu ao meu pai no leito de morte que não se casaria novamente até eu sair de casa, mas eu sempre a encorajei a voltar a viver a própria vida. Conversa essa, que era sempre interrompida de forma abrupta, como se eu a estivesse ofendendo.
Tomei meu banho e jantamos em um clima bem agradável, conversando amenidades, ou sobre a ida no próximo ano para a faculdade. Aproveitei para informar que Nicole e eu não estávamos mais juntos e menti, dizendo que terminamos de comum acordo.
Do nada, satisfeita com a revelação, ela me fez uma proposta:
– O que acha de após a sua formatura, passarmos as férias na casa dos seus avós? Sua faculdade é na mesma cidade e já podemos começar a planejar sua moradia, sua rotina, você já começa a se acostumar com a cidade. Sem a Nicole, tudo fica mais fácil.
Aceitei imediatamente a sugestão, doido pra sumir daquele prédio, não querendo dar chance ao azar.
Sozinho no meu quarto à noite, deitado, depois que a adrenalina daquele dia louco abaixou, a realidade veio forte. A mágoa e a revolta me consumiam, mas eu não queria e nem tinha motivos para confrontar Nicole. Sua confissão deixava claro sua culpa e ela, em momento nenhum, mostrou arrependimentos pelo que me fez. Com muito custo, consegui dormir naquela noite, tendo pesadelos e acordando constantemente.
O que é a desgraça sem uma dose de humilhação? No dia seguinte, logo após voltar da escola, no último dia de aulas, Nicole me esperava em frente a portaria:
– Jô, eu preciso falar com você.
Irado, passei por ela apressado, mas ela me puxou:
– Jô, por favor, eu prometo que vai ser rápido …
Enfurecido, enlouqueci:
– E o que você teria pra me falar, sua vadia? O que você me fez já não é o bastante? Por que você não some da minha frente, da minha vida? Como eu pude ser tão cego, idiota, é claro que filha de puta, putinha é…
O segurança do prédio me segurou pela gola da camisa e me fez parar:
– Tá maluco, moleque? Ofendendo as pessoas assim, sem motivo.
Eu toquei o foda-se de vez, sem perceber que Márcia, a mãe de Nicole, e também minha mãe, assim como vários outros moradores conversavam no hall de entrada:
– Ofendendo uma biscate? Vai falar que você não comeu também? O prédio todo comeu, até os motoboys que vem entregar comida. Agora eu entendi, suas péssimas notas em física e química… você deu pra aqueles dois velhos nojentos também, não é? Então é assim que um D vira A? Sua puta, eu tenho nojo de você, me esquece.
Só ao me virar para subir, ao olhar para o hall, me dei conta da plateia que assistia ao meu monólogo, ao meu dramalhão a la novela mexicana. Minha mãe, furiosa, disse tudo com o seu famoso olhar de reprovação. Márcia, decepcionada, encarava Nicole.
Sem ter como voltar atrás no que disse, entrei pela porta da escada e subi os degraus correndo, entrando em casa e me trancando no meu quarto. Não demorei a ouvir a voz da minha mãe:
– Filho! Abre essa porta, me explica direito essa história.
Fiquei quieto, encolhido na cama. Ela insistiu:
– Josemar Oliveira Neto, abre essa porta agora, estou mandando.
Por fim, vendo que eu não abriria, ela desistiu:
– Filho, se for mesmo verdade tudo o que você disse, quando quiser falar estou aqui por você. Saiba que eu amo você mais do que tudo nessa vida e eu jamais o repreenderia ou o castigaria por se defender. Na verdade, estou triste por saber que você passou por tudo isso e eu não o protegi. Me perdoa, prometo ser mais atenta de agora em diante com quem entra na nossa vida. – Ela, enfim, desistiu.
Quieto no meu canto, quase conseguindo dormir, comecei a receber uma enxurrada de vídeos de sexo protagonizados por Nicole e uma mensagem:
"Não estou enviando esses vídeos para zoar, pois também conheço a dor que você está sentindo. Mas fica aqui a minha dica: com provas, controlamos a narrativa e nos defendemos melhor. Faça o que quiser fazer, se vingue, destrua o nome dela. Ou, não faça nada, aceite e siga em frente."
Tomei a pior decisão que poderia tomar. De cabeça quente, me sentindo doente e enojado, criei uma conta num famoso site de conteúdo adulto e postei todos os vídeos, com a legenda: "Nicole, a vadiazinha do condomínio floresta". Mesmo errado, infringindo a lei, me senti bem naquele momento, vingado e até consegui cochilar.
Durante a noite, descansado e pensando melhor, apaguei a conta no site, mas os vídeos já tinham milhares de downloads e corriam solto pelo condomínio, coisa que eu descobriria no dia seguinte.
Com a pressão da minha mãe, acabei me abrindo e contando tudo a ela, em todos os detalhes e como Rafael, agora meu salvador, abriu os meus olhos. Foi o momento em que tive certeza de que Rafael, um grande filho da puta, estava comendo minha mãe durante o tempo em que ficou hospedado em casa. A raiva nos olhos dela era reveladora ao descobrir o envolvimento dele com Nicole e o ciúme, muito latente, impossível de negar. De qualquer forma, como uma mulher adulta, o que eu poderia dizer além de ficar com raiva? Se ela estava feliz em seu sexo incestuoso, problema dela.
Fui zoado a semana inteira pelos moleques do condomínio ao sair e chegar da escola. Descontei minha frustração numa das melhores amigas de Nicole, fodendo a putinha na escada, gravando e compartilhando o vídeo com os moleques, aumentando um pouco minha moral. Como recebi vários nudes de Júlia e da outra morena, até um videozinho delas se masturbando para mim, acabei virando o jogo. Mas a humilhação inicial jamais seria esquecida e o assunto sempre acabava voltando.
Nicole e sua mãe sumiram, colocando o apartamento para alugar e ninguém ali soube mais delas.
Após a formatura, ao invés de férias, resolvemos nos mudar de vez para a cidade dos meus avós, pais do meu pai, os da minha mãe já eram falecidos, mas os sogros a tinham como filha, a esposa de seu filho único. Lá também era a cidade que eu faria faculdade.
Vendo meu amadurecimento, minha mãe concordou que eu morasse em uma república, com a condição de passar os finais de semana em casa. Mamãe resolveu morar com meus avós e cuidar deles, já que estavam em idade bem avançada e éramos seus únicos herdeiros. Mesmo não precisando do dinheiro, pois meu pai nos deixou em uma situação bem confortável, onde trabalhar era uma escolha, não uma obrigação para a minha mãe, ela cuidava dos velhos de coração, os amava como a seus próprios pais.
Meus avós acabaram falecendo com seis meses de diferença um do outro, no meu segundo ano de faculdade, onde novamente, minha vida tranquila, pacata, de muito estudo, mas também, de muita festa e safadeza, estava prestes a ser abalada novamente.
Satisfeita com o dinheiro que meu pai deixou, minha mãe abriu mão da herança dos meus avós, a parte que lhe cabia, mas como sempre, com condições: Deveria ser aberto um fundo fiduciário e eu só teria acesso ao dinheiro após me estabilizar na profissão escolhida. O fundo foi criado com um prazo não inferior a dez anos. Ela ficou apenas com a casa.
Meses depois do falecimento dos meus avós, minha mãe conheceu meu padrasto, James, um colombiano gente boa, piloto comercial e completamente louco por ela. Os dois se casaram em menos de um ano e ela voltou a viver, a viajar, a se divertir, e curtir a vida.
Já eu, entrando no quarto ano, sétimo semestre, tive a pior surpresa de todas: Nicole estava de volta a minha vida, matriculada na mesma faculdade e no mesmo curso de engenharia que eu fazia. A cara de pau ainda teve coragem de me procurar, se fingindo surpresa ao me ver, como se tudo fosse uma coincidência.
Para machucá-la, fingi que não a conhecia, demonstrando nojo e desprezo ao passar por ela diariamente. Depois de um mês e meio, acabei me acostumando com sua presença, a ignorando, indiferente a qualquer coisa que ela fazia para tentar chamar minha atenção.
Mesmo que eu não estivesse interessado em saber dela, as novidades sempre chegavam aos meus ouvidos. Nicole e sua mãe, Márcia, se mudaram para a cidade e até chegaram a reencontrar minha mãe. Já não levavam mais a mesma vida tranquila de antes, pois Márcia acabou perdendo dinheiro ao apoiar as loucuras de alguns amantes. Nicole não era mais a putinha de todos, na verdade, era considerada uma conquista difícil na faculdade. Não ia às festas, não participava das cervejadas de sexta-feira, não tinha nem sua própria panelinha como na adolescência. Soube que ela estava trabalhando durante o dia para se sustentar e que era uma vendedora de roupas de grife no shopping.
Mesmo indiferente a presença e a qualquer coisa que Nicole fazia para tentar chamar minha atenção, a vingança é uma tentação, um sentimento inexplicável que nos transforma em seres irracionais. Minha chance de devolver tudo o que ela me fez, toda a humilhação que eu senti, se apresentou muito antes do que eu imaginava, sem que eu quisesse ou esperasse. Mas do que fria, gelada, pelos quase quatro anos passados, minha vingança seria consumada com requintes de crueldade.
Continua.